quarta-feira, 6 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- Mateus 1



MATEUS


MATEUS 1:8 - Jorão foi pai de Uzias ou de Acazias?

PROBLEMA: Mateus diz: "Jorão (gerou) a Uzias". Entretanto, em 1 Crônicas 3:11 temos: "Jorão,
de quem foi filho Acazias" (R-IBB). Qual dos dois está correto?
SOLUÇÃO: Acazias foi aparentemente o filho imediato de Jorão (ou Jeorão), e Uzias foi um
"filho" distante, ou seja, um descendente. Assim como na Bíblia a palavra "filho" pode significar
também "neto", de igual forma o termo "gerou" pode aplicar-se a um pai ou avô. Em outras
palavras, "gerou" significa "tornou-se o ancestral de", e o que foi "gerado" é o "descendente de".
Mateus, portanto, não está dando uma cronologia completa, mas uma genealogia abreviada
dos antecedentes de Cristo. Uma comparação entre Mateus 1:8 e 1 Crônicas 3:11-12 revela que há
três gerações entre Jorão e Uzias (Azarias):
MATEUS 1:8
Jorão
.......
.......
.......
Uzias
1 CRÔNICAS 3:11-12
Jorão
Acazias
Joás
Amazias
Uzias (também chamado Azarias)

MATEUS 1:9 - Mateus errou no que diz respeito ao pai de Jotão?

PROBLEMA: Em 2 Reis 15:1-7, a Bíblia menciona Azarias como pai de Jotão e, em 2 Reis 15:32
e 34, ele é chamado de Uzias. Alguns concluíram que a Bíblia cometeu um erro ao apresentar duas
pessoas distintas como o pai de Jotão.
SOLUÇÃO: São dois nomes diferentes para a mesma pessoa. Por diversas razões, a Bíblia
ocasionalmente menciona dois nomes diferentes para um mesmo indivíduo. Por exemplo, Paulo era
também chamado de Saulo (At 13:9). Também, em Juizes, Gideão recebeu um segundo nome,
Jerubaal (6:32; 7:1). Joaquim, filho de Jeoaquim, foi conhecido também como Jeconias (cf. 2 Rs
24:6 e 1 Cr 3:16). Daniel, Hananias, Misael e Azarias receberam todos eles novos nomes:
Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, respectivamente (Dn 1:7). Alguns dos discípulos de
Jesus também tiveram dois nomes; por exemplo, Simão (Pedro) e Lebeu (Tadeu) (Mt 10:2-3,
SBTB).

MATEUS 1:17- Quantas gerações foram contadas entre o exílio e Cristo: quatorze ou treze?

PROBLEMA: Mateus diz que "desde o desterro de Babilônia até Cristo, (são) catorze" gerações
(1:17). Entretanto, ele menciona apenas 13 nomes depois do exílio. Então, qual é o correto, treze ou
quatorze?
SOLUÇÃO: Ambos estão corretos. Jeconias é contado nas duas listas, já que ele viveu tanto antes
como depois do exílio. Portanto, há literalmente 14 nomes na lista "desde o exílio na Babilônia até
Cristo", tal como diz Mateus. Há também literalmente 14 nomes na lista entre Davi e o exílio, tal
como afirma Mateus 1:6-12. Não há erro no texto, absolutamente.

MATEUS 2:2 - Por que a Bíblia não desabonou os reis magos, por seguirem a estrela, já que
ela condena a astrologia?

