LUCAS 3
LUCAS
24:23 - As aparições de Jesus depois da ressurreição eram físicas
ou eram meras
visões?
PROBLEMA:
Jesus referiu-se ao
seu corpo ressurreto como tendo carne e ossos (Lc 24:39). Ele
comeu
alimentos físicos (v. 42) e foi tocado por mãos humanas (Mt 28:9).
Mas Lucas refere-se a
uma
"visão", o que implica que não era uma aparição física.
Alguns também apontam para o fato de
que
aqueles que estavam com Paulo, quando ele passou por aquela
experiência no caminho de
Damasco,
não viram Cristo (veja tf 9:7).
SOLUÇÃO:
As aparições de
Jesus após sua ressurreição foram literais, foram aparições de
um
corpo
físico. Isso é evidente por várias razões. Primeiro, a passagem
de Lucas (24:23) não se refere
a
uma visão de Cristo, mas tão-somente àquelas mulheres vendo anjos
no sepulcro, e não a uma
aparição
de Cristo. Os Evangelhos nunca falam de uma aparição de Jesus após
a ressurreição como
sendo
uma visão, nem o faz Paulo em sua lista de 1 Coríntios 15.
Segundo,
os encontros com Cristo após a ressurreição são descritos por
Paulo como
aparições
literais (1 Co 15:5-8), não como visões. A diferença entre uma
mera visão e uma aparição
física
é
significativa. As
visões são de realidades invisíveis, espirituais, tal como Deus e
os anjos.
As
aparições, por outro lado, são de objetos físicos que podem ser
vistos ie olhos abertos. As visões
não
têm manifestações físicas a elas associadas, mas as aparições
têm.
As
pessoas, às vezes, "vêem" ou "ouvem" coisas em
suas visões (Lc 1:1 lss; At 10:9ss), mas
não
com os seus puros sentidos físicos. Quando acontece de alguém ver
anjos com os seus olhos
físicos,
ou ter algum contato físico com eles (Gn 18:8; 32:24; Dn 8:18), não
se trata de uma visão,
mas
de uma aparição real de anjos no mundo físico. Nessas aparições,
os anjos assumem
temporariamente
uma forma visível e depois retornam ao seu estado normal, invisível.
Entretanto,
as
aparições de Jesus após a ressurreição foram experiências em
que Cristo foi visto a olho nu em
sua
permanente e visível forma física. De qualquer forma, há uma
significativa diferença entre uma
simples
visão e uma aparição física.
VISÃO
APARIÇÃO
De
uma realidade espiritual
Não
há manifestações físicas
Daniel
2; 7
2
Coríntios 12
De
um objeto físico
Há
manifestações físicas
1
Coríntios 15
Atos
9
Terceiro,
certamente a maneira mais comum de se referir a um encontro com o
Cristo
ressurreto
é usando a palavra "aparição". As aparições foram
acompanhadas de manifestações
físicas,
tais como a voz audível de Jesus, as feridas da crucificação em
seu corpo físico, sensações
físicas
(como o toque) e o fato de alimentar-se em três ocasiões. Esses
fenômenos não são
meramente
subjetivos ou do interior da pessoa, eles envolvem uma realidade
física, exterior.
Finalmente,
a posição discordante de que a experiência de Paulo teria sido uma
visão -
porque
os que estavam com ele não viram Cristo -não tem fundamento, já
que seus companheiros
viram
a luz e ouviram o som, tal como Paulo, mas apenas este olhou para a
luz, e somente ele viu
Jesus.
LUCAS
24:31a - Depois de uma aparição, Jesus desaparecia repentinamente
diante de seus
discípulos,
desmaterializando-se?
PROBLEMA:
Jesus podia não
apenas aparecer de repente depois de sua ressurreição (cf. Jo
20:19),
como também desaparecer instantaneamente. Será isso uma evidência,
como alguns críticos
alegam,
de que Jesus se desmaterializava nessas ocasiões?
SOLUÇÃO:
Jesus ressuscitou
com o mesmo corpo físico, embora glorificado, com o qual morrera.
Tal
corpo é uma importante característica de sua permanente humanidade
tanto antes (cf. Jo 1:18)
como
depois (Lc 24:39; 1 Jo 4:2) de sua ressurreição.
Primeiro,
o fato de que ele podia aparecer e desaparecer rapidamente não
diminui a sua
humanidade,
mas a intensifica. Isso revela que, tendo o corpo ressurreto mais
poderes do que o
corpo
anterior à ressurreição, ele não era nada menos
do que físico. Isto
é, não deixou de ser um
corpo
material, muito embora pela ressurreição tenha ganho poderes além
dos que têm os meros
corpos
físicos.
