quinta-feira, 7 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- 1 Timóteo


1 TIMÓTEO



1 TIMÓTEO 2:12-14 - A Bíblia limita o ministério das mulheres?

PROBLEMA: Paulo disse: "E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem;
esteja, porém, em silêncio". De igual modo, em 11 Coríntios 14:34, ele acrescentou: "conservem-se
as mulheres cala-s nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como
também a lei o determina" (cf. 1 Pe 3:5-6). Isso não proíbe o ministério das mulheres, e não
degrada a personalidade delas?

SOLUÇÃO: De forma nenhuma. Quando devidamente compreendidas em seu contexto, essas e
muitas outras passagens na Bíblia exaltam o papel da mulher e lhes dão um tremendo ministério no
Corpo de Cristo Temos de ter em mente várias coisas concernentes a essa questão do papel da
mulher na igreja.
Primeiro, a Bíblia declara que as mulheres, tal como os homens, são imagem de Deus (Gn
1:27). Isto é, elas estão em igualdade com os homens por natureza. Não há nenhuma diferença
essencial - tanto o macho como a fêmea são igualmente seres humanos por criação.
Segundo, o homem e a mulher são iguais por redenção. Ambos têm o mesmo Senhor e
partilham exatamente da mesma salvação. Pois em Cristo "não pode haver... nem homem nem
mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3:28).
Terceiro, não há distinção de sexo nos dons ministeriais apresenta-d is na Bíblia. Ela não
diz: "dom de ensino: para homens; dom de socorros: para mulheres". Em outras palavras, as
mulheres têm os mesmos dons que os homens têm para ministrar no Corpo de Cristo.
Quarto, por toda a Bíblia, Deus deu dons, abençoou e usou muito as mulheres no ministério.
Isso inclui Miriã, a primeira ministra de música (i ix 15:20); Débora (Jz 4:4); Hulda, a profetiza (2
Cr 34:22); Ana, a profetiza (Lc 2:36); Priscila, uma professora da Bíblia (At 18:26); e Febe, a
diaconisa (Rm 16:1).
Quinto, Jesus teve muitas mulheres que o assistiram em seu ministério (cf. Lc 23:49; Jo 11).
Com efeito, é bastante significativo, naquela cultura patriarcal, ter Jesus escolhido mulheres em
suas duas primeiras aparições depois da ressurreição (Mt 28:1-10; Jo 20:10-18). Nisso o apóstolo
Pedro ficou em terceiro lugar! (1 Co 15:5).
Sexto, seja o que for que o apóstolo Paulo tenha querido dizer com a frase "que a mulher...
esteja... em silêncio", é certo que ele não queria dizer que elas não devessem ter ministério algum
na Igreja. Isso é claro por várias razões. Antes de mais nada, numa mesma carta (1 Coríntios), Paulo
instruiu as mulheres sobre como elas deveriam orar e profetizar na igreja, a saber, de maneira
ordeira e decente (cf. 11:5). Também, ele disse que em certos momentos todos os homens deveriam
permanecer em silêncio, da mesma forma, ou seja, quando outra pessoa estivesse ministrando a
palavra de Deus (cf. 14:28). Finalmente, Paulo não hesitou em usar mulheres para assisti-lo em seu
