quinta-feira, 7 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- Lucas 3


LUCAS 3





LUCAS 24:23 - As aparições de Jesus depois da ressurreição eram físicas ou eram meras
visões?

PROBLEMA: Jesus referiu-se ao seu corpo ressurreto como tendo carne e ossos (Lc 24:39). Ele
comeu alimentos físicos (v. 42) e foi tocado por mãos humanas (Mt 28:9). Mas Lucas refere-se a
uma "visão", o que implica que não era uma aparição física. Alguns também apontam para o fato de
que aqueles que estavam com Paulo, quando ele passou por aquela experiência no caminho de
Damasco, não viram Cristo (veja tf 9:7).
SOLUÇÃO: As aparições de Jesus após sua ressurreição foram literais, foram aparições de um
corpo físico. Isso é evidente por várias razões. Primeiro, a passagem de Lucas (24:23) não se refere
a uma visão de Cristo, mas tão-somente àquelas mulheres vendo anjos no sepulcro, e não a uma
aparição de Cristo. Os Evangelhos nunca falam de uma aparição de Jesus após a ressurreição como
sendo uma visão, nem o faz Paulo em sua lista de 1 Coríntios 15.
Segundo, os encontros com Cristo após a ressurreição são descritos por Paulo como
aparições literais (1 Co 15:5-8), não como visões. A diferença entre uma mera visão e uma aparição
física é significativa. As visões são de realidades invisíveis, espirituais, tal como Deus e os anjos.
As aparições, por outro lado, são de objetos físicos que podem ser vistos ie olhos abertos. As visões
não têm manifestações físicas a elas associadas, mas as aparições têm.
As pessoas, às vezes, "vêem" ou "ouvem" coisas em suas visões (Lc 1:1 lss; At 10:9ss), mas
não com os seus puros sentidos físicos. Quando acontece de alguém ver anjos com os seus olhos
físicos, ou ter algum contato físico com eles (Gn 18:8; 32:24; Dn 8:18), não se trata de uma visão,
mas de uma aparição real de anjos no mundo físico. Nessas aparições, os anjos assumem
temporariamente uma forma visível e depois retornam ao seu estado normal, invisível. Entretanto,
as aparições de Jesus após a ressurreição foram experiências em que Cristo foi visto a olho nu em
sua permanente e visível forma física. De qualquer forma, há uma significativa diferença entre uma
simples visão e uma aparição física.
VISÃO APARIÇÃO
De uma realidade espiritual
Não há manifestações físicas
Daniel 2; 7
2 Coríntios 12
De um objeto físico
Há manifestações físicas
1 Coríntios 15
Atos 9
Terceiro, certamente a maneira mais comum de se referir a um encontro com o Cristo
ressurreto é usando a palavra "aparição". As aparições foram acompanhadas de manifestações
físicas, tais como a voz audível de Jesus, as feridas da crucificação em seu corpo físico, sensações
físicas (como o toque) e o fato de alimentar-se em três ocasiões. Esses fenômenos não são
meramente subjetivos ou do interior da pessoa, eles envolvem uma realidade física, exterior.
Finalmente, a posição discordante de que a experiência de Paulo teria sido uma visão -
porque os que estavam com ele não viram Cristo -não tem fundamento, já que seus companheiros
viram a luz e ouviram o som, tal como Paulo, mas apenas este olhou para a luz, e somente ele viu
Jesus.

LUCAS 24:31a - Depois de uma aparição, Jesus desaparecia repentinamente diante de seus
discípulos, desmaterializando-se?

