terça-feira, 5 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas Gênesis 2

 GÊNESIS 2


GÊNESIS 12:10-20; 20:1-18 - Por que Deus permitiu que Abraão prosperasse, mesmo tendo
ele mentido?

PROBLEMA: A Bíblia nos exorta a não mentir (Êx 20:16); porém, mesmo depois de Abraão ter
mentido com respeito a Sara, ele enriqueceu.

SOLUÇÃO: Primeiro, o enriquecimento de Abraão não deve ser visto como uma recompensa
divina pela sua mentira. Podemos facilmente entender por que Faraó lhe deu presentes. Faraó pode
ter se sentido obrigado a recompensá-lo pelo mau constrangimento que a sua corrupta sociedade
impunha aos estrangeiros que visitavam o país.
Além disso, Faraó deve ter sentido que deveria recompensá-lo por ter levado a mulher dele
até o palácio, mesmo sem saber da sua real condição. É que o adultério era estritamente proibido
pela religião egípcia.
Ainda, Abraão pagou pelo seu pecado. Os anos de transtornos que se seguiram na vida de
Abraão podem ter sido uma conseqüência direta de sua falta de fé no poder protetor de Deus.
Finalmente, embora alguns sejam reconhecidos como homens de Deus, eles são falíveis e
responsáveis pelo seu próprio pecado (por exemplo, Davi e Bate-Seba - 2 Sm 12). Deus os
abençoou apesar dos pecados deles, e não por causa dos seus pecados.

GÊNESIS 14 - O relato da vitória de Abraão sobre os reis da Mesopotâmia é históricamente
aceitável?

PROBLEMA: Gênesis apresenta essa batalha como real e verdadeira. Mas, de acordo com a
Hipótese Documentária do criticismo bíblico, essa história foi um acréscimo posterior, sendo
totalmente fictícia.

SOLUÇÃO: Possuímos muito pouca informação sobre este período, fora do livro de Gênesis. Por
isso, conquanto não tenhamos uma confirmação arqueológica direta, não há por que duvidar do
evento narrado na Bíblia. Uma dúvida assim geralmente provém de um preconceito antibíblico.
Além disso, há um suporte indireto para a validade deste relato. Um importante arqueólogo,
W. F. Albright, observou que: "A despeito de nosso fracasso de até agora fixarmos o horizonte
histórico do capítulo 14, podemos ter certeza de que o seu conteúdo é bem antigo. Há várias
palavras e expressões não encontradas em parte alguma do restante da Bíblia e que agora são
reconhecidas como pertencentes ao segundo milênio [a.C.]. Os nomes das cidades da Transjordânia
também são considerados muito antigos"(Alleman e Flack, Olá Testament Commentary, Filadélfia:
Fortress Press, 1954, p. 14). À luz disso, não há razão alguma para duvidar da autenticidade do
relato bíblico sobre a batalha de Abraão com os reis da Mesopotâmia.

GÊNESIS 14:18-20 - Quem foi Melquisedeque?

PROBLEMA: Há algum debate sobre a natureza de Melquisedeque. Foi ele uma pessoa real, um
ser fora do normal ou apenas uma personagem de ficção?

SOLUÇÃO: Com base em Hebreus 7, alguns têm interpretado Melquisedeque como tendo sido um
anjo ou até mesmo como uma aparição de Cristo. Isso não é provável, já que o autor de Hebreus
apresenta Melquisedeque como sendo um tipo de Cristo. Em Gênesis, Melquisedeque é apresentado
de maneira usual e histórica. Ele encontra-se com Abraão e com ele conversa normalmente. Não há
razão, seja arqueológica ou de qualquer outra origem, para que se questione quanto à personalidade
histórica de Melquisedeque.

GÊNESIS 15:16 - O êxodo ocorreu na quarta ou na sexta geração?

PROBLEMA: A Bíblia fala que o êxodo aconteceria na "quarta geração" depois da descida de Jacó
ao Egito (Gn 15:16). Entretanto, de acordo com as genealogias de 1 Crônicas 2:1-9 (e Mateus 1:3-
4), o êxodo ocorreu realmente na sexta geração (2:1-11), a saber, Judá, Perez, Hezrom, Rão,
Aminadabe, e Naassom.

SOLUÇÃO: A palavra "geração" em Gênesis 15:16 é definida como tendo o sentido de 100 anos,
já que "a quarta geração"(v. 16) é empregada como se referindo a "quatrocentos anos" (v. 13). Dessa
forma, Gênesis 15 está se referindo ao período de tempo, e 1 Crônicas está falando do número de
pessoas envolvidas naquele período.

GÊNESIS 15:17; cf. 19:23 - Por que a Bíblia emprega termos não científicos, tais como "posto
o sol"?

PROBLEMA: Os cristãos evangélicos afirmam que a Bíblia é a inspirada e inerrante palavra de
Deus. Entretanto, já que a Bíblia é inerrante em tudo o que afirma, inclusive com respeito a fatos
históricos e científicos, por que então encontramos termos não científicos, tais como "posto o sol"
ensaia o sol"?

SOLUÇÃO: A Bíblia não está afirmando que o sol realmente se ponha ou se levante. Não, ela
simplesmente faz uso da linguagem sob o enfoque da observação, que ainda hoje empregamos. É
usual em toda previsão meteorológica referir-se à hora do "pôr-do-sol" ou do "sol nascente". Dizer
que a Bíblia não é "científica", ou que ela contém erros científicos, devido ao uso de tais
expressões, é lançar mão de um argumento muito fraco. Isso teria de ser de igual forma atribuído a
praticamente todo o mundo hoje, até mesmo a cientistas da atualidade, que empregam esse tipo de
linguagem em conversas normais (veja os comentários de Josué 10:12-14).

GÊNESIS 19:8 - O pecado de Sodoma era o homossexualismo ou a inospitalidade?