ministério, como fica evidente por ter ele dado a Febe o importante encargo de levar até o seu
destino a grande epístola aos Romanos (Rm 16:1).
Sétimo, quando entendidas em seu contexto, as passagens "do silêncio feminino" não estão
negando o ministério das mulheres, mas estão limitando a autoridade delas. Paulo afirma que as
mulheres não devem ter "autoridade sobre o homem" (1 Tm 2:12, NVI). De igual modo, depois de
sua exortação às mulheres de permanecerem caladas (1 Co 14:34), ele as lembra de permanecerem
"submissas". É claro, os homens também estavam debaixo de uma autoridade, e tinham de se
submeter à supremacia de Cristo sobre eles (1 Co 11:3). De fato, a prova cabal de que não há nada
de degradante em se estar submisso a alguém é que Cristo, que foi Deus em carne humana, sempre
é submisso ao Pai, tanto na terra (Fp 2:5-8) como no céu (1 Co 15:28).
É também evidente que a supremacia e liderança do homem não é simplesmente uma
questão cultural devido ao fato de se basear na própria ordem da criação (1 Co 11:9; 1 Tm 2:13).
Assim, os oficiais da Igreja devem ser homens, cada um sendo "esposo de uma só mulher" (1 Tm
3:2). Isso, contudo, de forma alguma desmerece ou diminui o papel das mulheres, tanto no âmbito
familiar como na Igreja. O fato de os homens não poderem dar à luz a bebês não os desmerece em
sua humanidade nem no que diz respeito ao papel que exercem na família, apenas Deus não lhes
preconizou tal função, mas sim outras.
Oitavo, Deus deu às mulheres uma gloriosa função, tanto pela ordem de criação como pela
redenção. Primeiramente, Eva não foi criada do pé de Adão, para ser por ele pisada, nem de sua
cabeça, para governar sobre ele, mas sim do seu lado, para estar em igualdade com ele e ser-lhe
companheira (cf. Gn 2:19-25). Além disso, todo homem foi gerado no ventre de uma mulher (1 Co
11:12), e assim a grande maioria dos homens foi nutrida por uma mulher quando eram bebês,
crianças, jovens, até a idade adulta. Adicionalmente, quando Deus escolheu o vaso mediante o qual
ele próprio se fez carne (Jo 1:14), não foi pela direta criação de um corpo (como no caso de Adão),
nem por assumir uma fo ma visível (como o anjo do Senhor), nem por fazer um clone de um
homem; não, foi por meio de uma concepção milagrosa, levada até o fim da gestação no ventre de
uma mulher, a abençoada virgem Maria (Mt 1:20-21; Gl 4:4).
Quanto ao processo do nascimento e da nutrição, Deus dotou a mulher com o papel mais
maravilhoso, o de gerar todos os seres humanos, homens incluídos, e os alimentar, no momento
mais delicado e sensível da suas vidas, tanto antes como depois do nascimento (cf. SI 139:13-18).
Finalmente, na Igreja, Deus fez com que as mulheres viessem a ser, com os demais, "um em
Cristo Jesus" (Gl 3:28), e concedeu a elas os dons do Espírito (1 Co 12; 14; Rm 12), mediante os
quais elas podem edificar o corpo de Cristo. Entre esses dons acham-se o da profecia (cf. At 2:17-
ld; 21:9) e o do ensino (At 18:26; Tt 2:4).

