terça-feira, 5 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas - Números

NÚMEROS


NÚMEROS 1:1 - Como atribuir a Moisés a autoria de Números, se há críticos que afirmam
que este livro foi escrito séculos depois da morte de Moisés?

PROBLEMA: Muitos críticos modernos afirmam que não foi Moisés que escreveu os cinco
primeiros livros da Bíblia, cuja autoria lhe é tradicionalmente atribuída (veja os comentários de
Êxodo 24:4). Mas a Bíblia declara que "falou o Senhor a Moisés" (Nm 1:1), e que "escreveu
Moisés" (Nm 33:2) os acontecimentos deste livro.
SOLUÇÃO: Os críticos não possuem nenhuma evidência real para o que declaram, nem histórica
nem literária. O fato de Moisés ter usado diferentes termos para referir-se a Deus (Elohim, Jehovah
[Yahvêh]) não prova suas afirmações. Cada nome de Deus nos informa uma característica de sua
pessoa que está de acordo com a narrativa em que é usado (veja os comentários de Gênesis 2:4).
Além disso, há uma forte evidência de que foi Moisés quem escreveu o livro de Números. Primeiro,
há toda a evidência já mencionada anteriormente (nos comentários de Êxodo 24:4) de que o livro
reflete um conhecimento detalhado, e de primeira mão, acerca do tempo, dos lugares e dos
costumes do período que ele abrange - o que Moisés possuía.
Segundo, neste livro há afirmação de que ele foi escrito por Moisés (1:1; 33:2). Se Moisés
não fosse realmente o seu legítimo autor, isso faria com que o livro todo se constituísse numa
enorme fraude.
Terceiro, há várias citações do livro de Números que são associadas a Moisés (At 7,13; 1 Co
10:2-8; Hb 3:7-16). Se não fosse Moisés o autor do livro de Números, então estes inspirados livros
do NT estariam incorrendo em erro também.
Quarto, nosso Senhor citou do livro de Números o evento da serpente que foi levantada no
deserto, e constatou que foi de fato Moisés quem a levantou (Jo 3:14; cf. Nm 21:9). Isso coloca o
selo da autoridade de Cristo na autenticidade questionada.

NÚMEROS 1:1 - 4:49 - Qual a exatidão desse recenseamento das tribos de Israel?

PROBLEMA: De acordo com o recenseamento feito nos capítulos 1 a 4 de Números, a recém
constituída nação de Israel alcançava a cifra de cerca de 2 milhões de pessoas. Conforme Números
1:1, esse censo foi realizado quando o povo se encontrava no deserto do Sinai, no início dos 40 anos
de peregrinação. Entretanto, as condições desoladas e de sequidão do deserto eram tais que seria
impossível que um grupo tão grande de pessoas pudesse sobreviver. Assim, o censo realizado teria
incorrido em erros?
SOLUÇÃO: O pressuposto naturalístico desta crítica é contrário aos fatos históricos. Embora tenha
havido alguma controvérsia quanto ao significado da palavra hebraica que foi traduzida por "mil", a
evidência é clara quanto a ser esta a forma correta de se entender esta palavra pelo contexto. Por
exemplo, Números 1:21 não diz, como alguns consideraram, que os filhos de Rúben foram "46
famílias e 500". O versículo claramente afirma que o número de homens de vinte anos para cima
era de "46 mil e 500". De acordo com o censo mencionado nestes capítulos, o total dos homens
israelitas de 20 anos para cima era 603.550. Este número é confirmado pela passagem de Êxodo
12:37, que afirma que 600.000 homens, além de mulheres e crianças, tinham partido do Egito.
O fato de que o árido deserto, desprovido de tudo, não teria a possibilidade de sustentar um
grupo assim tão numeroso é uma observação bastante válida. Entretanto, o problema que os eruditos
modernos têm com o tamanho daquela multidão e com a sua possibilidade de sobrevivência naquele
deserto está em sua não consideração do fator sobrenatural. Os eruditos modernos são
definitivamente anti-sobrenaturais.
Como o livro de Êxodo registra os juízos divinos sobre o Egito e a libertação milagrosa de
Israel da servidão, a provisão diária para o povo pela poderosa mão de Deus é suficiente para
explicar a sobrevivência do povo de Deus naquela terra desprovida de tudo. Com efeito, muitas
passagens registram as provisões milagrosas de Deus para o seu povo, começando pelo suprimento
diário de maná (Êx 16), que foi dado à nação inteira até que a nova geração passou a tirar seu
sustento da Terra Prometida (Js 5:12).
Houve também a milagrosa provisão de água daquela rocha sobrenatural que os
acompanhava (1 Co 10:4; Êx 17:6), e ainda a milagrosa provisão de carne descrita em Numerou
11:31. Mais ainda, nem as roupas nem as sandálias se desgastaram, apenar de todas as
peregrinações (Dt 29:5),
Deus foi capaz de atender a todas as necessidades do povo. Embora o deserto realmente não
pudesse sustentá-los, o Senhor Deus de Israel certamente teve tal capacidade (veja a abordagem de
Deuteronômio 32:13-14).

NÚMEROS 1:46 - O censo descrito neste versículo foi o único realizado por Moisés, ou houve
algum outro?

PROBLEMA: De acordo com Números 1:1, Deus disse a Moisés para levantar o censo do povo de
Israel "no primeiro dia do segundo mês"; mas em Números 26:2, encontramos a mesma ordem dada
por Deus, sem que se saiba quando foi dada. Houve dois censos?
SOLUÇÃO: Foram dois censos realizados em duas épocas diferentes, e com propósitos diferentes.
O censo descrito 26 em Números foi feito "após a praga" (Nm 26:1) que Deus enviou como castigo
pelo que o povo fizera, prostituindo-se com as filhas dos moabitas e com os seus deuses (Nm 25:1-
2). Já o censo mencionado no capítulo 1 foi feito com o objetivo de levantar quantos homens havia,
que eram "capazes de sair à guerra" (cf. Nm 1:3).

