terça-feira, 5 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas - 1 Samuel


1 SAMUEL

1 SAMUEL 1:1 - Elcana, pai de Samuel, era efraimita ou levita, como indicado em 1 Crônicas
6:16-30?

PROBLEMA: Na curta referência genealógica em 1 Samuel 1:1, é dito que Elcana provinha da
região montanhosa de Efraim. Entretanto, 1 Crônicas 6:16-23, em que há um registro genealógico
bem maior, indica que Elcana era levita. Qual das duas passagens é a correta?
SOLUÇÃO: As duas. O fato de Eli ter levado Samuel para o serviço no templo como um aprendiz,
e de ter Samuel posteriormente desempenhado as funções do sacerdócio dá suporte ao registro
genealógico de que Samuel e seu pai Elcana eram da tribo de Levi. A afirmação feita em 1 Samuel
1:1 simplesmente destaca que Elcana vivia nas montanhas de Efraim. Todos os levitas eram
designados a morar em certas cidades distribuídas pelas diversas tribos de Israel (Nm 35:6). É bem
provável que Ramataim-Zofim, a cidade em que Elcana vivia, tenha sido uma dessas cidades
designadas para os levitas. Elcana era levita por descendência, e efraimita por localização
geográfica.

1 SAMUEL 2:30-31 - Deus mudou de idéia?
(Veja os comentários de Êxodo 32:14.)

1 SAMUEL 3:13 - Eli corrigiu os seus filhos, ou não?

PROBLEMA: Este texto nos informa de que os filhos de Eli "se fizeram execráveis, e ele os não
repreendeu". Entretanto, no capítulo anterior, lê-se que Eli repreendeu os seus filhos pelo mau
procedimento deles (2:23 24).
SOLUÇÃO: Eli deve ter repreendido os seus filhos muito brandamente, ou não em tempo. De
qualquer forma, eles tornaram-se tão endurecidos que a tentativa feita foi inútil. Todo o esforço que
Eli possa ter feito aqui para discipliná-los não foi eficaz.

1 SAMUEL 6:19 - Como Bete-Semes poderia ter uma população superior a 50.000 homens?

PROBLEMA: Depois que o povo da cidade de Bete-Semes recebeu a arca da aliança, alguns
cidadãos desprezaram o fato de que a arca era sagrada e olharam o seu interior. O texto diz: "E o
Senhor feriu os homens de Bete-Semes, porquanto olharam para dentro da arca do Senhor; feriu do
povo cinqüenta mil e setenta homens" (SBTB). Entretanto, uma população de mais de 50.000
pessoas parece ser muito grande para uma comunidade como aquela.
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, este é muito provavelmente o caso de erro de transcrição feito por
um escriba. A numeração na língua hebraica normalmente segue um certo padrão, pelo qual o
número maior é escrito em primeiro lugar, vindo em seguida o menor. A forma usual de escrever tal
número em hebraico seria "cinqüenta mil homens e setenta homens". Entretanto, neste caso, os
números aparecem de forma invertida. Na realidade o texto diz: "setenta homens cinqüenta mil
homens". Além disso, as designações numéricas quase sempre são ligadas pela conjunção "e", de
forma que a redação normal seria: "cinqüenta mil homens e setenta homens". Também neste ponto a
passagem foge da maneira usual por omitir o "e". Tais razões têm levado muitos a suspeitarem de
que o texto foi inadvertidamente alterado por erro de cópia.
Em segundo lugar, é também admissível que se tenha ficado apenas com explicações para o
tamanho do grupo de pessoas e que simplesmente se tenha deixado de fazer uma investigação mais
acurada até o presente. Pode ser que alguma escavação arqueológica venha a dar evidências que
expliquem por que havia de fato uma população tão grande lá, ou pelo menos envolvida com o juízo
de Bete-Semes. Embora uma população superior a 50.000 pessoas possa parecer elevada para uma
comunidade como a de Bete-Semes, tal população não é de todo incomum no mundo antigo para
cidades maiores. Este grande número pode ainda vir a ser justificado de alguma maneira.

1 SAMUEL 6:19-Por que Deus infligiu sobre o povo de Bete-Semes um juízo tão severo por
eles simplesmente terem olhado para dentro da arca?

PROBLEMA: Quando os filisteus devolveram a arca do Senhor a Israel eles a colocaram num
carro puxado por vacas, que foi pelo caminho sem ter um cocheiro. Quando o carro chegou às
fronteiras de Bete-Semes, o povo da cidade tirou a arca do carro e a colocou sobre uma grande
pedra. Entretanto, alguns deles olharam para dentro da arca, e "feriu o Senhor os homens de Bete-
Semes". O texto diz ainda que o povo chorou, "porquanto o Senhor fizera tão grande morticínio
entre eles" (v. 19). Mas por que o Senhor infligiu sobre o povo um juízo assim tão severo,
simplesmente por eles terem olhado para dentro da arca?
SOLUÇÃO: O Senhor feriu o povo com esse juízo por terem eles cometido um terrível sacrilégio
contra Deus. A arca da aliança era um símbolo da própria presença de Deus entre o seu povo. A
regulamentação referente à arca e a como ela deveria ser manejada era de natureza restrita por causa
da santidade de Deus e da pecaminosidade do homem (Êx 25:10-22; 26:32-34; 37:1-9). Um ato
assim tão iníquo, de desrespeito à santidade de Deus, certamente merecia o repentino e terrível juízo
de Deus.