PROBLEMA: Há quem argumente que o pecado de Sodoma e Gomorra tenha sido a
inospitalidade, e não o homossexualismo. A base para isso é o costume cananeu que garante
proteção a quem esteja sob o teto de alguém. É dito que Ló se referiu a esse costume quando disse:
"nada façais a estes homens, porquanto se acham sob a proteção de meu teto" (Gn 19:8). Assim, Ló
ofereceu suas filhas para satisfazer àquela irada multidão, de forma a proteger as vidas dos
visitantes que estavam sob o seu teto.
Alguns ainda alegam que o pedido daqueles homens da cidade para "conhecer" (Gn 19:5)
significa simplesmente "ser apresentado", sem nenhuma conotação sexual, porque a palavra
hebraica correspondente ao verbo "conhecer" (yada) geralmente não tem conotação sexual (cf. SI
139:1).

SOLUÇÃO: Embora seja verdade que a palavra hebraica para "conhecer" (yada) não signifique
necessariamente "ter relacionamento sexual", no contexto da passagem de Sodoma e Gomorra, ela
obviamente tem este significado. Isso é evidente por várias razões. Primeiro, em dez de cada doze
vezes que esta palavra aparece em Gênesis, ela se refere à relação sexual (cf. Gn 4:1,25).
Segundo, o sentido da palavra "conhecer" é o do conhecimento sexual, neste mesmo
capítulo. Pois Ló refere-se às suas duas filhas virgens dizendo "que ainda não conheceram homens"
(Gn 19:8, SBTB), sendo este um óbvio emprego da palavra com o sentido sexual.
Terceiro, o significado de uma palavra descobre-se pelo contexto em que ela aparece. E o
contexto nesse caso é certamente o sexual, como indicado pela referência à perversidade daquela
cidade (18:20), bem como por serem as virgens oferecidas para aplacar-lhes a lascívia (19:8).
Quarto, "conhecer" não pode ter o sentido de simplesmente "ser apresentado a alguém", porque no
caso houve uma referência a "não façais mal" (19:7). Quinto, por que oferecer as filhas virgens, se o
intento deles não era sexual? Se os homens tivessem pedido para "conhecer" as filhas virgens de Ló,
ninguém duvidaria das intenções lascivas deles.
Sexto, Deus já tinha determinado destruir Sodoma e Gomorra, como Gênesis 18:16-33
indica, mesmo antes do incidente ocorrido em 19:8. Conseqüentemente, é muito mais razoável
admitir que Deus havia pronunciado juízo sobre aquelas duas cidades pelos pecados que eles já
vinham cometendo, isto é, por causa do homossexualismo, do que por um pecado que eles ainda
não tinham cometido, a inospitalidade.

GÊNESIS 19:30-38 - A Bíblia condena o incesto?

PROBLEMA: O incesto é enfaticamente denunciado em muitas passagens bíblicas (cf. Lv 18:6;
20:17). De fato, o Senhor declarou: "Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai, ou
filha de sua mãe" (Dt 27:22). Contudo Ló cometeu incesto com suas duas filhas, do qual resultaram
as nações de Moabe e Amom,

SOLUÇÃO: Não há dúvida alguma de que Ló pecou de diversas maneiras, para não dizer nada
quanto à violação das leis do incesto que mais tarde Moisés deu como mandamentos a Israel. Ló
embebedou-se e pecou com suas duas filhas. A alma reta dele tinha sido perturbada com os muitos
pecados por sua longa permanência junto com o povo de Sodoma. Mas nenhum desses pecados
recebe aprovação nesta passagem. De fato, a narrativa seca do episódio, sem nenhum comentário
positivo do escritor, indica que não se pretendeu esconder o horror desses pecados. Eis aqui um
bom exemplo do princípio de que nem tudo que a Bíblia narra ela aprova (veja a Introdução).

GÊNESIS 20:12 - Se o incesto é condenado, por que Abraão casou-se com sua irmã?

PROBLEMA: Abraão admitiu que Sara, sua mulher, era realmente sua "irmã" (cf. Gn 17:15-16).
Contudo, o incesto é claramente denunciado como pecado em muitas passagens bíblicas (cf. Lv
18:6; 20:17). De fato, o Senhor declarou: "Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu
pai ou filha de sua mãe" (Dt 27:22).

SOLUÇÃO: Abraão não estava isento de pecado, como revela a sua mentira ao rei Abimeleque
com respeito a Sara (Gn 20:4-5). E de fato ele admitiu que Sara era filha de seu pai e não de sua
mãe; e que ela veio a ser sua mulher (cf. Gn 20:12). Entretanto, mesmo assim, não há prova de que
Abraão tivesse violado uma lei por ele conhecida, por duas razões. Primeiro, as leis do incesto
somente foram dadas por Moisés 500 anos depois de Abraão. Portanto, certamente ele não poderia
ser responsabilizado por leis que ainda não tinham sido promulgadas.
Segundo, as palavras "irmã" e "irmão" têm um uso bem mais amplo na Bíblia, tal como
acontece com os termos "pai" e "filho". Jesus, por exemplo, foi "filho" (i.e., descendente) de Davi
(Mt 21:15). "Irmã" pode significar um parente próximo, mas não necessariamente indica o grau de
proximidade que damos à palavra "irmã". Ló, sobrinho de Abraão, é chamado de "irmão" dele ["e
tornou a trazer também a Ló, seu irmão..." (Gn 14:16, SBTB)]. De igual modo, "filha" pode
significar "neta" ou "bisneta".
Considerando a idade que Abraão alcançou em sua vida (175 anos, Gn 25:7), é possível que
ele tenha se casado com uma neta de seu pai, ou com uma sobrinha, ou com uma sobrinha-neta. De
qualquer forma, não há prova de que o casamento de Abraão com Sara tenha violado qualquer lei
então existente contrária ao incesto. Mas, mesmo que isso tenha ocorrido, a Bíblia simplesmente
nos fornece um registro verdadeiro do erro de Abraão. Quando Deus chamou Sara de "mulher" de
Abraão (Gn 17:15), ele não estava legitimando nenhum suposto incesto, mas simplesmente
afirmando um fato.