PROBLEMA: A Bíblia condena o uso da astrologia (veja Lv 19:26; Dt 18:10; Is 8:19), contudo
Deus abençoou aqueles homens sábios (os magos) por terem usado uma estrela como indicação do
nascimento de Cristo.
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, temos de nos perguntar o que é a astrologia. Astrologia é a crença
de que o estudo da disposição e do movimento das estrelas pode capacitar alguém a prever
acontecimentos - sejam eles bons ou maus.
Em segundo lugar, essa estrela apareceu no relato bíblico para anunciar o nascimento de
Cristo, não para prever este acontecimento. Deus deu a estrela aos magos para proclamar-lhes que
já era nascida a criança. Sabemos que o menino já tinha nascido, porque em Mateus 2:16 Herodes
ordenou matar em Belém e arredores todos os meninos até dois anos, de acordo com "o tempo do
qual com precisão se informara dos magos".
Em terceiro lugar, há outros casos na Bíblia nos quais estrelas e planetas são usados por
Deus na revelação de sua vontade. O Salmo 19:1-6 afirma que os céus proclamam a glória de Deus
e Rm 1:18-20 nos ensina que a criação revela a existência de Deus. Cristo refere-se ao que
acontecerá com o sol, com a lua e com as estrelas na sua segunda vinda (Mt 24:29-30), como o fez
o profeta Joel (2:31-32). A estrela que guiou os magos não foi usada para prever, mas para
proclamar
nascimento de Cristo.
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, temos de nos perguntar o que é a astrologia. Astrologia é a crença
de que o estudo da disposição e do movimento das estrelas pode capacitar alguém a prever
acontecimentos - sejam eles bons ou maus.
Em segundo lugar, essa estrela apareceu no relato bíblico para anunciar o nascimento de
Cristo, não para prever este acontecimento. Deus deu a estrela aos magos para proclamar-lhes que
já era nascida a criança. Sabemos que o menino já tinha nascido, porque em Mateus 2:16 Herodes
ordenou matar em Belém e arredores todos os meninos até dois anos, de acordo com "o tempo do
qual com precisão se informara dos magos".
Em terceiro lugar, há outros casos na Bíblia nos quais estrelas e planetas são usados por
Deus na revelação de sua vontade. O Salmo 19:1-6 afirma que os céus proclamam a glória de Deus
e Rm 1:18-20 nos ensina que a criação revela a existência de Deus. Cristo refere-se ao que
acontecerá com o sol, com a lua e com as estrelas na sua segunda vinda (Mt 24:29-30), como o fez
o profeta Joel (2:31-32). A estrela que guiou os magos não foi usada para prever, mas para
proclamar o nascimento de Cristo.

MATEUS 2:6 - Como podemos explicar a citação aparentemente falha de Miquéias 5:2 feita
por Mateus?

PROBLEMA: Mateus 2:6 cita Miquéias 5:2. Entretanto, as palavras que Mateus emprega são
diferentes das que foram usadas por Miquéias.
SOLUÇÃO: Embora Mateus pareça ter mudado algumas das palavras da passagem de Miquéias,
não há um real desvio no sentido do texto. Em alguns pontos, ele parece estar parafraseando.
Primeiro, Mateus insere a expressão "terra de Judá" no lugar da pajlavra "Efrata". Isso na
verdade não muda o sentido do versículo. Não há diferença entre terra de Judá e Efrata, exceto que
uma é mais específica do que a outra. De fato, Efrata refere-se a Belém na passagem de Miquéias, e
Belém localiza-se na terra de Judá. Entretanto, isso não altera o sentido básico deste versículo. Ele
fala da mesma área de terra. É interessante notar também que, quando Herodes perguntou aos
principais sacerdotes e escribas sobre onde o menino deveria nascer, eles disseram: "em Belém da
Judéia" (Mt 2:5).
Segundo, Mateus descreve a terra de Judá como não sendo "de modo algum a menor", ao
passo que Miquéias afirma que ela é "pequena demais". O que Mateus está dizendo é que desde que
o Messias deva vir dessa região, ela de forma alguma é a menor entre as outras áreas da terra de
Judá. A frase de Miquéias diz apenas que Belém é bem pequena, bem diminuta, quando comparada
às outras cidades da terra de Judá. O versículo não diz que ela é a menor entre elas, apenas que é
muito pequena. Mateus está dizendo a mesma coisa com outras palavras, ou seja, que Belém é
pequena em tamanho, mas de forma alguma a menor em importância, já que dela sairia o Messias.
Finalmente, Mateus emprega a frase: "que há de apascentar a meu povo, Israel", e Miquéias
não diz nada a respeito disso. Miquéias 5:2 reconhece que haverá aquele que "há de reinar em
Israel", e Mateus também reconhece isso, com a expressão "o Guia". Contudo, a frase que não é dita
por Miquéias na verdade é tirada de 2 Samuel 5:2.
A combinação desses versículos não anula o que está sendo dito, mas reforça o ponto que o
autor quer salientar. Há outros casos em que isso ocorre também, em que o autor combina um texto
da Escritura com outro. Por exemplo, Mateus 27:9-10 pega uma partede Zacarias 11:12-13 e outra
de Jeremias 19:2,11 e 32:6-9. Também, Marcos 1:2-3 toma uma parte de Isaías 40:3 e outra de
Malaquias 3:1; e somente a primeira é mencionada, já que ela é a mais importante.
Em resumo, Mateus não apresenta nada deerrado ao citar Miquéias 5:2 e 2 Samuel 5:2. A
citação é precisa, mesmo tendo ele parafraseado uma parte dela e combinado com outra porção da
Escritura.

