1 CORÍNTIOS 3
1
CORINTIOS 11:14 - Como pode a natureza ensinar que é errado para o
homem usar cabelo
comprido,
se o comprimento do cabelo é
algo cultural?
PROBLEMA:
Paulo fez a seguinte
pergunta: "Não vos ensina a própria natureza ser desonroso
para
o homem usar cabelo comprido?" Mas o comprimento do cabelo de um
homem é relativo à
cultura
e ao tempo em que ele vive. Não é algo que se saiba pela natureza.
SOLUÇÃO:
Essa é uma passagem
difícil, e os comentaristas não concordam entre si quanto ao seu
sentido.
Mas há duas maneiras pelas quais podemos entendê-la.
Entendendo
a natureza subjetivamente. Nesse
sentido, "natureza" denota sentimentos
instintivos
ou um sentido intuitivo quanto ao que seja apropriado. Isso
certamente pode ser afetado
por
hábitos e práticas culturais. Se esse é o sentido da passagem,
então a afirmativa de Paulo
significa
mais ou menos o seguinte: "Os vossos próprios costumes não vos
ensinam que o cabelo
comprido
é desonroso para o homem?" Essa interpretação é difícil de
se justificar, em termos do
significado
normal da palavra "natureza" (pliusis),
a qual no NT tem um
sentido muito mais forte
do
que "costumes" (cf. Rm 1:16; 2:14).
Entendendo
a natureza objetivamente. Nesse
sentido, "natureza" significa a ordem das leis
naturais.
Paulo fala do homossexualismo como sendo "contra a natureza"
(Rm 1:26), e fala que os
gentios
têm conhecimento - do que é certo e do que é errado - "pela
natureza", isto é, pela "lei
escrita
em seus corações" (Rm 2:15). Nesse sentido, ele está dizendo
algo assim: "Até mesmo os
pagãos,
que não têm nenhuma revelação especial, ainda assim têm uma
inclinação natural para
distinguir
os sexos por meio do comprimento do cabelo, as mulheres geralmente
tendo um cabelo
mais
cheio e mais comprido".
Os
seres humanos instintivamente distinguem os sexos de diversos modos,
dos quais um é o
comprimento
do cabelo. Há exceções decorrentes da necessidade (saúde,
segurança), da
perversidade
(homossexualismo) ou de uma prática de santidade (o voto de
nazireu). Mas essas
somente
servem para provar a regra geral que se baseia na tendência natural
de se diferenciar os
sexos
com base no comprimento do cabelo.
Com
certeza, nenhum padrão absoluto do que seja um cabelo "comprido"
estaria na mente
de
Paulo. Isso variaria de acordo com a cultura. O ponto principal era
permitir a distinção entre os
sexos.
Foi por essa razão que o AT também proibiu o homem de vestir-se
como a mulher (Dt 22:5),
uma
prática que daria margem a toda sorte de impropriedades, tanto de
ordem social como moral.
1
CORÍNTIOS 15:5-8-Jesus apareceu somente a crentes?
PROBLEMA:
Alguns críticos
tentaram lançar dúvida quanto à validade d,a ressurreição de
Cristo,
insistindo
que ele apareceu somente a crentes, mas nunca a incrédulos. Isso é
verdade?
SOLUÇÃO:
E incorreto declarar
que Jesus não apareceu a incrédulos. Isso está claro por muitas
razões.
Primeiro, ele apareceu ao então maior dos que não criam em Jesus,
Saulo de Tarso (At
9:lss).
A Bíblia dedica uma boa parte de vários capítulos para contar essa
história (At 9; 22; 26).
Segundo,
até mesmo os discípulos de Jesus eram ainda descrentes c a
ressurreição quando
pela
primeira vez ele lhes apareceu. Quando Maria Madalena e outros
relataram que Jesus tinha
ressuscitado,
"tais palavras lhes pareciam um como delírio, e não
acreditaram nelas" (c 24:11). Maisa tua boca" (Pv 27:2).
SOLUÇÃO:
Antes de mais nada é
importante notar que, quando vangloriou-se, Paulo admitiu: "O
que
falo, não o falo segundo o Senhor e sim como por loucura, nesta
confiança de gloriar-me" (2
Co
11:17). Além disso, Paulo qualificava suas vanglorias com frases do
tipo: "ainda que nada sou"
(2
Co 12:11) e "não eu, mas a graça de Deus comigo" (1 Co
15:10) e sua motivação não era o
louvor
a si mesmo nem a autodefesa, mas a defesa e a difusão do Evangelho.
Finalmente,
Paulo não se gloriou na
carne. Ele se
gloriou, porém, no Senhor e no privilégio
de
se humilhar e de ser perseguido por causa dele (2 Co 11:22ss). Tal
tipo de "vangloria" está em
perfeita
harmonia com uma verdadeira humildade.
1
CORINTIOS 15:20 - Foi Jesus o primeiro, de todos os tempos, a ser
ressuscitado de entre os
mortos?
