quarta-feira, 6 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- Mateus 2

 MATEUS 2


MATEUS 8:28-34 (cf. Mc 5:1-20; Lc 8:26-39) - Onde o endemoninhado foi libertado?

PROBLEMA: Cada um dos três primeiros evangelistas (Mateus, Marcos e Lucas) faz um relato de
Jesus libertando um endemoninhado. Mateus relata que essa libertação ocorreu na terra dos
gadarenos. Entretanto, Marcos e Lucas dizem que foi na terra dos gerasenos.
SOLUÇÃO: Há um problema de textos nesse caso. O texto crítico do NT em grego (Nestle-
Aland/Sociedades Bíblicas Unidas) menciona em IV arcos e Lucas o mesmo lugar a que se refere
Mateus, ou seja, a terra dos gadarenos. Entretanto, alguns manuscritos dão esse local como sendo a
terra dos gerasenos. É possível atribuir essa divergência nesses manuscritos a um erro de copistas. É
provável que Gadara tenha sido a capital da região, e Mateus, portanto, referiu-se àquela área como
sendo a terra dos gadarenos, porque o povo daquela região, quer vivessem em Gadara ou não,
identificavam-se como gadarenos.
Marcos e Lucas possivelmente deram uma referência mais geral à terra dos gerasenos, que
seria a região mais extensa dentro da qual o incidente ocorreu. Entretanto um escriba, confundindo
a referência em Mateus - achando que era a cidade em vez do povo da região - pode ter achado que
deveria corrigir os manuscritos, e assim alterou as referências para torná-las uniformes.
Parece que a melhor evidência textual está em favor de Gadara, embora haja opiniões
divergentes entre comentaristas. Não há contradição nem erro nessas passagens, porque o problema
surgiu em decorrência das transcrições, e não há evidência que demonstre ter havido um erro nos
manuscritos originais.

MATEUS 8:28-34 (cf. Mc 5:1-20; Lc 8:26-39) - Quantos endemoninhados foram libertados?

PROBLEMA: Mateus relata que dois endemoninhados foram até Jesus, ao passo que Marcos e
Lucas dizem que um endemoninhado aproximou-se dele. Não se trata de uma contradição?
SOLUÇÃO: Há uma lei matemática fundamental que reconcilia essa aparente contradição - onde
há dois, sempre há um. Não há exceções! Foram de fato dois endemoninhados que se aproximaram
de Jesus. Ta]vez Marcos e Lucas tenham mencionado apenas um porque um deles tenha se feito
notar mais, ou tenha se destacado por alguma razão. Entretanto, o fato de Marcos e Lucas
mencionarem apenas um, não nega que tenham sido dois, como Mateus disse, porque onde quer que
haja dois, sempre há um. Isso é inevitável. Se Marcos e Lucas tivessem dito que havia apenas um,
então isso seria uma contradição. Mas a palavra "apenas" não está no texto. O critico tem de alterar
o texto para torná-lo contraditório, e nesse caso o problema não se acha na Bíblia, mas no crítico.


MATEUS 10:5-6-Jesus veio tão-somente para os judeus, ou também para os gentios?

