terça-feira, 5 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas - Josué


JOSUÉ

JOSUÉ 2:4-5 - Como Deus pôde abençoar Raabe, tendo ela mentido?

PROBLEMA: Ao chegar a Jericó, os espias buscaram refúgio na casa de Raabe. Quando o rei de
Jericó ordenou que Raabe entregasse os homens, ela mentiu dizendo que eles já haviam partido e
que ela não conhecia seu destino. Entretanto, quando Israel finalmente destruiu Jericó, Raabe e
todos os da sua família foram poupados. Como pôde Deus abençoar Raabe por mentir?
SOLUÇÃO: Alguns argumentam que não está claro que Deus tenha abençoado Raabe por ter
mentido. Certamente ele a salvou e abençoou por ter protegido os espias e ajudado na derrota de
Jericó. Entretanto, em nenhum lugar a Bíblia declara explicitamente que Deus abençoou Raabe por
ela ter mentido. Deus pode tê-la abençoado apesar da sua mentira, e não por causa disso. Na
verdade o ato de proteger os espias foi a demonstração de sua grande fé no Deus de Israel. Raabe
acreditou firmemente que Deus destruiria Jericó, e demonstrou sua fé ficando ao lado de Israel
contra o povo de Jericó, quando protegeu os espias de serem descobertos.
Outros insistem em dizer que Raabe enfrentou um real conflito de ordem moral. Era-lhe
impossível salvar os espias e ao mesmo tempo dizer a verdade aos soldados do rei. Sendo assim,
Deus não lhe imputaria a responsabilidade por esse inevitável conflito moral. Certamente uma
pessoa não pode ser tida como responsável por não cumprir uma lei menor de forma a cumprir uma
obrigação maior. A Bíblia ordena a obediência ao governo de um país (Rm 13:1; Tt 3:l; 1 Pe 2:13),
mas há muitos exemplos de justificada desobediência civil, quando o governo atua no sentido de
compelir a prática da injustiça (Êx 5; Dn 3,6; Ap 13). O caso das parteiras hebréias, que mentiram
para salvar a vida dos meninos israelitas é talvez mais claro neste sentido (veja os comentários de
Êx 1:15-21).

JOSUÉ 3:17 - Israel atravessou o Jordão no tempo em que esta passagem foi escrita, ou não?

PROBLEMA: De acordo com Josué 3:17, o povo atravessou o Jordão a pé enxuto. Entretanto, os
versículos 4:5, 10-11 dão a entender que eles não tinham ainda atravessado o rio. Como conciliar
isso?
SOLUÇÃO: Josué registra que os sacerdotes que estavam levando a arca da aliança pararam no
meio do rio enquanto o povo atravessava a pé enxuto (3:17). O capítulo 4 começa com a afirmação:
"Tendo, pois, todo o povo passado o Jordão, falou o Senhor a Josué". A passagem então continua a
descrever como Josué, seguindo o mandamento do Senhor, ordenou que doze homens, um de cada
tribo, voltasse até o lugar onde os sacerdotes ainda permaneciam com a arca para tomar doze pedras
do meio do leito do rio.
Os versículos 10 e 11 descrevem como os sacerdotes, que carregavam a arca da aliança,
finalmente deixaram o lugar em que se encontravam no meio do leito do rio, depois de cumprido
tudo o que o Senhor havia ordenado a Josué.

JOSUÉ 6:lss - A arqueologia não mostrou que este relato da conquista de Jerico é incorreto?