NÚMEROS 3:12 - Se Deus havia ordenado que os primogênitos de todas as tribos lhe fossem
dados, por que em seu lugar foi dada a tribo dos levitas?

PROBLEMA: Deus tinha ordenado a Moisés: "todo primogênito do homem entre teus filhos
resgatarás" (Êx 13:13; cf. 22:29). Entretanto, isto nunca foi feito. Em vez disso, uma tribo inteira foi
separada para Deus, para o trabalho do sacerdócio (Nm 3:12).
SOLUÇÃO: A razão para esta substituição é encontrada em Números 3:12. O Senhor declarou:
"Eis que tenho eu tomado os levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo primogênito que
abre a madre, entre os filhos de Israel; e os levitas serão meus". Como eles lhe pertenciam, Deus
tinha o direito de fazer a substituição.

NÚMEROS 4:3 - A idade para o serviço levítico era 30 anos, como diz este versículo, ou 25
anos (cf. Nm 8:24), ou ainda 20 anos (cf. Ed 3:8)?

PROBLEMA: De acordo com Números 4:3, "da idade de trinta anos para cima até aos cinqüenta
será todo aquele que entrar neste serviço, para exercer algum encargo na tenda da congregação".
Entretanto, Números 8:24 afirma: "Isto é o que toca aos levitas: da idade de vinte e cinco anos para
cima entrarão, para fazerem o seu serviço na tenda da congregação". E ainda Esdras 3:8 diz: "e
constituíram levitas da idade de vinte anos para cima" para superintenderem a obra de reconstrução
da casa do Senhor. Há uma contradição nestas passagens?
SOLUÇÃO: Primeiro, há uma distinção feita no texto com referência ao tipo de serviço que é
descrito em cada caso. Em Números 4:3 o texto fala de todo o que entrasse no serviço para exercer
algum encargo (melakah, isto é, qualquer tipo de ocupação) na tenda do tabernáculo. Números 8:24
refere-se àqueles que eram chamados para "fazerem o seu serviço" (baabodath, que significa
"trabalho" ou "ofício") do tabernáculo. A diferença indica que os mais jovens, referidos em
Números 8:24, provavelmente eram aprendizes, que recebiam algum trabalho manual para fazer, em
treinamento. Posteriormente seriam admitidos no serviço oficial do tabernáculo, quando tivessem
30 anos, conforme Números 4:3.
Segundo, Esdras 3:8 especificamente afirma que aqueles levitas tinham sido indicados para
superintenderem a obra da casa do Senhor. Este não era o serviço oficial levítico do tabernáculo.
Era um serviço bem diferente, o de supervisionar a reconstrução do templo. Também, devido ao
fato de que o número de levitas que tinham retornado do cativeiro era de apenas 74 (conforme
Esdras 2:40 e Neemias 7:43), tornou-se necessário empregá-los nessa função incluindo os de idade
menor, para que houvesse um número compatível com a necessidade de supervisão daquela obra.
Também Davi empregou levitas com 20 anos (1 Cr 23:24), e fez isso porque "os levitas já
não precisarão levar o tabernáculo e nenhum dos utensílios para o seu ministério" (1 Cr 23:26).
Aparentemente o trabalho de transportar o tabernáculo de um lugar para outro no deserto requeria
pessoas mais maduras e mais fortes. Esta prática, aparentemente iniciada por Davi, foi seguida
também por Esdras em seu tempo.

NÚMEROS 4:6 - Os varais eram para permanecer na arca, ou eram removidos?

PROBLEMA: De acordo com Êxodo 25:15: "Os varais ficarão nas argolas da arca e não se tirarão
dela". Mas na passagem de Números se diz que quando a arca era movida pelos levitas: "lhe
meterão os varais". Estas parecem ser duas instruções conflitantes.
SOLUÇÃO: A palavra hebraica para "meter" (sum ou sim) tem uma grande amplitude de
significados, inclusive podendo significar "deixar", "pôr", "colocar", "fixar" e "virar". Daí, pode ser
que o sentido seja o de que os sacerdotes deveriam prender ou ajustar os varais quando levavam a
arca, para que não ficassem soltos durante o seu transporte. Isso faz sentido, face ao mandamento de
não remover os varais de dentro da arca.

NÚMEROS 5:13-22 - A Bíblia não acoberta uma superstição aqui?

PROBLEMA: Paulo condena as "fábulas profanas de velhas caducas" (1 Tm 4:7). Mas aqui
Moisés ordena a prática de uma superstição que não tem base científica alguma. A esposa acusada
seria considerada culpada depois de beber uma água amargosa, caso o seu estômago inchasse. Mas
tanto a mulher inocente como a culpada tomavam da mesma água amargosa, e assim não havia uma
base química ou biológica para que uma inchasse e a outra não.
SOLUÇÃO: O texto não diz que a diferença na condição de culpa da mulher tinha uma causa
química ou biológica. De fato, ele mostra que a causa era espiritual e psicológica. A "culpa" não
constitui uma causa física. A razão por que o ventre de uma mulher culpada incharia pode ser
facilmente explicada pelo que cientificamente se sabe sobre condições psicossomáticas (a mente
agindo sobre o corpo). Muitas mulheres já passaram por uma "falsa gravidez", quando seu
estômago e seus seios se desenvolvem sem estarem grávidas. Há quem já tenha até passado por
cegueira, por causas psicológicas. Experiências com placebos (pílulas contendo apenas açúcar, sem
medicamento algum), têm mostrado que muitas pessoas com doenças terminais obtêm com eles o
mesmo alívio que é dado pela morfina. Assim, é um fato científico que a mente pode ter um grande
efeito nos processos do corpo humano.
Bem, dado que o texto diz que a mulher era posta em "juramento" perante Deus com a
ameaça de uma maldição (v. 21), caso fosse realmente culpada, a água amargosa podia funcionar
mais ou menos como um detector psicossomático de mentiras. A mulher que acreditava que seria
amaldiçoada e que sabia ter culpa assim seria afetada. Mas aquelas que sabiam que eram inocentes,
não se afetariam.
Além disso, o texto não diz que qualquer pessoa tenha de fato tomado aquela água e ficado
com o estômago inchado. Ele simplesmente diz "se"(cf. vv. 14,28) a mulher estiver em tal situação,
então isso resultará. Sem dúvida apenas a crença de que tal coisa pudesse acontecer e de que isso
demonstraria sua culpa certamente convenceria a mulher culpada de nem mesmo querer se sujeitar a
esse processo.