1 TIMÓTEO 5:8 - Esse versículo não contradiz a instrução de Jesus para não acumularmos
tesouros na terra?

PROBLEMA: Jesus exortou seus discípulos: "Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a
terra" (Mt 6:19). Lucas acrescentou: "Dá a todo o que te pede" (Lc 6:30). Em contraste, Paulo
afirmou que "se alguém ní o tem cuidado dos seus... tem negado a fé e é pior do que o descrente ' (1
Tm 5:8). Provérbios 13:22 declara que "o homem de bem deixa herança aos filhos de seus filhos"
(Pv 13:22). Mas como dar todo o nosso tesouro a Deus e aos outros, e mesmo assim deixarmos uma
herança pi ra a nossa família?

SOLUÇÃO: A Bíblia não nos está mandando dar todo o nosso dinheiro a Deus e aos outros. O AT
estabeleceu o dízimo como sendo o mínimo que todos deveriam dar (cf. Ml 3:8), havendo bênção
proporcional àqueles que contribuírem com ofertas (cf. 1 Co 16:2; 2 Co 8:14-15). Além disso,
devemos ajudar os necessitados, especialmente os de nossa própria família e os demais crentes (1
Tm 5:8).
Jesus de forma alguma pretendia que viéssemos a dar tudo o que te nos. O seu conselho ao
jovem rico nesse sentido foi um caso especial, já que o dinheiro tinha se tornado um ídolo para ele
(veja Lc 18:22). Jesus encorajou-nos a sermos prudentes e econômicos e nos proibiu fazer dos
"tesouros" o nosso principal bem. Ele nos incentivou a não sermos indevidamente "ansiosos" pelas
nossas necessidades materiais (Mt 6:25) nem acumularmos de forma egoísta, tesouros na terra (Mt
6:19-20). Mas de forma alguma ele nos proibiu de investir o nosso dinheiro ou de planejarmos o
futuro. Na verdade, ele fez uso de parábolas para nos ensinar a investir os nossos bens (Mt 25:14ss)
e a determinar o custo antes de construirmos uma torre (Lc 14:28).
Não há também nenhuma evidência de que os crentes primitivos tenham tomado aquela
afirmação de Jesus (de dar a quem pedir) em seu sentido absoluto de dar tudo o que possuíssem.
Mesmo considerando-se alguns versículos que, se não corretamente entendidos, parecem dizer o
contrário (veja os comentários de Atos 3:44-45), a igreja primitiva não praticou nenhuma forma
permanente de comunismo ou socialismo. A maioria deles aparentemente possuía suas próprias
residências e/ou outras propriedades. De outra forma, como poderiam eles ter cumprido o
mandamento de prover para si mesmos e ainda deixar herança para suas famílias? O crente
cauteloso dá de suas posses em primeiro lugar para Deus (veja Mateus 6:19, 33), depois para a
família e para os outros crentes (1 Tm 5:8), e daí, tanto quanto possível, procura ajudar os pobres
(Gl 2:10).

1 TIMÓTEO 5:23 - Paulo recomendou que os crentes tomem vinho?

PROBLEMA: A Bíblia repetidamente nos adverte contra o abuso de bebidas fortes e contra a
embriaguez (Pv 20:1; 31:4-5; Is 24:9; 1 Co 6:9-10; Ef 5:18). Entretanto, Paulo diz a Timóteo: "Não
continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas
freqüentes enfermidades". Isso não está em favor de se beber vinho?

SOLUÇÃO: Se entendido todo o contexto, não há nessa passagem base alguma para os crentes se
comprometerem bebendo socialmente vinho (e outras bebidas alcoólicas). Primeiro, Paulo fala de
"um pouco", e não de muito vinho. Em outra passagem ele recomenda aos líderes cristãos que
sejam moderados (1 Tm 3:3,8).
Segundo, era para "suas freqüentes enfermidades", não para o prazer. Em outras palavras, a
recomendação tinha propósitos medicinais, não propósitos sociais.
Terceiro, a Bíblia fala com freqüência do mal que há em se beber vinho. Ela lança
imprecações sobre aqueles que bebem excessivamente (Is 5:11; Am 6:6; Mq 2:11). Todos são
advertidos de que muito álcool levará à desgraça e ao juízo (Am 6:6-7).
Finalmente, o vinho que era usado nos tempos bíblicos era misturado, usando-se três partes
de água para uma parte de vinho, assim reduzindo o teor alcoólico a um nível relativamente não
prejudicial. Quando assim tomado junto com uma refeição, poucas eram as chances de o vinho ser
prejudicial para a pessoa ou para a sociedade, naquele ambiente de uma sociedade não alcoolizada.
O mesmo não é verdade hoje, já que o vinho, a cerveja e o uísque que estão sendo
consumidos são, pelos padrões bíblicos, "bebidas fortes". E isso é ainda mais problemático numa
cultura alcoolizada, em que um de cada dez que começam a beber se torna alcoólico. Nesse
contexto, é melhor seguir o conselho de Paulo dado em outra passagem, em que ele di: i: "É bom
não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a
tropeçar [ou se ofender ou se enfraquecer]" (Rm 14:21).

1 TIMÓTEO 6:16 - Somente Deus é imortal, ou os homens também são?

PROBLEMA: De acordo com Paulo nessa passagem, Deus é o "único que pessui imortalidade,
que habita em luz inacessível". Entretanto, em outras passagens, Paulo fala dos cristãos sendo
ressuscitados em corpos físicos "imortais" (1 Co 15:53) e partilhando da "imortalidade" por meio
do Evangelho (2 Tm 1:10). Mas se apenas Deus possui a imortalidade, como alguém mais a
possuirá?

