terça-feira, 5 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas - Deuteronômio


DEUTERONÔMIO


DEUTERONOMIO 1:1 - Como pôde Moisés ter escrito estas palavras se os críticos bíblicos
declaram que este livro foi escrito muitos séculos depois?

PROBLEMA: De acordo com este versículo, "são estas as palavras que Moisés falou"(Dt 1.1).
Entretanto, muitos críticos afirmam que Deuteronômio foi escrito no terceiro século a.C, muito
tempo após a época de Moisés.
SOLUÇÃO: Há muitos argumentos em apoio à afirmação de que foi mesmo Moisés quem
escreveu o livro de Deuteronômio.
Primeiro, repetidas vezes este livro afirma que "são estas as palavras que Moisés falou", ou
frase equivalente (1:1; 4:44; 29:1). Negar isso é dizer que o livro todo é uma fraude.
Segundo, Josué, o sucessor imediato de Moisés, atribuiu o livro de Deuteronômio a este,
quando escreveu a exortação que recebera de Deus, dizendo-lhe para "fazer segundo toda a lei que...
Moisés... ordenou" (Js 1:7).
Terceiro, o restante do AT atribui Deuteronômio a Moisés (cf. Jz 3:4; 1 Rs 2:3; 2 Rs 14:6; Ed
3:2; Ne 1:7; SI 103:7; Dn 9:11; Ml 4:4).
Quarto, Deuteronômio é o livro da Lei mais citado no NT, freqüentemente com palavras do
tipo "disse, na verdade, Moisés" (At 3:22), "já Moisés dissera" (Rm 10:19) ou "na lei de Moisés está
escrito"(l Co 9:9).
Quinto, ao resistir ao diabo (Mt 4:7,10) nosso Senhor citou o livro de Deuteronômio
(6:13,16) como tendo a autoridade da Palavra de Deus. Também Cristo atribuiu a sua autoria a
Moisés, em Marcos 7:10: "Moisés disse", ou quando não contestou as palavras dos saduceus, que
disseram: "Moisés nos deixou escrito..." (Lc 20:28).
Sexto, os detalhes geográficos e históricos do livro demonstram um conhecimento de
primeira mão, que ninguém mais teria como Moisés.
Sétimo, estudos aprofundados da forma e do conteúdo de alianças do Oriente Próximo
indicam que Deuteronômio é da época de Moisés (veja Meredith Kline, Treaty of the Great King [
Tratado do Grande Rei], Eerdmans, 1963).
Além de tudo isso, as aparentes referências dentro do livro a um período posterior são
facilmente explicadas (veja os comentários de Dt 2:10-12). Obviamente, o último capítulo de
Deuteronômio, que se refere à morte de Moisés (capítulo 34), provavelmente foi escrito pelo seu
sucessor Josué, conforme o costume da época.

DEUTERONÔMIO l:6ss - Como poderiam estar presentes pessoas da geração anterior, se
todas elas tinham morrido no deserto?

PROBLEMA: De acordo com Números 26:64-65, toda aquela geração incrédula de israelitas
morreu no deserto, sendo que "nenhum houve dos que foram contados por Moisés" que tenha
sobrevivido para entrar na Terra Prometida. Entretanto, quando Moisés falou ao povo no final das
peregrinações, ele mencionou repetidamente que eles mesmos tinham testemunhado os eventos
ocorridos antes (cf. Dt 1:6,9,14; 5:2,5; 11:2, 7).
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, em Deuteronômio, Moisés dirige-se ao povo como nação e,
portanto, pode não estar fazendo uma distinção entre as pessoas em si do período anterior em
oposição às do período posterior. Segundo, estava presente um grande número de mulheres que
pessoalmente lembravam-se das coisas a que Moisés se referiu. Terceiro, tanto os levitas como os
que tinham menos de 20 anos antes do início dos 40 anos de peregrinação tinham sido isentados da
sentença de Deus de que nenhum homem entraria na Terra Prometida (Nm 26:64). Havia ainda
Josué e Calebe, que tinham sido os espias fiéis (Nm 32:12). Assim, havia muitos que poderiam
testemunhar o que Moisés estava dizendo, muito embora toda uma geração de homens (os que então
tinham mais de 20 anos) tivesse perecido no deserto, como Deus dissera.

DEUTERONÔMIO 1:13 - Foi Moisés ou o povo que escolheu os juízes?

PROBLEMA: Êxodo 18:25 declara: "Escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os
constituiu por cabeças sobre o povo". Entretanto, Moisés disse ao povo que escolhesse os juízes (Dt
1:13).
SOLUÇÃO: As duas opções são corretas, conforme é indicado dois versículos depois, onde se lê
que Moisés tomou os cabeças das tribos, e os fez cabeças sobre eles. O povo tinha escolhido os que
seriam seus líderes, e Moisés os constituiu juízes. Assim, é correto dizer que tanto Moisés como o
povo escolheram os juízes.

DEUTERONÔMIO 2:7 - As condições de Israel no deserto eram boas ou eles sofreram
necessidades?

PROBLEMA: Muitas passagens falam das privações no deserto (cf. Êx 16:2, 3; Nm 11:4-6).
Entretanto, Moisés declara que Deus lhe disse: "cousa nenhuma te faltou"(Dt 2:7).
SOLUÇÃO: As passagens são facilmente conciliadas tendo-se em mente que de maneira geral a
situação deles era relativamente confortável. Eles tiveram amplo suprimento de alimentos e não lhes
faltaram roupas, durante todo o tempo. Entretanto, por murmurarem e se queixarem muitas vezes,
sobre eles caiu o juízo de Deus. Essas ocasiões poderiam ser descritas como momentos de privação
e de necessidade. Assim, mesmo que coisa nenhuma lhes tenha faltado com relação às suas
necessidades diárias, certamente também não lhes faltaram pragas e punições provindas da mão de
Deus.

DEUTERONÔMIO 2:10-12 - Como isto pode ter sido escrito por Moisés, se há referência à
terra da promessa, na qual ele não entrou?