PROBLEMA: Jesus disse a seus discípulos que fizessem "discípulos de todas as nações" (Mt
28:19), porque ele tinha "outras ovelhas, não deste aprisco" (Jo 10:16). Até mesmo os profetas do
AT declararam que Jesus seria "luz para os gentios" (Is 49:6). Contudo, o próprio Jesus instruiu os
seus discípulos: "Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos" (Mt 10:5).
Mais tarde, ele afirmou: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mt 15:24).
SOLUÇÃO: Tais ordens aparentemente contraditórias referem-se a dois períodos diferentes. É
verdade que a missão original de Jesus foi para os judeus. Mas as Escrituras testificam que ele "veio
para o que era seu, e os seus não o receberam" (Jo 1:11). A posição oficial dos judeus foi a de
rejeitá-lo como o seu Messias, e crucificaram-no (Mt 27; Mc 14; Lc 22; Jo 18).
Foi depois da crucificação e ressurreição de Jesus, portanto, que a missão dos discípulos
passou a ser ir às nações, cumprindo-se, assim, as profecias quanto aos gentios. Dessa forma, o
apóstolo Paulo pôde dizer aos cristãos de Roma que o Evangelho era "primeiro do judeu e também
do grego" (Rm 1:16). Por causa da sua rejeição a Jesus, a nação de Israel foi cortada (Rm 11:19),
mas, quando futuramente se completar a "plenitude dos gentios" (11:25), então Israel será enxertada
de novo (11:23,26).
É certo que, mesmo tendo sido a missão de Jesus oficialmente para os judeus, ele não
negligenciou os gentios. Ele curou a filha da mulher siro-fenícia (Mc 7:24-30) e saiu para ministrar
à mulher samaritana (Jo 4). Ele disse a seus discípulos de antemão que a sua obra (a ser feita por
intermédio deles) iria alcançar os gentios (Jo 10:16), e a sua grande comissão for para que fizessem
"discípulos de todas as nações" (Mt 28:18-20). Mas, tanto por uma questão de prioridade como de
tempo, a mensagem de Cristo veio primeiro para o judeu e depois para o gentio. A diferença, então,
entre as duas colocações feitas naqueles versículos pode ser posta do a lado da seguinte maneira:

JESUS VEIO PARA OS JUDEUS - JESUS  VEIO PARA OS GENTIOS TAMBÉM
Oficialmente                                      Realmente
 Inicialmente                                      Subseqüentemente
Primeiramente                                   Em segundo lugar                       
Antes de sua rejeição                         Depois de sua rejeição




MATEUS 10:10 (cf. Mc 6:8) - Jesus permitiu aos discípulos que levassem um bordão, ou não?

PROBLEMA: Em Mateus, Jesus parece dizer que os discípulos não deveriam levar um bordão,
mas em Marcos parece que ele lhes permite fazer isso.
SOLUÇÃO: Um exame mais acurado revela que o relato de Marcos (6:8) declara que os discípulos
não deveriam levar nada, exceto um bordão, o que um viajante costumava ter. Já o relato de Mateus
afirma que eles não deveriam se prover de um novo bordão. Não há discrepância entre esses dois
textos. O relato de Marcos diz que eles poderiam levar o bordão que eles tinham, ao passo que o de
Mateus diz que eles não deveriam levar um bordão nem uma túnica a mais.
Isso também ocorre com relação às sandálias, quando Mateus os instruiu que não deveriam
ser levadas (a mais), enquanto Marcos deixa bem claro que fossem calçados de sandálias. Portanto,
não há contradição alguma.


MATEUS 10:23 -Jesus prometeu voltar à terra durante o tempo em que
os discípulos ainda estavam vivos?

PROBLEMA: Jesus enviou os seus discípulos numa missão e prometeu-lhes: "não acabareis de
percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho do Homem". Entretanto, é óbvio que nem ele
foi ao céu, e muito menos retornou, antes de eles retornarem de sua viagem evangelística.
SOLUÇÃO: Há muitas interpretações dessa passagem. Alguns a consideram como uma referência
à destruição de Jerusalém (70 a.D.) e ao fim da economia judaica. Mas isso dificilmente se
enquadra como o cumprimento do que diz a frase "até que venha o Filho do Homem".
Outros entendem que a afirmação de Jesus refere-se a um derramar do Espírito Santo ou a
um grande avivamento, antes da volta de Cristo à terra, para estabelecer o seu reino. Crêem que a
pregação do Evangelho levará ao reino (cf. Mt 24:14). Mas isso ainda parece estar muito além do
significado literal do texto.
Ainda outros o vêem como contendo uma projeção da missão imediata dos discípulos para a
sua permanente missão posterior de proclamar o Evangelho "até à consumação do século" (Mt
28:20). Note o fato de que os discípulos provavelmente não teriam ido por todas "as cidades de
Israel" na curta missão em que Jesus os enviava. Um problema com essa posição é não haver uma
indicação direta no texto de que Jesus estava se referindo ao futuro distante.
Outra alternativa, ainda, seria a de tomar a promessa literalmente, como referindo-se a uma
volta imediata, interpretando a frase "até que venha o Filho do Homem" como uma referência ao
fato de que Jesus se juntaria novamente com os seus discípulos depois da missão deles. Essa
posição pode se apoiar em vários fatos. Primeiro, a frase "até que venha o Filho do Homem" nunca
é empregada por Mateus para descrever a Segunda Vinda.
Segundo, ela se enquadra na aceitação da primeira parte do versículo como sendo literal. Os
discípulos foram literalmente e de imediato às "cidades de Israel" para pregar, e Jesus literalmente e
de imediato encontrou-se de novo com eles depois do ministério itinerante que realizaram.
Terceiro, não há indicação nessa nem em qualquer outra passagem de que os discípulos
acreditassem que Jesus estava para ir ao céu enquanto eles estavam na sua viagem de pregação. Isso
certamente os teria assustado (cf. Jo 14:1-5). Além disso, Jesus já lhes tinha dito que ele teria de
morrer e ressuscitar dos mortos (Jo 2:19-22) antes de ir ao céu e retornar.