PROBLEMA: Josué 6 narra a conquista e a destruição da cidade de Jericó. Se esta narrativa é
correta, então as escavações arqueológicas deveriam ter revelado alguma evidência daquele
monumental acontecimento. Entretanto, tais investigações não demonstraram que o relato de Josué
é incorreto?
SOLUÇÃO: Por muitos anos a posição prevalecente entre os críticos eruditos foi que não houve
uma cidade de Jericó no tempo em que se admite que Josué entrou em Canaã. Embora investigações
mais recentes feitas pela notável arqueóloga britânica Kathleen Kenyon tenham confirmado a
existência da antiga cidade de Jericó e sua repentina destruição, suas descobertas levaram-na a
concluir que a cidade não poderia ter existido posteriormente ao ano de 1550 a.C. Tal data é muito
anterior ao tempo em que Josué e os filhos de Israel poderiam tomar parte na destruição da cidade.
Entretanto, um recente reexame dessas descobertas e um estudo mais cuidadoso das
evidências atuais indicam que não somente houve uma cidade que se enquadra perfeitamente na
cronologia bíblica, mas também que suas ruínas coincidem com o relato bíblico da destruição
daquela fortaleza murada. Num trabalho publicado na Biblical Archaeology Review ( Revisão
Arqueológica Bíblica ), em março/abril de 1990, Bryant G. Wood, professor visitante do
Departamento de Estudos do Oriente Próximo da Universidade de Toronto, apresentou provas de
que o relato bíblico é correto. Sua investigação detalhada levou às seguintes conclusões:
1. A cidade que existia naquele lugar era muito fortificada, correspondendo ao relato bíblico de
Josué 2:5, 7,15; 6:5, 20.
2. As ruínas dão evidência de que a cidade foi atacada na primavera, depois do tempo da colheita, o
que está de acordo com Josué 2:6; 3:15; 5:10.
3. Os habitantes não tiveram a oportunidade de fugir do exército invasor com os gêneros
alimentícios que tinham armazenados, como registrado em Josué 6:1.
4. O cerco à cidade teve curta duração, não permitindo que os habitantes consumissem os alimentos
que estavam armazenados na cidade, como dá a entender Josué 6:15.
5. Os muros estavam nivelados de maneira a propiciar o acesso à cidade pelos invasores, da forma
como descreve Josué 6:20.
6. A cidade não foi saqueada pelos invasores, de acordo com as instruções dadas por Deus a Josué
(6:17-18).
7. A cidade foi queimada depois da destruição das muralhas, tal como diz Josué 6:24.

JOSUÉ 6:21 - Como pode a total destruição de Jericó ser moralmente justificada?

PROBLEMA: Esta passagem afirma: "Tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente ao fio
de espada, assim o homem como a mulher, assim o menino como o velho, também o boi, as ovelhas
e o jumento". Mas como se pode justificar uma destruição tão cruel de vidas inocentes e de
propriedades?
SOLUÇÃO: Primeiro, os cananeus não eram nada "inocentes". A descrição de seus pecados em
Levítico 18 é impressionante: "E a terra se contaminou; e eu visitei nela a sua iniqüidade, e ela
vomitou os seus moradores" (v. 25). Eles estavam totalmente perdidos em sua imoralidade,
"contaminados" com todo tipo de "abominações", até mesmo com o sacrifício de crianças (vv. 21,
24, 26).
Segundo, não podemos esquecer que Deus tinha dado ao povo da Palestina mais de 400 anos
para que se arrependesse de sua impiedade. Ele teve toda oportunidade de se converter de sua
iniqüidade. De acordo com Gênesis 15:16, Deus disse a Abraão que em 400 anos os seus
descendentes voltariam para herdar aquela terra, mas que a iniqüidade do povo ainda não se havia
completado. Essa afirmação profética indica que Deus não destruiria o povo daquela terra, inclusive
os que moravam em Jericó, até que seus pecados os fizessem merecedores de uma completa
destruição como juízo de Deus.
Terceiro, quanto à matança de crianças, convém observar o seguinte: (1) Dado o estado canceroso
da sociedade em que nasceram, elas não tinham chance alguma de evitar sua fatal contaminação. (2)
As crianças que morrem antes da idade em que já são responsáveis vão para o céu (veja os
comentários de 2 Sm 12:23). Foi um ato da misericórdia de Deus, tomá-las de um ambiente tão
pervertido para sua santa presença. (3) Deus é soberano sobre a vida (Dt 32:39; Jó 1:21) e pode
determinar o fim dela de acordo com a sua vontade e tendo em vista o bem final da criatura.
Quarto, Josué e o povo de Israel estavam agindo de acordo com o comando direto de Deus,
não sob sua própria iniciativa. A destruição de Jericó foi realizada pelo exército de Israel, que foi
usado pelo justo Juiz de toda a terra como instrumento de juízo sobre os pecados daqueles povos.
Conseqüentemente, quem quer que questione a justiça desse ato está na verdade questionando a
justiça de Deus.
Quinto, era necessário exterminar completamente a cidade e o seu povo, sem deixar nada de
fora. Se alguma coisa tivesse permanecido, exceto o que foi levado à casa do tesouro do Senhor,
sempre haveria a ameaça de uma influência pagã para fazer o povo desviar-se da adoração pura ao
Senhor. Às vezes, uma cirurgia radical é necessária para exterminar completamente um câncer
mortal do corpo de uma pessoa.

