quinta-feira, 7 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- Lucas 1


LUCAS


LUCAS l:26ss - O nascimento de Cristo foi anunciado a Maria ou a José?

PROBLEMA: Mateus diz que o nascimento de Cristo foi anunciado a José (Mt 1:20), mas Lucas
afirma que foi a Maria (Lc l:26ss). Quem está certo?
SOLUÇÃO: O nascimento de Cristo foi anunciado primeiro a Maria e depois a José. Maria tinha
de saber antes, já que ela haveria de ser a primeira a saber que teria um bebê. José teria de ser
informado em seguida, já que sua esposa estava para ter um bebê que não era seu! Esse tipo de
duplicidade de visões em questões importantes é encontrado em outras partes das Escrituras.
 Compare Pedro e Cornélio (At 10:3,15), e Saulo e Ananias (At 9:6,10-16).

LUCAS 1:36 - Como Isabel poderia ser parenta de Maria, se ela era da tribo de Arão?

PROBLEMA: De acordo com Lucas 1:5, Isabel era da tribo sacerdotal de Arão. Mas em Lucas
1:36 ela é descrita como parenta de Maria, que era da tribo de Judá (1:39;3:30).
SOLUÇÃO: Ser aparentada de alguém da tribo de Judá não significa que Maria fosse daquela
tribo. Ela poderia ter se aparentado pelo matrimônio. O casamento entre tribos era permitido, exceto
no caso de um herdeiro. O próprio Arão casou-se com alguém da tribo de Judá (Êx 6:23; 1 Ce
2:10).

LUCAS l:28ss - Os cristãos devem cultuar Maria?

PROBLEMA: O anjo disse a Maria que ela era a mais abençoada de todas as mulheres, declarando
para ela: "Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres" (Lc 1:28, SBTB).
Embora a forma mais elevada de adoração seja reservada a Deus apenas (latria), os católicos
romanos crêem que Maria deve ser venerada num sentido inferior (hyperdulia), como a mais
favorecida de todas as outras criaturas, já que ela é a "mãe de Deus" e "Rainha dos Céus". Por que
os evangélicos não dão a Maria o que lhe é devido?
SOLUÇÃO: Os evangélicos de fato honram a Maria como a abençoada "mãe de... [nosso]
Senhor"(Lc 1:43). Mas, por muitas razões, cremos ser idolatria venerar Maria. Primeiro, Maria era
um ser humano, não Deus. A Bíblia nos dá o mandamento: "Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a
ele darás culto" (Mt 4:10).
Segundo, Maria confessou que ela era uma pecadora e que necessitava de um Salvador, tal
como qualquer outra pessoa. Ela disse: "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se
alegrou em Deus, meu Salvador" (veja comentários de Lucas 1:46).
Terceiro, o anjo de Deus não afirmou que Maria era abençoada mais do que todas as
mulheres, mas simplesmente entre todas as mulheres. Ele declarou apenas: "bendita és tuentre as
mulheres" (Lc 1:28, SBTB, grifo do autor). Na prática, muitos católicos têm exaltado Maria acima
de todas as mulheres, virtualmente no lugar de Deus.
Quarto, o culto de Mariolatria cresceu na Igreja Católica Romana durante a Idade Média,
acrescentando a ela títulos tais como "co-re-dentora" e "Rainha dos Céus". Entretanto, isso
evidencia uma influência paga sobre o cristianismo, nos moldes da deusa babilônica que tinha
precisamente esse mesmo nome de "a Rainha dos Céus" (Jr 7:18; 44:17-19, 25).

LUCAS 1:46 - Maria nasceu sem pecado, como os católicos afirmam?

PROBLEMA: Os católicos romanos afirmam que Maria, a mãe de Jesus, foi concebida de forma
imaculada (i.e., foi concebida sem pecado). Entretanto, com exceção de Jesus, a Bíblia assevera que
todo ser humano nasce em pecado (SI 51:5; Rm 5:12). Maria foi então concebida de forma
imaculada?
SOLUÇÃO: Maria, mãe de Jesus, foi a mais abençoada entre as mulheres (veja comentários de
Lucas l:28ss). Entretanto, ela não foi uma mulher sem pecado, e a Bíblia deixa isso claro de muitas
maneiras.
Primeiro, Davi declarou a respeito de todos os seres humanos: "Eu nasci na iniqüidade, e em
pecado me concebeu minha mãe" (SI 51:5).
Segundo, Paulo afirmou que todo ser humano nascido de pais naturais, desde Adão, pecou
em Adão, pois "por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim
também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm 5:12).
Terceiro, não há absolutamente vestígio algum em toda a Bíblia de que Maria tivesse sido
uma exceção à regra de que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3:23). No caso de
Cristo, entretanto, é apontado repetidamente que ele era humano, contudo sem pecado (2 Co 5:21;
Hb 4:15; 1 Pe 3:18; 1 Jo 3:3).
Finalmente, a própria Maria proclamou o seu estado de pecado quando reconheceu a sua
necessidade de um Salvador, dizendo "o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador". Como
todo o mundo, ária também precisou de um Salvador.