NÚMEROS 6:5 - O voto de nazireado não contradiz a proibição de cabelos longos dada por
Paulo?

PROBLEMA: Paulo afirmou ser contra a "natureza" homens terem o cabelo longo (1 Co 11:14).
Mas o voto de nazireu exigia que a pessoa jamais cortasse o cabelo.
SOLUÇÃO: A regra geral era de que os homens não deveriam se vestir como mulher (veja os
comentários de Deuteronômio 22:5), nem terem cabelo comprido como as mulheres (veja os
comentários de 1 Co 11:14).
Qualquer exceção seria decorrente ou de uma perversão (como por exemplo do
homossexualismo), ou de uma necessidade imperativa (saúde, segurança), ou de uma santificação
especial. O voto de nazireu enquadra-se nesta última situação, e é uma exceção que contribui para
estabelecer a regra. Deus queria distinguir os sexos para fins de conveniência social e moral.
Entretanto, um voto especial de dedicação a Deus, que envolvia ter cabelos compridos, mas não
usar roupas de mulher, certamente não afetaria o espírito do propósito divino de manter os sexos
bem distintos. Ninguém com más intenções de querer confundir os sexos por razões perversas se
disporia a fazer tal voto espiritual de auto-sacrifício.

NÚMEROS 10:31 - Se Deus dirigia Israel por meio de uma nuvem, por que Hobabe foi
requerido como guia?

PROBLEMA: Êxodo 13:21-22 afirma que Deus sobrenaturalmente conduzia Israel pelo deserto
por meio de uma nuvem que era iluminada durante a noite. Entretanto, Moisés pediu a Hobabe, seu
cunhado, que fosse com eles, "porque tu sabes que devemos acampar-nos no deserto; e nos servirás
de guia" (Nm 10:31). Mas qual a necessidade de um guia humano, se eles eram guiados por Deus?
SOLUÇÃO: Em resposta a esta questão, várias coisas devem ser observadas. Uma é que Moisés
não viu contradição alguma nessa situação, e até mesmo mencionou tanto a utilidade de Hobabe
(Nm 10:31) como também a liderança dada pela nuvem do Senhor (Nm 10:34), três versículos
depois! Além disso, há uma importante diferença entre saber a direção geral a seguir (e por quanto
tempo parar) que era dada pela nuvem, e saber que específicos cuidados deveriam ser tomados no
arraial, o que seria suprido pelo conhecimento humano. Uma pessoa experiente e conhecedora do
caminho naquele deserto poderia ter um valor incalculável, ao mostrar os lugares mais propícios
para o pasto, para abrigo, e para a obtenção de outros suprimentos necessários. O crítico demonstra
uma falta de compreensão do princípio de que Deus não faz por nós aquilo que nós mesmos
podemos fazer.

NÚMEROS 10:33 - A arca era posta no meio do arraial, ou à frente dele?

PROBLEMA: Neste texto lemos que "a arca da Aliança do Senhor ia adiante deles". Todavia,
anteriormente o tabernáculo (com a arca) é referido como estando "no meio dos arraiais"(Nm 2:17).
SOLUÇÃO: Alguns eruditos acham que havia duas arcas: uma feita por Moisés, que era levada à
frente do povo e que os filisteus mais tarde capturaram; e outra feita por Bezaleel, que continha as
tábuas da lei e permanecia no meio do arraial.
Outros eruditos acreditam que a arca geralmente ia no meio do arraial, mas que em certas
ocasiões, como naquela jornada de três dias (Nm 10:33), ela era levada para ficar à frente do arraial.
Ainda outros crêem que a frase "ia adiante deles"(Nm 10:33) não se refere necessariamente
à sua localização, mas sim à sua liderança. Era como um general que "vai à frente" do seu exército
(isto é, que o lidera), mas é cercado por tropas que o protegem. Assim a arca estaria liderando Israel,
muito embora estando no meio do arraial.
Finalmente, é possível que a arca permanecesse no meio do povo enquanto eles
permaneciam acampados (Nm 2). Mas, assim que retomassem a marcha, ela seria levada à frente
deles todos para liderá-los até o seu próximo destino. Qualquer uma dessas sugestões resolve a
presente dificuldade.

NÚMEROS 11:8 - O maná tinha o sabor de bolos de mel ou de bolos amassados com azeite?

PROBLEMA: É dito que o sabor do maná era "como o de bolos amassados com azeite" (Nm
11:8). Mas Êxodo 16:31 afirma que o maná era "de sabor como bolos de mel".
SOLUÇÃO: A segunda descrição pode ser referente ao maná em seu estado natural; a primeira, ao
maná depois de cozido. Observe-se que neste mesmo versículo é dito que o maná era moído em
moinhos e cozido em panelas. Porém, mesmo considerando que as duas passagens estejam falando
do maná na mesma condição, elas não são mutuamente exclusivas.