GÊNESIS 21:32,34 - A Bíblia colocou filisteus erroneamente na Palestina no tempo de
Abraão?

PROBLEMA: A mais antiga alusão aos filisteus por fontes palestinas ou egípcias data do século
XII a.C; contudo estes versículos colocam os filisteus nessa área cerca de 800 anos antes.

SOLUÇÃO: Esta não é a primeira vez que os críticos chegaram a falsas conclusões pela falta de
conhecimento histórico desse período. Sodoma e Gomorra são exemplos de cidades que a Bíblia
menciona e que eram consideradas não-históricas. Quando as tábuas de Ebla foram descobertas, a
acusação de que aquelas cidades eram um mito foi então descartada. Aquelas tábuas continham
referências às duas cidades.
Pode ser apenas uma questão de tempo para que outras evidências semelhantes apareçam
para confirmar o testemunho bíblico com respeito aos filisteus. Até que isso aconteça, podemos
descansar seguros de que o registro bíblico é preciso neste caso, e tendo toda a confiança nas
Escrituras, por causa de sua total exatidão em tudo que menciona. Além disso, o argumento dos
críticos neste caso é o argumento tradicionalmente falacioso, que provém da ignorância.
Simplesmente porque não temos evidências de fontes extrabíblicas quanto à existência dos filisteus
em datas anteriores, não significa que eles não tenham existido. Isso apenas quer dizer que não
dispomos de tais informações.

GÊNESIS 22:2 - Por que Deus pediu a Abraão que sacrificasse seu filho, tendo o próprio Deus
condenado o sacrifício humano em Levítico 18 e 20?

PROBLEMA: Tanto em Levítico 18:21 como em 20:2, Deus especificamente condenou o
sacrifício humano, ao ordenar a Israel: "E da tua descendência não darás nenhum para dedicar-se a
Moloque" (Lv 18:21); e "Qualquer dos filhos de Israel... que der de seus filhos a Moloque, será
morto; o povo da terra o apedrejará" (Lv 20:2). Contudo, em Gênesis 22:2, Deus ordenou a Abraão:
"Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em
holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei". Isso parece estar em total contradição com o
seu mandamento para não oferecer sacrifícios humanos.

SOLUÇÃO: Primeiro, Deus não estava interessado em que Abraão viesse de fato a matar o seu
filho, nem era esse o seu plano. O fato de o anjo do Senhor ter impedido que Abraão matasse Isaque
(22:12) revela isso. O propósito de Deus foi provar a fé de Abraão, com o pedido de que entregasse
completamente aquele seu único filho a Deus. O anjo do Senhor declarou que era a disposição de
Abraão de entregar o seu filho, e não o ato de realmente matá-lo que satisfez as expectativas de
Deus com respeito a Abraão. Deus disse explicitamente: "Não estendas a mão sobre o rapaz... pois
agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho" (Gn 22:12).
Segundo, as proibições tanto em Levítico 18:21 como em 20:2 eram especificamente contra
o oferecimento de um filho ao deus pagão chamado Moloque. Portanto não é uma contradição Deus
ter proibido oferendas de vidas a Moloque e ter solicitado a Abraão que oferecesse o seu filho a si,
ao único e verdadeiro Deus. É claro, oferecer um filho em sacrifício ao Senhor não é o mesmo que
oferecê-lo a Moloque, já que o Senhor não é Moloque. Apenas Deus é soberano sobre toda vida (Dt
32:39; Jó 1:21), e portanto somente ele tem o direito de pedir a vida de alguém. Com efeito, é Deus
que determina o dia da morte de cada um (SI 90:10; Hb 9:27).
Terceiro, Abraão confiou no amor e no poder de Deus de tal maneira que voluntariamente
obedeceu, crendo que o Senhor ressuscitaria Isaque dentre os mortos (Hb 11:17-19). Isto está
implícito no fato de que, embora Abraão pretendesse matar Isaque, ele disse aos seus servos: "eu e o
rapaz [nós] iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós" (Gn 22:5).
Finalizando, não é moralmente errado para Deus pedir que sacrifiquemos um filho a ele.
Deus mesmo ofereceu o seu Filho no Calvário (Jo 3:16). De fato, até mesmo o governo de um país
muitas vezes pede ao povo que sacrifique seus filhos pelo país. Certamente Deus tem um direito
bem maior para requerer isso.

GÊNESIS 22:2 - Como Isaque foi chamado de "único filho" de Abraão, se este já tinha
também Ismael?

PROBLEMA: Abraão recebeu a seguinte instrução em Gênesis 22:2: "Toma teu filho, teu único
filho, Isaque". Entretanto, Abraão tinha tido Ismael muitos anos atrás (Gn 16) e ele tinha ainda
outros "filhos" (Gn 25:6).

SOLUÇÃO: Os outros filhos de Abraão mencionados em Gênesis 25 provavelmente nasceram
mais tarde, pois são mencionados três capítulos depois de Isaque ter sido chamado de "único filho".
Além disso, eram filhos de "concubinas que tinha" (Gn 25:6) e não eram contados como herdeiros
da promessa de Deus. De igual forma, Ismael fora concebido em incredulidade por uma concubina
e não era contado como herdeiro da herança prometida. Ainda, a expressão "único filho" pode ser
equivalente a "filho amado" (cf. Jo 1:18; 3:16), isto é, um filho especial. Deus claramente disse a
Abraão: "por Isaque será chamada a tua descendência" (Gn 21:12).

GÊNESIS 22:12 - Deus não sabia como Abraão iria agir?