MATEUS 2:23 - Mateus não errou quando citou uma profecia não encontrada no AT?

PROBLEMA: Mateus afirma que Jesus mudou-se para Nazaré, para "que se cumprisse o que fora
dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno" (Mt 2:23). Entretanto, tal profecia
não é encontrada em nenhum profeta do AT. Será que Mateus cometeu um erro?
SOLUÇÃO: Mateus não disse que algum "profeta" (no singular) do AT tenha afirmado isso. Ele
simplesmente afirmou que "profetas" (no plural) que viveram no AT predisseram que Jesus seria
chamado Nazareno. Dessa forma, não há por que acharmos que devemos encontrar um versículo
nesse sentido; devemos simplesmente considerar como sendo a afirmação de Mateus uma verdade
geral, que pode ser encontrada em muitos profetas, no que corresponde ao tipo característico do
nazareno. Há várias sugestões de como Jesus teria "cumprido" (realizado) essa verdade.
Alguns apontam para o fato de que Jesus cumpriu todos os requisitos de justiça da Lei do AT (Mt
5:17-18; Rm 8:3-4), da qual uma parte envolvia o santo compromisso feito no voto de "Nazireu".
Esse voto era para "consagrar-se para o Senhor" (Nm 6:2), e Jesus cumpriu isso perfeitamente.
Entretanto, a palavra é diferente tanto no hebraico como no grego, e Jesus nunca fez esse voto em
particular.
Outros apontam para o fato de que Nazaré provém da palavra básica nctzer (renovo). E
muitos profetas falaram do Messias como sendo o "Renovo" (cf. Is 11:1; Jr 23:5; 33:15; Zc 3:8;
6:12).
Ainda outros observam que a cidade de Nazaré, onde Jesus viveu, era um lugar desprezado,
"fora dos bons caminhos". Isso ficou evidente na resposta de Natanael: "De Nazaré pode sair
alguma coisa boa?" (Jo 1:46). Considerando isso, "Nazareno" era um termo de desprezo apropriado
ao Messias, a respeito de quem os profetas haviam predito que seria "desprezado e o mais rejeitado
entre os homens" (Is 53:3; cf. SI 22:6; Dn 9:26; Zc 12:10).

MATEUS 4:5-10 (cf. LUCAS 4:5-12) - Há um erro de Mateus ou de Lucas, no registro da
tentação de Cristo no deserto?

PROBLEMA: De acordo com Mateus e Lucas, a primeira tentação foi a de transformar pedras em
pão para satisfazer a fome de Jesus. De acordo com Mateus, a segunda tentação aconteceu no
pináculo do templo, e a terceira envolveu todos os reinos do mundo. Entretanto, embora Lucas
mencione esses mesmos dois eventos, ele o faz pela ordem inversa - os reinos do mundo são
mencionados em segundo lugar e o pináculo do templo, em terceiro. Qual é então a ordem correta?
SOLUÇÃO: Pode ser que Mateus esteja descrevendo essas tentações em ordem cronológica, ao
passo que Lucas se ateve à ordem que propiciassem clímax, ou seja, conforme os tópicos
envolvidos. Isso para expressar clímax que Lucas desejava enfatizar. Observe que Mateus 4:5
começa com a palavra "então", e o versículo 8 tem a palavra "ainda". No grego, essas palavras
sugerem uma certa ordem seqüencial dos eventos. Já no relato de Lucas, porém, o versículo 5
começa com um simples "e", e o versículo 9 com uma palavra que no grego corresponde a "e" ou
"também" (veja SBTB). O grego, no registro de Lucas, não indica necessariamente uma ordem
seqüencial dos eventos. Além disso, não há discordância alguma quanto ao fato de que essas
tentações realmente c correram.

MATEUS 4:14-16 - Por que Mateus cita Isaías de forma incorreta?

PROBLEMA: Mateus parece não citar Isaías 9:1-2 de forma precisa. Pelo contrário, parece que ele
fez alterações.
SOLUÇÃO: Para que haja fidelidade ao texto citado, não é necessário usar exatamente as mesmas
palavras. Mateus não distorce o sentido dessa passagem. Ele simplesmente a condensa ou resume.
Parafrasear com fidelidade não é distorcer. Não fosse assim, nenhum noticiário, nenhum registro
histórico teria fidelidade, já que todos eles resumem o que aconteceu; isso é essencial no registro de
fatos históricos.