NÚMEROS 11:24 - O tabernáculo ficava dentro ou fora do arraial de Israel?

PROBLEMA: Números 2 fala do tabernáculo dentro do arraial, mas em Números 11:24 (cf. 12:4) é
dito que ele está do lado de fora do arraial.
SOLUÇÃO: As duas afirmações são verdadeiras. As doze tribos acampavam-se em volta do
tabernáculo (Nm 2:3,10,18,25), deixando um espaço entre elas e o tabernáculo, que ficava no centro
(Nm 2:2). Portanto, para se chegar ao tabernáculo, tinha-se de ir "para fora" do arraial. Contudo, o
tabernáculo situava-se literalmente "no meio" deles.

NÚMEROS 11:31-34 - Como pôde Deus trazer juízo sobre o povo, por eles comerem as
codornizes que ele mesmo havia providenciado?

PROBLEMA: Deus milagrosamente providenciou codornizes para o povo comer. Entretanto, a ira
do Senhor foi despertada contra eles, e foram atingidos por uma grande praga, que matou muitos (v.
33). Como a ira de Deus pôde despertar-se contra o povo por terem comido a carne que Deus
mesmo milagrosamente providenciara?
SOLUÇÃO: É necessário ver o juízo de Deus à luz dos eventos que o provocaram. De fato, o texto
indica que eles estavam agindo como pessoas que haviam sofrido alguma desgraça. Números 11:1
diz: "Queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do Senhor; ouvindo-o o Senhor, acendeu-se-lhe a
ira". Era uma rejeição direta das provisões de Deus para eles. Aparentemente, tinham se esquecido
da escravidão da qual haviam sido libertos. Tal atitude desagradou a Deus, que trouxe juízo sobre
eles, como um ato de disciplina.
No versículo 4, lemos que o povo começou a reclamar de novo porque queriam comer carne
em lugar do maná que Deus lhes vinha dando. Aparentemente não haviam aprendido a lição, e sua
atitude desagradou a Deus de novo. De fato, o versículo 10 diz: "e pareceu mal aos olhos de
Moisés". Deus trouxe um juízo disciplinador sobre eles mais uma vez; desta vez dando-lhes
exatamente aquilo que pediram. Em resposta à desobediência e ingratidão demonstradas, Deus disse
a Moisés para falar ao povo: "Pelo que o Senhor vos dará carne e come-reis... até vos sair pelos
narizes, até que vos enfastieis dela, porquanto rejeitastes ao Senhor, que está no meio de vós, e
chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?" (Nm 11:18-20).
Mesmo depois dessa advertência, eles não mudaram sua atitude. O versículo 32 diz que
quando Deus trouxe as codornizes: "Levantou-se o povo todo aquele dia, e a noite, e o outro dia, e
recolheram as codornizes". A cobiça e a atitude impenitente do povo fez com que viesse o juízo de
Deus sobre eles. O versículo 34 declara: "Pelo que o nome daquele lugar se chamou Quibrote-
Hataavá, porquanto ali enterraram o povo que teve o desejo das comidas dos egípcios". Dessa
forma, Deus não trouxe juízo sobre o povo por terem comido as codornizes, mas por causa de seu
coração cheio de desejo e ingratidão.

NÚMEROS 12:3 - Como pôde Moisés fazer essa declaração a respeito de si mesmo?

PROBLEMA: Números 12:3 diz: "Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens
que havia sobre a terra". A posição tradicional quanto ao Pentateuco é a de que foi Moisés o autor
dos cinco livros. Mas como pôde ele fazer essa declaração sobre si mesmo? Ele não estaria cheio de
orgulho?
SOLUÇÃO: Certamente ninguém afirmaria que Jesus estava sendo jactancioso ou orgulhoso
quando disse: "sou manso e humilde de coração" (Mt 11:29). Jesus estava apenas declarando fatos.
De igual modo, Moisés não estava se vangloriando ou se enchendo de orgulho pela sua mansidão.
Não, ele estava simplesmente declarando um fato, porque isso era crucial para se Entender o
significado dos evento que ele estava narrando.
O capítulo 11 de números relata que depois que o Espírito do Senhor veio sobre Eldade e
Medade, fazendo-os profetizar, Josué aproximou-se de Moisés e disse: "Moisés, meu senhor,
proíbe-lho" (Nm 11:28). A resposta de Moisés é uma perfeita ilustração de sua mansidão: "Tens tu
ciúmes por mim? Quem dera todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu
Espírito!" (Nm 11:29). Moisés demonstrou ter o caráter de um homem manso, que não se irou
porque Deus estava usando outros para profetizar; demonstrou ser humilde, não interessado em sua
própria glória, mas somente na glória do Senhor.
Quando Moisés foi confrontado por Miriã e Arão (12:1), ele não respondeu em defesa
própria. Esta é uma característica da mansidão. Por que Moisés não falou com eles? Por que não
lhes falou com franqueza? Por que Deus teve de falar com Miriã e Arão, em favor de Moisés? A
explicação encontra-se em Nm 12:3. Moisés não estava lá para glorificar-se a si mesmo. Se ele
tivesse respondido em sua própria defesa, estaria justificando as queixas que eles tinham feito
contra a sua pessoa. Mas Moisés não era o líder do povo por ter tido qualquer espécie de ambição,
nem por ter confiado em si mesmo, nem por exercer uma obstinada busca de subir ao poder. Ele foi
escolhido por Deus. Assim, a passagem em questão é uma declaração quanto ao caráter de Moisés,
que está simplesmente atestando um fato. Não é uma afirmação cheia de orgulho.