LUCAS 2:1 - Será que Lucas cometeu um erro quando mencionou um recenseamento
mundial?

PROBLEMA: Lucas refere-se ao decreto de César Augusto, quando Quirino era presidente da
Síria, "para que todo o mundo se alistasse" (Ec 2:1, SBTB). Entretanto, de acordo com os anais da
história antiga, não se realizou tal recenseamento.
SOLUÇÃO: Até época recente, os críticos asseguravam amplamente que Lucas cometera um erro
na sua afirmação quanto ao recenseamento feito por ordem de César Augusto, e que o censo
realmente acontecera no ano 6 ou 7 a.D. (isso é mencionado por Lucas no discurso de Gamaliel,
registrado em Atos 5:37). A falta de qualquer suporte fora da Bíblia fez com que alguns
considerassem que isso foi um erro de Lucas. Entretanto, conhecimentos recentes reverteram essa
tendência, e agora é amplamente admitido que houve de fato um recenseamento anterior, como
Lucas registra. Isso foi declarado com base em vários fatores.
Em primeiro lugar, como o povo de uma terra subjugada era compelido a jurar lealdade ao
imperador, não era incomum que este requeresse um recenseamento em todo o império, como
expressão dessa lealdade, como um meio de alistar os homens para o serviço militar ou, corno foi
provavelmente nesse caso, como preparação para decretar impostos.
Devido às relações de tensão que havia entre Herodes e Augusto, nos últimos anos do
governo de Herodes, como o historiador Josefo relata, é compreensível que Augusto começasse a
tratar o domínio de Herodes como uma terra sujeita, e conseqüentemente impusesse tal
recenseamento para manter controle sobre Herodes e sobre o povo.
Segundo, alistamentos periódicos desse tipo aconteciam de forma regular a cada 14 anos.
De acordo com os próprios documentos que registraram esses alistamentos (ver W. M. Ramsay,
Was Christ Born in Bethlehem? [Cristo Nasceu em Belém?], 1898), houve de fato um
recenseamento em cerca de 8 ou 7 a.C. Por causa desse costume periódico de recenseamentos, uma
ação assim naturalmente seria considerada como decorrente da política geral de Augusto, muito
embora um censo local pudesse ter sido instigado pelo governante local. Portanto, Lucas reconhece
que o alistamento originou-se do decreto de Augusto.
Terceiro, um recenseamento era um projeto de grande amplitude, que levava provavelmente
vários anos para completar-se. Tal alistamento com o propósito de estabelecer impostos tinha
começado na Gália entre os anos 10 ou 9 a.C, e levou cerca de 40 anos para terminar. É bem
provável que o decreto que deu início ao recenseamento, em 8 ou 7 a.C, não tenha de fato
começado na Palestina, senão alguns anos depois. Problemas de organização e preparo podem ter
retardado a sua realização até o ano 5 a.C, ou até mesmo para mais tarde.
Quarto, não era também um requisito fora do normal exigir que as pessoas fossem até o
lugar de seu nascimento ou ao lugar onde tivessem alguma propriedade. Um decreto de C. Vibius
Mazimus no ano 104 a.D. requereu que todos os que estavam fora de sua cidade natal retornassem
para lá com o propósito de um alistamento.
Para os judeus, viagens assim não eram estranhas, já que eles estavam acostumados a ir todo
ano a Jerusalém. Simplesmente não há por que suspeitar da afirmação de Lucas a respeito do
recenseamento no tempo do nascimento de Jesus. Seu relato enquadra-se no padrão dos
alistamentos da época, e a data de sua realização não é descabida. Além disso, esse pode ter sido
apenas um alistamento local, feito em decorrência da política geral de Augusto.
Lucas simplesmente nos fornece um registro histórico confiável de um acontecimento que,
de outra forma, não teria sido registrado. Já que o Dr. Lucas provou por si mesmo ser um
historiador de confiança em outras questões (ver Sir William Ramsey, St. Paul the Traveler and
Roman Citizen [São Paulo, o Viajante e o Cidadão Romano], 1896), não há por que duvidar dele
(veja também os comentários de Lucas 2:2).

