quinta-feira, 7 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- 1 Pedro


1 PEDRO

1 PEDRO 1:2 - Somos santificados pela verdade de Deus ou pelo Espírito de Deus?
PROBLEMA: Pedro fala nesse texto sobre "santificação do Espírito", mas Jesus orou: "Santificaos
na verdade" (Jo 17:17). Como somos então separados para Deus: por seu Espírito ou por sua
verdade?
SOLUÇÃO: Somos santificados pela verdade de Deus, que provém do Espírito de Deus. O
Espírito de Deus é a causa ativa (pela qual Deus opera em nosso coração), e a verdade de Deus é a
causa instrumental (por meio da qual Deus opera em nosso coração). Em resumo, Deus é a fonte, e
a verdade de Deus é o meio da nossa santificação.

1 PEDRO 3:15 - Por que Pedro ordena aos crentes que raciocinem sob e sua fé, já que a Bíblia
diz em outro texto para simplesmente crerem?
PROBLEMA: Vez após vez as Escrituras insistem em dizer que basta simplesmente crer em Jesus
Cristo (cf. Jo 3:16; At 16:31). Hebreus declara que "sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb 11:6).
Paulo afirmou que "O mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus" (1 Co 1:21, R-1BB).
Contudo, Pedro instrui os crentes a "responder", a dar a "razão" de s ia fé. A fé e a razão não se
opõem entre si?
SOLUÇÃO: A fé e a razão não são mutuamente exclusivas. Não se deve crer em alguma coisa sem
antes verificar se tal coisa é digna de ser objeto da nossa crença. Por exemplo, bem poucas pessoas
se submeteriam a uma grave operação médica por uma pessoa totalmente desconhecida, de quem
não se tenha informação alguma, a não ser a suspeita de que seja um charlatão. Da mesma maneira,
Deus não exige de nós que exerçamos uma fé cega.
Como Deus é um Deus racional (Is 1:18), e como nos fez criaturas racionais à sua imagem
(Gn 1:27; Cl 3:10), ele quer que olhemos antes de pularmos. Nenhuma pessoa racional deve pisar
num elevador sem primeiro constatar que nele há um piso. De igual modo, Deus quer que o nosso
passo de fé seja dado à luz da evidência, e não como um salto no escuro.
A Bíblia é cheia de exortações para que façamos uso da razão. Jesus ordenou: "Amarás o
Senhor teu Deus... de todo o teu entendimento" (Mt 22:37; grifos do autor em todas as citações
aqui). Paulo disse também: "tudo o que é verdadeiro,... nisso pensai" (Fp 4:8, R-IBB, SBTB). Paulo
ainda "argumentava... com os judeus" (At 17:17, R-IBB) e com os filósofos no Areópago (v. 22ss),
ganhando muitos para Cristo (v. 34). Os bispos foram instruídos a "encorajar a outros pela sã
doutrina e... refutar os que se opõem a ela" (Tt 1:9, EC). Paulo declara ter sido "posto para defesa
do evangelho" (Fp 1:17, SBTB). Judas instou conosco para batalharmos "diligentemente, pela fé
que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3, SBTB). E Pedro ordenou que estivéssemos
"sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós"
(1 Pe 3:15).
Há dois tipos de fé. O entendimento da relação entre esses dois tipos é uma chave para
discernirmos a relação que há entre a fé e a razão.
QUE EM
Anterior Posterior
Com evidência Sem evidência
Mente Vontade
Prova Persuasão
Razão humana Espírito Santo

O diabo crê que Deus existe, mas ele não crê em Deus. A fé que está no âmbito da mente
funciona com base numa evidência que a razão humana pode ver. A fé em Deus (em Cristo),
entretanto, é um ato da vontade humana, sob a persuasão do Espírito Santo. Portanto, "crer que"
nunca salvará ninguém (cf. Tg 2:14-20) - somente crerem Cristo é que proporcionará isso.
Entretanto, nenhuma pessoa, por ser racional, deveria crer em alguma coisa, a menos que
primeiro tivesse evidências para crer que isso fosse verdadeiro. Nenhum viajante sensível entra
num avião que esteja com uma das asas quebrada. Assim, a razão é válida como base para se crer
que, mas é uma exigência errada para se crerem (cf. Jo 20:27-29).