NÚMEROS 13:16 - Como pode esta passagem dizer que Moisés deu a Oséias o nome de Josué,
uma vez que este já era chamado de Josué em Êxodo 17:9?

PROBLEMA: Números 13:16 diz que Moisés deu a Oséias, filho de Num, o nome de Josué. Mas,
em Êxodo 17:9, Josué já era chamado por este nome. Como pode então esta passagem dizer que
Moisés foi quem deu a Oséias o nome de Josué?
SOLUÇÃO: Primeiro, temos de considerar que Moisés provavelmente escreveu isso lá pelo final
dos 40 anos de peregrinação pelo deserto. Embora Josué possa não ter recebido este nome antes do
momento referido em Números 13:16, teria sido bastante natural para Moisés referir-se a Oséias
chamando-o de Josué, ao fazer os acertos finais nos livros do Pentateuco. Também, o momento em
que Moisés observa o fato de ter se referido a Oséias como Josué é bastante apropriado. Ao registrar
o nome dos espias que ele enviou para espiar a terra, Moisés esforçou-se para deixar bem claro que
Oséias era aquela mesma pessoa o quem com freqüência ele se referira em outras partes do
Pentateuco chamando-a de Josué.
Segundo, não é necessariamente o caso de Oséias não ter sido chamado de Josué até este
ponto, no transcorrer de todos os eventos históricos. Pode ser que Oséias fosse comumente
conhecido como Oséias, mas que Moisés sempre o tivesse chamado de Josué, desde o princípio. O
texto não diz que Moisés começou a chamar Oséias pelo nome de Josué a partir daquele momento.
Diz simplesmente que ele chamou Oséias pelo nome de Josué. E é interessante saber que o nome
Oséias significa "salvação", enquanto que o nome Josué significa "Yahveh é salvação".

NÚMEROS 13:32 - Como os dez espias puderam relatar que a terra devorava os seus
moradores?

PROBLEMA: Dez dos espias que tinham sido enviados por Moisés a Canaã relataram que a terra
era uma "terra que devora os seus moradores"(Nm 13:32). Entretanto, além do fato de Josué e
Calebe terem relatado que a terra era rica em leite e mel (Nm 13:27), os espias tinham voltado
trazendo provas da abundância daquela terra (Nm 13:26). Como poderiam então eles dizer que a
terra devorava os seus moradores?
SOLUÇÃO: Seria uma total incompreensão do texto presumir que tal expressão descritiva
estivesse evidenciando que a terra era um lugar desolado. O testemunho de todos os espias foi
concorde a respeito da riqueza da terra em sua capacidade de produzir alimentos e sustentar a vida.
Ainda, foi precisamente por causa da riqueza da terra que os dez espias puderam dar o seu relatório
pessimista. A fertilidade da terra atraiu muitos povos que nela desejaram morar, o que resultou em
muito sangue derramado dos habitantes e invasores. Não há contradição na afirmativa em questão.
A terra era tão rica e desejada por tantos povos diferentes, que em meio aos conflitos pela sua posse
muitos habitantes acabaram sendo devorados.

NÚMEROS 14:25 - Os amalequitas viviam na montanha ou no vale?

PROBLEMA: De acordo com Números 14:25, os amalequitas e os cananeus habitavam "no vale".
Mas o versículo 45 diz o oposto a isso, ou seja, que "desceram os amalequitas e os cananeus, que
habitavam na montanha".
SOLUÇÃO: Há duas possibilidades. Uma é que estes dois versículos estejam se referindo a
diferentes grupos. Alguns deles viveriam na montanha e outros no vale. Ou pode ser uma referência
aos mesmos povos, que viviam num vale ou "platô", que era também uma montanha em relação à
área mais baixa ao seu redor, para onde eles "desceram" a fim de lutar (v. 45).

NÚMEROS 14:29 - Se quase todos os homens de vinte anos para cima morreram no deserto,
por que os seus túmulos nunca foram encontrados?

PROBLEMA: De acordo com Números 14:29, os corpos de todos os homens com idade superior a
vinte anos cairiam no deserto. O montante era superior a 600.000. Mas, se tantos assim morreram
no deserto, por que os restos de seus túmulos não são vistos espalhados por toda aquela região?
SOLUÇÃO: Porque o povo foi condenado a peregrinar pelo deserto, as condições eram tais que
eles não tinham como construir túmulos que pudessem suportar as más condições climáticas da
região nem a devastação de feras selvagens. Provavelmente os túmulos eram apenas covas de pouca
profundidade, logo abaixo da areia, ou cobertos com areia grossa. Conseqüentemente, nem os locais
desses túmulos nem os esqueletos dos que foram enterrados puderam ser preservados.

NÚMEROS 15:24 - Há dois tipos de oferendas pelo pecado, ou apenas um?

PROBLEMA: Levítico estabelece que para os pecados não intencionais de toda a congregação,
quando o pecado é conhecido, "então, a coletividade trará um novilho como oferta pelo pecado"(Lv
4:14). Entretanto, em Números 15:24, é dito que se deve oferecer dois sacrifícios pelo mesmo
pecado: "um novilho, para holocausto... e um bode, para oferta pelo pecado".
SOLUÇÃO: Alguns eruditos da Bíblia pensam que a diferença pode ser devida ao fato de que a
passagem de Levítico se refere a pecados de comissão, e o texto de Números se refere a pecados de
omissão. Outros crêem que de acordo com Números os sacrifícios para os sacerdotes e para o povo
eram apresentados separadamente, mas que segundo Levítico, por brevidade, são apresentados
juntos. De qualquer modo, o fato de uma passagem especificar dois sacrifícios e a outra passagem
especificar um, não quer dizer que a segunda contradiz a primeira, mas que uma simplesmente
suplementa a outra.