1 SAMUEL 7:13 - Os filisteus foram expulsos de uma vez para sempre, ou apenas
temporariamente?

PROBLEMA: Este versículo diz que "os filisteus foram abatidos, e nunca mais vieram ao território
de Israel". Entretanto, apenas alguns capítulos mais à frente (9:16; cf. 10:5; 13:5, 17), eles aparecem
repetidas vezes lutando com Israel.
SOLUÇÃO: Há três modos de se explicar esta dificuldade. Um primeiro é que pode ser
simplesmente uma expressão idiomática muito forte, que não deve ser tomada como de todo
excludente de qualquer incursão por parte dos filisteus à terra de Israel. Em outras palavras, eles
"nunca mais vieram" por algum tempo. Ou simplesmente poderia ser que eles "nunca mais vieram"
naquele tempo. Uma terceira possibilidade é que eles "nunca mais vieram" para ocupar e morar no
território de Israel, o que não excluiria a vinda deles para lutar vez após vez.

1 SAMUEL 7:15 - Samuel julgou Israel durante todos os seus dias ou até quando Saul foi
ungido rei?

PROBLEMA: Neste versículo, somos informados de que "julgou Samuel todos os dias de sua vida
a Israel". Entretanto, Samuel viveu por algum tempo depois de Saul ter sido ungido rei (1 Sm 8:5;
12:1; 25:1).
SOLUÇÃO: Samuel delegou apenas a sua autoridade civil a Saul, não sua autoridade espiritual. Na
monarquia de Israel havia uma separação de poderes. Aos reis não era permitido exercer funções
espirituais (cf. 2 Cr 26:16-23), e os profetas não mais tinham autoridade política. Mesmo assim, os
profetas, com suas revelações recebidas diretamente de Deus, estavam em permanente vigilância
moral sobre os que eram detentores do poder político.

1 SAMUEL 8:7-9 - Como pôde Deus condenar o pedido feito por Israel para que fosse
constituído um rei, quando em Deuteronômio 17 o Senhor havia dado as regras para a escolha
de um rei?

PROBLEMA: As Escrituras testificam o fato de que Deus planejara um rei para Israel.
Deuteronômio 17:14-20 estabelece especificamente as regras para a escolha de um rei em Israel.
Entretanto, quando o povo de Israel pediu a Samuel que constituísse um rei, o Senhor disse a
Samuel que o povo "não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele" (1 Sm 8:7). Como
pôde então Deus condenar o pedido um rei feito por Israel, quando ele mesmo já havia dado as
instruções para a escolha de um rei?
SOLUÇÃO: O contexto de 1 Samuel 8 mostra-nos que tanto a motivação como o método na busca
de um rei foram incorretos. Em primeiro lugar, o motivo pelo qual eles queriam um rei não era
certo. No primeiro versículo do capítulo 8 lemos que Samuel já tinha envelhecido, quando
constituiu seus filhos por juizes em Israel. Entretanto, os filhos de Samuel não se comportaram de
forma correta aos olhos de Deus. Quando o povo foi até Samuel, pedir que ele lhes constituísse um
rei, não foi porque quisessem ter um homem de Deus reinando sobre a nação, mas porque queriam
que um homem reinasse sobre eles. Eles consideraram erroneamente como atos de Samuel a
administração que Deus vinha operando através dele.
No dia em que Saul foi escolhido, Samuel lembrou o povo de que foi Deus quem os livrara de todos
os seus males, e disse-lhes: "Mas vós rejeitastes hoje a vosso Deus, que vos livrou de todos os
vossos males e trabalhos..." (1 Sm 10:19). Eles ignoraram completamente o fato de que era Deus
quem os protegia e sobre eles reinava, e não Samuel ou qualquer rei humano que este constituísse.
Conseqüentemente, não era a Samuel que eles estavam rejeitando, mas sim a Deus.
Em segundo lugar, eles erraram não buscando o Senhor no que diz respeito ao rei que
governaria Israel. Não se preocuparam em pedir a direção de Deus. Eles simplesmente pediram a
Samuel que lhes constituísse um rei. Quando os anciãos de Israel foram até Samuel, eles disseram:
"Constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações (1
Sm 8:5). Entretanto, segundo Deuteronômio 17:15 Deus determinara especificamente que o povo
estabeleceria um rei, "aquele que o Senhor... escolher".
O pedido feito pelo povo denuncia sua total desconsideração quanto à participação de Deus
no processo da escolha. Na verdade eles rejeitaram a Deus como seu rei e ele não se agradou disso
porque não buscaram um homem de Deus, nem empregaram o método de Deus.