SOLUÇÃO: Deus é o único que possui a imortalidade intrinsecamente, em virtude de sua própria
natureza. Todos os crentes a recebem como uma dádiva de Deus, mas ela não é inerente à natureza
humana, como criaturas que são. Coloquemos isso de outro modo: somente Deus é imortal - os
seres humanos simplesmente possuem imortalidade. De forma semelhante, somente Deus é
existência (cf. Êx 3:14) - as criatura têm existência (cf. At 17:28). Além disso, a imortalidade de
Deus é se n princípio e sem fim. Nossa imortalidade tem um princípio, e é sem fim. Em resumo:
A IMORTALIDADE DE DEUS A IMORTALIDADE HUMANA
É intrínseca à sua natureza
É algo que Deus é
Que possui por sua essência
É inerente
Sem princípio e sem fim
Não é intrínseca à nossa natureza
É algo que os homens possuem
Que possuem por participação
É derivada
Com um princípio, mas sem fim


1 TIMÓTEO 6:16 - Deus habita nas trevas ou na luz?

PROBLEMA: De acordo com Paulo, Deus "habita em luz inacessível". Contudo, a Bíblia
repetidamente fala que "o Senhor declarou que habitaria em trevas espessas" (l Rs 8:12), porque
"das trevas fez um manto em que se ocultou" (SI 18:11; cf. 97:2). Em que habita Deus então: nas
trevas ou na luz?
SOLUÇÃO: Ao considerarmos essa divergência, temos de lembrar, antes de mais nada, que "luz" e
"trevas" podem ser figuras de linguagem e não necessitam ser tomadas literalmente. Ambas
descrevem a ínescrutabilidade de Deus (cf. Rm 11:33).
Além disso, mesmo tomando-as de modo literal, não há necessariamente uma contradição,
pois o que é luz para Deus pode ser trevas para nós. Por exemplo, a alvorada traz luz para o
pintarroxo, mas trevas para o morcego. De fato, a ofuscante luz de sua divindade transcendente
pode criar trevas em nossos limitados esforços por compreender a Deus. Assim, não há
necessariamente um conflito, mesmo que as palavras luz e trevas sejam tomadas de modo literal.

1 TIMÓTEO 6:17-18 - As riquezas deveriam ser distribuídas ou retidas?

PROBLEMA: Jesus recomendou ao jovem rico: "vende os teus bens, dá aos pobres" (Mt 19:21).
Os cristãos primitivos vendiam suas propriedades e traziam o dinheiro aos pés dos apóstolos (At
4:34-35). Paulo nos advertiu de que "o amor do dinheiro é raiz de todos os males" (1 Tm 6:10).
Entretanto, Deus abençoou Abraão e Jó com riquezas, e Paulo não instrui o rico a dar tudo o que
tem, mas a usar e a apreciar profundamente (1 Tm 6:17-18).
SOLUÇÃO: Deve-se observar, em primeiro lugar, que a instrução de Jesus, quando disse: "vende
os teus bens, dá aos pobres" (Mt 19:21), foi para um jovem rico que tinha feito do dinheiro o seu
deus, e não aos que não tinham feito isso. Nada há de errado em possuir riquezas - o que não é
certo é ser possuído pelas riquezas.
Além disso, no livro de Atos não há indicação de que os primeiros discípulos tenham sido
persuadidos a vender tudo o que tinham, nem de que tenham feito isso. As terras vendidas (At 4:34-
35) podem ter sido propriedades adicionais que eles tivessem. E interessante observar que o texto
não diz que eles vendiam suas residências (veja os comentários de Atos 2:44-45).
Finalmente, Paulo não diz que o dinheiro é um mal, mas apenas que o amor ao dinheiro é
raiz de todos os males. Buscar riquezas para deleite próprio é errado, mas buscá-las para ter o que
dar aos outros em necessidade não é. Assim, ao mesmo tempo em que Deus "abundantemente nos
dá todas as coisas para delas gozarmos" (1 Tm 6:17, SBTB), ele nos adverte a não depositarmos a
nossa "esperança na instabilidade da riqueza."

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