quarta-feira, 6 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- Oséias


OSÉIAS





OSÉIAS 1:2 - Como um Deus que é santo, que condena o meretrício, pôde ordenar a Oséias
que se casasse com uma prostituta?

PROBLEMA: Deus ordenou a Oséias: "Vai, toma uma mulher de prostituições". Entretanto, de
acordo com Êxodo 20:14, o adultério é pecado; e, de acordo com 1 Coríntios 6:15-18, ter relações
sexuais com uma prostituta é imoral (cf. Lv 19:29). Como um Deus que é santo pôde ordenar a
Oséias que tomasse uma prostituta como esposa?
SOLUÇÃO: Alguns eruditos tentaram contornar essa dificuldade, declarando que se trata de uma
alegoria. Entretanto, já que Deus obviamente pretendia fazer disso uma ilustração dramática para
Israel de sua infidelidade para com Ele (cf. 1:2), nada há no texto que nos possa dar a entender que
essa situação não seja literal. Se assim não fosse, ela não teria efeito algum como ilustração da
infidelidade do povo de Israel.
Considerando-a literalmente, não há contradição com nenhuma outra passagem das
Escrituras, por várias razões. Em primeiro lugar, quando Deus ordenou que Oséias tomasse Gômer,
filha de Diblaim, como sua esposa, pode até ser que ela ainda não tivesse se prostituído. Entretanto,
Deus sabia o que se achava no coração dela, e sabia que ela acabaria sendo infiel a Oséias. Isso é
semelhante a quando o anjo do Senhor chamou Gideão de "homem valente" antes de ele ter lutado
quer uma batalha (Jz 6:11-12). Deus sabia que Gideão iria tornar-se i grande líder em Israel, mesmo
não sendo ele ninguém, ainda. Deus ordenou que Oséias tomasse como mulher alguém que ele
sabia que se tornaria uma prostituta porque queria ilustrar o adultério espiritual que I rael cometera
contra o Senhor.
Quando Deus tirou Israel do Egito, eles constituíam uma nação no-vinha em folha. Ela ainda
não quebrara a aliança que Deus estabeleceria com ela no deserto. Assim como Israel havia
cometido adultério espiritual através da adoração de outros deuses, também Gômer cometeria
adultério físico, tendo relações com outros homens. O relacionamento entre Oséias e Gômer era
uma lição objetiva para toda a nação de Israel.
Segundo, esta passagem não desconhece a prostituição como pecado. De fato ela é uma forte
condenação da prostituição, tanto física como espiritual (idolatria) (cf. 4:11-19). O fato de o grave
pecado da idolatria ser descrito como uma prostituição revela a desaprovação de Deus quanto a essa
prática.
Terceiro, Oséias recebeu a ordem para casar-se com uma prostituta, e não para adulterar
com ela. Deus disse: "Vai, toma por esposa uma mulher de prostituições" (Os 1:2, R-IBB). Deus
não lhe disse que fosse cometer fornicação com ela. Pelo contrário, disse-lhe que se casasse com
ela, que fosse fiel a ela, mesmo que ela lhe viesse a ser infiel. Isso não apenas não viola o
compromisso do casamento, mas na verdade o valoriza. Oséias deveria manter-se fiel aos seus votos
de casamento mesmo que sua mulher viesse a ser infiel aos dela.
Quarto, o mandamento de Levítico 21:14, proibindo o casamento com uma prostituta, foi
dado aos sacerdotes levitas, e não a todos. Salmom aparentemente casou-se com a prostituta Raabe
(Mt 1:5), de cuja genealogia legal veio Cristo. Seja como for, Oséias era um profeta, não um
sacerdote levítico, não se aplicando a ele, portanto, a proibição do casamento com uma prostituta.
Finalmente, o mandamento de 1 Coríntios 6:16, de não se unir a uma prostituta, não é um
mandamento para não se casar com alguém que tenha sido uma prostituta. Não, o mandamento é
dirigido àqueles que vinham tendo relações sexuais fora do casamento. Mas Oséias não teve
relações sexuais fora do casamento. Deus ordenou que ele se casasse com Gômer e que sempre
fosse fiel a ela.

OSEIAS 6:6 - Os profetas desabonaram o sistema de sacrifícios de Moisés?