NÚMEROS 16:31 - Coré foi tragado pela terra, ou foi queimado?

PROBLEMA: Nos versículos 31-32 é dito que a terra se abriu e tragou Coré e os seus 250
correligionários revoltosos. Contudo, o versículo 35 afirma que veio fogo, procedente do Senhor, e
os consumiu a todos.
SOLUÇÃO: Alguns eruditos têm sugerido que Coré foi queimado junto com os outros 250
rebeldes. Entretanto, na verdade nenhum versículo afirma isso, e outros parecem negar esse fato
(veja abaixo).
Parece melhor entendermos da seguinte maneira: Coré, Data e Abirão (v. 27) foram tragados
pela terra, enquanto que, ao mesmo tempo (cf. 26:10), um fogo consumiu os outros 250 rebeldes
que tinham oferecido incenso no tabernáculo (cf. Sl 106:17-18).

NÚMEROS 16:32 - Todos os da família de Coré foram mortos com ele, ou apenas alguns?

PROBLEMA: O texto afirma que "a terra debaixo deles se fendeu, abriu a sua boca, e os tragou
com as suas casas, como também a todos os homens que pertenciam a Coré, e a todos os seus
bens"(Nm 16:32). Entretanto, Números 26:11 fala dos descendentes de Coré, que não pereceram
naquele juízo.
SOLUÇÃO: Os que morreram com Coré foram os seus seguidores, não toda a sua família.
Números 26:11 afirma com clareza: "Mas os filhos de Coré não morreram". Com efeito, o profeta
Samuel foi um descendente de Coré (1 Cr 6:22-28).

NÚMEROS 20:1 - Cades ficava no deserto de Zim ou em Parã?

PROBLEMA: Neste texto é dito que Cades acha-se no deserto de Zim. Mas em Números 13:26
Cades é situada em Parã. Qual era a sua real localização?
SOLUÇÃO: Há várias possíveis soluções para esta questão. Primeiro, alguns crêem que havia dois
lugares com o mesmo nome, um em cada deserto. Segundo, o nome Cades poderia referir-se tanto a
uma cidade como à região daquela cidade. Terceiro, a cidade poderia estar situada entre dois
desertos, de forma a ser corretamente associada a qualquer um deles.

NÚMEROS 20:21 - Este versículo diz que Israel teve de se desviar de Edom, mas
Deuteronômio 2:4 diz que eles passaram por Edom. Como entender isso?

PROBLEMA: Deus não permitiria que Israel batalhasse com os edomitas porque o Senhor dera a
terra de Edom a Esaú como possessão eterna. Números 20:21 afirma que "Israel se desviou dele".
Entretanto, quando Moisés revê esses eventos em Deuteronômio 2:4, ele afirma que o Senhor disse:
"Haveis de passar pelo território de vossos irmãos, os filhos de Esaú" (R-IBB). De igual modo,
Deuteronômio 2:8 diz: "Assim, pois, passamos por nossos irmãos, os filhos de Esaú..." (R-IBB).
Eles passaram por Edom ou deram a volta, desviando-se?
SOLUÇÃO: Num certo sentido pode-se dizer que os filhos de Israel passaram por Edom, quando
lá entraram com o objetivo de solicitar a autorização de continuarem a jornada pela passagem por
sua terra.
Entretanto, o texto nunca de fato diz que tenham passado ou que passariam pela terra dos
edomitas. Na verdade, a mesma palavra hebraica (abar) é empregada nos dois textos. Ela pode ter o
sentido tanto de "passar por", como "passar ao lado de". O registro histórico claramente descreve a
jornada de Israel passando pela fronteira oriental de Edom (Dt 2:8). Deus tinha alertado Israel para
não provocar os edomitas para a guerra, ao passar por suas cercanias (2:5).

NÚMEROS 21:9 - A feitura da serpente de bronze não teria sido uma forma de idolatria?

PROBLEMA: Deus ordenou a Moisés que não fizesse nenhuma "imagem de escultura" (Êx 20:4)
para que não fosse usada como um ídolo. Contudo, mais adiante ele ordenou a Moisés: "Faze uma
serpente de bronze, e põe-na sobre uma haste" (Nm 21:8, R-IBB). Posteriormente, o povo adorou
essa mesma imagem (2 Rs 18:4). Deus então ordenou que Moisés violasse aquele mandamento
contra a idolatria, o qual Ele mesmo lhe dera?
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, o mandamento contra a feitura de "imagens de escultura" foi um
mandamento proibindo fazer ídolos. Deus não ordenou que Moisés fizesse um ídolo para o povo
adorar, mas que fizesse um símbolo para o qual eles poderiam olhar com fé e assim serem curados.
Posteriormente, o povo fez daquele símbolo um ídolo. Mas isto não faria com que o símbolo se
tornasse algo mau. Afinal, até a Bíblia tem sido adorada como um ídolo. Mas isso não quer dizer
que Deus pretendia que ela se tornasse um ídolo.
Além disso, nem todas as "imagens" são ídolos. A arte religiosa contém imagens, mas estas
em si não são ídolos, a menos que sejam veneradas ou adoradas. Deus instruiu Moisés a fazer
também querubins (anjos) para a arca, mas eles não eram ídolos. Há uma diferença entre uma
representação dada por Deus como um símbolo (por exemplo, o pão e o vinho na Ceia do Senhor) e
um ídolo fabricado pelo homem (veja os comentários de Êxodo 25:18).

NÚMEROS 22:33 - Por que o anjo do Senhor tentou matar Balaão, já que Deus lhe havia
dado permissão para ir às campinas de Moabe?