LUCAS 2:2 - Por que Lucas diz que o recenseamento ocorreu durante o governo de Quirino,
se ele não foi governador até o ano 6 a.D.?

PROBLEMA: Lucas afirma que o alistamento decretado por Augusto foi o primeiro realizado
quando Quirino era o governador da Síria. Entretanto, Quirino só assumiu o cargo depois da morte
de Herodes, em cerca de 6 a.D. Trata-se então de um erro no registro histórico de Lucas?
SOLUÇÃO: Lucas não cometeu erro algum. Há soluções bastante razoáveis para essa dificuldade.
Primeiro, Quintilius Varus foi o governador da Síria de cerca de 7 a.C. a cerca de 4 a.C.
Varus não era um líder que inspirava confiança, o que foi desastrosamente demonstrado no ano 9
a.D., quando ele perdeu três legiões de soldados na floresta Teutoburger, na Alemanha. Ao contrário
dele, Quirino era um notável líder militar, que tinha sido o responsável por arrasar a rebelião dos
homonadensianos na Ásia Menor. Quando chegou o tempo de começar o recenseamento, em cerca
de 8 ou 7 a.C, Augusto encarregou Quirino de resolver o delicado problema existente na área volátil
da Palestina, de fato passando por cima da autoridade e do governo d£ Varus, ao destacar Quirino
para uma posição com autoridade especial naquela questão.
Tem sido proposto também que Quirino foi governador da Síria em duas ocasiões
diferentes, uma enquanto perpetrava a ação militar contra os homonadensianos, entre 12 e 2 a.C, e
outra começando em cerca de 6 a.D. A interpretação de uma inscrição latina descoberta em 1764
referiu-se a Quirino como tendo servido como governador da Síria em duas ocasiões.
É possível ainda que Lucas 2:2 possa ser traduzido assim: "Este alistamento foi feito antes
de Quirino ser o governador da Síria". Nesse caso, a palavra grega traduzida como "primeiro"
(protos) é traduzida como um comparativo, "antes". Devido à estranha construção da frase, essa não
é uma versão improvável.
Independentemente de qual das soluções tenha sido aceita, não é necessário concluir que
Lucas tenha cometido um erro nos registros que fez dos eventos históricos ocorridos na época do
nascimento de Jesus. Lucas demonstrou ser um historiador de confiança, mesmo nos detalhes. Sir
William Ramsey mostrou que, ao fazer referência a 32 países, 54 cidades e 9 ilhas, Lucas não
cometeu nenhum erro!

LUCAS 3:23 - Por que Lucas apresenta uma genealogia de Jesus diferente da que é
apresentada por Mateus?

PROBLEMA: Jesus tem um avô diferente em Lucas 3:23 (Heli), em relação ao que é registrado
em Mateus 1:16 (Jacó). Quem foi de fato o avô de Jesus?
SOLUÇÃO: Isso é de se esperar, já que são duas linhas diferentes de ancestrais, uma através de
seu pai legal, José, e outra através de sua mãe de fato, Maria. Mateus apresenta-nos a linha oficial,
já que seu propósito é mostrar as credenciais messiânicas judaicas de Jesus, que requeriam que o
Messias viesse da semente de Abraão e da linhagem de Davi (cfi Mt 1:1). Lucas, tendo em vista um
público grego bem mais amplo, dirige-se para o interesse grego de ver Jesus como o homem
perfeito (que era o que buscava o pensamento grego). Assim, ele traça a linha genealógica de Jesus
até o primeiro homem, Adão (Lc 3:38).
Há várias razões para que Mateus apresente a genealogia paterna de Jesus, e Lucas, a
materna. Primeiramente, mesmo que as duas linhas vão de Jesus a Davi, cada uma delas o faz
através de um filho diferente de Davi. Mateus inicia com José (pai de Jesus segundo a lei) e vai até
o rei Salomão, filho de Davi, de quem Cristo por direito herdou o trono de Davi(cf.2Sm7:12ss).
O propósito de Lucas, por outro lado, é mostrar Cristo como verdadeiramente humano.
Então ele vai de Cristo a Nata, filho de Davi, seguindo a genealogia de Maria, sua mãe de fato, pela
qual Jesus pode declarar ser perfeitamente humano e o redentor da humanidade.
Lucas não diz que está traçando a genealogia de Jesus a partir de José. Antes, ele observa que Jesus,
"como se cuidava" era "filho de José", quando de fato ele era filho de Maria. Também o fato de
Lucas registrar a genealogia pela linha de Maria vinha bem ao encontro de seu interesse, como
médico, por mulheres e nascimentos, o que se vê inclusive por sua ênfase em mulheres no seu
Evangelho, que tem sido chamado de "o Evangelho para as mulheres".
Finalmente, o fato de terem as duas genealogias alguns nomes em comum (tais como
Salatiel e Zorobabel, Mt 1:12; cf. Lc 3:27) não prova que são a mesma genealogia por duas razões.
Primeiro, esses não são nomes incomuns. Segundo, até na própria genealogia (na de Lucas) há uma
repetição dos nomes de José e Judá (3:26, 30).
As duas genealogias podem ser resumidas da seguinte forma:
MATEUS
Davi
|
Salomão
|
Roboão
|
Abias
|
Asa
|
Josafá
|
. . .
|
Jacó
|
José - Maria - esposa legal
(pai legal)
|
Jesus
LUCAS
Davi
|
Nata
|
Matará
|
Mená
|
Meleá
|
Eliaquim
|
. . .
|
Heli
|
José - Maria - mãe de fato
(marido legal)
Jesus