1 SAMUEL 10:1 - As Escrituras dão relatos contraditórios da unção de Saul?

PROBLEMA: De acordo com 1 Samuel 10:1, Samuel ungiu Saul nas imediações de Ramá, no
território de Zufe (cf. 9:5). Entretanto, 1 Samuel 10:17-24 deixa claro que Saul foi escolhido rei de
Israel em Mispa. Há contradição nestes dois relatos?
SOLUÇÃO: Não. A única passagem que descreve a unção de Saul é 1 Samuel 10:1. Em 1 Samuel
10:17-24 temos a indicação pública de Saul, perante toda a nação. Não há afirmação alguma de que
tenha havido unção nesse dia. Também, em 1 Samuel 12, encontramos a cerimônia de confirmação
da escolha de Saul como rei de Israel, e a palavra de despedida que Samuel deu à nação. Também
nesta passagem não há referência alguma à unção. De acordo com o relato bíblico, Saul foi ungido
apenas uma vez, e não há contradição alguma entre estas três passagens.

1 SAMUEL 10:20-21 - Afinal Saul foi escolhido por Deus, pelo povo ou pela sorte que fora
lançada?

PROBLEMA: A Bíblia diz que Saul foi escolhido pelo povo (1 Sm 8:19), pelo Senhor (1 Sm 9:17;
10:24) e "por sorte" (1 Sm 10:20-21). Quem o escolheu?
SOLUÇÃO: As três afirmativas bíblicas são verdadeiras. Como o povo tinha pedido a Deus um rei,
ele atendeu-os e guiou-os na escolha de Saul por meio da sorte lançada. Provérbios 16:33 declara
que "a sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão" (cf. At 1:26).

1 SAMUEL 13:1 - Qual é o número correto neste versículo?

PROBLEMA: As diversas versões deste versículo divergem entre si. Na ARA, por exemplo,
lemos: "Um ano reinara Saul em Israel. No segundo ano de seu reinado sobre o povo,...". Já na RIBB
é: "Saul tinha... anos de idade quando começou a reinar; e tendo reinado dois anos sobre
Israel...". A BJ, por sua vez, diz: "Saul tinha... anos quando subiu ao trono, e reinou... anos sobre
Israel". A TLH diz também: "Saul tinha... anos de idade quando se tornou rei e governou o povo de
Israel dois anos". Qual é a tradução correta?
SOLUÇÃO: O problema surge do fato de que os números não constam nos manuscritos
massoréticos. É tal como está na BJ. A TLH esclarece, em nota de rodapé, que "o texto hebraico
deste versículo omite a idade de Saul e também não indica exatamente o número de anos que ele
governou o povo de Israel". Assim, as traduções que inserem números neste versículo na realidade
fazem isso numa tentativa de preencher os números que faltam tomando como base outros dados.

1 SAMUEL 13:5 - Como é que os filisteus poderiam ter um exército de 30.000 carros?

PROBLEMA: De acordo com esta passagem, os filisteus reuniram 30.000 carros e 6.000
cavaleiros. Entretanto, não se tem notícia de ter havido um exército com 30.000 carros em toda a
história da antigüidade, mesmo nos impérios mais poderosos. Como foi que os filisteus
conseguiram juntar tal quantidade de carros?
SOLUÇÃO: Trata-se de um provável erro introduzido nos manuscritos pelos copistas. E realmente
bastante improvável que a relação entre cavaleiros e carros tenha sido esta: de 6.000 cavaleiros para
30.000 carros. E bem mais provável que os manuscritos originais tenham registrado um número de
3.000 carros. Isso faria com que a relação se tornasse bem mais razoável, ou seja, 6.000 cavaleiros
para 3.000 carros, ou dois cavaleiros para cada carro. O fato é que no hebraico os números 30.000 e
3.000 são muito parecidos e, por isso, é bastante provável que algum copista simplesmente tenha se
equivocado. Daí a dificuldade de se ter o número correto.

1 SAMUEL 13:12-13 - Saul foi rejeitado por Deus por ter oferecido um sacrifício ilegal (1 Sm
13:12-13), por ter sido desobediente a Deus (1 Sm 28:18) ou por ter consultado a feiticeira de
En-Dor (1 Cr 10:13)?
Pelas três razões acima. (Veja os comentários de Gênesis 27:42-44.)

1 SAMUEL 13:13 - Como pôde Deus ter prometido a Saul uma dinastia perpétua, se isso já
havia sido profetizado para Davi?

PROBLEMA: Depois que Saul profanou o sacrifício, Samuel o repreendeu e disse-lhe que, se ele
não tivesse pecado, Deus o teria estabelecido no trono de Israel para sempre. Entretanto, em
Gênesis 49:10 vemos a promessa de que o trono seria dado à tribo de Judá para sempre. Como
poderia então Deus prometer a Saul uma dinastia eterna, se isso já havia sido prometido para Judá?
SOLUÇÃO: A afirmação feita por Samuel não foi uma promessa, mas apenas certificou Saul que
ele perdera pelo seu ato de impiedade. Deus sabia desde o princípio que Saul se mostraria indigno
de sentar-se no trono de Israel. Entretanto, como um ser moralmente livre, Saul teria de cometer os
atos de impiedade, que Deus sabia de antemão que ele ia cometer. A afirmativa de que Deus teria
estabelecido Saul sobre o trono era sincera e legítima, embora hipotética. Porque Deus sabia
também que Saul se desqualificaria, Ele profetizou que por fim o trono ficaria com a tribo de Judá,
e que a linhagem de Davi se estabeleceria em Israel para sempre,