PROBLEMA: Jesus podia não apenas aparecer de repente depois de sua ressurreição (cf. Jo
20:19), como também desaparecer instantaneamente. Será isso uma evidência, como alguns críticos
alegam, de que Jesus se desmaterializava nessas ocasiões?
SOLUÇÃO: Jesus ressuscitou com o mesmo corpo físico, embora glorificado, com o qual morrera.
Tal corpo é uma importante característica de sua permanente humanidade tanto antes (cf. Jo 1:18)
como depois (Lc 24:39; 1 Jo 4:2) de sua ressurreição.
Primeiro, o fato de que ele podia aparecer e desaparecer rapidamente não diminui a sua
humanidade, mas a intensifica. Isso revela que, tendo o corpo ressurreto mais poderes do que o
corpo anterior à ressurreição, ele não era nada menos do que físico. Isto é, não deixou de ser um
corpo material, muito embora pela ressurreição tenha ganho poderes além dos que têm os meros
corpos físicos.
Segundo, é da própria natureza do milagre ser imediato, em oposição ao processo gradual
natural. Quando Jesus tocou a mão de um certo homem, "imediatamente ele ficou limpo da sua
lepra" (Mt 8:3). Da mesma forma, com o comando de Jesus, o paralítico "no mesmo instante,
tomando o leito, retirou-se à vista de todos" (Mc 2:10-12). Quando Pedro proclamou que o coxo de
nascença fosse curado, "imediatamente, os seus pés e tornozelos se firmaram; de um salto se pôs
em pé, passou a andar ..."(At 3:7-8).
Terceiro, Filipe foi imediatamente trasladado da presença do eunuco etíope, com o seu
corpo físico, ainda não ressurreto. O texto diz que, depois de batizar o eunuco, "o Espírito do
Senhor arrebatou a Filipe, não o vendo mais o eunuco"(At 8:39). Num momento Filipe foi visto
com o eunuco; no momento seguinte ele de repente e miraculosamente desapareceu e veio a
aparecer noutra cidade (At 8:40). Tal fenômeno não necessita de um corpo imaterial. Portanto, as
aparições e os desaparecimentos repentinos não são provas do imaterial, mas sim do sobrenatural.

LUCAS 24:31b - Se Jesus tinha o mesmo corpo físico depois da sua ressurreição, por que os
seus discípulos não o reconheceram?

PROBLEMA: Aqueles dois discípulos andaram com Jesus, falaram com çle, comeram com ele e,
entretanto, não o reconheceram. Outros discípulos tiveram a mesma experiência (veja os versículos
abaixo). Se Jesus ressuscitou com o mesmo corpo físico (cf. Lc 24:39; Jo 20:27), então por que ele
não foi reconhecido?
SOLUÇÃO: Jesus ressuscitou precisamente com o mesmo corpo de carne e ossos que ele tinha
quando morreu (veja os comentários de 1 Corín-ios 15:37). Foram várias as razões por que ele não
foi imediatamente econhecido por seus discípulos:
1. Estupidez - Lucas 24:25-26
2. Incredulidade - João 20:24-25
3. Desapontamento - João 20:11-15
4. Temor - Lucas 24:36-37
5. Escuridão - João 20:1,14-15
6. Distância - João 21:4
7. Roupas diferentes - João 19:23-24; cf. 20:6-8
Note, entretanto, duas coisas importantes: o problema foi apenas temporário, e antes que
Jesus desaparecesse a cada vez eles estavam absolutamente convencidos de que era o mesmo Jesus,
com o mesmo corpo físico de carne, ossos e cicatrizes que possuía antes da ressurreição! E eles
saíram de sua presença para pôr o mundo de cabeça para b!aixo, destemidos diante da morte,
porque não tinham a mínima dúvida de que Jesus vencera a morte com o mesmo corpo físico com o
qual havia passado por ela.

LUCAS 24:34 - Jesus era invisível aos olhos mortais antes e depois de suas aparições?