PROBLEMA: Moisés morreu antes da entrada na Terra Prometida, e foi enterrado fora dela, ao
leste do rio Jordão (Dt 34). Mas esta passagem refere-se à "terra da sua possessão, que o Senhor
lhes tinha dado", como sendo uma terra que Israel já possuísse na época em que foi escrita. Desse
modo, tem-se a idéia de que Deuteronômio não poderia ter sido escrito por Moisés, como
tradicionalmente é admitido.
SOLUÇÃO: Alguns eruditos declaram que estes versículos são parentéticos e que podem ter sido
acrescentados posteriormente por um editor. Esta posição é plausível diante da brevidade dos
versículos, do fato de estarem entre parênteses e da condição de Moisés ter sido enterrado antes de
os filhos de Israel adentrarem a Terra Prometida (Dt 34:4-6). Esse fato era óbvio para todos os
leitores. Entretanto, não há necessidade de se concluir que Moisés não escreveu estas seções, já que
"a terra da sua possessão" pode simplesmente referir-se às dez tribos que já tinham recebido a sua
possessão ao leste do rio Jordão, antes de Moisés morrer (Dt 3:12-17).
Conquanto os eruditos evangélicos em sua maioria reconheçam que pode haver pequenas e
explanatórias alterações editoriais no texto, tais como atualizações de nomes, eles se opõem ao que
os críticos afirmam com relação a Moisés não ter escrito os cinco primeiros livros do AT (com
exceção de Deuteronômio 34). Estes versículos parecem ser não mais do que uma inserção
explanatória, com vistas a leitores posteriores.
Os eruditos evangélicos destacam a diferença que há entre pequenas revisões editoriais, feitas em
plena sintonia com o sentido originalmente dado pelo autor, e o que poderiam ser posteriores
alterações na redação, contrárias ao sentido original do texto. O seguinte quadro ilustra as
diferenças entre essas duas possibilidades:
POSIÇÃO EVANGÉLICA POSIÇÃO DOS CRÍTICOS
Revisões editoriais Nova redação
Mudanças gramaticais Mudanças teológicas
Mudanças na forma Mudanças em fatos
Transmissão da verdade Distorção da verdade
Alteração no meio utilizado Alteração na mensagem
Atualização de nomes Revisão dos acontecimentos
Há sérios problemas com as reivindicações dos críticos segundo as quais os redatores
posteriores alteraram o conteúdo do que tinha sido previamente redigido:
1. Isso é contrário à repetida advertência de Deus: "Nada acrescentareis à palavra que vos mando,
nem diminuireis dela" (Dt 4:2; cf. Pv 30:6; Ap 22:18-19).
2. A teoria de novas redações confunde a canonicidade com pequenas críticas textuais. A questão
das alterações introduzidas pelos escribas de um para outro manuscrito de um livro inspirado é uma
questão de crítica textual, e não de canonicidade.
3. Â teoria de "redatores inspirados" é contrária ao sentido dado pela Bíblia à palavra "inspirado"
(2 Tm 3:16). A Bíblia não fala de escritores inspirados, mas apenas de escrituras inspiradas (o que
foi escrito). Ainda, "inspirado" (theopneustos) não significa que algo foi "aspirado" pelos que
escreveram, mas que lhes foi "soprado" diretamente o que escrever.
4. A teoria de novas redações contraria a posição evangélica de que apenas os textos originais são
inspirados. Se apenas a versão final redigida é que foi inspirada, então a redação original não teria
sido aquela "soprada" por Deus.
5. Uma nova redação inspirada eliminaria também o meio pelo qual toda palavra profética poderia
ser testada por aqueles para quem ela foi dada.
6. A teoria de novas redações altera ainda a posição da autoridade divina que, estando na
mensagem profética original (dada por Deus através do profeta), passa para a comunidade dos
crentes em gerações posteriores. Isso é contrário ao verdadeiro princípio da canonicidade, segundo
o qual Deus determina a canonicidade e o povo de Deus simplesmente descobre o que ele
determinou e inspirou.
7. Essa postura de aceitar a canonicidade de textos que teriam sido reescritos ocasiona a aceitação
do engano como sendo um meio para a comunicação divina. Essa teoria afirma que a mensagem ou
livro, que reivindica ter provindo de um profeta (tal como Isaías ou Daniel), na verdade não proveio
dele em sua totalidade, mas sim de redatores posteriores.
8. Tal postura confunde ainda a legítima atividade dos escribas - que envolvia o zelo pelas formas
gramaticais, a atualização de nomes e a fidelidade ao conteúdo profético - com alterações ilegítimas
de conteúdo, feitas sobre os escritos da mensagem de um profeta.
9. A teoria de novas redações considera que houve textos do AT reescritos e inspirados em épocas
posteriores, quando não havia mais profetas (ou seja, no quarto século a.C). Não pode haver textos
inspirados, a menos que haja profetas. (Veja Geisler e Nix, A General Introduction to the Bible
[Uma Introdução Geral à Bíblia], Moody Press, 1986, pp. 250-55.)

DEUTERONÔMIO 2:19 - A terra de Amom foi ou não dada a Israel?

PROBLEMA: Deus disse a Moisés: "da terra dos filhos de Amom te não darei possessão"(Dt
2:19). Mas em outra parte é dito que Josué deu a Israel "metade da terra dos filhos de Amom" como
uma possessão dada por Deus (Js 13:25).
SOLUÇÃO: Estas passagens falam de dois diferentes trechos de terra. A terra que os amonitas
possuíam no tempo de Moisés (Dt 2) não foi dada aos israelitas nem por eles ocupadas. Entretanto,
os amorreus previamente tinham vencido os amonitas e haviam tomado um trecho de terra, que
Israel veio posteriormente a ocupar (Js 13).

DEUTERONÔMIO 4:10-15 - A lei foi dada em Horebe ou no monte Sinai?

PROBLEMA: Êxodo 19:1 afirma que Moisés recebeu a Lei no monte Sinai (cf. v. 18). Mas em
Deuteronômio 4:10 afirma-se que Moisés a recebeu "em Horebe". Onde foi, realmente, que ele
recebeu a Lei?
SOLUÇÃO: Várias são as explicações possíveis para esta divergência. Alguns eruditos acreditam
que Sinai possa ter sido o nome mais antigo o Horebe, o menos antigo do mesmo lugar. Outros
sustentam que Horebe possa ter sido o nome da serra em geral e Sinai, o nome específico de um dos
montes pertencentes a ela. Ainda outros crêem que Sinai é que era o nome do conjunto de todas as
montanhas da região, sendo Horebe um determinado monte ali. Ou, ainda, que os dois nomes oram
intercambiáveis.
Seja como for, os autores bíblicos, muito mais próximos dos eventos originais do que nós
hoje, não viram problema algum em usar os dois nomes. Horebe é usado 17 vezes e monte Sinai, 21
vezes no AT. O uso de dois nomes não é algo fora do comum. O nome oficial do pico mais alto da
América do Norte, o monte McKinley, no Alasca, é chamado de Denali por nativos americanos e
por muitos outros.

DEUTERONÔMIO 5:6-21 - Como poderia Moisés alterar as exatas palavras dos Dez
Mandamentos, que lhe tinham sido dadas por Deus?

PROBLEMA: Em Deuteronômio 5:6-21 Moisés repete os Dez Mandamentos a Israel. Na revisão
da aliança que Deus fez com Israel, Moisés reviu os mandamentos que o Senhor dera ao seu povo
no monte Sinai. Entretanto, as palavras que Moisés emprega nessa passagem não são exatamente as
mesmas, nem na mesma exata seqüência daquelas dadas em Êxodo 20:2-17. Como poderia Moisés
então introduzir essas alterações nos Dez Mandamentos, em relação à versão original dada por
Deus?
SOLUÇÃO: Primeiro, convém lembrar que o propósito de Moisés na revisão da Lei não foi
fornecer uma recitação exata, de palavra por palavra, de cada pronunciamento do livro de Êxodo.
Moisés não estava fazendo tão somente uma revisão da Lei, mas estava expondo e explicando a Lei,
bem como suas implicações e aplicações, para que fosse aplicada pelo povo na entrada da Terra
Prometida e na vida que lá passariam a ter.
Segundo, Moisés estava também sob a inspiração do Espírito Santo ao falar e escrever as palavras
dessas passagens de Deuteronômio. Conseqüentemente, foi sob a inspiração do Espírito Santo que
ele alterou, omitiu ou acrescentou alguma palavra ou frase nesta apresentação do Decálogo.

