quinta-feira, 7 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- 1 Coríntios 3

1 CORÍNTIOS 3



1 CORINTIOS 11:14 - Como pode a natureza ensinar que é errado para o homem usar cabelo
comprido, se o comprimento do cabelo é algo cultural?

PROBLEMA: Paulo fez a seguinte pergunta: "Não vos ensina a própria natureza ser desonroso
para o homem usar cabelo comprido?" Mas o comprimento do cabelo de um homem é relativo à
cultura e ao tempo em que ele vive. Não é algo que se saiba pela natureza.
SOLUÇÃO: Essa é uma passagem difícil, e os comentaristas não concordam entre si quanto ao seu
sentido. Mas há duas maneiras pelas quais podemos entendê-la.
Entendendo a natureza subjetivamente. Nesse sentido, "natureza" denota sentimentos
instintivos ou um sentido intuitivo quanto ao que seja apropriado. Isso certamente pode ser afetado
por hábitos e práticas culturais. Se esse é o sentido da passagem, então a afirmativa de Paulo
significa mais ou menos o seguinte: "Os vossos próprios costumes não vos ensinam que o cabelo
comprido é desonroso para o homem?" Essa interpretação é difícil de se justificar, em termos do
significado normal da palavra "natureza" (pliusis), a qual no NT tem um sentido muito mais forte
do que "costumes" (cf. Rm 1:16; 2:14).
Entendendo a natureza objetivamente. Nesse sentido, "natureza" significa a ordem das leis
naturais. Paulo fala do homossexualismo como sendo "contra a natureza" (Rm 1:26), e fala que os
gentios têm conhecimento - do que é certo e do que é errado - "pela natureza", isto é, pela "lei
escrita em seus corações" (Rm 2:15). Nesse sentido, ele está dizendo algo assim: "Até mesmo os
pagãos, que não têm nenhuma revelação especial, ainda assim têm uma inclinação natural para
distinguir os sexos por meio do comprimento do cabelo, as mulheres geralmente tendo um cabelo
mais cheio e mais comprido".
Os seres humanos instintivamente distinguem os sexos de diversos modos, dos quais um é o
comprimento do cabelo. Há exceções decorrentes da necessidade (saúde, segurança), da
perversidade (homossexualismo) ou de uma prática de santidade (o voto de nazireu). Mas essas
somente servem para provar a regra geral que se baseia na tendência natural de se diferenciar os
sexos com base no comprimento do cabelo.
Com certeza, nenhum padrão absoluto do que seja um cabelo "comprido" estaria na mente
de Paulo. Isso variaria de acordo com a cultura. O ponto principal era permitir a distinção entre os
sexos. Foi por essa razão que o AT também proibiu o homem de vestir-se como a mulher (Dt 22:5),
uma prática que daria margem a toda sorte de impropriedades, tanto de ordem social como moral.

1 CORÍNTIOS 15:5-8-Jesus apareceu somente a crentes?

PROBLEMA: Alguns críticos tentaram lançar dúvida quanto à validade d,a ressurreição de Cristo,
insistindo que ele apareceu somente a crentes, mas nunca a incrédulos. Isso é verdade?
SOLUÇÃO: E incorreto declarar que Jesus não apareceu a incrédulos. Isso está claro por muitas
razões. Primeiro, ele apareceu ao então maior dos que não criam em Jesus, Saulo de Tarso (At
9:lss). A Bíblia dedica uma boa parte de vários capítulos para contar essa história (At 9; 22; 26).
Segundo, até mesmo os discípulos de Jesus eram ainda descrentes c a ressurreição quando
pela primeira vez ele lhes apareceu. Quando Maria Madalena e outros relataram que Jesus tinha
ressuscitado, "tais palavras lhes pareciam um como delírio, e não acreditaram nelas" (c 24:11). Maisa tua boca" (Pv 27:2).
SOLUÇÃO: Antes de mais nada é importante notar que, quando vangloriou-se, Paulo admitiu: "O
que falo, não o falo segundo o Senhor e sim como por loucura, nesta confiança de gloriar-me" (2
Co 11:17). Além disso, Paulo qualificava suas vanglorias com frases do tipo: "ainda que nada sou"
(2 Co 12:11) e "não eu, mas a graça de Deus comigo" (1 Co 15:10) e sua motivação não era o
louvor a si mesmo nem a autodefesa, mas a defesa e a difusão do Evangelho.
Finalmente, Paulo não se gloriou na carne. Ele se gloriou, porém, no Senhor e no privilégio
de se humilhar e de ser perseguido por causa dele (2 Co 11:22ss). Tal tipo de "vangloria" está em
perfeita harmonia com uma verdadeira humildade.