1 SAMUEL 15:2-3 - Por que Deus destruiu os amalequitas?

PROBLEMA: Deus é caracterizado na Bíblia como um Deus de misericórdia e compaixão,
perdoando graciosamente aqueles que se voltam a ele (Sl 94:18-19; Lm 3:22; Tg 5:11; 2 Pe 3:9).
Num gritante contraste, 1 Samuel 15:2-3 nos informa de que Deus, aparentemente sem misericórdia
alguma, ordenou a morte de amalequitas inocentes -homens, mulheres e crianças. Por quê?
SOLUÇÃO: Os amalequitas estavam longe de ser inocentes. De fato, eles eram totalmente
depravados, além do que desejavam destruir Israel (v. 2), que era o povo escolhido de Deus, o canal
de seus planos redentores para toda a humanidade (Gn 12:1-3). A destruição deles se fazia
necessária pela gravidade do seu pecado. Em caso contrário, algum remanescente de coração
endurecido poderia surgir e retomar a sua odiosa disposição contra o povo e os planos de Deus.
Quanto à questão das crianças inocentes, algumas observações são relevantes. Primeiro,
todos nós nascemos em pecado (Sl 51:5) e merecemos a morte (Rm 5:12). Um dia, todos seremos
tomados por Deus através da morte - é apenas uma questão de tempo (Hb 9:27). Segundo, Deus é
soberano sobre a vida e reserva para si o direito de tomá-la quando quiser (Dt 32:39; Jó 1:21).
Terceiro, todas as crianças que morrem antes da idade da responsabilidade são salvas (veja os
comentários de 2 Sm 12:23). Portanto, o ato pelo qual Deus tirou a vida das crianças está longe de
ser um ato caracterizado por falta de misericórdia (veja ainda os comentários de Josué 6:21).

1 SAMUEL 15:11 - Como Deus pôde dizer que se arrependeu de ter constituído Saul rei sobre
Israel?

PROBLEMA: Depois que Saul deixou de cumprir a ordem dada por Deus de destruir totalmente os
amalequitas, Deus disse a Samuel: "Arrependo-me de haver constituído rei a Saul" (1 Sm 15:11).
Entretanto, em 1 Samuel 15:29, Samuel declara que Deus não é homem, para que se arrependa.
Como pôde então Deus dizer que se arrependeu de ter estabelecido Saul como rei, se outras
passagens afirmam que Deus não se arrepende nem muda de idéia?
SOLUÇÃO: A afirmação que Deus fez a Samuel não significa que o Senhor tenha cedido a alguma
coisa ou mudado de idéia. Ele estava expressando um profundo e emotivo pesar pelo fracasso de
Saul e pelo problema que viria sobre Israel. Deus escolheu Saul como rei de Israel para realizar
certas tarefas para as quais ele possuía todas as condições. Lamentar alguma ação que deve ser
tomada é uma experiência que todos nós já tivemos. Deus na verdade não muda de idéia (veja os
comentários de Êxodo 32:14), mas sente profunda tristeza pelas coisas erradas que as pessoas
fazem.

1 SAMUEL 16:lss - Deus compeliu Samuel a mentir?

PROBLEMA: Abraão recebeu o juízo de Deus por dizer uma meia-verdade, declarando que Sara
era sua irmã (ela era sua meia-irmã), quando na realidade era sua mulher (ver os comentários de
Gênesis 12:10-20). Entretanto, em 1 Samuel 16:lss Deus de fato compele Samuel a dizer apenas a
metade da verdade, ou seja, que ele viera para oferecer um sacrifício, quando ele tinha vindo
também para ungir Davi como rei. Dois problemas surgem aqui. Primeiro, Deus não estaria
incentivando uma mentira? Segundo, por que Deus condenou Abraão pela mesma coisa que ele
mandou Samuel fazer?
SOLUÇÃO: O que primeiro temos a observar em resposta a este problema é que as duas situações
não são iguais. No caso de Abraão, a assim chamada "meia-verdade" era uma mentira por inteiro,
porque a pergunta que lhe fizeram foi: "Sara é sua mulher?" E a resposta que ele realmente deu foi:
"Não. Ela é minha irmã". Com esta resposta, Abraão distorceu intencionalmente os fatos da
situação, o que é uma mentira.
O caso de Samuel foi diferente. A pergunta que lhe fizeram foi: "Por que você veio a
Belém?" E sua resposta: "Vim para sacrificar ao Senhor" (1 Sm 16:2). Isto era verdade no que diz
respeito aos fatos, ou seja, ele estava ali por aquele motivo, e foi isso que ele fez. O fato de que ele
tinha outro propósito na sua ida àquele lugar não está diretamente relacionado com a pergunta que
lhe foi feita nem com a resposta que ele deu, como no caso de Abraão. E claro que, se lhe tivessem
perguntado: "Você tem algum outro propósito nesta sua vinda aqui?", então ele teria tido que
render-se à verdade. Se em resposta ele dissesse: "Não", isso seria uma falsidade.
Em segundo lugar, a dissimulação e o engano não são a mesma coisa. Samuel certamente
encobriu um dos propósitos da sua missão para assim salvar a sua vida (1 Sm 16:2). Nem sempre é
necessário (e até mesmo possível) dizer toda a verdade. O fato de Deus ter dito a Samuel que
ocultasse para um dos propósitos da sua visita, para evitar que o matassem, não quer dizer
necessariamente que ele tivesse de mentir. Não contar uma parte da verdade e contar uma inverdade
não são necessariamente a mesma coisa. Segredo e ocultação não são o mesmo que engano e
falsidade.