PROBLEMA: Deste versículo decorre que Deus não sabia como Abraão iria agir, em resposta à
ordem que lhe deu, já que foi somente depois de Abraão ter obedecido que Deus disse: "agora sei
que temes a Deus". Entretanto, a Bíblia declara em outra parte que "o seu [Deus] entendimento não
se pode medir" (SI 147:5), que ele sabe "o fim desde o princípio" (Is 46:10, SBTB), e que de
antemão nos conheceu e nos predestinou desde a fundação do mundo (Rm 8:29-30).

SOLUÇÃO: Em sua onisciência, Deus sabia exatamente o que Abraão faria, já que ele sabe todas
as coisas (cf. Sl 139:2-4; Jr 17:10, At 1:24; Hb 4:13). Entretanto, o que Deus sabe por cognição e o
que se sabe por demonstração são duas coisas diferentes. Depois de Abraão ter obedecido à ordem
de Deus, ele demonstrou o que o Senhor sempre soube, isto é, que Abraão temia a Deus.
Aqui de novo a Bíblia, destinada como é a seres humanos, fala sob uma perspectiva humana. De
forma semelhante, um professor de matemática pode dizer: "Vejamos se podemos encontrar a raiz
quadrada de 49". E então, depois de fazer a demonstração, declara: "Agora sabemos que é 7", muito
embora ele soubesse desde o início qual seria a resposta.

GÊNESIS 23 - Como os filhos de Hete poderiam estar em Hebrom, em 2050 a.C, sendo que o
seu reino situava-se onde hoje é a moderna Turquia?

PROBLEMA: Hete foi o progenitor dos hititas, cujo reino se localizou onde hoje é a moderna
Turquia. Mas, de acordo com alguma evidência arqueológica, os hititas não se sobressaíram no
Oriente Médio antes do reinado de Mursilis I, que começou a reinar por volta de 1620 a.C. e que
dominou a cidade de Babilônia em 1600 a.C.
Entretanto, em Gênesis 23 várias referências são feitas ao encontro de Abraão com os filhos
de Hete, que controlavam Hebrom no ano de 2050 a.C. aproximadamente. Como então a Bíblia
pode dizer que os hititas controlavam Hebrom, muitos anos antes de eles se tornarem uma força
significativa nessa região?

SOLUÇÃO: Descobertas arqueológicas mais recentes de tábuas cuneiformes descrevem conflitos
em Anatólia (hoje Turquia), entre vários principados hititas de cerca de 1950 a 1850 a.C. Mesmo
antes desse conflito, entretanto, havia uma raça de não-indo-europeus, conhecida como povo de
Hati. Esse povo foi subjugado por invasores indo-europeus por volta de 2300 a 2000 a.C., os quais
adotaram o nome Hati. Nas línguas semíticas, como no hebraico, Hati e Hiti tinham a mesma grafia,
porque somente as consoantes eram escritas,
Nos dias de Ramsés II do Egito, a força militar dos hititas era suficiente para propiciar um
pacto de não-agressão entre o Egito e o império hitita, que estabeleceu limites entre eles. Nesse
tempo, o império hitita ia ao sul até Kadesh junto ao rio Orontes (hoje Asi). Entretanto, outras
evidências demonstraram que os hititas realmente penetraram mais ainda para o sul, até a Síria e a
Palestina. Embora o reino hitita não tenha tido o seu ápice senão na segunda metade do século XIV
a.C, há suficiente base para se admitir a presença hitita em Hebrom no tempo de Abraão,
controlando aquela área.

GÊNESIS 25:1 - Por que este versículo chama Quetura de esposa de Abraão, ao passo que 1
Crônicas 1:32 a chama de concubina?

PROBLEMA: Gênesis 25:1 diz: "Desposou Abraão outra mulher; chamava-se Quetura".
Entretanto, 1 Crônicas 1:32 afirma: "Quanto aos filhos de Quetura, concubina de Abraão". Abraão
casou-se com Quetura, ou era ela apenas uma de suas concubinas?

SOLUÇÃO: A contradição é apenas aparente, e o problema pode ser facilmente resolvido por uma
abordagem mais profunda. Primeiro, embora em Gênesis 25:1 apareça a palavra hebraica usual para
"mulher" (ishshah), esta palavra tanto pode significar "esposa" como simplesmente "mulher".
Assim, nesse caso, o sentido da palavra não precisa ser "esposa", mas simplesmente "concubina",
especialmente à luz do versículo 6 e da afirmação feita em 1 Crônicas 1:32. Dessa forma, Gênesis
25:1 pode ser entendido simplesmente como dizendo: "Tomou Abraão outra mulher como sua
concubina".
Segundo, embora 1 Crônicas empregue a palavra hebraica correspondente a concubina
(pilegesh) com respeito a Quetura, Gênesis 25:6 utiliza a mesma palavra ao se referir às mães de
todos os demais filhos de Abraão, que não Isaque. Isso sem dúvida inclui Quetura como tendo sido
uma das suas concubinas. Adicionalmente, Gênesis 25:1 começa com uma palavra hebraica
(vayoseph), que pode ser traduzida por "e adicionando" ou "e em adição a". Como Gênesis 24:67
claramente afirma que Sara, esposa de Abraão, tinha morrido, o versículo 1 do capítulo 25 não
poderia ter o sentido de que Abraão estivesse adicionando alguma coisa ao seu número de esposas.
É mais plausível tomar esta palavra como indicativa de que ele estava adicionando ao seu número
de concubinas, ao tomar mais uma mulher (ishshah).

GÊNESIS 25:1-2 - Como pôde Abraão nesta passagem ter tido filhos naturalmente, já que
anos antes ele precisara de um milagre para ter Isaque?

