quinta-feira, 7 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- Tito & Filemom

TITO

TITO 1:12 - Nesse versículo, Paulo não se envolve num paradoxo ou numa contradição?

PROBLEMA: Paulo citou um cretense "que disse: Cretenses, sempre mentirosos..." (Tt 1:12). Mas
se isso foi dito por um cretense, e se os cretenses são sempre mentirosos, então essa pessoa também
mentiu. E se esse cretense mentiu quando disse que os cretenses são sempre mentirosos, então os
cretenses nem sempre mentem, e há uma mentira na Escritura. Se, por outro lado, esse cretense
falou a verdade a respeito dos cretenses, então não é sempre que os cretenses mentem, pelo menos
esse cretense não mentiu. Seja como for, por incorporar essa afirmação à Escritura, o apóstolo
parece ter incluído nela uma mentira.

SOLUÇÃO: Paulo deve ter visto esse dilema, e depressa acrescentou: "Tal testemunho é exato" (v.
13). Em outras palavras, os cretenses geralmente mentem, mas pelo menos nessa ocasião particular
um cretense proferiu uma verdade, quando caracterizou os cretenses como mentirosos. Dessa forma
o paradoxo é quebrado, e nenhuma mentira é então incluída na Escritura.

TITO l:12 - Paulo não dá esse poeta pagão como inspirado, pelo simples fato de fazê-lo parte
da Escritura?

PROBLEMA: Os cristãos acreditam que somente a Bíblia é a Palavra de Deus (2 Tm 3:16).
Contudo, o apóstolo Paulo cita poetas pagãos em pelo menos três ocasiões. Mas ao fazer isso ele
parece estar então considerando essas fontes como sendo inspiradas, tal como acontece quando ele
cita as Escrituras do AT como sendo a Palavra de Deus (cf. Mt4:4,7,10).

SOLUÇÃO: Paulo não está citando essa fonte não cristã como sendo inspirada, mas simplesmente
como sendo uma verdade. Toda verdade é um i verdade de Deus, não importa quem a tenha dito.
Caifás, o sumo sacerdote judeu, proferiu uma verdade acerca de Cristo (Jo 11:49).
A Bíblia usa com freqüência fontes não inspiradas (cf. Nm 21:14; Js 10:13; 1 Rs 15:31). Por três
vezes Paulo cita pensadores não cristãos (At 17:28; 1 Co 15:33; Tt 1:12). Judas refere-se a verdades
encontradas em livros não canônicos (Jd 9, 14). A Bíblia, porém, nunca faz tais citações como tendo
autoridade da parte de Deus, mas simplesmente por conterem a verdade que é citada.
As frases usuais, tais como "assim disse o Senhor"(cf. Is 7:7; Jr 2:5) ou "está escrito" (Mt
4:4,7,10) nunca são encontradas quando há citações dessas fontes não inspiradas. Não obstante,
verdade é verdade, onde quer que seja encontrada. E não há razão alguma, portanto, para que um
autor bíblico, por direção do Espírito Santo, não possa utilizar uma verdade seja de que fonte for.

TITO 3:10 - O pervertido deveria ser instruído ou expulso da igreja?

PROBLEMA: Esse versículo diz que devemos "evitar" aquele que está pervertido, e em 1
Coríntios 5 o membro da igreja que era adúltero foi excomungado (v. 5). Mas em 2 Timóteo 2:25 os
líderes são exortados a disciplinar "com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus
lhes conceda... o arrependimento".

SOLUÇÃO: A severidade da ação da igreja vai depender da seriedade do pecado do membro que
esteja sendo disciplinado. Aqueles que estão vivendo em imoralidade, depois de serem exortados a
mudar sua vida, deveriam ser excomungados, já que o pecado deles é contagioso e tem o efeito de
corromper os demais (1 Co 5:5-7). Mesmo assim, se tais pessoas se arrependerem, elas devem ser
readmitidas na igreja (cf. 2 Co 2:6-7), já que o propósito primário da disciplina não é rejeitar, mas
corrigir.
A grande diferença na severidade da disciplina encontrava-se no arrependimento de quem
era disciplinado. Se ele se arrependia, deveria ser reintegrado (2 Co 2:6-7). Se não, então "depois de
admoestá-lo primeira e segunda vez" (Tt 3:10), ele deveria ser lançado fora.

FILEMOM


FILEMOM 12,16-Paulo não está aprovando a instituição da 
escravidão?

PROBLEMA: O apóstolo Paulo parece estar favorecendo a escravatura humana, ao enviar o
escravo fugitivo Onésimo de volta ao seu proprietário. Mas a escravidão não é ética. É uma
violação dos princípios da liberdade e da dignidade do homem.

SOLUÇÃO: A escravidão não é ética nem bíblica, e nem as ações e os escritos de Paulo aprovam
essa degradante forma de tratamento. De fato, foi a aplicação dos princípios bíblicos que acabaram
derrotando a escravidão. Alguns fatos de importância deveriam ser observados a respeito disso.
Primeiro, desde o começo Deus declarou que todos os seres humano foram feitos à imagem
de Deus (Gn 1:27). O apóstolo reafirmou isso ao declarar que somos "geração de Deus" (At 17:29)
e que "de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra' (At 17:26).
Segundo, a despeito do fato de que a escravidão era sustentada nas culturas semíticas de
então, a lei exigia que os escravos um dia fossem postos em liberdade (Êx 21:2; Lv 25:40). De
igual forma, os servos deviam ser tratados com respeito (Êx 21:20, 26).
Terceiro, Israel, que tinha estado sob escravidão no Egito, constantemente era lembrado
disso por Deus (Dt 5:15), e sua emancipação ter-se o modelo para a libertação de todos os escravos
(cf. Lv 25:40).
Quarto, no NT, Paulo declarou que no cristianismo "não pode haver judeu nem grego; nem
escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl
3:28). Todas as classes sociais deixam de existir em Cristo; todos somos iguais perante Deus.
Quinto, o NT proíbe explicitamente o sistema maligno deste mundo, que comercializou
“corpos e almas humanas” (Ap 18:13, SBTB). O comércio de escravos é algo tão repugnante para
Deus, que ele profere o seu julgamento final sobre o sistema maligno que o perpetrou (Ap 17-18).
Sexto, quando Paulo insta os servos com as palavras "servos, obedecei a vosso senhor" (Ef
6:5; cf. Cl 3:22), ele não está com isso aprovando a escravidão, mas apenas aludindo à situação de
fato prevalecente em seus dias. Ele os está instruindo a ser bons empregados, tal como os crentes
hoje em dia devem ser, mas de modo algum ele estava dando respaldo à escravidão.
Sétimo, olhando com maior cuidado o texto de Filemom, vemos que Paulo não estava
favorecendo a escravidão, mas na verdade a estava combatendo, pois instou Filemom, o
proprietário de Onésimo, a tratá-lo como um "irmão caríssimo" (v. 16). Assim, ao enfatizar a
inerente igualdade de todos os seres humanos, tanto por criação como por redenção, a Bíblia
estabeleceu os reais princípios morais que foram usados para acabar com a escravidão e para
restabelecer a dignidade e a liberdade de todas as pessoas, de toda cor ou grupo étnico.

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