Segundo,
é da própria natureza do milagre ser imediato, em oposição ao
processo gradual
natural.
Quando Jesus tocou a mão de um certo homem, "imediatamente
ele ficou limpo da
sua
lepra"
(Mt 8:3). Da mesma forma, com o comando de Jesus, o paralítico "no
mesmo instante,
tomando
o leito, retirou-se à vista de todos" (Mc 2:10-12). Quando
Pedro proclamou que o coxo de
nascença
fosse curado, "imediatamente,
os seus pés e
tornozelos se firmaram; de um salto se pôs
em
pé, passou a andar ..."(At 3:7-8).
Terceiro,
Filipe foi imediatamente trasladado da presença do eunuco etíope,
com o seu
corpo
físico, ainda não ressurreto. O texto diz que, depois de batizar o
eunuco, "o Espírito do
Senhor
arrebatou a Filipe, não o vendo mais o eunuco"(At 8:39). Num
momento Filipe foi visto
com
o eunuco; no momento seguinte ele de repente e miraculosamente
desapareceu e veio a
aparecer
noutra cidade (At 8:40). Tal fenômeno não necessita de um corpo
imaterial. Portanto, as
aparições
e os desaparecimentos repentinos não são provas do imaterial, mas
sim do sobrenatural.
LUCAS
24:31b - Se Jesus tinha o mesmo corpo físico depois da sua
ressurreição, por que os
seus
discípulos não o reconheceram?
PROBLEMA:
Aqueles dois
discípulos andaram com Jesus, falaram com çle, comeram com ele e,
entretanto,
não o reconheceram. Outros discípulos tiveram a mesma experiência
(veja os versículos
abaixo).
Se Jesus ressuscitou com o mesmo corpo físico (cf. Lc 24:39; Jo
20:27), então por que ele
não
foi reconhecido?
SOLUÇÃO:
Jesus ressuscitou
precisamente com o mesmo corpo de carne e ossos que ele tinha
quando
morreu (veja os comentários de 1 Corín-ios 15:37). Foram várias as
razões por que ele não
foi
imediatamente econhecido por seus discípulos:
1.
Estupidez - Lucas 24:25-26
2.
Incredulidade - João 20:24-25
3.
Desapontamento - João 20:11-15
4.
Temor - Lucas 24:36-37
5.
Escuridão - João 20:1,14-15
6.
Distância - João 21:4
7.
Roupas diferentes - João 19:23-24; cf. 20:6-8
Note,
entretanto, duas coisas importantes: o problema foi apenas
temporário,
e antes que
Jesus
desaparecesse a cada vez eles estavam absolutamente convencidos de
que era o mesmo Jesus,
com
o mesmo corpo físico de carne, ossos e cicatrizes que possuía antes
da ressurreição! E eles
saíram
de sua presença para pôr o mundo de cabeça para b!aixo, destemidos
diante da morte,
porque
não tinham a mínima dúvida de que Jesus vencera a morte com o
mesmo corpo físico com o
qual
havia passado por ela.
LUCAS
24:34 - Jesus era invisível aos olhos mortais antes e depois de suas
aparições?
PROBLEMA:
A frase "ele
apareceu" significa "ele se tornou visível" para eles
(cf. 1 Co 15:5-8).
Jesus
desaparecia também (Lc 24:31). Com isso, há quem considere que ele
não era
necessariamente
material, mas que apenas se materializava quando aparecia aos seus
discípulos e se
desmaterializava
quando desaparecia. Entretanto, outras passagens declaram que Jesus
teve em todo
tempo
o mesmo corpo material de carne e ossos com o qual morreu (Lc 24:39;
Jo 20:27).
SOLUÇÃO:
Que o corpo
ressurreto de Jesus era um corpo essencialmente material, está bem
claro
a
partir dos seguintes fatos. Primeiro, o corpo ressurreto de Cristo
podia ser visto a olhos abertos
durante
suas aparições. Elas são descritas com a palavra horaõ
("ver").
Embora essa palavra às
vezes
seja usada com o sentido de ver realidades invisíveis (cf. Lc 1:22;
24:23), com freqüência o
seu
sentido é o de ver com os olhos abertos.
João,
por exemplo, emprega a mesma palavra (horaõ)
quando diz que
pessoas viram Jesus
com
seu corpo terreno antes da ressurreição (6:36; 14:9; 19:35) e
quando o viram com o corpo
ressurreto
(20:18, 25, 29). Já que a mesma palavra para "corpo"
(soma) é
usada com referência
a
Jesus
antes e depois da ressurreição (cf. 1 Co 15:44; Fp 3:21), e desde
que a mesma palavra para
"ver"
(horaõ) é
empregada nas duas
ocasiões, não há razão para crer que o corpo ressurreto não
tenha
sido literalmente o mesmo corpo natural de Jesus.