1 CORINTIOS 15:20 - Foi Jesus o primeiro, de todos os tempos, a ser ressuscitado de entre os
 mortos?

PROBLEMA: A Bíblia parece declarar que Cristo foi o primeiro de todos os que ressuscitaram de
entre os mortos, chamando-o de "as primícias dos que dormem". Entretanto, há muitas outras
ressurreições registradas na Bíblia, que aconteceram antes da ressurreição de Jesus, tanto no AT (cf.
1 Rs 17:22; 2 Rs 13:21) como no NT (cf. Jo 11:43-44; At 20:9). Gomo então a ressurreição de Jesus
pode ter sido a primeira?
SOLUÇÃO: Quando Jesus retornou dos mortos, esta foi a primeira ressurreição real. Todas as
demais foram simplesmente casos de ressuscitamento ou de revivificação de um corpo morto. Há
cruciais diferenças entre a ressurreição e um simples ressuscitamento.
A ressurreição é para um corpo imortal, ao passo que o ressuscitamento é meramente a volta
para o corpo mortal (cf. 1 Co 15:53). Isso quer dizer que Lázaro e qualquer outro que tenha
ressuscitado dos mortos, que não Cristo, um dia vieram a morrer de novo. A ressurreição de Cristo
foi a primeira que é referida como a de quem vive "pelos séculos dos séculos" (Ap 1:18).
Além disso, o corpo ressurreto tem certas qualidades sobrenaturais, não inerentes ao corpo
mortal, tais como a possibilidade de aparecer e desaparecer da vista imediatamente (Lc 24:31) ou
entrar num quarto fechado (Jo 20:19).
Finalmente, mesmo sendo a ressurreição mais que o ressuscitamento, ela implica também
no revivificar o corpo, porém acrescido ce outras características. Corpos ressuscitados morrem de
novo, mas o corpo ressurreto de Jesus é imortal. Ele conquistou a morte (Hb 2:14; 1 Co 15:54-
55),ao passo que corpos que foram simplesmente revivificados um dia acabarão por ser
conquistados pela morte. Entretanto, o fato de Jesus ter sido o primeiro a ressuscitar com um corpo
imortal não significa que esse corpo que ascendeu seja imaterial. A ressurreição é muito mais do
que reanimar um cadáver, embora isto também ocorra. Foi o mesmo corpo de "carne e ossos" ( .c
24:39) que ressuscitou.

1 CORÍNTIOS 15:29 - Quando Paulo falou de se batizar pelos mortos, ele não está
contradizendo o ensino de que cada pessoa individualmente tem de crer?

PROBLEMA: Paulo disse: "que farão os que se batizam por causa dos mortos?" Isso parece dizer
que, se alguém se batiza por uma pessoa morta, então esse morto é salvo. Mas isso está em total
conflito com o claro ensino das Escrituras de que todos - que têm idade suficiente para entender -
têm de crer por si mesmos para serem salvos (Jo 3:16; Sm 10:9-13; cf.Ez 18:20).
SOLUÇÃO: Essa é uma passagem obscura e isolada. Não é sábio basear nenhuma doutrina numa
passagem assim. Antes, deve-se sempre usar as passagens claras das Escrituras para interpretar as
que não são claras.
A Bíblia é enfática na questão de que o batismo não salva (veja os comentários de Atos
2:38). Somos salvos pela graça mediante a fé, não por obras (Ef 2:8-9; Tt 3:5-7; Rm 4:5). Além
disso, nada podemos fazer para obter a salvação para outra pessoa. Cada um tem de pessoalmente
crer (Jo 1:12). Cada pessoa tem de fazer a sua livre escolha (Mt 23:37; 2 Fe 3:9).
Os eruditos têm diferentes opiniões quanto ao que Paulo quis dizer nessa passagem. As
seguintes interpretações são possíveis:
Alguns crêem que Paulo esteja se referindo a uma prática herética que havia entre os
coríntios, que tinham ainda muitas outras falsas crenças (cf. 1 Co 5; 12). Com efeito, Paulo estaria
dizendo: "Se vocês não acreditam na ressurreição, por que então se empenham na prática de se
batizarem pelos mortos? Vocês são inconsistentes em suas próprias (falsas) crenças." Os que
entendem assim pensam que, por ser tal prática do batismo pelos mortos — tão obviamente errada,
Paulo nem precisou condená-la de modo explícito. Observam ainda que Paulo disse que "eles"
(subentendido) se batizam por causa dos mortos; ele não disse que "nós" nos batizamos pelos
mortos (v. 29).
Outros sugerem que Paulo está se referindo simplesmente ao fato de que o batismo de novos
convertidos está suprindo as vagas deixadas pelos crentes que já morreram e foram estar com o
Senhor. Se for isso, então o sentido dessa passagem será: "Por que vocês continuam a encher a
igreja de novos convertidos, que são batizados, que tomam o lugar daqueles que já morreram, se
vocês realmente não crêem que há esperança para eles além do túmulo?"
Ainda outros acham que Paulo está apontando o fato de que o batismo simboliza a morte do
crente com Cristo (Rm 6:3-5). A palavra grega traduzida como "por causa dos" (eis) pode ter o
sentido também de "com vistas a". Assim, ele estaria dizendo: "Por que vocês se batizam com vistas
à sua morte e ressurreição com Cristo, se vocês nem mesmo crêem na ressurreição?"
Outros mais há que mostram que a preposição grega (huper) significa, como as versões de
Almeida traduzem, "por causa dos" não no sentido de "pelos" mortos, mas expressando um ato feito
"para os" que estão mortos. Eles se baseiam no fato de que Paulo diz: "Se, absolutamente, os
mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?" (v. 29).
Como era comum no tempo do NT a pessoa ser batizada assim que recebia o Evangelho, o
batismo era um sinal de sua fé em Cristo; portanto, Paulo estaria dizendo: "Por que ser batizado, se
não há ressurreição? Por que batizar para ficar morto?" Pois mais tarde ele diz que se não há
ressurreição, então "comamos e bebamos, que amanhã morreremos" (v. 32).
Qualquer que seja a correta interpretação, não há razão para acreditar que Paulo estivesse
contradizendo o seu claro ensino feito em outras partes da Escritura, ou o ensino de toda a Bíblia,
segundo o qual é patente que cada pessoa tem de, por sua livre vontade, receber ou rejeitar o dom
gratuito de Deus, que é a salvação.