JOSUÉ 7:15, 24 - Deus foi justo ao punir a família de Acã junto com ele?

PROBLEMA: Quando Acã cometeu um crime passível da pena de morte perante Deus, a Bíblia
diz que seus filhos foram apedrejados junto com os pais "por todo o Israel", que, "depois de
apedrejá-los, queimou-os" (v. 25). Contudo, as Escrituras declaram que Deus não pune os filhos
pelos pecados de seus pais (Ez 18:20), nem destrói o justo com o ímpio (Gn 18:23).
SOLUÇÃO: Há duas respostas para este problema.
Alguns argumentaram que os filhos de Acã não sofreram a pena de morte junto com ele, mas
simplesmente foram trazidos até o local da punição, para que o evento lhes servisse de advertência.
Em favor disso, várias observações são feitas A primeira é que em parte alguma do texto é dito que
alguém mais, além de Acã, tenha também cometido o crime. Deus declara que será tido como
culpado "aquele que for achado com a cousa condenada" (v. 15). Também, somente Acã confessou:
"Verdadeiramente pequei contra o Senhor" (v. 20) e "cobicei os" (v. 21).
A segunda é que o texto declara que "Israel o apedrejou" (v. 25). A referência a "queimouos"
(v. 25) refere-se à prata, ao ouro e à capa que ele tinha tomado (veja vv. 21 e 24).
A terceira observação feita é que apedrejar toda a família de Acã por esse crime seria uma clara
violação da lei do AT, que diz enfaticamente que "o filho não levará a iniqüidade do pai" (Ez 18:20).
O problema mais sério com esta posição é que o versículo 25 diz "e, depois de apedrejá-los,
queimou-os". Apedrejar objetos sem vida é algo que não faz muito sentido. Pelo contrário, isso
parece ser uma referência a Acã e à sua família.
Outra posição reconhece que a família de Acã foi apedrejada com ele, mas argumenta que
eles eram cúmplices no crime, e assim foram punidos por seus próprios pecados, não pelo de Acã.
Esta posição observa o seguinte:
Primeiro, argumenta-se que seria altamente improvável Acã ter feito o que fez e escondido o
material roubado na tenda da família sem que os familiares ficassem sabendo.
Segundo, a culpa da família fica precisamente explícita porque ela toda foi punida. Como
era proibido punir alguém pelos pecados de outrem, a família deve ter pecado junto com ele, pois
em caso contrário os familiares não teriam sido punidos também.
Terceiro, Deus tem o direito de tomar a vida, já que foi ele quem a deu (Dt 32:39). Jó
corretamente declarou: "o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!" (Jó
1:21).
Quarto, não é feita referência alguma a crianças pequenas na família de Acã; porém, mesmo
que houvesse, Deus tem a soberania e o direito de tomá-las, e às vezes o faz por meio de
enfermidades, sem que haja qualquer implicação de que elas sejam culpadas. Além disso, os pais
sendo mortos, as crianças ficariam sem estes para as cuidarem. Seria um ato de maior misericórdia,
por parte de Deus, levá-las para junto de si. Isso porque as crianças que morrem antes da idade em
que são responsáveis são salvas (veja os comentários de 2 Samuel 12:23); não há problema quanto
ao seu destino eterno.

JOSUÉ 8:30 - Como justificar o altar feito por Josué no monte Ebal, se a Bíblia claramente
condena a construção de "lugares altos"?