1 SAMUEL 16:9 - Qual a forma correta de se escrever o nome de um dos irmãos de Davi?

PROBLEMA: De acordo com 1 Samuel 16:9, um dos irmãos de Davi é "Samá". Entretanto, em 1
Crônicas 2:13 o seu nome consta como "Siméia". Qual é a forma correta deste nome?
SOLUÇÃO: Não é incomum que nomes próprios tenham grafias diferentes, devido a padrões de
pronúncia regionais diferentes. Segundo 1 Samuel 16:9, o nome, no hebraico, tem a repetição da
letra correspondente ao "m". Isso pode indicar que na região de Judá a tendência era de não se
pronunciar a consoante gutural "ayin", que aparece na grafia desse nome em 1 Crônicas, e que esse
fato era compensado dobrando-se o "m". Talvez isto nos indique que a redação dada em 1 Crônicas
seja a correta, e que a grafia de 1 Samuel seja apenas a reprodução do padrão da pronúncia daquela
região. (Veja o Apêndice 2.)

1 SAMUEL 16:10 - Jessé teve oito filhos, como indicado neste versículo, ou apenas sete, como
em 1 Crônicas 2:13-15?

PROBLEMA: Embora 1 Samuel 16 apenas mencione os nomes dos três irmãos mais velhos de
Davi, o versículo 10 afirma que Jessé fez com que sete de seus filhos passassem diante de Samuel,
antes de ter trazido Davi. Entretanto, 1 Crônicas 2:13-15 diz que Davi era o sétimo filho de Jessé.
Quantos filhos teve então Jessé?
SOLUÇÃO: A passagem de 1 Crônicas registra os nomes de sete filhos de Jessé, talvez porque um
dos irmãos de Davi tivesse morrido e o seu nome não tivesse sido preservado até a época posterior
em que 1 Crônicas foi escrito. Não é uma prática incomum os filhos sobreviventes falarem de sua
família em termos do número remanescente, referindo-se qualquer um deles como sendo
participante de uma família de sete irmãos, que no passado havia sido de oito. E bem provável que
tenha sido isso o que aconteceu neste caso da família de Davi caso tivesse morrido um dos irmãos
antes de casar-se, não deixando posteridade, e não tendo dado nenhuma contribuição significativa
durante ou após o estabelecimento do reinado de Davi. Não haveria razão para manter o seu nome
no registro genealógico dos filhos de Jessé.

1 SAMUEL 17:50 - Por que este versículo diz que Davi matou Golias, e 2 Samuel 21:19 diz
que foi Elanã que o matou?

PROBLEMA: Em 1 Samuel 17:50-51, Davi é descrito como aquele que cortou a cabeça de Golias,
depois de tê-lo atingido com uma pedra de sua funda. Entretanto, de acordo com 2 Samuel 21:19,
foi Elanã, filho de Jaaré-Oregim, quem matou Golias. Por que uma passagem credita a Davi a morte
de Golias e a outra, a Elanã?
SOLUÇÃO: A passagemde 2 Samuel 21:19, que diz: "Elanã, filho de Jaaré-Oregim, o belemita,
feriu Golias, o geteu, cuja lança tinha a haste como eixo do tecelão", apresenta obviamente um erro
de copista. Isso é reforçado pelo fato de que há uma passagem paralela em 1 Crônicas 20:5, que diz:
"Elanã, filho de Jair, feriu a Lami, irmão de Golias, o geteu, cuja lança tinha a haste como eixo de
tecelão". A falha ocorrida na passagem de 2 Samuel 21:19 pode ser delineada admitindo-se a
confusão feita por um copista com as palavras e letras hebraicas que, quando combinadas de certa
maneira, deram a redação encontrada em 2 Samuel.

1 SAMUEL 17:54 - Como a cabeça de Golias poderia ter sido carregada até Jerusalém, se ela
tinha sido retida então pelos jebuseus?

PROBLEMA: Quando Davi matou Golias e cortou a cabeça dele, a cidade de Jerusalém estava
ainda nas mãos dos jebuseus. Foi só bem mais tarde que Jerusalém foi conquistada por Davi (2 Sm
5:6-9).
Não é dito que a cabeça de Golias foi levada imediatamente a Jerusalém. Mas Davi levou para lá o
seu troféu mais tarde, quando ele fez de Jerusalém a sede do seu trono.