PROBLEMA: Em Números 22:20 Deus disse a Balaão que fosse com os homens às campinas de
Moabe. Entretanto, o versículo 22 diz: "Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi; e o Anjo do
Senhor pôs-se-lhe no caminho por adversário". Também, no versículo 33, o anjo do Senhor disse:
"A jumenta me viu, e já três vezes se desviou de diante de mim, na verdade que eu agora te haveria
matado, e a ela deixaria com vida". Por que o anjo do Senhor quase matou Balaão, quando Deus lhe
havia dado permissão para ir com os homens de Moabe?
SOLUÇÃO: O relato das atividades de Balaão demonstra que ele estava dividido entre obedecer o
mandamento de Deus e a avareza em seu coração devido às riquezas que Balaque havia prometido.
Embora Deus com muita clareza tivesse dito a Balaão para não ir com os homens até Balaque (Nm
22:12), a oferta de riquezas (v. 17) que lhe foi feita tentou-o, e ele foi até Deus uma segunda vez a
fim de pedir permissão para ir até Balaque. Foi por causa do mau coração de Balaão, cheio de
avareza, que Deus enviou o seu anjo de encontro a ele, como seu adversário. A intenção não era
matar Balaão, o que é evidente pelo fato de o anjo do Senhor ter permitido que a jumenta o visse e,
desviando-se, evitasse a morte de Balaão. Em vez disso, o propósito do anjo era apresentar-lhe uma
vigorosa advertência de que ele deveria falar somente o que o Senhor lhe dissesse.
A avareza de Balaão está claramente demonstrada pelo fato de que, embora ele não fosse
amaldiçoar Israel - porque Deus somente permitiria que ele os abençoasse - ele aconselhou Baraque
a corromper Israel, permitindo que suas mulheres se casassem com homens israelitas, levando-os à
idolatria (2 Pe 2:15; Ap 2:14). A avareza de Balaão tinha encontrado um jeito de ajudar os inimigos
de Israel, sem que ele desobedecesse diretamente a ordem dada pelo Senhor de falar somente as
palavras que Deus lhe desse (Nm 31:16).

NÚMEROS 24:7- Como este oráculo pôde referir-se a Agague, se ele viveu muito mais tarde,
na época de Saul?

PROBLEMA: O oráculo de Balaão faz referência à exaltação de Israel sobre Agague. Entretanto,
Agague foi um rei amalequita do tempo de Saul, rei de Israel por volta do século 11 a.C, quase 400
anos depois. Como este oráculo foi referir-se a Agague, se este viveu posteriormente, no tempo de
Saul?
SOLUÇÃO: Primeiro, o nome Agague foi provavelmente um título real que os reis amalequitas
tomaram para si - comparável ao título de Faraó. O rei amalequita que foi posteriormente vencido
por Saul também tomou este título.
Segundo, mesmo que Agague tenha sido um nome próprio, não é necessário concluir que a
referência feita em Números seja anacrônica. Não era algo incomum os reis terem o mesmo nome
de reis anteriores. Até mesmo na história de Israel houve dois reis com o nome de Jeroboão. Esta
prática era comum na Fenícia, na Síria e no Egito. Houve quatro faraós com o nome Amenemhet,
apenas na décima-segunda dinastia, no Egito.
Terceiro, desde que o oráculo de Balaão lhe foi dado pelo Espírito de Deus, é possível que
tenha sido uma palavra profética quanto ao domínio que Israel teria sobre os primeiros povos que o
atacaram após a saída do Egito (Ex 17:8ss). De qualquer forma, esta referência não é anacrônica.
Outros exemplos de assim chamadas "menções prematuras" podem ser explicadas de
maneira semelhante. Por exemplo, os amalequitas podem ter sido mencionados por uma
antecipação histórica (em Gênesis 14:7), embora eles tenham florescido muito depois (cf. Nm
13:29; 14:25; Jz 6:3).
De igual modo, "a terra dos hebreus" (Gn 40:15) pode ter sido assim referida em
antecipação ao posterior cumprimento da promessa de Deus (em Gênesis 12:1-3; 15:4-7) ou pelo
fato de Abraão e seus descendentes já terem morado lá por séculos. Hebrom (Gn 13:18) pode ter
sido seu nome original, sendo posteriormente designada por Quiriate-Arba, e então novamente
chamada de Hebrom (Js 14:15). Ou um editor do manuscrito do AT pode simplesmente ter
atualizado o nome, para que as pessoas de seu tempo pudessem entender qual o local a que se
referia. Por exemplo, um dos autores do livro que o leitor tem em mãos nasceu numa cidade que
então chamava-se Baseline, no estado de Michigan, e que não fazia parte de Warren, Michigan.
Hoje, quando as pessoas lhe perguntam em que cidade nasceu, ele diz simplesmente "Warren",
mesmo não sendo este o nome da cidade na época em que nasceu.
Ainda, a terra dos levitas (Lv 25:32-34; Nm 34:2-8) foi mencionada provavelmente como
antecipação. E o "monte" onde o "santuário" do Senhor estava (Êx 15:13-17) simplesmente falava
sobre o modo como seria quando eles chegassem à Terra Prometida.

NÚMEROS 25:9 - Por que este versículo diz que 24.000 morreram, sendo que 1 Coríntios
10:8 cita um número diferente?