PROBLEMA: Josué 8:30 registra que Josué edificou um altar ao Senhor no monte Ebal e ofereceu
ali holocaustos ao Senhor e apresentou ofertas pacíficas. Entretanto, muitas passagens indicam que
a construção de lugares altos era condenada por Deus (1 Rs 12:31; 15:14; etc). Como justificar
então o altar de Josué à luz da condenação feita por Deus à construção de lugares altos?
SOLUÇÃO: Os lugares altos que foram mais tarde condenados por Deus não eram altares
construídos para o Senhor, nem construídos de acordo com os requisitos estabelecidos em
Deuteronômio 27:5-6. Tais lugares altos eram geralmente lugares elevados que eram usados para a
adoração de falsos deuses. Em contraste, Josué 8 estabelece que o altar foi construído "como
Moisés, servo do Senhor, ordenara aos filhos de Israel" (Js 8:31). De fato, Deuteronômio 27:2-8
registra que Moisés ordenou que o povo de Israel construísse um altar no monte Ebal, como sinal de
seu compromisso com a aliança e com os mandamentos do Senhor. A construção desse altar por
Josué não apenas seguiu tudo o que havia sido estabelecido quanto a como ele deveria ser
construído, mas foi realizado de fato em obediência ao que Moisés havia ordenado.

JOSUÉ 9:lss - Por que os filhos de Israel honraram a aliança que tinham feito com os
gibeonitas, mesmo depois de descobrirem que tinham sido enganados?

PROBLEMA: Josué 9 registra como os gibeonitas enganaram Israel, fazendo-os pensar que esse
povo era de uma terra distante, e não uma nação da terra que Deus tinha ordenado que destruíssem.
Assim, Josué e todo o Israel entraram em aliança com eles para não destruí-los. Entretanto, ao
descobrirem que os gibeonitas os tinham enganado e que eles eram na verdade uma nação que Deus
tinha mandado que fosse destruída, por que Israel não ignorou aquela aliança, exterminando os
gibeonitas como Deus ordenara originalmente?
SOLUÇÃO: Talvez, sob outras circunstâncias, a aliança feita por Josué e Israel poderia ser
anulada, devido à descoberta da fraude. Entretanto, tal aliança havia sido celebrada com base num
solene ato de juramento, feito no nome do Senhor Deus de Israel (v. 18). Essa infeliz situação
aconteceu com Israel porque eles "não pediram conselho ao Senhor" (v.14). Por terem se amarrado
com o juramento que fizeram no nome do Senhor, eles não puderam romper a aliança com os
gibeonitas. Embora eles tenham se tornado servos do povo de Israel, sempre foram uma permanente
fonte de problemas na história de Israel.

JOSUÉ 10:12-14 - Como poderia o sol ficar parado durante um dia inteiro?

PROBLEMA: Durante a batalha com os reis da terra, Deus deu a Israel o poder de vencer seus
inimigos. Como os exércitos dos povos da terra fugiam de Israel, Josué foi até o Senhor, pedindolhe
que fizesse com que o sol permanecesse parado de forma que assim eles pudessem ter luz do dia
suficiente para completar a destruição de seus inimigos. Mas como o sol poderia ficar parado no céu
por um dia inteiro?
SOLUÇÃO: Primeiro, não é necessário concluir que a rotação da terra tenha ficado totalmente
parada. O versículo 13 estabelece que o sol "não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro". Isto
pode indicar que a rotação da terra não parou completamente, mas que foi retardada a uma
velocidade tal que o sol não se pôs senão depois de quase um dia inteiro. Ou é possível que Deus
tenha feito com que a luz do sol se refletisse por meio de algum "espelho" cósmico, de forma que
isso resultasse num dia bem mais longo.
Mesmo que a rotação da terra tenha parado totalmente, temos de lembrar que Deus não é
capaz apenas de interromper a rotação da terra por um dia todo, como também de anular quaisquer
possíveis efeitos catastróficos que eventualmente disso resultassem. Embora não seja necessário
nem mesmo que saibamos como foi que Deus fez acontecer tal evento miraculoso, o fato é que
sabemos que Ele fez isso.
Finalmente, a Bíblia emprega uma linguagem comum, referindo-se às coisas como um
observador as descreveria. Assim, na realidade não foi o sol que parou; foi isso, porém, o que
aparentou a quem tenha observado o evento (veja na Introdução, "Erro Número 12").

JOSUÉ 11:18 - Canaã foi conquistada rapidamente, ou apenas de maneira gradual?

PROBLEMA: Este versículo declara que "por muito tempo Josué fez guerra contra todos estes
reis". Mas anteriormente (Js 10:42) é dito: "E duma vez tomou Josué todos estes reis e as suas
terras".
SOLUÇÃO: Estes dois textos referem-se a diferentes reis em tempos diferentes. A primeira
passagem fala da campanha ao sul, que não demorou muito. Mas o outro versículo refere-se às
batalhas ao norte, que duraram muito mais tempo.