PROBLEMA: Já cm Gênesis 17, Abraão "se riu" quando Deus lhe disse que ele teria um filho
(Isaque) de Sara, uma vez que ele tinha "cem anos" de idade (v. 17). Mas em Gênesis 25, muitos
anos depois, ele teve filhos de Quetura, a mulher que tomou depois da morte de Sara (vv. 1-2).

SOLUÇÃO: Há duas possibilidades que podem explicar esta dificuldade. Primeiro, o texto de
Gênesis 17 não diz que Abraão se riu por achar-se muito velho para ter filhos, mas porque já havia
passado o período de fertilidade de Sara (cf. 17:17; 18:12). Para um homem, naqueles tempos, não
havia como saber se ele ainda era fértil; para uma mulher, porém, isso não era problema,
verificando-se a presença ou não dos ciclos menstruais. Como Abraão tinha apenas 100 anos na
época, e viveu até os 175, é razoável admitir que ele ainda estava fértil. Em comparação, hoje um
homem que vive até os 80, normalmente ainda é fértil aos 60.
Segundo, mesmo que tenha sido necessário um milagre para Abraão (e também para Sara)
recuperar a fertilidade, não há por que essa fertilidade não permanecer depois por vários anos. Uma
vez reanimada, a sua potência viril poderia ter durado décadas. Afinal, ele viveu mais 75 anos. De
qualquer forma, essa suposta contradição aqui simplesmente não é aceitável.

GÊNESIS 25:8 - Os hebreus já tinham o conceito de vida após a morte nesse ponto tão inicial
de sua história?

PROBLEMA: Críticos eruditos afirmam que os primitivos hebreus tinham uma religião muito
rudimentar, que através dos séculos passaria por um grande desenvolvimento e evolução, chegando
por fim ao conceito de vida após a morte. Entretanto, este versículo dá a entender que, desde o
início do desenvolvimento de sua nação, os hebreus já tinham um conceito de imortalidade.

SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, esta postura crítica baseia-se na premissa altamente problemática
de que há um desenvolvimento evolucionista da religião, com o monoteísmo bastante desenvolvido
sendo alcançado bem tarde. Entretanto, descobertas arqueológicas recentes em Ebla contradizem tal
especulação, mostrando que o monoteísmo foi uma crença bem primitiva (de antes mesmo de 2000
a.C).
Além disso, a expressão "foi reunido ao seu povo" certamente parece indicar mais do que
apenas ser enterrado junto com seus parentes. De fato, já que Abraão deixara a sua terra natal de Ur
dos caldeus para ir à terra que Deus lhe prometera, seria uma contradição levar seu corpo de volta à
terra da casa de seu pai para ser enterrado. A idéia de que a alma continuava a viver após a morte do
corpo era uma crença mantida por muitos povos do tempo de Abraão, incluindo-se os sumerianos,
os babilônios, os egípcios e outros.
Além disso, esta não é a única referência primitiva ao conceito de vida após da morte. O
livro de Jó possivelmente seja o mate antigo livro do AT, cujos eventos aconteceram em épocas
anteriores ao tempo de Abraão e dos patriarcas de Israel. Assim mesmo, já no tempo de Jó,
encontramos não somente o conceito de vida depois da morte, mas também o de uma ressurreição
corporal.
Em Jó 19:25-26 deparamo-nos com Jó expressando sua confiança de que, embora talvez ele
não chegasse a ver sua vindicação pessoal nesta vida, ele sabia que Deus, por fim, faria com que
tudo ficasse certo. Esta confiança o fez expressar a sua convicção de que ele certamente iria estar
diante de Deus mesmo depois de sua morte física: "Porque eu sei que o meu Redentor, vive e por
fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne
verei a Deus". Este versículo mostra que o conceito de vida depois da morte era uma convicção bem
primitiva, e que o povo de Deus também acreditava na ressurreição do corpo.

GÊNESIS 25:31-33 - Jacó comprou o direito da primogenitura ou o conseguiu por meio do
engano?

PROBLEMA: Este texto diz que Jacó pediu a Esaú que lhe vendesse o
direito de primogenitura. Mas Gênesis 29:1ss conta-nos que para recebê-lo ele valeu-se do engano.

SOLUÇÃO: Jacó comprou o "direito da primogenitura", mas obteve a "bênção" por meio do
engano. São duas coisas diferentes. Assim, não há uma real divergência.

GÊNESIS 26:33 - Berseba foi assim nomeada por Abraão ou mais tarde por Isaque?

PROBLEMA: Em Gênesis 21:31 Abraão deu a essa cidade o nome de Berseba ("poço do
juramento"). Mas posteriormente (em Gênesis 26:33), Isaque deu-lhe o mesmo nome. Mas é
altamente improvável que duas pessoas diferentes, em duas ocasiões diferentes, viessem a chamar
um mesmo lugar com o mesmo nome.

SOLUÇÃO: Isto não é absolutamente improvável, por duas razões. A primeira é que a segunda
pessoa era filho da primeira, e pode ter tido conhecimento da experiência de seu pai naquele lugar.
A segunda razão é que a experiência semelhante pela qual Isaque passou ali pode lhe ter despertado
a memória, fazendo-o lembrar-se do nome que seu pai tinha dado àquele lugar. Assim, não é de todo
incomum que Isaque tivesse mais tarde renovado o nome que seu pai havia anteriormente dado
àquele importante lugar em suas vidas.

GÊNESIS 26:34 - Quantas esposas teve Esaú?

PROBLEMA: Gênesis 26:34 afirma que Esaú casou-se com Judite, filha de Beeri, heteu, e com
Basemate, filha de Elom, heteu. Entretanto, Gênesis 36:2-3 afirma que as esposas de Esaú eram
Ada, filha de Elom, heteu; Oolibama, filha de Aná; e Basemate, filha de Ismael. Esaú casou-se com
a filha de Elom chamada Basemate ou com a sua filha Ada? Teve então Esaú duas, três ou quatro
esposas?