DEUTERONÔMIO 5:15 - O sábado foi instituído por causa do descanso de Deus em relação à
criação, ou por causa da libertação do Egito que ele deu a Israel?

PROBLEMA: Quando Moisés primeiramente deu a Lei a Israel, a razão citada para a observação
do sábado foi porque "em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra... e ao sétimo dia descansou; por
isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou" (Êx 20:11). Mas quando Moisés repetiu a
Lei à nova geração que estava prestes a entrar na Terra Prometida, a razão dada foi que "o Senhor
teu Deus te tirou dali [do Egito] com mão poderosa, e braço estendido: pelo que o Senhor teu Deus
te ordenou que guardasses o dia de sábado" (Dt 5:15).
SOLUÇÃO: Estas são simplesmente duas razões para a mesma observância. A primeira razão foi
estabelecida conforme o descanso de Deus após a criação, e a segunda, conforme o seu ato de
redenção. Ambas são razões verdadeiras e legítimas. A primeira foi a razão inicial, e a segunda foi a
razão subseqüente. Como foi Deus quem realizou esses dois atos, ele tinha todo o direito de
estabelecer ambos como razões para a observação do seu mandamento.

DEUTERONÔMIO 8:2 - Deus não sabia o que Israel iria fazer?

PROBLEMA: Esta passagem diz que Deus conduziu Israel no deserto "para saber" o que eles
iriam fazer. Mas se Deus é conhecedor de todas as coisas (SI 139:7-10; Jr 17:10), então por que ele
teve de fazer isso para saber se eles o obedeceriam ou não?
SOLUÇÃO: Deus, em sua onisciência, tinha plena ciência do que eles fariam. Ele os conduziu no
deserto par aprová-los. A expressão paralela neste versículo é "para te provar, para saber o que
estava no teu coração". (Veja também a abordagem feita em Gênesis 22:12.)

DEUTERONÔMIO 9:3 - Os cananeus foram destruídos rapidamente ou não?

PROBLEMA: Este versículo afirma que os cananeus seriam destruídos "depressa" (maher), mas
em passagem anterior (Dt 7:22) é dito que não seria rapidamente, mas "pouco a pouco".
SOLUÇÃO: Duas são as maneiras pelas quais pode-se entender esta questão. Primeiro, pode tratarse
de um exemplo de quando um termo é aplicado à mesma coisa com sentidos diferentes. Seria
depressa, relativamente à magnitude do trabalho, mas devagar em relação à velocidade do processo
de ocupação.
Segundo, pode ser que se esteja referindo a duas coisas diferentes com o mesmo sentido
básico. As vitórias iniciais seriam rápidas, mas a eliminação total da presença inimiga levaria muito
mais tempo. Eles conquistaram a terra num tempo relativamente curto, mas a ocuparam num ritmo
bem mais devagar. As grandes batalhas não foram muito longas, mas as subseqüentes guerrilhas
menores tomaram bastante tempo.

DEUTERONÔMIO 10:1-3 - Quando a arca foi construída?

PROBLEMA: De acordo com muitos outros versículos, a arca da aliança foi construída antes dos
40 anos de peregrinação (Êx 25:10; 35:12; 37:1). Mas, de acordo com esta passagem, Moisés fez a
arca da aliança depois dos 40 anos de peregrinação.
SOLUÇÃO: Alguns acreditam que a primeira arca tenha sido temporária, e a outra permanente (cf.
Êx 33:7,8). Alguns comentaristas judeus acreditam que houve duas arcas, uma para ser levada à
guerra, e outra que permanecia no tabernáculo. Outros eruditos acreditam que Moisés tenha
determinado a construção da arca por Bezalel (Êx 37:1) antes de subir no monte Sinai. Ainda outros
acreditam que Moisés estivesse combinando (em Deuteronômio 10:1-3) coisas fortemente
relacionadas em conceito, mas separadas no tempo. Assim, a frase "faze uma arca de madeira"
referir-se-ia à ordem dada anteriormente (Êx 25:10) com a determinação de lavrar as duas novas
tábuas de pedra, depois de Moisés ter visto a glória de Deus (Êx 33).

DEUTERONÔMIO 10:6 - Onde foi que Arão morreu: em Moserá ou no topo do monte Hor?

PROBLEMA: De acordo com Deuteronômio 10:6, Arão morreu em Moserá e lá foi enterrado.
Entretanto, segundo Números 20:27-28 e 33:38, Arão morreu no cume do monte Hor, tendo sido
enterrado ali. Onde foi então que Arão morreu, em Moserá ou no monte Hor?
SOLUÇÃO: As duas afirmativas são verdadeiras. Moserá foi um local em que Israel acampou
durante sua jornada do Egito à Terra Prometida. Esse lugar provavelmente era uma área perto da
fronteira com Edom. É razoável presumir que o monte Hor se localizasse dentro dos limites dessa
área. Semelhantemente, Horebe era o nome de um grupo de montanhas no qual se localizava o
monte Sinai. Conseqüentemente, não é uma contradição declarar que Arão morreu e foi enterrado
em Moserá e no topo do monte Hor. Moserá era a designação da região e monte Hor, o local
específico.

DEUTERONÔMIO 10:8-9 - Os sacerdotes são distintos dos levitas, ou não?

PROBLEMA: Nesta passagem os sacerdotes e os levitas não são distintos entre si, mas em outros
lugares são (cf. Lv 1:5, 8,11; Nm 6:23).
SOLUÇÃO: Tendo em mente algumas coisas, o problema desaparece. Em primeiro lugar, os
sacerdotes eram também levitas, sendo filhos de Arão. Segundo, em Deuteronômio Moisés está
falando em termos gerais a toda a nação, e assim não considerando distinções secundárias. Terceiro,
cerca de 38 anos separam as duas passagens. Pode ser que distinções anteriores não estivessem mais
vigentes, depois da peregrinação pelo deserto.

DEUTERONÔMIO 11:25 - Esta não é uma profecia falsa?

PROBLEMA: Moisés disse aos filhos de Israel: "ninguém vos poderá resistir; o Senhor vosso
Deus porá sobre toda terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor, como já vos tem dito". Mas
isto parece ser falso, tanto a curto como a longo prazo. Mesmo sob a liderança de Josué, Israel
perdeu algumas batalhas (Js 7:4). E a longo prazo eles foram vencidos pelos assírios (2 Rs 16:9) e
pelos babilônios (2 Rs 25:22).
SOLUÇÃO: Isto não foi uma falsa profecia - era uma promessa condicional. Observe-se que ela
foi antecedida pela condição: "se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos
ordeno..." (v. 13), e "se diligentemente guardardes todos estes mandamentos..." (v. 22). Em resumo,
não se tratava de uma profecia do que iria acontecer inexoravelmente, mas de uma projeção
condicional. Quando o povo de Israel obedecia a Deus, ele tornava-se invencível diante de seus
inimigos, por poderosos que fossem (cf. Js 6). Mas quando o povo não obedecia a Deus, ele era
derrotado até mesmo pelo adversário mais frágil (cf. Js 7).