MATEUS 5:14 - Quem é a luz do mundo, os crentes ou Jesus?

PROBLEMA: Nessa passagem, Jesus disse a seus discípulos: "Vós sois a luz do mundo".
Entretanto, em João 9:5, Jesus declarou: "Sou a luz do mundo". Quem é então a luz do mundo,
Jesus ou os seus discípulos?
SOLUÇÃO: Tanto Jesus como os discípulos são a luz do mundo. Jesus é a luz primária, e nós,
seus discípulos, somos a luz secundária. Assim como a luz do sol é para a lua, Jesus é a fonte da
luz, e nós somos os refletores dessa luz. Jesus disse: "Enquanto estou no mundo, sou a luz do
mundo" (Jo 9:5). Agora que ele não mais está aqui, nós somos sua luz, refletida para o mundo.

MATEUS 5:17-18 - Jesus veio para pôr um fim na Lei de Moisés?

PROBLEMA: Jesus disse muito explicitamente: "Não penseis que vim revogar a Lei ou os
Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir." Entretanto, certa ocasião Jesus aprovou seus
discípulos quando eles quebraram a lei dos judeus quanto ao trabalho no sábado (Mc 2:24), e o
próprio Jesus aparentemente aboliu a lei cerimonial ao considerar puros todos os alimentos (Mc
7:19).
Os discípulos de Jesus rejeitaram claramente muito do que era da lei do AT, inclusive a
circuncisão (At 15; Gl 5:6; 6:15). De fato, Paulo declarou: "Não estais debaixo da lei e sim da
graça" (Rm 6:14), e afirmou, também, que os Dez Mandamentos, gravados em pedra, tinham sido
removidos em Cristo (2 Co 3:7,14).
SOLUÇÃO: Na questão quanto a se a Lei de Moisés foi abolida por Cristo, a confusão se
estabelece por se deixar de fazer distinção entre várias coisas.
Em primeiro lugar, há a confusão do tempo. Durante sua vida terrena, Jesus sempre guardou
pessoalmente a Lei de Moisés, inclusive oferecendo sacrifícios aos sacerdotes judeus (Mt 8:4),
participando das festas judias (Jo 7:10) e comendo o cordeiro pascal (Mt 26:19). De vez em quando
ele violava as tradições falsas dos fariseus, que tinham sido levantadas em torno da Lei (cf. Mt
5:43-44), repreendendo-os: "Invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa tradição" (Mt 15:6).
Os versículos que indicam que a Lei foi cumprida referem-se à situação depois da cruz, quando não
há "nem judeu nem grego... porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3:28).
Em segundo lugar, há uma confusão quanto a certos aspectos. Pelo menos algumas das
referências (se não todas) à Lei, a respeito de elas terem sido abolidas no NT, referem-se a
cerimônias e tipos do AT. Esses aspectos cerimoniais e tipológicos da Lei de Moisés foram de forma
clara abolidos quando Jesus, o nosso cordeiro pascal (1 Co 5:7), cumpriu os tipos e predições da Lei
quanto à sua primeira vinda (cf. Hb 7-10). Nesse sentido, Jesus claramente aboliu os aspectos
cerimoniais e tipológicos da Lei, não destruindo-a, mas cumprindo-a.
Finalmente, há uma confusão quanto a contexto, mesmo quando as dimensões morais da Lei
são discutidas. Jesus, por exemplo, não apenas cumpriu as exigências morais da Lei por nós (Rm
8:2-3), mas também o contexto nacional e teocrático no qual os princípios morais de Deus foram
expressos no AT não mais se aplica aos cristãos nos dias de hoje. Por exemplo, não estamos debaixo
dos mandamentos como Moisés os expressou para o povo de Israel, porque, ao serem expressos ao
povo nos Dez Mandamentos, eles traziam a recompensa de que os judeus viveriam uma longa vida
"na terra [da Palestina] que o Senhor, teu Deus, te dá [aos israelitas]" (Êx 20:12). Quando o
princípio moral contido nesse mandamento do AT é estabelecido no NT, ele se expressa num
contexto diferente, a saber, num contexto que não é nacional nem teocrático, mas pessoal e
universal.
Para todas as pessoas que honram seus pais, Paulo declara que eles terão "longa vida sobre a
terra" (Ef 6:3). De igual forma, os cristãos não mais estão debaixo do mandamento de Moisés para
cultuarem no sábado (Êx 20:8-11), já que, depois da ressurreição, das aparições e da ascensão (as
quais ocorreram todas no domingo), os cristãos cultuam no domingo em vez de no sábado (veja At
20:7; 1 Co 16:2).
O culto do Shabbath, declarou Paulo, era no AT apenas uma "sombra" da realidade nova que
foi inaugurada por Cristo (Cl 2:16-17). Já que até mesmo os Dez Mandamentos, como tais, foram
expressos dentro de um contexto nacional, judeu, teocrático, então o NT pode falar corretamente
que o que estava "gravado em pedras" foi, "em Cristo, removido" (2 Co 3:7,13-14).
Entretanto, isso não significa que os princípios morais contidos nos Dez Mandamentos, que
refletem a verdadeira natureza de um Deus imutável, não são mais pertinentes aos crentes nos dias
de hoje. De fato, cada um dos princípios contidos nos Dez Mandamentos é restabelecido num outro
contexto no NT, exceto, é claro, o mandamento para descansar e cultuar no sábado.
Os cristãos hoje não mais se acham debaixo dos Dez Mandamentos tais como foram dados
por Moisés, da mesma forma como não estamos debaixo dos requisitos da Lei Mosaica de sermos
circuncidados (veja At 15; Gl 3) ou de levarmos um cordeiro ao templo em Jerusalém para ser
sacrificado. O fato de estarmos presos a leis morais semelhantes confia o adultério, contra a
mentira, contra o roubo e contra o assassinato não prova que estamos ainda debaixo dos Dez
Mandamentos, assim como o fato de haver leis de trânsito semelhantes nos diversos estados de um
país não implica que um infrator da lei no estado "A" esteja sujeito à lei do estado "B".
A verdade é que aquele que violou uma lei no estado "A" não violou lei alguma do estado
"B", nem muito menos está sujeito às penalidades impostas neste estado. Da mesma maneira,
embora tanto o AT como o NT se pronunciem contra o adultério, a punição no entanto é diferente -
a pena capital no AT (Lv 20:10) e somente a excomunhão da igreja no NT (1 Co 5:1-13), com a
esperança de uma reintegração mediante o arrependimento (cf. 2 Co 2:6-8).