Além
disso, mesmo na frase "ele se deixou ser visto" (tempo
aoristo passivo, ophthè,
o
sentido
é que Jesus tomou a iniciativa de se mostrar aos discípulos, não
que ele estivesse
necessariamente
invisível. A mesma forma ("Ele [eles] apareceu [apareceram]")
é usada no AT
grego
(2 Cr 25:21), num livro apócrifo (1 Macabeus 4:6), e no NT (At 7:26)
a respeito de meros
seres
humanos aparecendo em corpos físicos normais.
Nessa
forma passiva, a palavra significa dar início a uma aparição em
público, mover-se de
um
lugar em que a pessoa não está sendo vista para outro em que seja
vista. Não significa
necessariamente
que esteja expressando que algo invisível por natureza tenha se
tornado visível.
Antes,
o significado geralmente é mais "vir para onde possa ser
visto".
Não
há razão alguma, portanto, para entender que tal expressão esteja
se referindo a alguma
coisa
naturalmente invisível que tenha se tornado visível, como alguns
querem. Se assim fosse, isso
significaria
que aqueles seres humanos, em seus corpos antes da ressurreição,
eram essencialmente
invisíveis
antes de serem vistos por outras pessoas.
Ainda,
o mesmo evento que é descrito pela expressão "ele apareceu"
ou "que ele seja visto"
(aoristo
passivo), tal como a aparição a Paulo (1 Co 15:8), é descrito
também na voz ativa. Paulo
escreveu
acerca dessa mesma experiência em 1 Co 9:1: "Não vi Jesus,
nosso Senhor?". Mas se o
corpo
ressurreto pode ser visto por um olho aberto, então ele não é
invisível até que se faça visível
por
alguma pretendida "materialização".
Jesus
desapareceu diante de seus discípulos também em outras ocasiões
(veja Lc 24:51; At
1:9).
Mas se ele podia desaparecer de repente, assim como aparecer, então
sua capacidade de
aparecer
não pode ser tomada como evidência de que o seu corpo ressurreto
era essencialmente
invisível.
Pela mesma razão sua capacidade de desaparecer de repente poderia
então ser usada como
evidência
de que ele era essencialmente material e que de súbito podia
tornar-se imaterial.
Finalmente,
há muitas outras explicações racionais para o destaque dado às
aparições que
foram
da iniciativa do próprio Jesus. Em primeiro lugar, elas eram a prova
de que tinha vencido a
morte
(At 13:30-31; 17:31; Rm 1:4). Jesus disse: "Eu sou ... aquele
que vive; estive morto, mas eis
que
estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e
do inferno"
(Ap 1:18; cf. Jo
10:18).
A tradução "foi visto" (1 Co 15:5ss) é um modo
perfeitamente adequado para expressar o
seu
triunfo, de sua própria iniciativa. Ele foi soberano sobre a morte
assim como sobre suas
aparições
após a ressurreição.
Há
que se acrescentar ainda que ninguém presenciou o momento histórico
em que a
ressurreição
ocorreu. Mas o fato de Jesus ter aparecido repetidamente com o mesmo
corpo por
cerca
de quarenta dias
(At
1:3) a mais de 500 pessoas diferentes (1 Co 15:6), em doze diferentes
ocasiões, isso é uma
incontestável
evidência de que ele realmente levantou-se, com seu corpo físico,
de entre os mortos.
Em
resumo, a razão para o destaque nas várias aparições de Cristo
não é porque o corpo
ressurreto
era essencialmente invisível e imaterial, mas antes para mostrar que
ele era mesmo
material
e imortal. Sem o túmulo vazio e sem as repetidas aparições do
mesmo corpo, que nele
estivera
enterrado, não haveria prova da ressurreição. Portanto, não é de
todo surpreendente que a
Bíblia
tão fortemente destaque as muitas aparições de Cristo. Elas são a
prova real da ressurreição
física
que ocorreu.
LUCAS
24:44 - O AT foi dividido pelos judeus dos dias de Jesus em duas ou
em três partes?
PROBLEMA:
A Bíblia dos judeus
é dividida em três seções: a Lei, os Profetas e os Escritos.