DEUTERONÔMIO 12:24 - O sangue era para ser derramado como água ou coberto com pó?

PROBLEMA: De acordo com este versículo, o sacerdote deveria derramar o sangue na terra como
água. Anteriormente, em Levítico 17:13, porém, a instrução era para cobri-lo com pó. Como
conciliar isso?
SOLUÇÃO: O fato de que alguns críticos chegaram a levantar tal tipo de problema demonstra
quão desesperados estão eles em encontrar algum erro na Bíblia. A própria passagem de Levítico
esclarece a resposta, citando-a por completo: "derramará o seu sangue, e o cobrirá com pó"(Lv
17:13). Assim, não há absolutamente problema algum.

DEUTERONÔMIO 14:22ss - Isto não contradiz um outro mandamento dado por Moisés, de
não resgatar animais com dinheiro?

PROBLEMA: Em Números 18:17, a lei ordena: "Mas o primogênito do gado, ou primogênito de
ovelhas, ou primogênito de cabra, não resgatarás, são santos". Entretanto, em Deuteronômio 14:25,
a instrução é a de que devia vendê-los e levar o dinheiro. Isso está em total discordância com a
instrução anterior.
SOLUÇÃO: Contrariamente ao que é inferido por alguns, a passagem de Deuteronômio na verdade
não lhes permitia comprar um primogênito de ovelha ou de cabra para o seu próprio consumo, em
lugar de dá-lo ao Senhor. Pelo contrário, ela simplesmente lhes permitia vendê-los, o que seria mais
conveniente para viajar, e assim poderiam ir ao lugar que o Senhor, seu Deus, escolhesse (cf. Dt
14:25). Em resumo, era simplesmente uma providência dada por Deus para facilitar as coisas para o
ofertante. O dinheiro recebido naquela venda teria de ser empregado para o propósito divinamente
prescrito, no lugar determinado por Deus.

DEUTERONÔMIO 14:26 - Como é que esta passagem permite o uso de bebida forte, quando
outras passagens condenam o seu consumo?

PROBLEMA: De acordo com Deuteronômio 14:26, Deus permite a compra de vinho ou bebida
forte para celebrar uma festa perante o Senhor. Entretanto, Levítico 10: 8-9 proíbe o uso de bebida
forte pelos sacerdotes, e passagens como Provérbios 20:1, 23:29-35 e, 31:4-5 parecem proibir o uso
de bebida forte, quando as outras condenam claramente o seu uso?
SOLUÇÃO: É claro que as Escrituras condenam o uso de bebida forte. Levítico 10:8-9, por
exemplo, proíbe o sacerdote de beber vinho ou bebida forte quando ele está prestes a ministrar na
tenda da congregação. Provérbios também proíbe o uso de vinho ou de bebida forte por reis ou
governantes, para que não pervertam a justiça. Além disso, muitas passagens alertam quanto ao
efeito desencaminhador da bebida forte (Pv. 20:1) e condenam o seu uso de maneira geral.
A palavra traduzida por "come-o"em Deuteronômio 14:26 tem o sentido de consumo em
geral, e pode incluir tanto a idéia de beber como a de comer alimento sólido. Entretanto, a passagem
não nos dá permissão para beber bebida forte ou tomá-la em excesso. Isso é especificamente
condenado no NT e também no AT. Era uma prática comum diluir a bebida forte (i.e., normalmente
o suco da uva fermentado) na proporção de três partes de água para uma parte de vinho. Nessa
forma mais fraca, e ingerida durante as refeições de forma moderada, não haveria perigo de
excesso. Apenas assim o "vinho" foi permitido nas Escrituras, e ainda apenas numa cultura não
alcoólica.
Ainda que o consumo moderado de vinho assim diluído possa ser permissível, numa cultura
totalmente atingida pelo alcoolismo (como a nossa) não vale a pena. Paulo adverte em 1 Coríntios
6:12 que "todas as cousas me são lícitas, mas nem todas convém". Ele declara, ainda, que "é bom
não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra cousa com que teu irmão venha a
tropeçar"(Rm. 14:21). Deus quer que a nossa vida seja influenciada pelo Espírito, não pelos
espíritos.
A Bíblia opõe-se tanto à bebida forte como à embriaguez (1 Co 6:9-10; Ef 5:18). Ela
lamenta a situação daqueles que bebem tanto bebida forte como a daqueles que bebem em excesso
(Is 5:11; Am 6:1,6; Mq 2:11). Os líderes cristãos são incitados a ser temperantes (1 Tm 3:3,8).
Todos são advertidos de que muito álcool é algo que Deus abomina (Am 6:1-8). Embora pequenas
doses eram recomendadas por razões medicinais (1 Tm 5:23), em parte alguma a Bíblia recomenda
que a bebida forte seja tomada. A única referência a tomar "bebida forte"é como um meio - de
suavizar a dor, em circunstâncias extremas: "Daí bebida forte aos que perecem"(Pv 31:6).
Deuteronômio 14:26 não deve ser usado como desculpa para tomar bebida forte por diversas
razões. Primeiro, a ordem dada não foi para tomá-la, mas simplesmente comprá-la. Havia outros
usos legítimos para o álcool, ou seja, para cozinhar, para curar (cf, Lc 10:34) e para aliviar a dor.
Segundo, a frase seguinte fala com clareza apenas de "comer", e não de beber bebida forte. Terceiro,
mesmo que beber estivesse implícito no termo "come-o" (v. 26), os judeus sempre diluíam a bebida
na proporção de três partes de água para uma de vinho, com moderação em suas refeições. Isso feito
assim tomando-a de forma branda e sem excessos, junto com o alimento, os preservaria dos
excessos que ocorrem hoje nas culturas dadas ao álcool. Quarto, sempre é errado fazer uso de uma
passagem não muito clara (como Deuteronômio 14:26) para contradizer todas as outras que são
bastante claras (citadas acima) contra a bebida forte.
À vista de todos esses fatores, o melhor é concluirmos com o apóstolo Paulo: "É bom não
comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra cousa com que teu irmão venha a tropeçar
[ou se ofender ou se enfraquecer] "(Rm 14:21).

DEUTERONÔMIO 15:4 - Como pode esta passagem declarar que não haveria pobres entre
eles, se o versículo 11 diz que sempre haveria pobres na terra?