MATEUS 5:29 - O inferno é a sepultura ou um lugar de tormento consciente?

PROBLEMA: Em Mateus 5:29 Jesus refere-se ao "corpo" sendo "lançado no inferno", e o salmista
fala de "ossos" sendo "espalhados à boca do Seol [inferno]" (SI 141:7, R-IBB). Jacó falou que suas
"cãs" desceriam ao inferno [Seol] (Gn 42:38; cf. 44:29,31, R-IBB). Entretanto, Jesus referiu-se ao
inferno como um lugar para o qual a alma vai depois da morte, ficando conscientemente em
tormentos (Lc 16:22-23). O "inferno" é apenas a sepultura, como as Testemunhas de Jeová e
algumas outras seitas ensinam?
SOLUÇÃO: A palavra hebraica sheol, traduzida em algumas versões como inferno, ou
transliterada como Seol (R-IBB) ou Xeol (BJ), é traduzida também como "sepultura" (como na
ARA, na EC e na SBTB) ou "cova". Ela significa apenas "o mundo invisível" e pode referir-se tanto
à sepultura, onde o corpo fica fora da visão depois do enterro, como ao mundo espiritual, que é
invisível aos olhos mortais.
No AT, sheol é usada freqüentemente significando sepultura, já que indica o lugar para onde
"ossos" (SI 141:7) e "cãs" (Gn 42:38) vão após a morte. Até mesmo a ressurreição do corpo de
Jesus é dita como sendo do "hades" [inferno] (isto é, da sepultura) (At 2:30-31, R-IBB), onde sua
carne não viu a corrupção.
Conquanto possa haver no AT algumas alusões ao "inferno" como um mundo espiritual (cf.
Pv 9:18; Is 14:9, R-IBB), o "inferno" (em grego: hades) é descrito claramente no NT como um
lugar de espíritos que já partiram (almas). Anjos lá estão (2 Pe 2:4), e eles não têm corpos. Seres
humanos que não se arrependeram estão lá em conscientes tormentos após sua morte, e os seus
corpos estão enterrados (Lc 16:22-25).
No fim aqueles que estiverem no inferno serão lançados no lago de fogo com o diabo, onde
"serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos" (Ap 20:10,14-15). Jesus falou
muitas vezes do inferno como sendo um lugar de tormentos conscientes e eternos (cf. Mt 10:28;
11:23; 18:9; 23:15; Mc 9:43,45,47; Lc 12:5; 16:23).