PROBLEMA:
A Bíblia parece
declarar que Cristo foi o primeiro de todos os que ressuscitaram de
entre
os mortos, chamando-o de "as primícias dos que dormem".
Entretanto, há muitas outras
ressurreições
registradas na Bíblia, que aconteceram antes da ressurreição de
Jesus, tanto no AT (cf.
1
Rs 17:22; 2 Rs 13:21) como no NT (cf. Jo 11:43-44; At 20:9). Gomo
então a ressurreição de Jesus
pode
ter sido a primeira?
SOLUÇÃO:
Quando Jesus
retornou dos mortos, esta foi a primeira ressurreição
real. Todas as
demais
foram simplesmente casos de ressuscitamento
ou de revivificação
de um corpo morto.
Há
cruciais
diferenças entre a ressurreição e um simples ressuscitamento.
A
ressurreição é para um corpo imortal, ao passo que o
ressuscitamento é meramente a volta
para
o corpo mortal (cf. 1 Co 15:53). Isso quer dizer que Lázaro e
qualquer outro que tenha
ressuscitado
dos mortos, que não Cristo, um dia vieram a morrer de novo. A
ressurreição de Cristo
foi
a primeira que é referida como a de quem vive "pelos séculos
dos séculos" (Ap 1:18).
Além
disso, o corpo ressurreto tem certas qualidades sobrenaturais, não
inerentes ao corpo
mortal,
tais como a possibilidade de aparecer e desaparecer da vista
imediatamente (Lc 24:31) ou
entrar
num quarto fechado (Jo 20:19).
Finalmente,
mesmo sendo a ressurreição mais que o ressuscitamento, ela implica
também
no
revivificar o corpo, porém acrescido ce outras características.
Corpos ressuscitados morrem de
novo,
mas o corpo ressurreto de Jesus é imortal. Ele conquistou a morte
(Hb 2:14; 1 Co 15:54-
55),ao
passo que corpos que foram simplesmente revivificados um dia acabarão
por ser
conquistados
pela morte. Entretanto, o fato de Jesus ter sido o primeiro a
ressuscitar com um corpo
imortal
não significa que esse corpo que ascendeu seja imaterial. A
ressurreição é muito mais do
que
reanimar um cadáver, embora isto também ocorra. Foi o mesmo corpo
de "carne e ossos" ( .c
24:39)
que ressuscitou.
1
CORÍNTIOS 15:29 - Quando Paulo falou de se batizar pelos mortos, ele
não está
contradizendo
o ensino de que cada pessoa individualmente tem de crer?
PROBLEMA:
Paulo disse: "que
farão os que se batizam por causa dos mortos?" Isso parece
dizer
que,
se alguém se batiza por uma pessoa morta, então esse morto é
salvo. Mas isso está em total
conflito
com o claro ensino das Escrituras de que todos - que têm idade
suficiente para entender -
têm
de crer por si mesmos para serem salvos (Jo 3:16; Sm 10:9-13; cf.Ez
18:20).
SOLUÇÃO:
Essa é uma passagem
obscura e isolada. Não é sábio basear nenhuma doutrina numa
passagem
assim. Antes, deve-se sempre usar as passagens claras das Escrituras
para interpretar as
que
não são claras.
A
Bíblia é enfática na questão de que o batismo não salva (veja os
comentários de Atos
2:38).
Somos salvos pela graça mediante a fé, não por obras (Ef 2:8-9; Tt
3:5-7; Rm 4:5). Além
disso,
nada podemos fazer para obter a salvação para outra pessoa. Cada um
tem de pessoalmente
crer
(Jo 1:12). Cada pessoa tem de fazer a sua livre escolha (Mt 23:37; 2
Fe 3:9).
Os
eruditos têm diferentes opiniões quanto ao que Paulo quis dizer
nessa passagem. As
seguintes
interpretações são possíveis:
Alguns
crêem que Paulo esteja se referindo a uma prática herética que
havia entre os
coríntios,
que tinham ainda muitas outras falsas crenças (cf. 1 Co 5; 12). Com
efeito, Paulo estaria
dizendo:
"Se vocês não acreditam na ressurreição, por que então se
empenham na prática de se
batizarem
pelos mortos? Vocês são inconsistentes em suas próprias (falsas)
crenças." Os que
entendem
assim pensam que, por ser tal prática do batismo pelos mortos —
tão obviamente errada,
Paulo
nem precisou condená-la de modo explícito. Observam ainda que Paulo
disse que "eles"
(subentendido)
se batizam por causa dos mortos; ele não disse que "nós"
nos batizamos pelos
mortos
(v. 29).
Outros
sugerem que Paulo está se referindo simplesmente ao fato de que o
batismo de novos
convertidos
está suprindo as vagas deixadas pelos crentes que já morreram e
foram estar com o
Senhor.