JOSUÉ 12:1-24- Esses reis foram vencidos quando esta passagem foi escrita, ou somente num
tempo posterior?

PROBLEMA: O texto declara: "São estes os reis da terra aos quais Josué e os filhos de Israel
feriram" (v. 7). Entretanto, muitas dessas cidades não foram capturadas senão bem mais tarde (cf.
Josué 15:63; 17:12; Jz 1:22, 29).
SOLUÇÃO: Há uma diferença entre ferir o exército de um rei no campo de batalha e
posteriormente destruir a sua cidade principal. Uma vez derrotados numa batalha, o rei e suas
tropas remanescentes se retiravam indo para a sua fortaleza, onde era muito mais difícil destruí-los.
Uma vitória imediata e uma conquista permanente são duas coisas bem diferentes. Assim
entendido, não há absolutamente contradição alguma entre os textos em questão.

JOSUÉ 13:9-12 - Qual era realmente a fronteira oriental da Terra Prometida?

PROBLEMA: Deus prometeu a Abraão: "A tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito
até ao grande rio Eufrates" (Gn 15:18; cf. Dt 11:24). Entretanto, quando Josué dividiu a terra que
Israel herdou, as suas fronteiras não se referiam ao rio Eufrates, mas a cidades ao seu oeste (Js 13:9-
12).
SOLUÇÃO: Josué simplesmente estava dividindo a terra que tinha sido tomada pelos israelitas,
não toda a terra que lhes havia sido dada por Deus. Muito embora as forças de Josué tenham
conquistado a terra como um todo (Js 11:23), obviamente eles não ocuparam a terra integralmente
(cf. Jz 1:27-36). Bem mais tarde, nos dias de Davi, eles ainda estavam expandindo as fronteiras em
direção ao Eufrates (2 Sm 8:3). Isso revela que eles tinham ciência dessa repetida promessa (cf. Gn
15:18; Dt 1:7; 11:24) de que sua terra abrangeria toda a extensão até o Eufrates, no Oriente. Com
efeito, até mesmo Josué menciona esta fronteira ao repetir a promessa a Israel (Js 1:4).

JOSUÉ 18:28 - Jerusalém ficava no território de Benjamim ou no de Judá?

PROBLEMA: Josué 15:8 menciona Jerusalém como estando em Judá, mas segundo Josué 18:28
ela pertencia a Benjamim.
SOLUÇÃO: Pode-se dizer que as duas colocações estão corretas. Alguns eruditos apontam para
uma tradição judaica que afirma que os altares e o santuário estavam em Benjamim, enquanto que
os pátios do templo permaneciam em Judá. Seja como for, a cidade ficava realmente dentro dos
limites do território de Benjamim, mas ficava também na fronteira de Judá. Assim, pode-se dizer
que Jerusalém ficava nas duas tribos.

JOSUÉ 19:2-7 - As cidades relacionadas nesta passagem ficavam no território de Judá ou no
de Simeão?

PROBLEMA: Segundo Josué 19:2-7, essas cidades ficavam na terra de Simeão; mas de acordo
com Josué 15:26-32, elas se localizavam em Judá.
SOLUÇÃO: A herança de Simeão caía dentro dos limites de Judá (Js 19:1, 9). Assim, não é
incorreto falar dessas cidades como estando em qualquer uma dessas duas tribos.

JOSUÉ 23:16 - A promessa da terra feita por Deus a Israel era uma promessa condicional ou
 incondicional?