MATEUS 5:33-37-Jesus condenou todo juramento, até mesmo nos tribunais?
(Veja os comentários de Tiago 5:12.)

MATEUS 5:42 - Devemos literalmente dar qualquer coisa a quem nos pedir?

PROBLEMA: Nesse versículo Jesus com toda a clareza disse: "Dá a quem te pede e não voltes as
costas ao que deseja que lhe emprestes" (cf. Lc 6:30). Mas, se tomássemos isso literalmente,
acabaríamos sem ter o que prover para a nossa própria família. E por outro lado Paulo disse que
aqueles que não cuidam de suas famílias são piores do que o descrente (1 Tm 5:8).
SOLUÇÃO: Um texto fora de contexto é meramente um pretexto. Temos |e entender o contexto no
qual Jesus disse "dá a quem te pede". Antes ie mais nada, pelo que sabemos de outras coisas que
Jesus disse e praticou, isso não quer dizer que devemos dar às pessoas o que lhes fará mal. Como
Jesus disse, nenhum bom pai daria uma serpente ao seu filho (Mt 7:10). Além disso, essa palavra de
Jesus não quer dizer dar a quem, podendo trabalhar, recusa-se a isso. Paulo disse com determinação:
"se alguém não quer trabalhar, também não coma" (2 Ts 3:10).
Finalmente, todo o contexto das afirmações de Jesus nesse caso é ara confirmar o espírito da
lei, que ele veio cumprir (Mt 5:17-18), em oposição ao que eles tinham "ouvido" (cf. Mt
5:21,27,33,38,43) - o que tinha sido distorcido e dito por tradição oral (cf. Mt 15:3-6).
Jesus está abordando explicitamente a distorção legalista do AT, que diz que vinguemos
nossos inimigos "olho por olho, dente por dente" (Mt 5:38). Jesus diz, ao contrário, que não
devemos retaliar os nossos inimigos; devemos amá-los, ajudá-los (cf. v. 44). Mas ele não esperava
que seus ouvintes tomassem de forma literal o mandamento "dá a quem te ide", da mesma maneira
como não pretendia também que cortassem literalmente suas mãos e arrancassem seus olhos, se
estes os fizessem tropeçar! (vv. 29-30).

MATEUS 5:43 - Por que o AT prescreveu que se poderia odiar os inimigos?

PROBLEMA: Jesus disse quanto ao AT: "Ouvistes o que foi dito: Amarás ò teu próximo e odiarás
o teu inimigo" (Mt 5:43). Como poderia um Deus de amor (Êx 20:2,6; 1 Jo 4:16) ordenar que eles
odiassem seus inimigos?
SOLUÇÃO: Deus nunca ordenou a seu povo, em qualquer época, que odiasse seus inimigos (ver
comentários de Malaquias 1:3). Deus é um Deus de amor, que não muda (cf. 1 Jo 4:16; Ml 3:6), e
não pode odiar a quem quer que seja, nem pode ordenar a ninguém que faça isso. Jesus disse que os
maiores mandamentos são: amar a Deus e amar o próximo como a si mesmo (Mt 22:36-37, 39). Na
verdade Jesus tomou esse mandamento do AT. Levítico 19:18 declara: "Amarás o teu próximo como
a ti mesmo"!
Por que então Jesus citou o ensino do AT, de que devemos odiar o nosso inimigo? (Mt 5:43).
Mas ele não disse isso, e por uma razão muito boa. Um versículo com essas palavras não é
encontrado em parte alguma no AT. Na verdade, Jesus não citou o AT, mas sim os ensinos
distorcidos dos fariseus, que não interpretaram corretamente o AT. Veja que Jesus não disse: "está
escrito", como o fazia com freqüência quando citava o AT (cf. Mt 4:4, 7, 10), mas disse: "Ouvistes
que foi dito", referindo-se com isso à "tradição" que se implantara em torno do AT e que anulara os
mandamentos de Deus (cf. Mt 15:3, 6). A verdade é que o Deus de amor sempre deu o mandamento
de que amássemos, tanto no AT como no NT, e nunca, em tempo algum, deu o mandamento de que
odiássemos outras pessoas.

MATEUS 6:6 - Se Jesus ensinou que a oração deve ser em secreto, por que a Bíblia preconiza
a oração em público?