PROBLEMA: Segundo Deuteronômio 15:4, Deus prometeu que não haveria pobres entre o povo.
Entretanto, o versículo 11 com clareza diz: "Pois nunca deixará de haver pobres na terra". Como
uma passagem pode dizer que não haveria pobres entre o povo, e outra dizer que sempre haveria
pobres na terra?
SOLUÇÃO: Para ver que não há contradição alguma, basta considerar o contexto cuidadosamente.
A promessa do versículo 4 está condicionada ao fato de o povo ouvir "atentamente a voz do
Senhor," seu Deus, e cuidar "em cumprir todos estes mandamentos" que lhe era ordenado por Deus
naquele dia (cf. Dt 15:5).
Um dos mandamentos era que, se houvesse um pobre em Israel, as pessoas não deveriam
endurecer o coração, mas sim abrir as mãos e emprestar-lhe dinheiro e bens suficientes para suas
necessidades ("o que lhe falta" cf. Dt 15:8). Obviamente, se este mandamento deveria ser cumprido
pelo povo, então para cada pobre haveria uma pessoa não-pobre. De modo inverso, se não
obedecessem ao mandamento de Deus quanto a suprir todas as necessidades de cada pessoa pobre
na terra, então os pobres nunca deixariam de existir. Não há contradição.
Deus prometeu que, se as pessoas obedecessem a seu mandamento de suprir as necessidades
do pobre, não haveria pobres no meio delas.
A cada vez que circunstâncias adversas viessem sobre alguém, fazendo-o perder tudo e ficar
na completa miséria, as pessoas da terra teriam de ir em sua ajuda e suprir as suas necessidades.
O versículo 11 pode ser entendido como uma afirmação de que sempre haveria pessoas em
dificuldades, precisando de assistência, e que outras pessoas seriam requeridas para suprir as
necessidades daquelas. Se o povo obedecesse a Deus nesta questão, o Senhor faria a terra prosperar
de tal forma que sempre haveria suprimentos em abundância para que uns atendessem às
necessidades de outros. Este versículo pode ainda ser visto como um pronunciamento profético da
desobediência de Israel a Deus, e da conseqüente presença contínua de pobres na terra. De qualquer
modo, não há contradição alguma.

DEUTERONÔMIO 16:5 - O cordeiro pascal deveria ser morto em casa ou no santuário?

PROBLEMA: Êxodo 12:7 instruiu que o cordeiro pascal fosse morto na residência de cada um,
mas Deuteronômio declara que ele não deveria ser sacrificado "em nenhuma das tuas cidades".
SOLUÇÃO: Este é um exemplo de avanço dentro do processo de revelação progressiva de Deus
(veja Introdução, "Erro Número 17") por causa de uma mudança de condições. Quando a instrução
para a Páscoa foi dada pela primeira vez (Êx 12), os filhos de Israel não tinham um santuário. Mais
tarde, segundo Deuteronômio, eles o tinham e foram instruídos a matar o cordeiro pascal "no lugar
que o Senhor escolher para ali fazer habitar o seu nome"(cf. Dt 16:2).

DEUTERONÔMIO 18:10-22 - Como distinguir os falsos profetas dos verdadeiros profetas?

PROBLEMA: A Bíblia contém muitas profecias em que cremos porque elas provêm de Deus.
Entretanto, a Escritura reconhece também a existência de falsos profetas (Mt 7:15). Com efeito,
muitas religiões e seitas declaram ter profetas. Em conseqüência, a Bíblia exorta os crentes a
"testarem" aqueles que se dizem profetas (1 Jo 4:1-3). Mas qual é a diferença entre um falso profeta
e um verdadeiro profeta de Deus?
SOLUÇÃO: Há muitos testes para se detectar um falso profeta. Muitos desses critérios estão
listados nas páginas deste livro. Colocando em forma de perguntas, podemos usar como teste para
uma pessoa tida como profeta:
1. Ele profetizou alguma coisa que não se cumpriu? (Dt 18:21-22)
2. Ele faz contato com os espíritos de mortos? (Dt 18:11)
3. Ele faz uso de meios de adivinhação? (Dt 18:11)
4. Ele se envolve com médiuns e feiticeiros? (Dt 18:10)
5. Ele segue falsos deuses ou ídolos? (Êx 20:3-4; Dt 13:2,3)
6. Ele nega a divindade de Jesus Cristo? (Cl 2:8-9)
7. Ele nega a humanidade de Jesus Cristo? (1 Jo 4:1-2)
8. Suas profecias desviam o foco central da pessoa de Jesus Cristo? (Ap 19:10)
9. Ele advoga a abstenção de certos alimentos e carnes, por razões de ordem espiritual? (1 Tm 4:3)
10. Ele reprova ou nega a necessidade do casamento? (1 Tm 4:3)
11. Ele promove a imoralidade? (Jd 7)
12. Ele encoraja o legalismo caracterizado por renúncias auto-impostas? (Cl 2:16-23)
(Veja Geisler e Nix, A General Introduction to the Bible [Uma Introdução Geral à Bíblia], Moody
Press, 1986, pp. 241-42.)
Uma resposta positiva a qualquer uma destas perguntas é uma indicação de que o que o
profeta diz não procede de Deus. O Senhor não fala nem corrobora com nada que seja contrário ao
seu caráter e aos seus mandamentos. E, acima de tudo, certamente o Deus da verdade não dá falsas
profecias.

DEUTERONÔMIO 18:15-18 - É esta uma profecia acerca do profeta Maomé?

PROBLEMA: Deus prometeu a Moisés: "Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos,
semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhes ordenar".
Os muçulmanos acreditam que esta profecia cumpriu-se com Maomé, como declara o Alcorão, ao
referir-se a "O iletrado Profeta [Maomé], o qual é encontrado em suas próprias [escrituras], na Lei e
nos Evangelhos" (Surá 7:157).
SOLUÇÃO: Esta profecia não pode ser uma referência a Maomé por várias razões. Primeiro, o
termo "irmãos" refere-se aos filhos de Israel, não aos seus antagonistas árabes. Por que iria Deus
despertar um profeta para Israel que proviesse de seus inimigos?
Segundo, no contexto deste mesmo versículo, o termo "irmãos" aplica-se aos que são
israelitas. Pois aos levitas foi dito: "não terão herança no meio de seus irmãos"(v.2). Terceiro, em
qualquer outro lugar neste livro do AT o termo "irmãos" refere-se também aos israelitas, e não a
estrangeiros. Deus disse-lhes para escolher um rei "de entre os teus irmãos", e não a um estrangeiro.
Israel nunca escolheu um rei que não fosse judeu.
Quarto, Maomé veio da linhagem de Ismael, como os próprios muçulmanos admitem, mas a
bênção de Deus estava sobre a linhagem de Isaque. Quando Abraão orou: "Tomara viva Ismael
diante de ti", Deus respondeu enfaticamente: "A minha aliança... estabelecê-la-ei com Isaque..."(Gn
17:18,21). Posteriormente Deus repetiu: "Por Isaque será chamada a tua descendência" (Gn 21:12).
Quinto, o próprio texto do Alcorão estabelece que a linha profética veio através de Isaque, e
não de Ismael: "E nós concedemos Isaque e Jacó, e nós estabelecemos os profetas e as escrituras em
sua semente" (Surá 29:27). O erudito muçulmano Yusuf Ali acrescenta a palavra "Abraão" e muda o
significado da seguinte maneira: "Nós demos (Abraão), Isaque e Jacó, e ordenamos entre os seus
descendentes os Profetas e a Revelação". Ao acrescentar "Abraão", que foi o pai de Ismael, ele pôde
então incluir Maomé, descendente de Ismael, na linha profética! Mas o nome de Abraão não é
encontrado no texto árabe original.
Sexto, Jesus foi quem perfeitamente cumpriu aquele versículo, já que: (1) Ele foi um judeu,
no meio de seus irmãos judeus (cf. Gl 4:4). (2) Ele cumpriu Deuteronômio 18:18 perfeitamente:
"ele lhes falará tudo o que eu lhes ordenar". Jesus disse: "nada faço por mim mesmo; mas falo como
o Pai me ensinou" (Jo 8:28). E, "porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me
enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar" (Jo 12:49). (3) Ele referiu-se a si
mesmo como "profeta" (Lc 13:33), e as pessoas o consideravam profeta (Mt 21:11; Lc 7:16; 24:19;
Jo 4:19; 6:14; 7:40; 9:17). Como Filho de Deus, Jesus era profeta (aquele que fala aos homens, da
parte de Deus), era também sacerdote (Hb 7-10, o que fala a Deus, da parte dos homens) e rei (o
que reina sobre os homens, como Deus, Ap 19-20).
Finalmente, há outras características do "Profeta" que estão de acordo apenas com a vida de
Jesus, e não com a de Maomé, tais como: Jesus falou com Deus "face a face" e realizou "sinais e
maravilhas" (veja os comentários de Deuteronômio 34:10).