LUCAS 4:1-13 - Há um erro no que diz respeito à tentação de Jesus, conforme registrada por
Mateus e Lucas?
(Veja os comentários de Mateus 4:5-10.)

LUCAS 4:19 - Por que Jesus não cita essa passagem com exatidão?

PROBLEMA: Quando Jesus citou a profecia de Isaías 61:2, ele deixou de fora o restante do
versículo, que diz: "e o dia da vingança do nosso Deus". Por que Jesus não citou corretamente?
SOLUÇÃO: Jesus citou essa passagem com exatidão, sim; ele apenas não a citou completamente.
Isso não é nem incomum, nem inaceitável, pois é feito até mesmo por autores nos dias de hoje. Na
verdade, nós mesmos fizemos isso muitas vezes neste livro, o que geralmente é indicado por
reticências (...). Além disso, Jesus tinha uma razão muito boa para não citar o restante daquele
versículo - seria uma mentira. Ele disse aos que o ouviam que a citação limitava-se ao que eles
tinham acabado de ouvir (Lc 4:21). A única parte do versículo que se cumpria na sua primeira vinda
era exatamente a que ele citou. Se ele tivesse continuado e dito: "e o dia da vingança do nosso
Deus" (que se refere à sua segunda vinda, Isaías 61:2), então não estaria dizendo a verdade.

LUCAS 6:17 - Por que Lucas diz que Jesus fez esse sermão num lugar plano, e Mateus
declara que foi num monte?

PROBLEMA: Lucas afirma que Jesus "parou numa planura" quando fez esse famoso sermão.
Porém Mateus diz que ele "subiu ao monte" e depois passou a ensiná-los (Mt 5:1-2). Como esta
discrepância pode ser resolvida?
SOLUÇÃO: Admitindo-se que os dois relatos estejam se referindo ao mesmo acontecimento (veja
os comentários de Lucas 6:20 adiante), eles podem ser conciliados se observarmos que o monte
refere-se à área geral era que todos estavam, ao passo que o lugar plano denota o ponto específico
de onde Jesus falou. O texto diz que Ele "parou numa planura". Não diz que todo o povo estava
sentado num lugar plano. Uma planura de onde pregar para uma multidão nas encostas de um
monte simularia um anfiteatro natural.

LUCAS 6:17 - Por que Lucas diz que Jesus os ensinou de pé, ao passo que Mateus declara que
ele se sentou para ensiná-los?

PROBLEMA: Lucas diz que Jesus "parou numa planura" para pregar, e nada diz quanto a Ele ter
se sentado. Mateus registra que "assentando-se... abrindo a sua boca, os ensinava" (Mt 5:1-2,
SBTB).
SOLUÇÃO: Estas referências podem ser de momentos diferentes durante o mesmo evento. Uma
possibilidade é que a referência de Mateus seja a respeito do começo do evento, quando
"aproximaram-se dele os seus discípulos ... e os ensinava" (Mt 5:1-2, SBTB). Então, quando aquela
grande multidão que o seguia se reuniu para ouvi-lo, naturalmente Jesus teria de se levantar para
projetar a sua voz, de modo que pudessem ouvi-la, como Lucas registra.
Outra possibilidade é que a não-referência de Lucas a Jesus sentar-se pode ter sido pelo fato
de que Jesus, antes de fazer o seu sermão, estava curando as pessoas (Lc 6:17-19). Então, porque
"todos da multidão procuravam tocá-lo", bem pode ser que ele tenha procurado um lugar para
sentar, de onde, "olhando ele para os seus discípulos, disse-lhes... [a sua mensagem] " (6:20).
Isso explicaria a ordem dos acontecimentos registrada por Lucas, e esclareceria também por
que Mateus disse que Jesus estava sentado quando falava aos seus discípulos. De qualquer modo,
não há uma incompatibilidade entre esses dois relatos, mesmo admitindo que se refiram à mesma
ocasião.