SOLUÇÃO: As esposas de Esaú foram quatro: Judite, a filha de Beeri; Basemate, que também
tinha o nome de Ada, filha de Elom; Oolibama, filha de Aná; e Basemate, filha de Ismael. A razão
por que Judite não é mencionada em Gênesis 36:2-3 é porque ela não lhe deu filhos, e Gênesis 36 é
um registro dos "descendentes de Esaú". Ainda, era uma prática comum as pessoas serem
conhecidas por mais de um nome. Aparentemente Basemate, filha de Elom, também tinha o nome
de Ada, e desta forma é que ela é identificada em Gênesis 36:2, para distingui-la da outra Basemate,
que era filha de Ismael. Esaú teve assim quatro esposas.

GÊNESIS 27:42-44 - Jacó retornou a Harã para fugir de Esaú ou para ter uma esposa?

PROBLEMA: Rebeca disse a Jacó: "Retira-te para a casa de Labão, meu irmão, em Harã; fica com
ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão" (Gn 27:43-44). Mas em Gênesis 28:2 a razão
dada foi para que tomasse "lá por esposa uma das filhas de Labão, irmão de sua mãe". Qual foi a
razão afinal?

SOLUÇÃO: Jacó retornou para Harã pelas duas razões. Duas ou mais razões para a mesma coisa
não é incomum na Bíblia. Compare os seguintes casos:
1. A exclusão de Moisés da Terra Prometida foi por causa da incredulidade (Nm 20:12), da
rebelião (Nm 27:14), da transgressão (Dt 32:51) e das palavras irrefletidas (SI 106:33).
2. Saul foi rejeitado por Deus por um sacrifício ilegal (1 Sm 13:12-13), por desobediência (1 Sm
28:18) e por consultar a feiticeira de En-Dor(l Cr 10:13).

GÊNESIS 29:21-30 - Quando Raquel foi dada a Jacó como esposa?

PROBLEMA: Em Gênesis 29:27 Labão diz a Jacó que complete a semana das festas nupciais com
Lia, e que então Raquel lhe seria dada. Entretanto, o versículo também diz que ficou acertado entre
Labão e Jacó que em contrapartida a mais um período de sete anos de serviço, Raquel seria dada a
Jacó. Quando Raquel foi dada a Jacó: no fim da semana nupcial com Lia, ou ao se completarem os
sete anos de serviço?

SOLUÇÃO: A passagem indica que Raquel foi dada a Jacó após os sete dias que compreendiam as
festas nupciais de Lia. A festa de casamento geralmente durava sete dias (cf. Jz 14:12). Labão
acertou com Jacó que Raquel se tornaria sua mulher ao fim daquela festa de sete dias e, em
contrapartida, Jacó serviria Labão por um período adicional de sete anos. Ironicamente, Jacó, que
tinha usado do engano na questão da primogenitura de Esaú, agora fora enganado por Labão.

GÊNESIS 31:20 - Como pôde Deus abençoar Jacó, depois de ter ele
enganado Labão?

PROBLEMA: Em Gênesis 31:20, o texto diz que "Jacó logrou a Labão" ou seja, enganou-o, "não
lhe dando a saber que fugia". Entretanto, Deus abençoou Jacó ao aparecer a Labão, advertindo-o de
que não falasse a Jacó "nem bem nem mal" (Gn 31:24). Como Deus pôde abençoar Jacó depois de
ele ter enganado Labão?

SOLUÇÃO: Primeiro, a tradução da palavra hebraica de Gênesis 31:20 não é necessariamente
"enganar". Literalmente, no hebraico a frase é: "E Jacó roubou o coração de Labão". Esta é uma
expressão idiomática hebraica que pode ser utilizada, num determinado contexto, para significar
"enganar" ou "usar de astúcia". Jacó não disse a Labão que ia sair, nem lhe disse que ia ficar. A
razão por que ele saiu sem nada dizer a Labão possivelmente tenha sido o fato de que ele temia
Labão (cf. Gn 31:2). Jacó tampouco tinha qualquer obrigação de permanecer com Labão, porque ele
havia cumprido tudo o que fora tratado entre eles. Apesar das acusações feitas por Labão, eram
justos o temor de Jacó e o seu ato de sair sem nada dizer a Labão.
Segundo, mesmo admitindo-se que Jacó estivesse envolvido numa farsa, Deus não o
abençoaria por causa desse pecado, mas apesar de suas falhas. Este caso é outro exemplo do
princípio de que "nem tudo que é registrado na Bíblia é por ela aprovado " (veja a Introdução).
Deus havia escolhido Jacó para que ele viesse a tornar-se o pai das doze tribos de Israel não porque
ele fosse reto, mas por causa da graça de Deus. O Senhor pôde abençoar Jacó segundo a sua graça,
mesmo sendo ele um pecador. Através da experiência de Jacó com Labão, e mais tarde seu
confronto com Esaú e sua luta com o anjo do Senhor à noite, é que o caráter de Jacó foi trabalhado
de forma a tornar-se um vaso adequado para o uso de Deus.

GÊNESIS 31:32 - Como pôde Deus abençoar Raquel, tendo ela furtado os ídolos de Labão e
ainda mentido a ele sobre isso?

PROBLEMA: Gênesis 31:32 afirma que, com respeito aos ídolos, "Jacó não sabia que Raquel os
havia furtado". Entretanto, parece que Deus
abençoou Raquel, mesmo tendo ela mentido a Labão.