MATEUS 10:34-36 - Jesus veio para trazer paz ou guerra?

PROBLEMA: Jesus afirma: "Não vim trazer paz, mas espada" (Mt 10:34). Entretanto, em outra
parte ele é chamado de "o príncipe da paz" (Is 9:6) e disse: "a minha paz vos dou" (Jo 14:27). E Ele
ainda disse a seus discípulos para deixarem de lado a espada, "pois todos os que lançam mão da
espada à espada perecerão" (Mt 26:52). Então, em que vamos acreditar: Jesus veio para trazer paz
ou para trazer espada?
SOLUÇÃO: Temos de fazer uma distinção entre o propósito da vinda de Cristo à terra e as
decorrências de sua vinda. O seu propósito foi o de trazer paz - paz com Deus para os incrédulos
que nele cressem (Rm 5:1), e finalmente a paz de Deus aos crentes (Fp 4:7). Entretanto, a
conseqüência imediata da vinda de Cristo foi separar aqueles que eram por ele daqueles que eram
contra ele - foi separar os filhos de Deus dos filhos deste mundo. Mas, assim como o objetivo de
uma amputação é acabar com a dor, ainda o seu efeito imediado é causar dor. De igual modo, a
missão final de Jesus é trazer a paz, tanto para o coração do homem como para a terra. Não
obstante, o efeito imediato de sua mensagem era separar aqueles que estão no reino de eus daqueles
que estão no reino de Satanás.

MATEUS 11:12 - Como é que o reino de Deus, soberano e pacífico, pode ser tomado pela
força?

PROBLEMA: Paulo declarou que o reino (o governo) de Deus é "paz, e alegria no Espírito Santo"
(Rm 14:17). Entretanto, Mateus diz que "se faz violência ao reino dos céus, e pela força se
apoderam dele" (SBTB). Como pode alguém entrar no reino de Deus por meio da força?
SOLUÇÃO: Essa é uma passagem difícil e tem sido interpretada de muitas formas. Alguns
consideram que significa que o reino é violentamente tomado por seus inimigos, isto é, os
poderosos líderes religiosos dos dias de Jesus estavam resistindo ao reino introduzido por João. Eles
queriam o reino, mas não do tipo que estava sendo oferecido por João e por Jesus (cf. Rm 10:3).
Entretanto, alguns objetam dizendo que isso está em oposição ao contexto, que expressa a grandeza
de João Batista e o contraste entre o seu dia e o dia de Cristo.
Outros vêem a "violência" como uma figura de linguagem que significa, em primeiro lugar,
que o reino penetra ou se introduz com grande poder e repentinamente. Daí os intensos esforços
daqueles que, pela pregação de João, tomavam de assalto o reino. Nessa visão, o texto está falando
da resposta à pregação de João, como uma insurreição popular indo violentamente ao reino de
Deus, no qual as pessoas apressam-se a entrar, com avidez e violento zelo. Isso explica o uso do
termo "violência" e enquadra-se dentro do contexto geral.
MATEUS 11:14 - Jesus disse que João Batista era Elias reencarnado?