1 PEDRO 3:18 - Jesus ressuscitou no Espírito ou com um corpo físico? PROBLEMA: Pedro
declara que Cristo foi "morto, sim, na carne, mas vivificado me espírito". Isso parece implicar que
Jesus não tenha ressuscitado carne, mas somente em seu espírito, o que conflita com a afirmação
Jesus de que seu corpo ressurreto era de "carne e ossos" (Lc 24:39).
SOLUÇAO: Interpretar essa passagem como prova de uma ressurreição espiritual, e não física, não
é nem necessário nem consistente com o contexto e com o restante das Escrituras. Várias razões
dão suporte a essa conclusão.
Primeiro, a passagem pode ser traduzida assim: "Ele foi morto no corpo, mas vivificado
pelo Espírito" (NV1). Essa passagem é traduzida e m a mesma colocação pela SBTB e outras.
Segundo, o paralelo entre a morte e "tornar a viver" normalmente se refere à ressurreição do
corpo no NT. Por exemplo, Paulo declara que "Cristo morreu e tornou a viver" (Rm 14-9, R-IBB), e
que "de fato, [Cristo] foi crucificado em fraqueza; contudo, vive pelo poder de Deus" (2 Co 13:4).
Terceiro, o contexto refere-se ao evento como sendo "a ressurreição de Jesus Cristo" (3:21),
mas esta é entendida em todo o NT como sendo uma ressurreição corporal (cf. At 4:33; Rm 1:4; 1
Co 15:21; 1 Pe 1:3; Ap20:5).
Quarto, mesmo que "espírito" se refira ao espírito humano de Jesus (i Í não ao Espírito
Santo), o significado do versículo não pode ser o de que Jesus não tinha um corpo ressuscitado.
Caso contrário, a referência a seu "corpo" (carne) antes da ressurreição significaria que ele não
tinha um espírito humano. Parece melhor tomar a palavra "carne" nesse contexto como uma
referência à sua total condição de humilhação antes da ressurreição, e a palavra "espírito" como
referindo-se ao seu ilimitado poder e à sua vida imortal após a ressurreição.