1 SAMUEL 17:57-58 - Por que Saul não reconheceu Davi - que lhe tocava harpa - como
aquele que matou Golias?

PROBLEMA: Em 1 Samuel 16, Saul contratou Davi para que lhe tocasse harpa, mas no capítulo
17, depois de Davi ter matado o gigante Golias, Saul parece não reconhecê-lo.
SOLUÇÃO: Há duas possibilidades neste caso. Primeiro, não seria nada fora do comum um rei tão
ocupado não ter prestado suficiente atenção àquele humilde músico que havia sido contratado, para
reconhecê-lo como a mesma pessoa que matou Golias. Entretanto, uma vez tendo Davi realizado a
proeza de matar o gigante, o rei não pôde deixar de notá-lo e de perguntar quem era ele.
Por outro lado, é possível que Saul soubesse quem era Davi, mas, depois de ter ele realizado
aquela proeza, o rei estivesse apenas querendo saber quem era o pai de Davi. Isso está de acordo
com a natureza da pergunta feita por Saul: "De quem és filho, jovem?" (1 Sm 17:58). Não tivesse
ele reconhecido Davi, ele teria perguntado: "Qual é o seu nome?" Saul era conhecido por colocar
em sua guarda pessoal os homens mais valentes (14:52). Ele pode ter cogitado a possibilidade de
Davi ter irmãos ainda mais valentes. Ou talvez, Saul quisesse obter uma identificação mais
completa desse bravo jovem, para poder recompensá-lo pelo seu extraordinário feito. Em qualquer
das hipóteses, não há problema algum com o fato.

1 SAMUEL 18:1-4- Davi e Jônatas eram homossexuais?

PROBLEMA: As Escrituras registram o intenso amor que Davi e Jônatas tinham um pelo outro.
Há quem tenha dito que isso é uma indicação de que eles eram homossexuais. Isso é deduzido a
partir do fato de que está escrito que "Jônatas o amava" (18:3); que Jônatas se despia na frente de
Davi (18:4); também que eles "beijaram-se um ao outro" com grande emoção (20:41). Os que
alegam isso dizem ainda que as tendências homossexuais de Davi podem ser inferidas pelo fato de
ele não ter muito sucesso em seus relacionamentos com mulheres. A conclusão tirada desses textos
é válida?
SOLUÇÃO: Não há indicação alguma nas Escrituras de que Davi e Jônatas tenham sido
homossexuais. Pelo contrário, há uma forte evidência de que não eram. Antes de mais nada, a
atração de Davi por Bate-Seba (2 Sm 11) revela que sua orientação sexual era heterossexual, não
homossexual. Com efeito, a julgar pelo número de mulheres que Davi teve, ele parecia ser
heterossexual até demais.
Depois, o "amor" de Davi por Jônatas não era o amor sexual (erótico), mas sim o amor da
amizade (o amor "phileo"). É comum nas culturas orientais homens heterossexuais expressarem
amor e afeição um para com o outro.
Ainda, Jônatas não se despiu completamente na presença de Davi. O texto diz que ele
apenas tirou a armadura e a capa que vestia (1 Sm 18:4) para dá-las a Davi, como um símbolo de
seu profundo respeito e compromisso com ele.
Podemos acrescentar também que o "beijo" era uma forma usual de os homens se
cumprimentarem naqueles dias. E ainda, o fato de eles se cumprimentarem beijando-se um ao outro
(1 Sm 20:41) é descrito dois capítulos e meio depois daquele que relata que Jônatas deu a capa e a
armadura a Davi.
Finalmente, a emoção que expressaram foi o choro, e não o orgasmo. O texto diz: "beijaramse
um ao outro e choraram juntos, Davi, porém, muito mais" (1 Sm 20:41).

1 SAMUEL 18:10 - Como Deus, sendo bom, poderia enviar um espírito maligno a Saul?

PROBLEMA: De acordo com esta passagem, "um espírito maligno" ("Atormentador" —BV) veio
sobre Saul, que entrava numa "crise de raiva em sua casa", e então procurava matar Davi com sua
lança. Entretanto, o versículo afirma claramente que o espírito tinha vindo "da parte de Deus".
Como um Deus bom poderia enviar um espírito maligno para atormentar Saul?
SOLUÇÃO: Por ser Deus absolutamente soberano, as ações de qualquer espírito maligno estariam
sujeitas à autoridade dele. Portanto, foi sob a permissão sua que o espírito atormentou Saul. Este
havia rejeitado a Deus, e o Senhor o rejeitara como rei. Deus tinha uma razão especial para permitir
que aquele espírito incitasse a agir contra Davi. Ao tentar matá-lo, o rei percebeu que o Senhor
estava com Davi. Por fazê-lo ir à guerra contra os filisteus, Saul inadvertidamente fez com que a
popularidade de Davi crescesse entre o povo, o que apressou sua própria queda. O envio do espírito
maligno sobre Saul é semelhante ao caso de Jó, em que Deus permitiu que Satanás fosse afligi-lo
com todos aqueles males. O Senhor permite o mal, mas sempre o usa para realizar seus bons
propósitos (ver os comentários de 1 Reis 22:22).