PROBLEMA: Nesse texto, Jesus instou seus discípulos a orar em secreto, dizendo: "Tu, porém,
quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto" (Mt
6:6). Entretanto, em outras partes, a Bíblia preconiza a oração em público. Por exemplo, Daniel
orava com a janela do seu quarto aberta, para que pudesse ser visto orando (Dn 6:10). Salomão fez
aquela grande oração de consagração do templo em público (1 Rs 8:22). E Paulo instou a que
orassem em público, "em todo lugar" (1 Tm 2:8).
SOLUÇÃO: Não foi a oração em público que Jesus condenou, mas a oração com ostentação. Ele
não se opôs à oração em público feita em lugares adequados, mas condenou as orações feitas em
lugares onde a pessoa seria notada. E nem era tanto o lugar em si da oração, mas sim o propósito da
oração que Jesus censurou, ou seja, "para serem vistos dos homens" (Mt 6:5).

MATEUS 6:13 - Por que devemos orar para que Deus não nos deixe cair em tentação, já que
ele não pode tentar ninguém?

PROBLEMA: A Bíblia diz enfaticamente: "Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a
ninguém tenta" (Tg 1:13). Por que, então, Jesus nos pede para que oremos: "e não nos deixes cair
em tentação"?
SOLUÇÃO: Deus pode nos pôr à prova, mas ele não pode nos tentar a pecar. Quando somos
tentados, somos nós que nos desviamos por nossa própria concupiscência (veja os comentários de
Tiago 1:2). Assim, Deus deve ser invocado para pôr em ordem nossas vidas de um modo tal que não
sejamos levados a situações em que venhamos a ser tentados. Em outras palavras, esse é um pedido
para que Deus nos guie no campo minado pelo pecado, em nossa temporária permanência na carne.
E um pedido a Deus para que nos ajude a nada dispormos "para a carne" (Rm 13:14).

MATEUS 8:5-13 (cf. Lc 7:2-10) - Há um erro nos relatos a respeito de Jesus e o centurião?

PROBLEMA: Mateus parece apresentar o centurião como aquele que pessoalmente foi buscar
ajuda de Jesus (Mt 8:5); mas Lucas parece dizer que o centurião enviou anciãos, como seus
representantes, até Jesus .c 7:3).
SOLUÇÃO: Tanto Mateus como Lucas estão corretos. No século I entendia-se que, quando um
representante era enviado para falar por seu Senhor, era como se o senhor estivesse falando
pessoalmente. Mesmo em nossos dias ainda é assim. Quando um ministro de Estado encontra-se
com representantes de outros países, ele vai em nome do presidente do país. Em outras palavras, o
que o ministro diz é como se tivesse sido dito pelo presidente. Portanto, Mateus afirma que um
centurião foi implorar em favor de seu servo enfermo, quando de fato ele enviou Outros em seu
nome. Assim, quando Mateus declara que o centurião estava falando, isso era verdade, muito
embora ele estivesse falando por intermédio de seus representantes oficiais (como Lucas esclarece).

MATEUS 8:12 - O inferno é um lugar de trevas, ou há luz lá?

PROBLEMA: Jesus descreveu o inferno como um lugar "para fora, nas trevas" (Mt 8:12; cf. 22:13
e 25:30). Ao invés disso, a Bíblia diz que o inferno é um lugar em que há "fogo" (Ap 20:14), e um
fogo que não "se apaga" (Mc 9:48). Ora, o fogo gera luz. Como pode então o inferno ser
completamente escuro, em trevas, se há luz lá?
SOLUÇÃO: Tanto o "fogo" como as "trevas" são poderosas figuras de linguagem que
apropriadamente descrevem a realidade inimaginável do inferno. Ele é como o fogo porque é um
lugar de destruição e de tormento. Ainda assim, é um lugar separado, em trevas, porque lá as
pessoas estão perdidas para sempre. Embora o inferno seja um lugar no sentido exato da palavra,
nem toda descrição dele feita deve ser tomada literalmente.
Para fornecer uma imagem desse lugar, são empregadas figuras de linguagem fortes e de
impacto. Trata-se de uma terrível realidade, onde corpo e alma sofrerão eternamente, e, portanto,
não há figura de linguagem que possa descrevê-lo de maneira adequada. Constitui um grave erro,
porém, tomar literalmente uma figura de linguagem. Quem faz isso pode concluir que Deus tem
penas, já que ele é descrito como tendo asas e penas com as quais pode nos cobrir! (SI 91:4).
Há outras figuras de linguagem empregadas para descrever o destino eterno dos perdidos
que, se tomadas literalmente, se contradizem entre si. Por exemplo, o inferno é pintado como sendo
um eterno depósito de lixo (Mc 9:43-48), que tem um fundo, onde o verme atua. Mas é também
descrito como sendo um profundo abismo (Ap 20:3). Cada uma dessas é uma vivida descrição desse
lugar de castigo eterno.