PROBLEMA: Quando Deus deu a Terra Prometida a Abraão (Gn 12-15), a Isaque (Gn 26) e a Jacó
(Gn 46), não havia condições. Foi uma aliança incondicional ("eu os abençoarei"), sem condições
(do tipo "se vocês fizerem isso e isso"), pelo que Deus jurou com toda a sua natureza imutável (cf.
Hb 6:13-18). Entretanto, posteriormente, tanto Moisés (Dt 31:16-17) como Josué (23:16) falam que
Deus tiraria Israel da terra se eles pecassem contra ele.
SOLUÇÃO: Há duas maneiras pelas quais os eruditos procuram responder a esta questão levantada
pelos críticos: uma espiritual e outra literal.
Cumprimento Espiritual na Igreja. Alguns declaram que a promessa de Deus não se cumpre
literalmente em Israel, mas sim na Israel espiritual, ou seja, na igreja. Apelam aos versículos que
chamam os crentes de "Israel de Deus" (Gl 6:16) e "descendentes de Abraão" (Gl 3:29). Apontam
para Romanos 11, que diz que Israel, como uma oliveira, teve seus ramos "quebrados" por causa de
sua rejeição ao Messias (v. 17). Assim, embora o Israel literal tenha pecado, Deus não obstante
manterá sua aliança com Abraão através dos crentes do NT, que incondicionalmente foram eleitos
em Cristo (Ef 1:4).
Futuro Cumprimento Literal em Israel. Outros eruditos bíblicos consideram que as
promessas feitas aos descendentes de Abraão quanto à possessão eterna daquela terra são de
cumprimento literal, apontando para um futuro cumprimento, que se dará quando Cristo retornar à
terra para reinar (cf. Mt 19:28; Ap 19-20). Em apoio a esta posição, observam-se os seguintes
pontos:
Primeiro, as promessas de possessão da terra "para sempre" (veja (Gn 13:15) até hoje não se
cumpriram.
Segundo, diferentemente da aliança feita com Moisés (Êx 19:1-8), esta foi uma aliança
incondicional, baseada no caráter imutável de Deus (cf. Gl 3;18; Hb 6:17-18). Assim, Deus tem de
cumpri-la literalmente, com o povo com o qual ela foi estabelecida, ou então Deus estaria
quebrando sua promessa incondicional - e neste caso ele não seria Deus.
Terceiro, não é na igreja do NT que se cumpre a promessa de uma terra permanente feita a
Israel (literalmente), nela se cumprem apenas as promessas de receber as bênçãos da salvação por
meio da semente de Abraão, que é Jesus (cf. Gl 3:16, 29).
Quarto, o NT não poderia ser o cumprimento dessas promessas incondicionais feitas aos
descendentes de Abraão, porque ele fala delas como sendo ainda para o futuro. Paulo não falou
somente com respeito aos ramos da nação de Israel sendo quebrados, mas falou também de que eles
serão "enxertados... de novo" e assim todo o Israel "será salvo" ( Rm 11:23, 26), Com efeito, o livro
do Apocalipse fala de "cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos... de Israel" (Ap 7:4). Os que
advogam esta posição observam também que a palavra "tribo" nunca é empregada com um sentido
espiritual nas Escrituras.
Finalmente, as Escrituras fazem uma clara distinção entre as alianças incondicionais (por
exemplo, a que foi feita com Abraão), e as que são condicionais (por exemplo, a lei de Moisés).
Paulo disse aos gálatas com clareza: "Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de
promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão" (Gl 3:18). Em vista
dessa interpretação literal, toda palavra de não-cumprimento de uma aliança refere-se à aliança
condicional feita com Moisés (Êx 19), ou então é uma mera exortação, relacionada com a
temporária demora do cumprimento da aliança feita com Abraão (Js 23:16).

JOSUÉ 24:26 - O santuário originalmente ficava em Siquém ou em Silo?

PROBLEMA: De acordo com Josué 24:25-26 (cf. v. 1), em Siquém "Josué tomou uma grande
pedra, e a erigiu ali debaixo do carvalho, que estava em lugar santo do Senhor" (v. 26), mostrando
que o santuário estava em Siquém. Mas anteriormente, em Josué 19:51 (e também em 1 Samuel
3:21 e 4:3), é dito que ele estava em Silo.
SOLUÇÃO: O termo "santuário" (miqdash) significa simplesmente "lugar santo". Não é uma
referência ao "tabernáculo"(mishkan), onde a arca da aliança permanecia, mas apenas a um local
sagrado, como foram os lugares consagrados por Abraão (cf. Gn 12:6-7) e por Jacó (Gn 33:19-20;
35:2-3). O tabernáculo ficava em Silo, como o próprio Josué confirmara anteriormente neste mesmo
livro (Js 18:1).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo! Por favor, nada de ofensas, zombaria, blasfêmias, sejamos civilizados :)