1 SAMUEL 19:23-24 - Como o texto poderia dizer que o Espírito de Deus estava sobre Saul, se
Ele já o havia rejeitado?

PROBLEMA: Quando Saul foi a Naiote, em Ramá, capturar Davi, enviou soldados para que
capturassem e trouxessem Davi preso em correntes. Mas tendo eles voltado com as mãos vazias,
Saul decidiu ir ele mesmo até lá. Entretanto, ao chegar perto de Naiote, o Espírito do Senhor veio
sobre Saul e ele dançou e profetizou diante de Samuel. Como seria possível dizer que o Espírito de
Deus estava sobre Saul, se ele já havia sido rejeitado por Deus?
SOLUÇÃO: Desta vez, o Espírito do Senhor não estava sobre Saul da mesma maneira como esteve
antes de ter sido ele rejeitado. Originalmente, o Espírito veio sobre Saul para ministrar através dele.
Agora, porém, o Espírito vinha para resistir às suas más intenções.
Neste incidente, o propósito de Saul era capturar e até mesmo matar Davi, mas o rei não desejava
ter um encontro face a face com o profeta Samuel. Por duas vezes Saul enviou mensageiros para
capturar Davi e trazê-lo preso em correntes, mas a cada vez o Espírito do Senhor os tomou, de
forma que eles foram impossibilitados de cumprir a tarefa que lhes fora designada.
Finalmente, o próprio Saul foi até lá. Entretanto, quando ele chegou perto de Naiote, em
Ramá, o Espírito do Senhor o tomou também, de forma que ele também perdeu o controle de si
mesmo. Dançou e profetizou até sentir-se exausto e cair no chão. O Espírito do Senhor venceu Saul
e frustrou os seus esforços para capturar Davi.

1 SAMUEL 19:24-Por que Saul tirou suas roupas ao dançar e profetizar diante de Samuel?

PROBLEMA: Samuel estava dirigindo um culto a Deus, no qual os profetas estavam profetizando
Quando os homens de Saul saíram para capturar Davi, foram tomados pelo Espírito do Senhor e
também profetizaram. Entretanto, Saul, ao chegar, profetizou, dançou e tirou as roupas. Por que
Saul agiu assim, sendo que os outros aparentemente não tiveram essa conduta?
SOLUÇÃO: Alguns comentaristas dizem que o que ocorreu aparentemente foi um ato de juízo
sobre Saul, tendo ele sido humilhado na presença de Samuel e dos profetas. Saul apresentava
drásticas mudanças de temperamento (cf. 1 Sm 16:14-23; 18:10-11; 19:9). O rei deixou-se levar de
tal maneira pelo seu entusiasmo que se despiu e dançou até cair no chão totalmente exausto, ali
permanecendo a noite toda.
Outros afirmam que o Espírito de Deus tomou Saul com mais intensidade do que no caso
dos outros, procurando abrandar o seu duro coração. Se Saul continuasse com seu procedimento
obstinado depois dessa poderosa experiência da graça divina, acabaria sendo destruído.

1 SAMUEL 21:9 - A armadura de Golias foi guardada na tenda de Davi ou em Nobe?

PROBLEMA: Neste texto, a espada de Golias é mencionada como estando em Nobe (cf. v.1).
Entretanto, 1 Samuel 17:54 diz: "Tomou Davi a cabeça do filisteu, e a trouxe a Jerusalém; porém as
armas dele pô-las Davi na sua tenda".
SOLUÇÃO: Primeiramente a armadura foi posta na tenda de Davi, mas depois foi levada a Nobe.
Os dois versículos referem-se a tempos diferentes.

1 SAMUEL 28:7ss - Como Deus pôde permitir que a feiticeira de En-Dor tenha feito Samuel
subir de entre os mortos, já que Deus condena a necromancia?

PROBLEMA: A Bíblia condena com severidade toda feitiçaria e comunicação com os mortos (Êx
22:18; Lv 20:6, 27; Dt 18:9-12; Is 8:19). No AT, os que praticassem essas coisas receberiam a pena
de morte. O rei Saul sabia disso e até mesmo expulsou todas as feiticeiras da terra de Israel (1 Sm
28:3). O problema é que parece que ela teve sucesso no contato com Samuel, o que dá validade aos
poderes da feitiçaria, que a Bíblia de forma tão severa condena.
SOLUÇÃO: Várias possíveis soluções têm sido apresentadas a este caso de En-Dor. Três delas são
aqui apresentadas, resumidamente.
Primeiro, alguns crêem que a feiticeira operou um milagre por meio de poderes demoníacos
e de fato trouxe Samuel dos mortos. Como justificativa, citam passagens que indicam que os
demônios têm o poder de realizar milagres (Mt 7:22; 2 Co 11:14; 2 Ts 2:9-10; Ap 16:14). As
objeções a essa posição incluem o fato de que a morte é o fim (Hb 9:27); que os mortos não podem
retornar (2 Sm 12:23) porque há um grande abismo colocado por Deus (Lc 16:24-27), e que os
demônios não podem usurpar a autoridade de Deus sobre a vida e a morte (Jó 1:10-12).
Segundo, outros têm sugerido que na verdade a feiticeira não fez subir Samuel de entre os
mortos, mas que foi simplesmente uma fraude. Para explicar isso, referem-se aos demônios que
enganam as pessoas que tentam estabelecer contato com os mortos (Lv 19:31; Dt 18:11; 1 Cr 10:13)
e argumentam que os demônios às vezes proferem o que é verdade (cf . At 16:17). As Objeções a
essa posição incluem o fato de que a passagem parece dizer que Samuel realmente voltou dos
mortos, que a profecia de Samuel foi algo que veio a acontecer e que é improvável que demônios
tenham proferido verdades de Deus, já que o diabo é o "pai da mentira" (Jo 8:44).
Uma terceira posição é que a feiticeira não fez subir Samuel de entre os mortos, mas Deus
mesmo interveio na tenda para repreender Saul pelo seu pecado. As razões dessa posição são: (a)
Samuel parece ter realmente voltado dos mortos (v. 14), mas (b) nem os homens nem demônios têm
o poder de trazer pessoas mortas (Lc 16:24-27; Hb 9:27); (c) até mesmo a feiticeira parece
surpreender-se com o aparecimento de Samuel, provindo dos mortos (v.12); (d) esta passagem
condena diretamente a feitiçaria (v. 9), portanto é bem improvável que ela lhe desse crédito
declarando que feiticeiros podem realmente trazer de volta pessoas mortas; (e) Deus às vezes fala
em lugares insuspeitos por meios fora do comum (cf. a jumenta de Balaão, Nm 22); (f) o milagre
não foi realizado pela feiticeira, mas apesar dela; (g) Samuel parece realmente aparecer provindo
dos mortos, censurar Saul e proferir uma profecia verdadeira (v. 19); (h) Deus condenou explícita e
repetidamente o contato com os mortos (veja acima) e não contradiria isso, dando crédito à
feitiçaria.
As maiores Objeções a esta posição baseiam-se no fato de que o texto não diz
explicitamente que foi Deus quem realizou aquele ato sobrenatural e que a tenda de uma feiticeira
seria um lugar bem estranho para ele operar algo assim.