SOLUÇÃO: Deus não abençoou Raquel por ela ter furtado os ídolos, nem por ter mentido com
respeito ao seu ato. Simplesmente pelo fato de Labão não ter descoberto que Raquel tinha sido a
ladra, isso não quer dizer que Deus a abençoou. Pelo contrário, é mais plausível admitir que Deus
não tenha exposto o furto de Raquel por causa de Jacó, para protegê-lo. Também, Gênesis 35:16-19
relata que Raquel morreu de parto, de seu segundo filho, Benjamim. Nos capítulos intermediários,
entre 31:32 e 35:19, muito pouco é dito a respeito dela. O relato bíblico revela que de fato Deus não
abençoou Raquel pelo que ela fez, mas deixou-a num segundo plano de importância, até a sua morte
dolorosa.

GÊNESIS 32:30 - O rosto de Deus pode ser visto?

PROBLEMA: Deus declarou a Moisés: "homem nenhum verá a minha face, e viverá" (Êxodo
33:20; veja os comentários de João 1:18). Moisés recebeu a permissão para apenas ver Deus "pelas
costas" (Êx 33:23). Contudo, a Bíblia nos informa que Moisés falou com Deus "face a face" (Dt
5:4), e o mesmo é dito com respeito a Jacó em Gênesis 32:30. Como então puderam eles falar face a
face com Deus?

SOLUÇÃO: É possível um cego falar face a face com alguém, sem, contudo, ver a face dessa
pessoa. A expressão "face a face" significa "pessoalmente", ou "diretamente", ou ainda "com
intimidade". Moisés teve esse tipo de relacionamento íntimo com Deus. Mas ele, assim como
mortal algum, jamais viu a "face" (a essência) de Deus diretamente.

GÊNESIS 46:4 - Deus levou Jacó para fora do Egito ou foi lá que ele morreu?

PROBLEMA: Deus prometeu a Jacó: "Eu descerei contigo para o Egito, e te farei tornar a subir,
certamente" (Gn 46:4). Entretanto, Jacó morreu no Egito (Gn 49:33) e nunca retornou à Terra
Prometida.

SOLUÇÃO: Esta promessa cumpriu-se com Jacó de várias maneiras, das quais qualquer uma pode
explicar essa dificuldade. Primeiro, foi uma promessa à posteridade de Jacó, que do Egito foi
trazida de volta. Isto é indicado pela afirmativa: "eu farei de ti uma grande nação" (v. 3). Segundo,
Jacó foi trazido do Egito por José, embora não com vida, e sepultado em Canaã (Gn 50:13; Gn
50:25; Êx 13:19). Finalmente, depois da ressurreição Jacó retornará àquela Terra vivo (cf. Mt 8:11).

GÊNESIS 46:8-27 - Por que a Bíblia fala de doze tribos de Israel, se na realidade eram
catorze?

PROBLEMA: Com freqüência a Bíblia afirma que eram doze as tribos de Israel. Contudo, em três
passagens distintas, a relação das tribos é diferente. Na realidade, havia 14 tribos diferentes, que são
apresentadas como sendo 12:
Gênesis 46 Números 26 Apocalipse 7
1. Rúben Rúben Rúben
2. Simeão Simeão Simeão
3. Levi - Levi
4. Judá Judá Judá
5. Issacar Issacar Issacar
6. Zebulom Zebulom Zebulom
7. José - José
8. - Manasses Manasses
9. - Efraim -
10. Benjamim Benjamim Benjamim
11. Dã Dã -
12. Gade Gade Gade
13. Aser Aser Aser
14. Naftali Naftali Naftali
Eram então doze ou catorze tribos?

SOLUÇÃO: Nesta resposta, há que se observar que Jacó teve apenas doze filhos. Seus
descendentes constituíram as doze tribos originais. Entretanto, por várias razões, esses mesmos
descendentes são redispostos em tempos diferentes em grupos de doze um pouco diferentes entre si.
Por exemplo, em Gênesis 48:22 Jacó concede a José uma porção dupla de herança.
Na relação do livro de Números, Manasses e Efraim, filhos de José, substituem a tribo de
José. Também acontece que Levi não recebeu uma porção de terra em herança porque os levitas
exerciam a função de sacerdotes. Espalhados por todas as tribos em 48 cidades levíticas, eles
ensinavam os estatutos do Senhor às tribos (Dt 33:10). Conseqüentemente, a dupla porção de José
fica dividida entre Manasses e Efraim, seus dois filhos/de forma a preencher a vaga deixada por
Levi.
Na passagem do Apocalipse, José e Manasses são contados em separado, possivelmente
indicando que José e Efraim (filho de José) são contados como uma única tribo. Dã é omitido nesta
relação, possivelmente porque os danitas tomaram a sua porção pela força numa área ao norte de
Aser, separando-se de sua herança original que era ao sul. Além disso, os danitas foram a primeira
tribo a ir para a idolatria.
Levi aparece nesta relação como uma tribo separada, possivelmente porque, depois da cruz,
os levitas não mais exercem o seu ofício para todas as tribos e, então, podem receber uma porção de
terra por herança para si.
Em cada caso, o autor bíblico tem o cuidado de preservar o número original de 12 tribos,
número este que tem um significado espiritual, indicativo de uma perfeição espiritual (cf. as portas
e fundações da Cidade celestial, em Apocalipse 21).

GÊNESIS 49:5-7 - Como Jacó pôde pronunciar uma maldição sobre Levi, que em
Deuteronômio 33:8-11 é abençoado por Deus?

PROBLEMA: Em Gênesis 40:5-7, Jacó pronuncia uma maldição sobre Levi: "Maldito seja o seu
furor, pois era forte, e a sua ira, pois era dura; dividi-los-ei [Simeão e Levi] em Jacó e os espalharei
em Israel" (v. 7). Entretanto, em Deuteronômio 33:8-11, Moisés abençoa Levi: "Ensinou [Levi] os
teus juízos a Jacó, e a tua lei a Israel;... Abençoa o seu poder, ó Senhor, e aceita a obra das suas
mãos" (Dt 33:10-11).