DEUTERONÔMIO 20:16-18 - Como justificar a ordem de se fazer uma matança
indiscriminada de vidas inocentes?
(Veja os comentários de Josué 6:21.)

DEUTERONÔMIO 20:16-18 - Os prisioneiros deveriam ser poupados ou mortos?

PROBLEMA: Em Deuteronômio 20:11, 15, Moisés ordenou que os israelitas poupassem a vida de
seus prisioneiros e os tornassem seus servos. Mas logo em seguida ele os instruiu a não deixar
ninguém com vida (cf. v. 16).
SOLUÇÃO: A regra geral era fazer prisioneiros os povos conquistados. Somente no caso
específico das "sete nações" de Canaã é que eles deveriam exterminá-los (veja os comentários de
Josué 6:21). Isso foi por causa das "abominações" deles, que eram tão ofensivas a Deus, que a terra
"vomitou os seus moradores" (Lv 18:25).

DEUTERONÔMIO 22:5 - Por que Deus declarou ser uma abominação um homem vestir-se
como mulher, e vice-versa?

PROBLEMA: O que há de errado em se vestir como alguém do sexo oposto? Não se trata apenas
de uma questão de preferência cultural, nada havendo intrinsecamente imoral nisso?
SOLUÇÃO: A intenção de Deus nesta passagem aparentemente foi tornar possível a distinção de
um sexo do outro. Sem roupas e comprimento do cabelo distintivos (veja os comentários de 1 Co
11:14), os sexos poderiam ser mais facilmente confundidos, e as fronteiras da impropriedade social
e moral seriam muito mais facilmente transgredidas. É claro que a definição quanto a que roupas
são masculinas e quais são femininas em grande parte é determinada pela cultura. Mas, de qualquer
modo, os travestis por isso enquadram-se na abominação.

DEUTERONÔMIO 22:13-21-Por que neste versículo o método para qual testar a castidade é
diferente daquele mencionado em Números 5?

PROBLEMA: O texto de Números instruía que a castidade fosse testada fazendo-se a mulher
tomar água amarga para ver se o seu estômago incharia ou não (veja os comentários de Números
5:13-22). Mas Deuteronômio 22 faz uso do lençol da noite de núpcias manchado de sangue como
evidência da virgindade (cf. vv. 14-17).
SOLUÇÃO: As duas situações são diferentes. A passagem de Números refere-se a um teste para a
comprovação de uma possível impureza após o casamento. E o texto de Deuteronômio trata do caso
de uma possível infidelidade antes do casamento.

DEUTERONÔMIO 23:17 - O homossexualismo foi condenado por relacionar-se com a
idolatria?

PROBLEMA: Alguns argumentam que a condenação bíblica do homossexualismo foi por causa
das prostitutas cultuais e das práticas homossexuais que havia em templos idolatras (Dt 23:17).
Insistem em dizer que o homossexualismo em si não é condenado, mas apenas os atos
homossexuais associados à idolatria, tais como os praticados pelas prostitutas do templo (1 Reis
14:24).
SOLUÇÃO: As práticas homossexuais não são condenadas na Bíblia simplesmente por terem sido
relacionadas com a idolatria. Isso é evidente por várias razões. Primeiro, a condenação das práticas
homossexuais com freqüência é feita fora de qualquer contexto da prática da idolatria (Lv 18:22;
Rm 1:26-27).
Segundo, quando o homossexualismo é associado com a idolatria (tal como a prostituição
cultural, no templo), as duas coisas não são ligadas em essência. São apenas pecados concomitantes,
mas não há uma equivalência entre eles.
Terceiro, o pecado da infidelidade sexual com freqüência é usado como uma ilustração da
idolatria (por exemplo, Oséias 3:1; 4:12), mas ele não tem necessariamente uma conexão com ela. A
idolatria é uma forma espiritual de imoralidade. Mas a imoralidade é errada, mesmo no caso de não
ter conexão alguma com nenhuma forma de idolatria.
Quarto, a idolatria pode levar à imoralidade (cf. Rm 1:22-27), mas são pecados diferentes.
Quinto, até mesmo os Dez Mandamentos fazem distinção entre a idolatria (Primeira Tábua
da Lei, Êx 20:3-4) e os pecados do sexo (Segunda Tábua da Lei, Êx 20:14,17).

DEUTERONÔMIO 23:19 - Por que a usura (receber juros) foi proibida para os judeus em
alguns casos e não em outros?

PROBLEMA: Em Êxodo 22:25, emprestar dinheiro a juros somente era proibido quando fosse
para um pobre. Mas em Deuteronômio 23:19 a proibição referia-se a quando o empréstimo era feito
para qualquer outro judeu, indiscriminadamente. Isso levanta dois problemas. Primeiro, por que a
mudança? Segundo, por que a parcialidade?
SOLUÇÃO: Primeiro, a alteração feita em Deuteronômio em relação ao que Êxodo estabelecia foi
necessária porque as circunstâncias mudaram. Talvez tenha sido porque veio a se mostrar difícil
determinar quem deveria ser considerado pobre. Assim, considerou-se necessário estender a
proibição a todos os hebreus. Se assim não fosse, nenhum pobre teria chance alguma de conseguir
um empréstimo, pois os empréstimos acabariam sendo feitos somente àqueles que pagassem juros.
É claro, a usura não foi proibida em relação a estrangeiros (não-judeus), mas somente em
relação a irmãos (outros judeus). Se isso parece ser discriminatório, é apenas porque as leis que
proibiam a usura em relação aos pobres (ou em relação aos irmãos) constituíam um ato de
benevolência estabelecido por Deus, e não precisamente uma questão de negócios. Quando se trata
de negócios, tem-se direito a um razoável lucro pelo investimento feito. Como o risco de perda
(pelo não pagamento) do empréstimo concedido precisa ser coberto, é justo pagar ao investidor uma
certa quantia pelo risco.