Se for isso, então o sentido dessa passagem será: "Por que
vocês continuam a encher a
igreja
de novos convertidos, que são batizados, que tomam o lugar daqueles
que já morreram, se
vocês
realmente não crêem que há esperança para eles além do túmulo?"
Ainda
outros acham que Paulo está apontando o fato de que o batismo
simboliza a morte do
crente
com Cristo (Rm 6:3-5). A palavra grega traduzida como "por causa
dos" (eis) pode ter o
sentido
também de "com vistas a". Assim, ele estaria dizendo: "Por
que vocês se batizam com vistas
à
sua morte e ressurreição com Cristo, se vocês nem mesmo crêem na
ressurreição?"
Outros
mais há que mostram que a preposição grega (huper)
significa, como as
versões de
Almeida
traduzem, "por causa dos" não no sentido de "pelos"
mortos, mas expressando um ato feito
"para
os" que estão mortos. Eles se baseiam no fato de que Paulo diz:
"Se, absolutamente, os
mortos
não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?" (v. 29).
Como
era comum no tempo do NT a pessoa ser batizada assim que recebia o
Evangelho, o
batismo
era um sinal de sua fé em Cristo; portanto, Paulo estaria dizendo:
"Por que ser batizado, se
não
há ressurreição? Por que batizar para ficar morto?" Pois mais
tarde ele diz que se não há
ressurreição,
então "comamos e bebamos, que amanhã morreremos" (v. 32).
Qualquer
que seja a correta interpretação, não há razão para acreditar
que Paulo estivesse
contradizendo
o seu claro ensino feito em outras partes da Escritura, ou o ensino
de toda a Bíblia,
segundo
o qual é patente que cada pessoa tem de, por sua livre vontade,
receber ou rejeitar o dom
gratuito
de Deus, que é a salvação.
1
CORÍNTIOS 15:37 - Paulo está ensinando que o corpo ressurreto é
diferente daquele que
foi
semeado - uma espécie de reencarnação?
PROBLEMA:
De acordo com esse
versículo, "[não semeamos] o corpo que há de ser".
Alguns
consideram
que isso significa que o corpo ressurreto é um corpo diferente, um
corpo "espiritual" (v.
44),
que não é necessariamente material (veja os comentários de 1 Co
15:44). Isso então prova que
não
ressuscitaremos com o mesmo corpo físico de carne e ossos som que
morremos?
SOLUÇÃO:
Há de fato mudanças
no corpo ressurreto, mas a mudança não é para um corpo não
físico
- não é para um corpo substancialmente diferente daquele que
possuímos agora. A semente
que
vai para a terra produz mais sementes da mesma espécie, não
sementes imateriais. É nesse
sentido
que Paulo pode dizer: "não semeias [não fazes morrer] o corpo
que há de ser", já que ele é
imortal
e não pode morrer. O corpo ressuscitado é diferente por ser imortal
(1 Co 15:53), não por
ser
um corpo imaterial. A respeito de seu corpo ressurreto, Jesus disse:
"Sou eu mesmo; apalpai-me
e
verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes
que eu tenho" (Lc 24:39).
Há
muitas razões para sustentar que o corpo ressurreto de Jesus, embora
transformado e
glorificado,
é identicamente
o mesmo corpo de
carne e ossos que ele tinha antes da ressurreição. E
como
a ressurreição de nossos corpos será como a de Jesus (Fp 3:21),
essa verdade é válida para a
ressurreição
do corpo do crente.
Observe
estas características do corpo ressurreto de Jesus: (1) Era o mesmo
corpo, com as
cicatrizes
da crucificação feitas nele antes da ressurreição (Lc 24:39; Jo
20:27). (2) Foi o mesmo
corpo
que, ressuscitando, deixou vazio o sepulcro (Mt 28:6; Jo 20:5-7; cf.
Jo 5:28-29). (3) O corpo
físico
de Jesus não se degradou no túmulo (At 2:31). (4) Jesus disse que p
mesmo corpo destruído
será
reconstruído (Jo 2:19-22). (5) O corpo imortal "reveste" o
mortal, mas não o substitui (1 Co
15:53).
(6) A planta que provém da semente é tanto genética como
fisicamente ligada à semente. O
que
se semeia é o que se colhe (1 Co 15:37-38). (7) Era o mesmo corpo de
"carne e ossos" (Lc
24:39),
que podia ser tocado (Mt 28:9; Jo 20:27) e que podia comer alimentos
físicos (Lc 24:41-
42).
A
"mudança" (1 Co 15:51) que ocorre na ressurreição, a que
Paulo se refere, é uma
mudança
no corpo,
não uma mudança de
corpo. As mudanças
na ressurreição são acidentais,
não
substanciais.
São mudanças em
qualidades secundárias,
não em qualidades
primárias.
Trata-se da
mudança
de um corpo físico corruptível para um corpo físico incorruptível;
de um corpo físico para
um
corpo não físico; de um corpo físico mortal para um corpo físico
imortal. Porém não é a
mudança
de um corpo material para um não-material.
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