PROBLEMA: Moisés ordenou que fossem feitos sacrifícios no culto ao Senhor, dizendo: "Assim,
queimarás todo o carneiro sobre o altar; é holocausto para o Senhor, de aroma agradável, oferta
queimada ao Senhor" (Êx 29:18). Entretanto, os profetas que vieram posteriormente várias vezes
parecem ter repudiado o sistema de sacrifícios. Oséias cita o Senhor, dizendo: "Pois misericórdia
quero, e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos" (Os 6:6). Davi
confessou a Deus: "Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas
de holocaustos" (SI 51:16). Deus declarou por meio de Jeremias: "Os vossos holocaustos não me
são aprazíveis, e os vossos sacrifícios não me agradam" (Jr 6:20).
SOLUÇÃO: Os profetas posteriores não repudiaram o sistema de sacrifícios do AT - eles só
esclareceram que Deus não desejava que eles fossem observados apenas exteriormente, mas que
houvesse obediência interior. Isso é claro em razão de três linhas de evidência.
Primeiro, Deus expressou aprovação aos sacrifícios que foram oferecidos, mesmo durante os
períodos em que os versículos acima citados foram escritos, e que erroneamente são entendidos
como expressões da desaprovação de Deus aos sacrifícios. Por exemplo, Salomão ofereceu milhares
de sacrifícios em holocausto ao Senhor, os quais Deus aceitou, enviando sobrenaturalmente fogo do
céu (2 Cr 7:1-4). O piedoso rei Josias manifestou sua obediência à Lei de Moisés comendo o
cordeiro pascal (cf. 2 Rs 23:21-23). Outros bons reis ofereceram holocaustos, que foram aceitos por
Deus (cf. 2 Rs 16:15; 2 Cr 29:18). Mesmo depois do cativeiro, no fim do AT, sacrifícios eram
oferecidos no tempo de Esdras (cf. Ed 3:5; 8:35) e Neemias (cf. Ne 10:33), os quais eram aceitos
por Deus.
Segundo, até mesmo esses profetas que vieram depois de Moisés ofereceram, eles mesmos,
sacrifícios e/ou incentivaram outros a fazê-lo. Samuel tomou "um cordeiro... e o sacrificou em
holocausto ao Senhor" (1 Sm 7:9). Elias ofereceu um holocausto no monte Carmelo, que foi aceito
por Deus (1 Rs 18:38). O profeta Joel lamentou "porque da casa de ... Deus foi cortada a oferta de
manjares e a libação" (Jl 1:9,13). De igual modo, Sofonias profetizou acerca de um tempo em que
os adoradores retornariam com "sacrifícios" ao Senhor (Sf 3:10). Ezequiel também previu a
continuidade das ofertas no futuro reino (Ez 40:38). Até mesmo Davi, que salientou a necessidade
de uma pureza de coração interior, não obstante, no mesmo salmo, falou da necessidade de oferecer
"ofertas queimadas" (SI 51:19).
Finalmente, os versículos que parecem falar contra os sacrifícios e as ofertas não os
condenam como tais, mas somente condenam as maneiras vãs pelas quais eles estavam sendo
oferecidos. Foi o ritual não verdadeiro o que Deus condenou. Eles tinham "forma de piedade,
negando-lhe, entretanto, o poder" (2 Tm 3:5). É evidente que esse é o significado desses versículos
pelos seguintes fatos: (1) Como acabamos de observar, nos mesmos períodos Deus estava aceitando
sacrifícios oferecidos de coração. (2) Também, como observado, até mesmo os próprios profetas
ofereceram sacrifícios ao Senhor. (3) O profeta Samuel, que foi um dos que manifestou de forma
condenatória (1 Sm 15:22), ofereceu um sacrifício ao Senhor logo no capítulo seguinte (1 Sm 16:2,
5). (4) As próprias lavras de tais condenações dão a entender que Deus não estava contra os
sacrifícios em si. Por exemplo, o profeta Samuel: disse "Eis que o obedecer é melhor do que o
sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros" (1 Sm 15:22). Está claro que não se
trata de uma condenação dos sacrifícios, mas dos sacrifícios sem um coração obediente.

OSEIAS 8:13 - Como este versículo pode dizer que Efraim voltaria ao Egito, se 11:5 diz que
eles não voltariam?

PROBLEMA: De acordo com a profecia de Oséias 8:13, porque Israel, ou Efraim, tinham pecado
contra Deus, eles retornariam ao Egito (cf. 9:3). Entretanto, um pouco adiante Deus afirma
especificamente, a respeito de Israel: "Não voltarão para a terra do Egito" (Os 11:5). Não se trata de
uma contradição?
SOLUÇÃO: Não há contradição porque as afirmações referem-se a diferentes aspectos da
experiência de Israel. Em Oséias 8:13, Deus está lembrando o pecado de Israel de adorar outros
deuses. Em seu coração, o povo de Israel estava sempre "retornando ao Egito". Em Oséias 11:5,
Deus está reiterando a promessa de Deuteronômio 17:16, de que Israel não retornaria ao cativeiro
do Egito.
Embora Deus fosse punir o seu povo pelo pecado, ele não faria com que seus filhos
voltassem ao cativeiro do Egito. Pelo contrário, faria com que os exércitos assírios viessem como
juízo sobre o povo, e Israel seria levado cativo por esse inimigo estrangeiro. Em várias ocasiões
Israel procurou ajuda do Egito contra os assírios. A promessa de que eles não retornariam ao Egito
não era apenas uma reafirmação da promessa de Deuteronômio 17:16, mas era também uma
advertência de que o Egito não mais teria como ajudar Israel contra os invasores assírios.
Embora o coração deles tivesse se desviado do Senhor, voltando-se à influência paga do
Egito, Deus não os forçaria a voltar para lá. Pelo contrário, ele quebraria o elo de ligação com o
Egito, no qual Israel continuava depositando a sua confiança, em vez de em seu Deus. Ele faria isso
trazendo sobre eles o cativeiro assírio. Estas duas afirmações, portanto, estão em perfeita harmonia.

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