DEUTERONÔMIO 24:1-4 - O ensino de Moisés quanto ao divórcio é contrário ao ensino de
Jesus e de Paulo?

PROBLEMA: De acordo com Deuteronômio 24:1-4, era permitido a um homem conceder divórcio
à sua mulher se ele descobrisse que ela tinha sido infiel. Entretanto, de acordo com o ensino de
Jesus em Marcos 10:1-12, e o de Paulo em 1 Coríntios 7:10-16, parece que não é permitido o
divórcio nem um novo casamento posterior. O ensino encontrado em Deuteronômio é então
contrário ao ensino de Jesus e ao de Paulo?
SOLUÇÃO: Seria um erro admitir que as afirmações de Moisés tenham dado uma sanção divina ao
divórcio. A passagem apresenta uma situação hipotética que tinha grande probabilidade de
acontecer entre o povo. Ela simplesmente diz que se um homem se divorciar de sua mulher por
causa de impureza dela, e se ela casar-se novamente com outro, e se esse seu novo marido morrer
ou dela se divorciar, não é permitido ao primeiro marido recebê-la de volta. Não se trata de uma
aprovação ao divórcio. Pelo contrário, é o reconhecimento do fato do divórcio e a aplicação de uma
regulamentação concernente ao casamento pela segunda vez.
Como Jesus disse em Marcos 10:5, Moisés concedeu o divórcio e deu tal preceito "por causa
da dureza" do coração deles, mas não é este o ideal de Deus. O plano perfeito de Deus para o
casamento sempre foi o do compromisso entre o marido e a mulher por toda a vida. Não há
contradição entre o ensino de Moisés e o ensino de Jesus e de Paulo. Moisés simplesmente
reconheceu o fato do divórcio, ao passo que Jesus e Paulo apresentaram o ideal de Deus para o
casamento, como foi desde o princípio.

DEUTERONÔMIO 24:16 - Como pode esta passagem estabelecer que os filhos não serão
mortos por causa dos pecados de seus pais, se há casos em que isso ocorreu, segundo outras
passagens?

PROBLEMA: Deuteronômio 24:16 estabelece com clareza que os filhos não serão mortos em
lugar dos pais, e que cada qual será morto pelo seu pecado. Entretanto, em 2 Samuel 12:15-18, o
filho de Davi e Bate-Seba morreu em decorrência do pecado de Davi. Como então Deuteronômio
24:16 pode afirmar que os filhos não serão mortos pelos pecados de seus pais, se foi isso o que
aconteceu com o filho de Davi?
SOLUÇÃO: Primeiro, a passagem de Deuteronômio refere-se a um preceito estabelecido, pelo qual
o sistema legal de Israel funcionaria quando eles se estabelecessem na terra prometida. Segundo
esse preceito, os tribunais humanos não teriam o direito de aplicar a pena de morte em filhos de pais
culpados, se os filhos também não fossem pessoalmente culpados do crime cometido. Entretanto, o
que restringe o poder dos tribunais humanos não restringe os direitos nem a autoridade de Deus.
Segundo, as Escrituras não dizem que o filho de Davi foi punido por causa do pecado de seu
pai. O que elas dizem é que Davi foi punido por meio da morte de seu filho (2 Sm 12:14). Caso se
considere que a morte do filho foi um modo injusto de punir Davi, deve-se lembrar que Davi
confiou na justiça de Deus quando disse, com fé, com relação à criança que ele tinha perdido: "Eu
irei a ela, porém ela não voltará para mim" (2 Sm 12:23). Davi creu que Deus a havia levado para si
ao céu e que ele mesmo, Davi, estaria com ela quando morresse. Deus sempre age de acordo com a
sua justiça, e as restrições que ele estabeleceu para os homens, como esta, são para que os homens
não venham a perverter a justiça.

DEUTERONÔMIO 30:6 - É Deus quem circuncida o coração, ou seria Israel que teria de
circuncidar seu próprio coração?

PROBLEMA: De acordo com este versículo, "o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração".
Entretanto, anteriormente, neste mesmo livro, Moisés apelou a Israel dizendo: "Circuncidai, pois, o
vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz" (Dt 10:16). Mas como a circuncisão pode se
dar de duas maneiras?
SOLUÇÃO: A verdade é que na salvação há tanto um papel ativo como um papel passivo para os
homens. Nós somos ativos no receber a dádiva de Deus, mas não fomos ativos no ato da dádiva em
si. Numa postura ativa, submetemos o nosso coração a Deus, mas não estamos sendo ativos na
salvação de nosso coração.
Em resumo, mesmo sendo ativos em receber ou aceitar a salvação, nós não fizemos
absolutamente nada para proporcionar e realizar a nossa salvação. Muito embora aquele que é salvo
de um perigo é ativo ao receber a corda da salvação, não obstante ele é passivo no processo de ser
resgatado pelo salvador, que o puxa pela corda. De igual modo, nós ativamente nos submetemos a
uma cirurgia que pode salvar a nossa vida, mas somos totalmente passivos em tudo o que o médico
faz, somos passivos às suas habilidades para a salvação da nossa vida. A situação pode ser
sintetizada como se segue:
NOSSO PAPEL
ATIVO NA SALVAÇÃO-NOSSO PAPEL PASSIVO NA SALVAÇÃO
Recebendo a dádiva - No conceder a dádiva
Submetendo-nos à salvação - Sendo salvo
Crendo - Sendo redimido
Aceitando a salvação - Realizando a salvação

DEUTERONÔMIO 32:13-14 - Como poderia haver no deserto pasto suficiente para os
rebanhos de dois milhões de pessoas?