Muitos
crêem que Jesus está se referindo a essa tríplice divisão, na
frase: "na Lei de Moisés, nos
Profetas
e nos Salmos". Entretanto, no NT a forma padrão de referência
a todo o AT por Jesus e
pelos
autores do NT é com a frase: "a lei e os profetas" (cf. Mt
5:17; Lc 24:27). Qual é correta?
SOLUÇÃO:
A mais antiga
referência às divisões ou seções do AT é a que estabelece duas
partes: a
Lei
e os Profetas. Isso é verdade durante o período do exílio judeu
(século VI a.C), tal como
indicado
por Daniel (9:2, 11, 13), e também depois do exílio (Zc 1:4;
7:7,12;
cf. Ml 4:4,5).
Referências
ao AT continuaram entre o AT e o NT nos apócrifos (1 Macabeus 4:45;
9:27; 2
Macabeus
15:9), bem como na comunidade Qumran (Manual de Disciplina 9.11).
Também, como
indicado,
essa é a forma padrão de se referir às divisões do AT no NT (cf.
Mt 5:17; Lc 24:27).
Além
disso, essa frase - "a lei e os profetas" - incluía todo o
AT (todos os 39 livros), já que
Jesus
disse que se referia a "todas as Escrituras" (Lc 24:27).
Incluía então tudo o que Deus tinha
revelado
por intermédio dos profetas até João Batista (Mt 11:13). De fato,
a maneira enfática com
que
Jesus referiu-se a "um i ou um til" do AT, que não
passariam jamais da lei e dos profetas (Mt
5:17-18),
indica que ele estava se referindo a todo o AT.
Entretanto,
aparentemente havia uma antiga alternativa de se dividir "os
profetas" em duas
seções,
que vieram a ser conhecidas como "profetas e escritos". O
prólogo do Eclesiástico (cerca de
132
a.C.) emprega uma divisão tríplice, assim como o fez o filósofo
judeu Filo (cerca de 40 a.D.).
Assim
também o fez o historiador Josefo (37-100 a.D.) um pouco depois do
tempo de Jesus
(Contra
Apion, 1.8), muito
embora ele não tenha colocado exatamente os mesmos livros na sua
divisão,
como mais tarde o fizeram grupos judeus.
A
moderna e tríplice classificação em Lei, Profetas e Escritos
encontrada nas Bíblias
judaicas
de hoje é derivada do Talmude
da Babilônia (cerca
do século IV a.D.). Assim, as palavras
de
Jesus em Lucas 24:44 tanto podem referir-se a essa tríplice divisão
como não. É interessante que
ele
não chamou a terceira parte de "Escritos", mas referiu-se
apenas ao livro de "Salmos". Alguns
crêem
que ele o escolheu, entre os demais, somente por causa de sua
importância como livro
messiânico.
De
qualquer forma, Jesus tinha acabado de se referir à dupla divisão
padrão de "lei e
profetas",
chamando-a de "todas as Escrituras" (Lc 24:27).
LUCAS
24:49 - Por que os discípulos foram à Galileia, se Jesus lhes tinha
ordenado que
permanecessem
em Jerusalém?
PROBLEMA:
De acordo com Lucas,
os apóstolos foram recomendados a permanecer na cidade de
Jerusalém
até o Pentecostes. Todavia, Mateus nos diz que eles foram à
Galileia (Mt 28:10,16).
SOLUÇÃO:
Primeiro, tudo
indica que a ordem de permanecerem em Jerusalém foi dada depois de
eles
terem ido à Galileia. Assim, não há nenhum conflito. Além disso,
a ordem de Jesus tinha o
propósito
de fazer de Jerusalém o seu "quartel-general". Isso não
os impedia de fazerem curtas
viagens
para qualquer outro lugar. Jerusalém era onde eles deveriam estar
para receber o Espírito
Santo
(Lc 24:49) e de onde deveriam começar a sua obra.
LUCAS
24:50-51 - A ascensão de Jesus ocorreu em Betânia ou no monte das
Oliveiras,
próximo
de Jerusalém?
PROBLEMA:
Lucas diz que Jesus
subiu aos céus em Betânia (Lc 24:50), mas Atos 1:9-12 afirma
que
isso aconteceu no Monte das Oliveiras, próximo de Jerusalém.
SOLUÇÃO:
Betânia ficava na
encosta a leste do Monte das Oliveiras, que está a leste de
Jerusalém.
Lucas, que escreveu essas duas passagens, (cf. At 1:1), não viu
nenhuma contradição
quando
se referiu a esses dois lugares como o local da ascensão de Jesus.
Ele pode inclusive ter
começado
sua ascensão no monte, indo para o leste sobre Betânia, ao ir
desaparecendo da vista
deles.
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