PROBLEMA: A frase "ele apareceu" significa "ele se tornou visível" para eles (cf. 1 Co 15:5-8).
Jesus desaparecia também (Lc 24:31). Com isso, há quem considere que ele não era
necessariamente material, mas que apenas se materializava quando aparecia aos seus discípulos e se
desmaterializava quando desaparecia. Entretanto, outras passagens declaram que Jesus teve em todo
tempo o mesmo corpo material de carne e ossos com o qual morreu (Lc 24:39; Jo 20:27).
SOLUÇÃO: Que o corpo ressurreto de Jesus era um corpo essencialmente material, está bem claro
a partir dos seguintes fatos. Primeiro, o corpo ressurreto de Cristo podia ser visto a olhos abertos
durante suas aparições. Elas são descritas com a palavra horaõ ("ver"). Embora essa palavra às
vezes seja usada com o sentido de ver realidades invisíveis (cf. Lc 1:22; 24:23), com freqüência o
seu sentido é o de ver com os olhos abertos.
João, por exemplo, emprega a mesma palavra (horaõ) quando diz que pessoas viram Jesus
com seu corpo terreno antes da ressurreição (6:36; 14:9; 19:35) e quando o viram com o corpo
ressurreto (20:18, 25, 29). Já que a mesma palavra para "corpo" (soma) é usada com referência a
Jesus antes e depois da ressurreição (cf. 1 Co 15:44; Fp 3:21), e desde que a mesma palavra para
"ver" (horaõ) é empregada nas duas ocasiões, não há razão para crer que o corpo ressurreto não
tenha sido literalmente o mesmo corpo natural de Jesus.
Além disso, mesmo na frase "ele se deixou ser visto" (tempo aoristo passivo, ophthè, o
sentido é que Jesus tomou a iniciativa de se mostrar aos discípulos, não que ele estivesse
necessariamente invisível. A mesma forma ("Ele [eles] apareceu [apareceram]") é usada no AT
grego (2 Cr 25:21), num livro apócrifo (1 Macabeus 4:6), e no NT (At 7:26) a respeito de meros
seres humanos aparecendo em corpos físicos normais.
Nessa forma passiva, a palavra significa dar início a uma aparição em público, mover-se de
um lugar em que a pessoa não está sendo vista para outro em que seja vista. Não significa
necessariamente que esteja expressando que algo invisível por natureza tenha se tornado visível.
Antes, o significado geralmente é mais "vir para onde possa ser visto".
Não há razão alguma, portanto, para entender que tal expressão esteja se referindo a alguma
coisa naturalmente invisível que tenha se tornado visível, como alguns querem. Se assim fosse, isso
significaria que aqueles seres humanos, em seus corpos antes da ressurreição, eram essencialmente
invisíveis antes de serem vistos por outras pessoas.
Ainda, o mesmo evento que é descrito pela expressão "ele apareceu" ou "que ele seja visto"
(aoristo passivo), tal como a aparição a Paulo (1 Co 15:8), é descrito também na voz ativa. Paulo
escreveu acerca dessa mesma experiência em 1 Co 9:1: "Não vi Jesus, nosso Senhor?". Mas se o
corpo ressurreto pode ser visto por um olho aberto, então ele não é invisível até que se faça visível
por alguma pretendida "materialização".
Jesus desapareceu diante de seus discípulos também em outras ocasiões (veja Lc 24:51; At
1:9). Mas se ele podia desaparecer de repente, assim como aparecer, então sua capacidade de
aparecer não pode ser tomada como evidência de que o seu corpo ressurreto era essencialmente
invisível. Pela mesma razão sua capacidade de desaparecer de repente poderia então ser usada como
evidência de que ele era essencialmente material e que de súbito podia tornar-se imaterial.
Finalmente, há muitas outras explicações racionais para o destaque dado às aparições que
foram da iniciativa do próprio Jesus. Em primeiro lugar, elas eram a prova de que tinha vencido a
morte (At 13:30-31; 17:31; Rm 1:4). Jesus disse: "Eu sou ... aquele que vive; estive morto, mas eis
que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno" (Ap 1:18; cf. Jo
10:18). A tradução "foi visto" (1 Co 15:5ss) é um modo perfeitamente adequado para expressar o
seu triunfo, de sua própria iniciativa. Ele foi soberano sobre a morte assim como sobre suas
aparições após a ressurreição.
Há que se acrescentar ainda que ninguém presenciou o momento histórico em que a
ressurreição ocorreu. Mas o fato de Jesus ter aparecido repetidamente com o mesmo corpo por
cerca de quarenta dias
(At 1:3) a mais de 500 pessoas diferentes (1 Co 15:6), em doze diferentes ocasiões, isso é uma
incontestável evidência de que ele realmente levantou-se, com seu corpo físico, de entre os mortos.
Em resumo, a razão para o destaque nas várias aparições de Cristo não é porque o corpo
ressurreto era essencialmente invisível e imaterial, mas antes para mostrar que ele era mesmo
material e imortal. Sem o túmulo vazio e sem as repetidas aparições do mesmo corpo, que nele
estivera enterrado, não haveria prova da ressurreição. Portanto, não é de todo surpreendente que a
Bíblia tão fortemente destaque as muitas aparições de Cristo. Elas são a prova real da ressurreição
física que ocorreu.

LUCAS 24:44 - O AT foi dividido pelos judeus dos dias de Jesus em duas ou em três partes?