1 PEDRO 3:19 - Pedro apóia a idéia de que uma pessoa pode ser salva depois da morte?
PROBLEMA: Em 1 Pedro 3:19 lemos que, após a morte, Cristo "foi e pregou aos espíritos em
prisão". Mas a Bíblia diz também que "aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo,
depois disto, o juízo 9:27”. Esses dois versículos parecem ensinar posições mutuamente opostas.
SOLUÇÃO: A Bíblia é clara quanto a não haver uma segunda oportunidade para a salvação,
depois da morte (cf. Hb 9:27). O livro do Apocalipse registra o Julgamento do Grande Trono
Branco, no qual aqueles cujos nomes não são encontrados no livro da vida são lançados no lago de
fogo (Ap 20:11-15).
Lucas nos informa de que, depois da morte, a pessoa vai ou para o céu (para o seio de
Abraão) ou para o inferno, e há posto um grande abismo entre o céu e o inferno, de forma que "os
que querem passar" de um lado para o outro "não podem" (Lc 16:26). Toda a urgência que há de se
responder a Deus nesta vida, antes da morte, dá ainda um respaldo adicional ao fato de que não há
esperança além do túmulo (cf. Jo 3:36; 5:24).
Há outros modos de se entender essa passagem, sem o envolvimento de uma segunda
oportunidade de salvação após a morte. Alguns alegam que não está claro que a frase "espíritos em
prisão" seja uma referência a seres humanos, argumentando que em parte alguma da Bíblia essa
expressão é aplicada a seres humanos no inferno. Declaram que esses espíritos são anjos caídos, já
que os "filhos de Deus" (anjos caídos, veja Jó 1:6;2:1; 38:7) foram "desobedientes... nos dias de
Noé (1 Pe3:20; cf. Gn 6:1-4).
Pedro pode estar se referindo a isso em 2 Pedro 2:4, onde ele menciona os anjos pecando,
imediatamente antes de referir-se ao dilúvio (v. 5). Em resposta, argumenta-se que os anjos não se
casam (Mt 22:30), e que certamente eles não poderiam relacionar-se em casamento com os seres
humanos, já que, sendo espíritos, eles não têm os órgãos reprodutivos.
Uma outra interpretação é que essa seja uma referência a uma proclamação de Cristo, feita
aos espíritos dos que já passaram, quanto ao triunfo de sua ressurreição, declarando-lhes a vitória
que ele alcançou por sua morte e ressurreição, como é indicado no versículo precedente (veja l Pe
3:18).
Alguns sugerem que Jesus não ofereceu esperança alguma de salvação àqueles "espíritos em
prisão". Apontam para o fato de que o texto não diz que Cristo os evangelizou, mas que
simplesmente proclamou-lhes a vitória da sua ressurreição. Insistem em que não há nada nessa
passagem que afirme ter havido uma pregação do evangelho aos que estão no inferno.
Em resposta a essa posição, outros observam que bem no capítulo seguinte Pedro,
aparentemente dando continuidade a esse assunto, diz que "foi o Evangelho pregado também a
mortos" (1 Pe 4:6). Essa posição corresponde ao contexto da passagem em questão, está de acordo
com o ensino de outros versículos (cf. Ef 4:8; Cl 2:15) e evita os maiores problemas da outra
posição.

1 PEDRO 4:6 - O evangelho é pregado às pessoas depois de sua morte?
PROBLEMA: Pedro diz que "foi o Evangelho pregado também a mortos". Isso parece querer dizer
que as pessoas têm uma oportunidade para serem salvas depois de sua morte. Mas isso entra em
conflito com Hebreus 9:27, que afirma categoricamente que "aos homens está ordenado morrerem
uma só vez, vindo, depois disto, o juízo".
SOLUÇÃO: Primeiro, deve-se notar que não há versículo algum na Bíblia que estenda a esperança
da salvação para após a morte. A morte é o ponto final, e há apenas dois destinos - o céu e o inferno,
entre os quais há um grande abismo, que não pode ser atravessado (veja os comentários de 1 Pedro
3:19). Assim, seja o que for que a expressão "pregado a mortos" possa significar, isso não implica
que haja salvação após a morte.
Segundo, essa é uma passagem não clara, sujeita a muitas interpretações, e portanto
nenhuma doutrina deve basear-se numa passagem duvidosa como essa. Os textos difíceis devem ser
sempre interpretados à luz dos que são claros, e não o contrário.
Terceiro, há outras possíveis interpretações dessa passagem que não entram em conflito com
o ensino do restante das Escrituras. (1) Por exemplo, é possível que ela se refira àqueles que agora
estão mortos, e que ouviram o Evangelho no tempo em que estavam vivos. Em apoio a isso é citado
o fato de que o Evangelho "foi pregado" (no passado) àqueles que estão "mortos" (situação
presente). (2) Ou, alguns crêem que essa não seja uma referência a seres humanos, mas aos
"espíritos em prisão" (anjos) mencionados em 1 Pedro 3:19 (cf. 2 Pe 2:4 e Gn 6:2). (3) Ainda outros
afirmam que, embora os mortos sofram a destruição de sua carne (1 Pe 4:6), ainda vivem com Deus
em virtude do que Cristo fez por meio do Evangelho (ou seja, sua morte e ressurreição). Essa
mensagem de vitória foi anunciada por Cristo em pessoa ao mundo espiritual depois de sua
ressurreição (cf. 1 Pe 3:18).

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