PROBLEMA: A Bíblia nos informa de que os filhos de Israel vaguearam pelo "deserto" por 40
anos (cf. Êx 19:2; 23:31). Eles eram em número de mais de 600.000 homens adultos (Êx 12:37; Nm
1:1-4:49), o que significa que no total seriam mais de dois milhões de pessoas. Mas em
Deuteronômio 32:13-14 é dito que havia abundância para eles e para a manada, o que parece muito
improvável para toda aquela gente e seus rebanhos num "deserto".
SOLUÇÃO: Algumas coisas temos de ter em mente. Em primeiro lugar, a palavra hebraica para
"deserto" não tem o sentido de uma desolação total como pode denotar hoje. Ela pode ser traduzida
como "ermo". Havia rios e pastos naquele terreno ermo.
Segundo, há uma boa evidência, obtida até mesmo nos dias de hoje, de que aqueles ermos
tinham então muito mais água e vegetação do que na atualidade, como é demonstrado pela
exploração arqueológica dos remanescentes de antigas civilizações naquela região.
Finalmente, o próprio Deus foi quem lhes proveu todas as necessidades naqueles ermos, de várias
maneiras:
1. Deus lhes forneceu alimento suficiente (maná) para todos os 40 anos (Êx 16:35).
2. O Senhor providenciou também água em abundância para o povo e seu rebanho (Nm 20:11).
3. Como eles levavam "ovelhas, gado, muitíssimos animais" (Êx 12:38), naturalmente tinham
muito leite.
4. Como a terra aparentemente não era tão árida como é hoje, sem dúvida havia rios, fontes e
pastos.
5. Comercializando com as nações a seu redor (midianitas, edomitas e ismaelitas), poderiam obter
outras coisas de que necessitavam, pagando com o ouro e a prata que trouxeram do Egito grande
quantidade (cf. Êx 12:35-36).

DEUTERONÔMIO 33:2 - Esta é uma profecia do profeta Maomé?

PROBLEMA: Muitos eruditas islamitas acreditam que este versículo profetiza três distintas
visitações de Deus: uma no "Sinai" a Moisés; outra em "Seir" por meio de Jesus; e uma terceira em
"Para" (Arábia) através de Maomé, que veio a Meca com um exército de "dez milhares" (SBTB).
SOLUÇÃO: Antes de mais nada, esta alegação pode ser facilmente respondida olhando-se um
mapa bíblico. Para e Seir acham-se perto do Egito, na península do Sinai (cf. Gn 14:6; Nm 10:12;
12:16-13:3; Dt 1:1), não na Palestina, onde Jesus ministrou. Nem Para era perto de Meca, mas
estava a centenas de quilômetros de distância, ao sul da Palestina, ao nordeste do Sinai.
Além disso, o versículo está falando da vinda do "Senhor" (não da de Maomé). Deus está
vindo com "dez milhares de santos" (Dt 33:2, SBTB), não com dez milhares de soldados, como o
fez Maomé. Não há base alguma neste texto para a alegação muçulmana.
Finalmente, esta profecia é apresentada como sendo "a bênção que Moisés, homem de Deus,
deu aos filhos de Israel, antes da sua morte" (v. 1). Se fosse uma profecia do islamismo, que tem
sido inimigo constante de Israel, dificilmente isso seria uma bênção para Israel. De fato, o capítulo
prossegue com as bênçãos de Deus para cada tribo de Israel, mostrando que Deus "lançará o
inimigo de diante de ti" (v. 27, SBTB).

DEUTERONÔMIO 34:1ss - Como este capítulo poderia ter sido escrito por Moisés, se ele fala
da sua morte?

PROBLEMA: Deuteronômio 34 é um registro da morte de Moisés no vale de Moabe. Entretanto, a
autoria do livro de Deuteronômio tradicionalmente tem sido atribuída a Moisés. Como ele poderia
ter escrito este capítulo que relata a sua própria morte e o seu enterro?
SOLUÇÃO: Primeiro, não é necessário concluir que Moisés não poderia ter escrito o seu próprio
obituário. Está perfeitamente dentro do poder de Deus revelar o futuro com todos os seus detalhes
(cf. Dn 2; 7; 9; 12). Não é irracional acreditar que o Espírito de Deus, através de Moisés, tenha
redigido este capítulo final. Se considerarmos que este capítulo foi escrito por Moisés ou por Josué
ou por outra pessoa, isso não implica que Moisés não tenha sido o autor do texto de Deuteronômio
ou dos quatro primeiros livros do Pentateuco.
Segundo, é perfeitamente razoável admitirmos que alguém, talvez Josué, tenha acrescentado
este capítulo final aos livros de Moisés como uma apropriada conclusão à vida desse grande homem
de Deus. Não é de todo uma prática incomum alguém acrescer um obituário ao fim do trabalho de
um grande homem. Isso é semelhante à prática de uma pessoa escrever um prefácio à obra de
outrem.

DEUTERONÔMIO 34:10 - Moisés foi um homem sem paralelo entre os demais profetas, ou
existiram outros como ele?

PROBLEMA: Este texto afirma que "nunca mais se levantou em Israel profeta algum como
Moisés". Entretanto, outros, como Elias e Eliseu, tiveram revelações de Deus e realizaram milagres,
tal como Moisés os fez (cf. 1 Rs 17:22; 2 Rs 1:10; 2:14; 4:34).
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, esta afirmativa é qualificada pela expressão "nunca mais",
referindo-se ao tempo em que tais palavras foram escritas, possivelmente por Josué, sucessor
imediato de Moisés (veja os comentários de Deuteronômio 34:lss). Além disso, mesmo que se
estenda o tempo para um período bem posterior, há ainda outra característica única com relação a
Moisés. O texto ainda acrescenta: "com quem o Senhor" tratou "face a face" (v. 10). Isso não
aconteceu com nenhum outro profeta humano desde a época de Moisés. Ele foi o grande
instrumento através de quem Deus enviou a Lei, falando-lhe de modo direto e com intimidade. Isso
não se repetiu até a vinda de Jesus, que também esteve face a face com Deus (Jo 1:1).

DEUTERONÔMIO 34:10 - Este versículo dá suporte à alegação muçulmana de que Jesus não
poderia ter sido o profeta predito (em Deuteronômio 18:18)?

PROBLEMA: Este versículo afirma que "nunca mais se levantou em Israel profeta algum como
Moisés". Os muçulmanos argumentam que isto prova que o profeta anunciado não poderia ser então
um israelita, mas, sim, Maomé.
SOLUÇÃO: Em resposta, algumas coisas poderiam ser observadas. Primeiro, o "nunca mais"
significa desde a morte de Moisés até o tempo em que este último capítulo foi escrito,
provavelmente por Josué (veja os comentários de Deuteronômio 34:lss). Mesmo que Deuteronômio
tenha sido escrito muito mais tarde, como acreditam alguns críticos, ainda assim ele teria sido
composto muitos séculos antes do tempo de Jesus e, portanto, não eliminaria Cristo.
Segundo, Jesus foi o perfeito cumprimento dessa profecia, e não Maomé (veja os
comentários em Deuteronômio 18:15-18).
Terceiro, este texto não poderia referir-se a Maomé, já que o profeta que viria seria como
Moisés, que fez "todos os sinais e maravilhas... por mando do Senhor" (Dt 34:11). Maomé,
conforme ele mesmo confessou, não realizou sinais e maravilhas como fizeram Moisés e Jesus (veja
Sura 17:90-93).
Finalmente, o profeta que viria seria como Moisés, que falou com Deus "face a face" (Dt
34:10). Maomé nunca alegou ter falado com Deus diretamente, mas obteve a sua revelação através
de anjos (cf. Surá 2:97). Jesus, por outro lado, como Moisés, foi um mediador direto (1 Tm 2:5; Hb
9:15), que se comunicava diretamente com Deus (cf. Jo 1:18; 12:49).

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