LUCAS 6:20 (cf. Mt 5:3) - Por que a versão de Lucas quanto às bem-aventuranças difere da
de Mateus?

PROBLEMA: A versão de Lucas da primeira bem-aventurança afirma: "Bem-aventurados vós, os
pobres". Já o relato de Mateus diz: "Bem-aventurados os pobres de espírito" (5:3, SBTB). Lucas
parece estar falando sobre pobreza no sentido financeiro e Mateus, sobre pobreza no sentido
espiritual.
SOLUÇÃO: Alguns acreditam que as diferenças entre as duas versões se explicam por serem duas
ocasiões diferentes. Apontam para o fato de que Mateus diz que o sermão foi pregado a uma
multidão que incluía os seus discípulos (Mt 5:1), ao passo que a versão de Lucas diz que o sermão
foi dado para os seus discípulos (Lc 6:20). Argumentam ainda que, segundo Mateus, Jesus falou
num monte (5:1), ao passo que em Lucas ele falou de uma planura (6:17). Ainda, que o relato de
Lucas é muito menor que o de Mateus. (Veja "Solução" do problema de Lucas 6:17.)
Outros, entretanto, observam que os dois sermões foram feitos na mesma hora, na mesma
área geográfica, para o mesmo grupo de pessoas e com muitas expressões exatamente iguais. Nos
dois relatos o sermão foi precedido de curas especiais, e depois dele em ambos os casos é registrada
a ida de Jesus a Cafarnaum. Além disso, embora Lucas faça uma introdução ao sermão dizendo:
"levantando ele os olhos para os seus discípulos" (Lc 6:20, SBTB), tal como Mateus, ele observa
que as palavras de Jesus foram "dirigidas ao povo" (Lc 7:1; cf. Mt 5:1). Tudo isso torna improvável
a suposição de serem dois eventos diferentes.
As diferenças existentes entre os dois relatos podem ser devidas a várias razões. Primeiro, o
relato de Lucas está muito mais resumido que o de Mateus. Segundo, naquela ocasião Jesus deve
ter falado muito mais do que aquilo que os escritores registraram. Assim, cada um dos autores teve
de selecionar, de um conjunto bem mais amplo de coisas que Jesus falou, aquelas que eram mais
adequadas ao seu tema.
Terceiro, Lucas dá uma certa ênfase às palavras de Jesus, destacando a referência aos que
são pobres. Mateus não exclui a pobreza material, mas fala da pobreza de espírito, que com
freqüência os pobres têm, de forma contrária ao que acontece com os ricos (cf. Lc 16; 1 Tm 6:17).

LUCAS 6:22-26 - Um bom nome é uma bênção ou uma maldição?

PROBLEMA: Nessa passagem, Jesus disse a seus discípulos que as pessoas iriam falar mal deles,
tal como fizeram com os profetas no passado. Por outro lado, Salomão ensinou que: "Melhor é o
bom nome do que o melhor ungüento" (Ec 7:1, R-IBB). Mas se um bom nome deve ser buscado
mais do que as riquezas (Pv 22:1), então por que Jesus disse a seus discípulos que se regozijassem
quando as pessoas falassem mal deles?
SOLUÇÃO: Um bom nome não significa necessariamente que todos falarão bem de quem o
possua. Muitas pessoas com bom nome têm inimigos iníquos. Quem tem um nome mais abençoado
do que o próprio Jesus e, ainda assim, foi mais amaldiçoado. Jesus preveniu os seus discípulos
nessa passagem de Lucas para estarem alertas quando aqueles que se dispõem a sacrificar
princípios por popularidade falassem bem deles. Os aplausos de multidões agraciadas são
desastrosos, mas o reconhecimento da retidão é abençoado.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo! Por favor, nada de ofensas, zombaria, blasfêmias, sejamos civilizados :)