1 SAMUEL 31 - O relato da morte de Saul nesta passagem contradiz o que é dito no capítulo
seguinte (2 Sm 1).

PROBLEMA: O texto de 1 Samuel 31 diz que o rei Saul suicidou-se, caindo sobre a sua espada,
mas 2 Samuel 1 registra que ele foi morto por um amalequita.
SOLUÇÃO: Alguns afirmam que os dois relatos são verdadeiros, considerando a história do
amalequita como suplementar. Dizem que Saul tentou cometer suicídio, rnas ainda não estava morto
quando o amalequita chegou e completou a obra. Apontam para dois fatos que esse homem levava
consigo a Coroa e o bracelete de Saul como prova do seu relato e também que Davi puniu o
amalequita com a morte por ter matado o rei. As Objeções a este ponto de vista são que ele
contradiz as afirmações de 1 Samuel 31, de que "Saul tomou da espada, e se lançou sobre ela" e que
o seu escudeiro viu "que Saul já era morto", bem como o registro fiel de que "morreu, pois, Saul"
(v. 6).
Outros vêem a história de 1 Samuel como correta e consideram o relato de 2 Samuel como
pura imaginação do amalequita que, tendo ido até Saul já morto, considerou que poderia lucrar com
Davi, tomando para si o crédito dessa morte. Mencionam o fato de que esta história contradiz o
relato de 1 Samuel 31 e que o amalequita parece não saber que Saul morreu por meio de uma
espada, e não por meio de uma lança, como disse. Alegam ainda que 1 Crônicas 10 repete a história
como registrada em 1 Samuel, mas não inclui o que o amalequita teria inventado. As maiores
Objeções a esta posição revidem no fato de que 2 Samuel não diz que a história do amalequita é
falsa, e que Davi o matou por seu ato. Em resposta, ele pode ter sido morto com base em sua
própria confissão (2 Sm 1:16). O fato de sua história contradizer o relato de 1 Samuel pode ser
considerado prova suficiente de que foi obra de sua imaginação.

1 SAMUEL 31:4 - O suicídio de Saul é justificável?

PROBLEMA: O rei Saul estava mortalmente ferido, e pediu ao seu escudeiro que o ajudasse a
cometer suicídio. Isto é justificável?
SOLUÇÃO: Suicídio é um assassinato, e a Bíblia nos diz: "Não matarás" (Êx 20:13). Não importa
que a vida tomada seja a própria vida. Toda vida pertence a Deus, e apenas ele tem o direito de
tomá-la (Dt 32:39; Jo 1:21).
Até mesmo os mais desesperados crentes na Bíblia que desejaram a morte nunca
consideraram o suicídio como uma alternativa moralmente viável. Pelo contrário, reconhecendo a
soberania de Deus sobre a vida humana, eles oraram, como Jonas: "Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me
a vida, porque melhor me é morrer do que viver" (Jn 4:3). Embora tenham desejado que Deus
tomasse suas vidas, nunca consideraram correto fazê-lo por si mesmo.
Além disso, exceto Sansão (veja os comentários de Juizes 16:26-27), há pelo menos cinco
casos de suicídio registrados na Bíblia, e nenhum deles conta com a aprovação de Deus:
Abimeleque (Jz 9:50-56); Saul (1 Sm 31:1-6); Zinri (1 Rs 16:18-19); Aitofel (2 Sm 17:23), e Judas,
aquele que traiu a Cristo (Mt 27:3-10). Cada um deles teve uma morte trágica, e nenhum contou
com a aprovação de Deus. O suicídio é um ataque à imagem de Deus no homem (Gn 1:27) e uma
tentativa de usurpar a soberania de Deus sobre a vida humana.

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