MATEUS 8:20 (cf. 20:18; 24:30 etc.) - Se Jesus é o Filho de Deus, por que ele chamava a si
mesmo de o Filho do Homem?

PROBLEMA: Jesus referiu-se a si mesmo muitas vezes como o Filho do Homem. Isso parece
apontar mais para a sua humanidade do que para a sua deidade. Se ele é realmente o Messias, o
Filho de Deus, por que empregou a expressão "Filho do Homem" ao referir-se a si mesmo?
SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, mesmo que a expressão "Filho do Homem" seja uma referência à
humanidade de Jesus, ela não constitui uma negação de sua divindade. Por tornar-se homem, Jesus
não deixou de ser Deus. A encarnação de Cristo não envolveu a perda da divindade, mas sim o
acréscimo da humanidade. Jesus com toda clareza reivindicou ser Deus em muitas ocasiões (Mt
16:16-17; Jo 8:58; 10:30). Mas, além de ser divino, ele foi também humano. Ele tinha duas
naturezas coexistentes numa só pessoa.
Jesus não estava negando a sua divindade quando se referia a si mesmo como o Filho do
Homem, pois essa expressão é usada também para descrever a deidade de Cristo. A Bíblia diz que
somente Deus pode perdoar pecados (Is 43:25; Mc 2:7), e Jesus, na condição de "Filho do Homem",
tem o poder para perdoar pecados (Mc 2:10). De igual modo, Cristo retornará à terra como "Filho
do Homem" nas nuvens de glória, para reinar sobre a terra (Mt 26:63-64). Nessa passagem Jesus
está citando Daniel 7:13, em que o Messias é descrito como o "Ancião de dias", uma expressão
usada para indicar a sua divindade (cf. Dn 7:9).
Além disso, quando Jesus foi questionado pelo sumo sacerdote se ele era o "Filho de Deus"
(Mt 26:63), ele respondeu afirmativamente, declarando que era o "Filho do Homem", que viria em
poder e grande glória (v. 64). Isso nos mostra que o próprio Jesus empregou a expressão "Filho do
Homem" para indicar sua divindade como Filho de Deus.
Finalmente, a expressão "Filho do Homem" enfatiza quem Jesus é em relação à sua
encarnação e à sua obra de salvação. No AT (veja Lv 25:25-26,48-49; Rt 2:20), o resgatador era um
parente próximo da pessoa que necessitava da redenção. Da mesma forma Jesus, como nosso
Parente e Resgatador, identificou-se com o gênero humano como seu Salvador e Redentor.
Aqueles que conheciam a verdade do AT sobre o Messias ser o Filho do Homem entenderam
as reivindicações implícitas de Jesus quanto à sua divindade. Aqueles que não conheciam essa
verdade, também não reconheceriam isso. Jesus com freqüência falava coisas dessa maneira, de
modo a testar a sua audiência e separar os crentes dos descrentes (cf. Mt 13:10-17).

MATEUS 8:22 (cf. Lc 9:60) - Não foi um absurdo Jesus ter dito que os mortos sepultassem os
seus próprios mortos?

PROBLEMA: Um certo homem queria seguir Jesus, mas pediu-lhe permissão para primeiro ir
enterrar seu pai. Jesus respondeu-lhe: "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos" (Mt
8:22). Mas os mortos não podem enterrar ninguém. Isso parece não fazer sentido.
SOLUÇÃO: Jesus não estava falando daqueles que estão fisicamente mortos, mas daqueles que
estão espiritualmente mortos (Ef 2:1). Ele pediu que o homem o seguisse (Lc 9:59) e este
respondeu-lhe dizendo que desejava primeiro dar assistência à sua família.
A questão então é: o que está em primeiro lugar - a família de alguém ou Jesus Cristo. A
resposta de Jesus indica o estado espiritual da família daquele homem. Aparentemente eles não
eram crentes, e a Bíblia diz que aqueles que não são crentes estão "mortos em seus delitos e
pecados" (Ef 2:1,5). Jesus estava dizendo ao homem que a sua família, que estava morta
espiritualmente, cuidaria do enterro. Jesus queria que ele o seguisse. O discipulado cristão requer
uma forte disposição.

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