1 CORÍNTIOS 15:37 - Paulo está ensinando que o corpo ressurreto é diferente daquele que
foi semeado - uma espécie de reencarnação?
PROBLEMA: De acordo com esse versículo, "[não semeamos] o corpo que há de ser". Alguns
consideram que isso significa que o corpo ressurreto é um corpo diferente, um corpo "espiritual" (v.
44), que não é necessariamente material (veja os comentários de 1 Co 15:44). Isso então prova que
não ressuscitaremos com o mesmo corpo físico de carne e ossos som que morremos?
SOLUÇÃO: Há de fato mudanças no corpo ressurreto, mas a mudança não é para um corpo não
físico - não é para um corpo substancialmente diferente daquele que possuímos agora. A semente
que vai para a terra produz mais sementes da mesma espécie, não sementes imateriais. É nesse
sentido que Paulo pode dizer: "não semeias [não fazes morrer] o corpo que há de ser", já que ele é
imortal e não pode morrer. O corpo ressuscitado é diferente por ser imortal (1 Co 15:53), não por
ser um corpo imaterial. A respeito de seu corpo ressurreto, Jesus disse: "Sou eu mesmo; apalpai-me
e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho" (Lc 24:39).
Há muitas razões para sustentar que o corpo ressurreto de Jesus, embora transformado e
glorificado, é identicamente o mesmo corpo de carne e ossos que ele tinha antes da ressurreição. E
como a ressurreição de nossos corpos será como a de Jesus (Fp 3:21), essa verdade é válida para a
ressurreição do corpo do crente.
Observe estas características do corpo ressurreto de Jesus: (1) Era o mesmo corpo, com as
cicatrizes da crucificação feitas nele antes da ressurreição (Lc 24:39; Jo 20:27). (2) Foi o mesmo
corpo que, ressuscitando, deixou vazio o sepulcro (Mt 28:6; Jo 20:5-7; cf. Jo 5:28-29). (3) O corpo
físico de Jesus não se degradou no túmulo (At 2:31). (4) Jesus disse que p mesmo corpo destruído
será reconstruído (Jo 2:19-22). (5) O corpo imortal "reveste" o mortal, mas não o substitui (1 Co
15:53). (6) A planta que provém da semente é tanto genética como fisicamente ligada à semente. O
que se semeia é o que se colhe (1 Co 15:37-38). (7) Era o mesmo corpo de "carne e ossos" (Lc
24:39), que podia ser tocado (Mt 28:9; Jo 20:27) e que podia comer alimentos físicos (Lc 24:41-
42).
A "mudança" (1 Co 15:51) que ocorre na ressurreição, a que Paulo se refere, é uma
mudança no corpo, não uma mudança de corpo. As mudanças na ressurreição são acidentais, não
substanciais. São mudanças em qualidades secundárias, não em qualidades primárias. Trata-se da
mudança de um corpo físico corruptível para um corpo físico incorruptível; de um corpo físico para
um corpo não físico; de um corpo físico mortal para um corpo físico imortal. Porém não é a
mudança de um corpo material para um não-material.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo! Por favor, nada de ofensas, zombaria, blasfêmias, sejamos civilizados :)