PROBLEMA: O incidente em Baal-Peor acarretou o juízo de Deus sobre Israel e, de acordo com
Números 25:9,24.000 pessoas morreram com a praga daquele juízo. Entretanto, em 1 Coríntios
10:8, consta que morreram apenas 23.000 pessoas. Qual é o número correto?
SOLUÇÃO: Há duas possíveis explicações. Primeiro, alguns têm sugerido que a diferença deve-se
ao fato de que 1 Coríntios 10:8 está se referindo apenas aos que morreram "num só dia" (23.000),
ao passo que Números 25:9 está mencionando o número completo de pessoas (24.000) que
morreram daquela praga.
Outros acreditam que dois diferentes eventos estejam sendo considerados. Estes observam que 1
Coríntios 10:7 é uma citação de Êxodo 32:6 e que, portanto, essa passagem na verdade está se
referindo ao juízo de Deus depois da idolatria envolvendo o bezerro de ouro (Êx 32). A passagem
de Êxodo não estabelece qual foi o número de mortos em decorrência do juízo de Deus, o que
somente é revelado em 1 Coríntios 10:8. De acordo com este versículo, 23.000 pessoas morreram
por causa do juízo de Deus devido à adoração ao bezerro de ouro. Já em Números 25:9, foram
24.000 os que morreram por causa do juízo de Deus por Israel ter adorado a Baal, em Baal-Peor.

NÚMEROS 31 - Como pode ser moralmente correto os israelitas destruírem por completo os
midianitas?

PROBLEMA: De acordo com o registro dos acontecimentos em Números 31, Moisés comandou
os israelitas para que destruíssem totalmente os midianitas. O versículo 8 declara que eles mataram
todo midianita homem. O versículo 9 registra que eles levaram presas as mulheres e as crianças, e o
versículo 10 afirma que os israelitas queimaram todas as cidades e acampamentos dos midianitas.
Ainda, no versículo 17, Moisés ordenou ao povo que matasse todo menino midianita e toda mulher
midianita que tivesse coabitado com algum homem, deixando com vida apenas as meninas e as
moças virgens. Como tal destruição pode ser moralmente justificada?
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, lembremo-nos de que os midianitas foram os que corromperam o
povo de Deus, levando-o à idolatria em Baal-Peor, o que resultou na morte de 24.000 israelitas com
a praga que se seguiu (Nm 25:9). Era necessário eliminar totalmente essa má influência sobre Israel.
Além disso, não foi sob a autoridade de Moisés que Israel executou tal destruição. Antes, foi
sob o comando direto de Deus. O versículo 2 registra a ordem dada por Deus a Moisés para que ele
levasse a cabo a vingança do Senhor sobre os midianitas. A natureza abominável da influência que
os midianitas tinham sobre Israel em levá-los à idolatria merecia o juízo destruidor de Deus, que
tratou decididamente e com severidade esse câncer.
A justificativa moral para tal ação encontra-se no fato de que Deus tem o direito de dar e de
tomar a vida. Como o salário do pecado é a morte, e como os midianitas envolveram-se num
terrível pecado, eles apenas colheram as conseqüências da vingança de Deus sobre eles (veja os
 comentários de Josué 6:21).

NÚMEROS 33:44-49 - Por que nesta passagem a relação dos lugares em que Israel parou é
diferente daquela anteriormente estabelecida em Números 21?

PROBLEMA: Números 21 fala que os israelitas pararam em Obote, Ijé-Abarlm, Zerede, Arnom,
Bôer, Mataná, Naaliel, Bamote e monte Plaga, em Moabe. Mas a lista de Números 33 inclui as
paradas em Obote, Ijé-Abarim, Dibom-Gade, Almom-Diblataim, montes de Abarim defronte do
monte Nebo e nas campinas de Moabe.
SOLUÇÃO: A compreensão de vários fatores nos ajuda a conciliar a aparente divergência.
Primeiro, as duas listas começam com exatamente os mesmos nomes e terminam exatamente com o
mesmo lugar (a leste do Jordão, perto de Jerico). Segundo, já que as duas listas de nomes estão no
mesmo livro, o autor não viu nenhuma contradição entre elas. Terceiro, alguns lugares podem ter
tido mais de um nome. Ijé-Abarim, por exemplo, também é chamado de Ijim (Nm 33:44-45).
Quarto, nenhuma das duas listas pode estar completa, já que mencionam apenas os nomes
que o autor queria destacar a cada vez. Números 21 relaciona seis lugares de Ijé-Abarim a Moabe,
ao passo que Números 33 relaciona apenas três. As duas listas podem ter sido feitas com diferentes
perspectivas ou propósitos. Quinto, a lista em Números 33 pode referir-se aos centros de operações
de Moisés e do tabernáculo.
Sexto, como havia milhões de pessoas que cobriam uma larga extensão de terra, mais de
uma cidade pode ter sido ocupada ao mesmo tempo. Sétimo, em sua peregrinação Israel pode ter
passado pelo mesmo lugar duas vezes, primeiro numa rota cheia de desvios e depois numa rota mais
direta (cf. Nm 33:30-33).

NÚMEROS 35:19 - Por que Deus permitiu o vingador do sangue, porém proibiu o
assassinato?

PROBLEMA: Deus proibiu o homicídio (Êx 20:13). Mas Ele diz: "O vingador do sangue, ao
encontrar o homicida, matá-lo-á"(Nm 35:19).
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, não se tratava de um ato de homicídio, mas de um ato de pena de
morte que Deus tinha ordenado antes da lei (Gn 9:6), e que Moisés reafirmou com a Lei (Êx 21:12).
Além disso, observe-se que era para ser executado em um "homicida", e não simplesmente em
qualquer pessoa. Também, o vingador tinha de ser o parente homem mais próximo de quem fora
morto, não qualquer um que quisesse fazer justiça com as próprias mãos.
Para resumir, o que é proibido em Êxodo 20 é o reconhecido crime de homicídio, e o que é
permitido em Números 35 é a reconhecida responsabilidade de ser aplicada a pena capital. Estas
duas coisas não estão em conflito.

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