SOLUÇÃO: Jacó pronunciou essa maldição sobre Levi e Simeão por causa da maneira cruel com
que se vingaram dos habitantes de Siquém. Como punição pelo seu crime, eles seriam espalhados
entre as outras tribos de Israel, de forma a não obter uma terra em possessão para si mesmos.
Entretanto, a maldição sobre Levi acabou sendo uma bênção para as demais tribos de Israel. Pois
era o plano de Deus espalhar os descendentes de Levi por toda Israel de forma que dessa tribo se
pudesse dizer depois: "Ensinou os teus juízos a Jacó, e a tua lei a Israel" (Dt 33:10).
Não há contradição entre esses dois pronunciamentos. Os descendentes de Levi foram
espalhados, como Jacó profetizou, mas eles foram usados por Deus para funcionar como a tribo
sacerdotal por toda a Israel, como Moisés tinha proclamado. Levi não recebeu uma herança em terra
entre as demais tribos porque, em Números 18:20, Deus dissera: "Na sua terra herança nenhuma
terás, e no meio deles nenhuma porção terás: eu sou a tua porção e a tua herança no meio dos filhos
de Israel".

GÊNESIS 49:10 - Quem ou o que é Siló neste versículo?

PROBLEMA: A palavra "Silo" com freqüência é entendida como sendo uma referência a Jesus
Cristo como o Messias que viria. Silo aparece numa frase como parte das palavras proféticas de
Jacó para seu filho Judá. É através da tribo de Judá que o Messias viria (cf. 2 Sm 7; Mq 5:2); assim,
parece ser apropriado entender este versículo como sendo uma referência ao Messias, Jesus Cristo.
Entretanto, o NT não faz referência alguma a esta profecia como tendo sido cumprida em Cristo,
nem menciona o nome Silo.

SOLUÇÃO: A solução a este problema envolve a pontuação da vogai do Texto Massorético (MT)
do AT (veja Apêndice 1). A versão atualizada de Almeida traduz esta parte do versículo 10 da
seguinte forma: "até que venha Silo". Esta versão segue a pontuação das vogais do texto MT e
traduz a palavra hebraica shylh como o nome próprio "Silo". Silo (ou "Silo") era o nome de uma
cidade situada a aproximadamente quinze quilômetros a nordeste de Betel. Embora alguns
intérpretes considerem a afirmativa feita em Gênesis 49:10 como uma referência àquela cidade,
outros têm entendido ser este nome uma referência ao Messias.
Entretanto, a maioria dos eruditos propõe uma diferente pontuação e entende que a palavra
significa "a quem pertence" (como traduz a R-IBB). Esta proposição tem suporte de traduções
antigas, tais como as versões grega e siríaca do AT, e outras. Essas versões antigas, sendo anteriores
ao texto MT, também empregaram a frase "a quem pertence". Esta forma é ainda respaldada por
Ezequiel 21:27 que afirma: "até que venha aquele a quem ela pertence de direito". Quando esta
parte do versículo 10 é entendida desta forma, a passagem fica: "O cetro não se arredará de Judá,
nem o bastão de autoridade dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence, e a ele
obedecerão os povos". À luz do exposto, o significado messiânico do versículo fica muito mais
claro. Pois ele é cumprido com o Messias do NT (Cristo), como algumas passagens indicam:
Mateus 2:6, Lucas 1:30-33, Apocalipse 5:5 e 19:11-16.

GÊNESIS 49:10b - Se Judá reinaria até o Messias, por que o primeiro rei de Israel foi da tribo
de Benjamim?

PROBLEMA: Gênesis 49:10 indica que "o cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre
seus pés, até que venha Silo". Mas a história registra que o primeiro rei de Israel (Saul) era "da tribo
de Benjamim" (At 13:21; 1 Sm 9:1-2).

SOLUÇÃO: Este problema existe quando "Silo" é entendido como uma referência ao Messias.
Alguns eruditos entendem ser uma referência a uma cidade em Efraim, onde o Tabernáculo de
Moisés foi erigido. Com esta interpretação, Judá era para ser o líder das doze tribos por todo o
tempo no deserto, até chegarem na Terra Prometida.
Mesmo que "Silo" seja uma referência ao Messias, não há um problema real aqui, já que o Messias
veio da tribo de Judá (cf. Mt 1:1-3,16; Ap 5:5). Aos olhos de Deus, Davi (e não Saul) é que foi sua
escolha para o primeiro rei de Israel (cf. 1 Sm 15-16). Assim, a tribo de Judá sempre foi a linha
governante, da qual veio o Messias.
GÊNESIS 49:14-15 - Por que Jacó profetizou escravidão para Issacar, mas em Deuteronômio
33:18-19 Moisés profetizou uma bênção?

PROBLEMA: Em Gênesis 49:14-15 Jacó profetiza que Issacar se submeteria "ao serviço forçado
de um escravo" (v. 15-R-IBB). Entretanto, em Deuteronômio 33:19 Moisés prediz que Issacar
participaria da "abundância dos mares" e dos "tesouros escondidos da areia".

SOLUÇÃO: A história da tribo de Issacar indica que Jacó estava antevendo um tempo em que, por
causa de suas possessões de terra, Issacar se curvaria diante de invasores estrangeiros sob o
comando de Tiglate-Pileser, não lutando por sua libertação. Moisés, entretanto, estava antevendo
um tempo anterior a essa invasão, em que a tribo de Issacar prosperaria na planície fértil que há
entre as montanhas de Gilboa e Tabor. A prosperidade que eles alcançaram levou-os a uma vida
relativamente livre de problemas, uma característica aludida na figura de um jumento preguiçoso
"deitado entre dois fardos" (Gn 49:14, R-IBB), não disposto a removê-los. Tal prosperidade numa
terra que sempre era ameaçada por invasores estrangeiros e a sua indisposição de ser privado de
suas possessões pela liberdade, finalmente criou a servidão de Issacar prevista por Jacó.

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