PROBLEMA: A Bíblia dos judeus é dividida em três seções: a Lei, os Profetas e os Escritos.
Muitos crêem que Jesus está se referindo a essa tríplice divisão, na frase: "na Lei de Moisés, nos
Profetas e nos Salmos". Entretanto, no NT a forma padrão de referência a todo o AT por Jesus e
pelos autores do NT é com a frase: "a lei e os profetas" (cf. Mt 5:17; Lc 24:27). Qual é correta?
SOLUÇÃO: A mais antiga referência às divisões ou seções do AT é a que estabelece duas partes: a
Lei e os Profetas. Isso é verdade durante o período do exílio judeu (século VI a.C), tal como
indicado por Daniel (9:2, 11, 13), e também depois do exílio (Zc 1:4; 7:7,12; cf. Ml 4:4,5).
Referências ao AT continuaram entre o AT e o NT nos apócrifos (1 Macabeus 4:45; 9:27; 2
Macabeus 15:9), bem como na comunidade Qumran (Manual de Disciplina 9.11). Também, como
indicado, essa é a forma padrão de se referir às divisões do AT no NT (cf. Mt 5:17; Lc 24:27).
Além disso, essa frase - "a lei e os profetas" - incluía todo o AT (todos os 39 livros), já que
Jesus disse que se referia a "todas as Escrituras" (Lc 24:27). Incluía então tudo o que Deus tinha
revelado por intermédio dos profetas até João Batista (Mt 11:13). De fato, a maneira enfática com
que Jesus referiu-se a "um i ou um til" do AT, que não passariam jamais da lei e dos profetas (Mt
5:17-18), indica que ele estava se referindo a todo o AT.
Entretanto, aparentemente havia uma antiga alternativa de se dividir "os profetas" em duas
seções, que vieram a ser conhecidas como "profetas e escritos". O prólogo do Eclesiástico (cerca de
132 a.C.) emprega uma divisão tríplice, assim como o fez o filósofo judeu Filo (cerca de 40 a.D.).
Assim também o fez o historiador Josefo (37-100 a.D.) um pouco depois do tempo de Jesus
(Contra Apion, 1.8), muito embora ele não tenha colocado exatamente os mesmos livros na sua
divisão, como mais tarde o fizeram grupos judeus.
A moderna e tríplice classificação em Lei, Profetas e Escritos encontrada nas Bíblias
judaicas de hoje é derivada do Talmude da Babilônia (cerca do século IV a.D.). Assim, as palavras
de Jesus em Lucas 24:44 tanto podem referir-se a essa tríplice divisão como não. É interessante que
ele não chamou a terceira parte de "Escritos", mas referiu-se apenas ao livro de "Salmos". Alguns
crêem que ele o escolheu, entre os demais, somente por causa de sua importância como livro
messiânico.
De qualquer forma, Jesus tinha acabado de se referir à dupla divisão padrão de "lei e
profetas", chamando-a de "todas as Escrituras" (Lc 24:27).

LUCAS 24:49 - Por que os discípulos foram à Galileia, se Jesus lhes tinha ordenado que
permanecessem em Jerusalém?

PROBLEMA: De acordo com Lucas, os apóstolos foram recomendados a permanecer na cidade de
Jerusalém até o Pentecostes. Todavia, Mateus nos diz que eles foram à Galileia (Mt 28:10,16).
SOLUÇÃO: Primeiro, tudo indica que a ordem de permanecerem em Jerusalém foi dada depois de
eles terem ido à Galileia. Assim, não há nenhum conflito. Além disso, a ordem de Jesus tinha o
propósito de fazer de Jerusalém o seu "quartel-general". Isso não os impedia de fazerem curtas
viagens para qualquer outro lugar. Jerusalém era onde eles deveriam estar para receber o Espírito
Santo (Lc 24:49) e de onde deveriam começar a sua obra.

LUCAS 24:50-51 - A ascensão de Jesus ocorreu em Betânia ou no monte das Oliveiras,
próximo de Jerusalém?

PROBLEMA: Lucas diz que Jesus subiu aos céus em Betânia (Lc 24:50), mas Atos 1:9-12 afirma
que isso aconteceu no Monte das Oliveiras, próximo de Jerusalém.
SOLUÇÃO: Betânia ficava na encosta a leste do Monte das Oliveiras, que está a leste de
Jerusalém. Lucas, que escreveu essas duas passagens, (cf. At 1:1), não viu nenhuma contradição
quando se referiu a esses dois lugares como o local da ascensão de Jesus. Ele pode inclusive ter
começado sua ascensão no monte, indo para o leste sobre Betânia, ao ir desaparecendo da vista
deles.

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