PROBLEMA: Nesse versículo Jesus refere-se a João Batista como "Elias, que estava para vir" (cf.
Mt 17:12; Mc 9:11-13). Mas, já que Elias havia morrido muitos séculos antes, João então seria uma
reencarnação de Elias.
SOLUÇÃO: Há muitas razões pelas quais esse versículo não ensina a reencarnação. Em primeiro
lugar, João e Elias não foram o mesmo ser - eles tiveram a mesma função. Jesus não estava
ensinando que João Batista literalmente era Elias, mas apenas que João veio "no espírito e poder de
Elias" (Lc 1:17), ou seja, para continuar o seu ministério profético.
Em segundo lugar, os discípulos de Jesus entenderam que ele estava falando de João Batista,
já que Elias apareceu no monte da Transfiguração (Mt 17:10-13). Àquela altura, depois da vida e da
morte de João Batista, e já que Elias ainda tinha o mesmo nome e autoconsciência, ele obviamente
não tinha se reencarnado em João Batista.
Em terceiro lugar, Elias não se enquadra dentro do modelo da reencarnação por uma outra
razão: é que ele não morreu. Ele foi tomado ao céu como Enoque, que "foi trasladado para não ver a
morte" (2 Rs 2:11; cf. Hb 11:5). De acordo com o falso ensino da reencarnação, o que
tradicionalmente é dito é que uma pessoa tem de morrer primeiro, para depois reencarnar-se num
outro corpo.
Em quarto lugar, se houver qualquer dúvida quanto a essa passagem, ela deverá ser
entendida à luz do claro ensino das Escrituras contra a reencarnação. O autor de Hebreus, por
exemplo, declara que "aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o
juízo" (Hb 9:27; cf. Jo 9:2)

MATEUS 11:28-30 - O jugo de Jesus é suave ou é duro, difícil?

PROBLEMA: Jesus disse: "o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mt 11:30). Entretanto,
Hebreus declara que "o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe" (Hb 12:6).
Como é então o jugo de Jesus: é suave ou é duro?
SOLUÇÃO: Esses versículos referem-se a diferentes aspectos da vida cristã, A vida do crente é
"suave" no sentido de que ela traz "descanso para a yossa alma" (Mt 11:29), mas ela é dura sobre a
"carne", que com freqüência necessita da disciplina da mão de Deus para mantê-la em linha. A
salvação traz "paz com Deus"(Rm 5:1), mas também conflito com o mundo (1 Jo 2:15-17; Gl 5:17).
O próprio apóstolo Paulo experimentou a graça de Deus em sua vida, mas teve um espinho na carne
(2 Co 12:7-9).

MATEUS 12:1-5 - Os discípulos de Jesus quebraram a lei judaica do sábado?

PROBLEMA: Jesus disse: "Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para
revogar, vim para cumprir" (Mt 5:17). Contudo, os discípulos de Jesus, deliberada e
conscientemente apanharam espigas no sábado, com o que despertaram a ira dos fariseus por
fazerem "o que não é lícito fazer em dia de sábado" (Mt 12:2).
SOLUÇÃO: Jesus guardou a lei do AT perfeitamente (veja comentários dê Mt 5:17-18). Por
comerem espigas no sábado quando estavam com fome, os discípulos de Jesus não quebraram
nenhuma lei de Deus. Entretanto, de fato eles violaram a lei dos fariseus. Com freqüência Jesus
repreendeu os fariseus por adicionarem as suas "tradições" (cf. Mt 5:43 e 15:6) às leis de Deus. Atos
de misericórdia e de necessidade eram permitidos no Shabbath do AT. Os discípulos de Jesus não
estavam colhendo cestos cheios de espigas no Shabbath. Eles apenas comeram o que podiam pegar
com suas mãos ao passarem pelo campo, o que era permitido pela lei do AT (veja Dt 23:25).
Como Jesus observou naquela ocasião, "o sábado foi estabelecido por causa do homem, e
não o homem por causa do sábado" (Mc 2:27). ainda apontou para o fato de que "o Filho do
Homem é senhor do jado" (Mt 12:8). Em resumo, a lei do Shabbath não era a lei maior, pois havia
"preceitos mais importantes" (cf. Mt 23:23), tais como a justiça e a misericórdia. Jesus, como o
Messias e o Filho de Deus, não era servo do Shabbath - ele era o Senhor do sábado. Foi ele quem o
criou! E ele poderia mudá-lo (como o fez depois), se assim desejasse (veja os comentários de Mt
5:17-18).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo! Por favor, nada de ofensas, zombaria, blasfêmias, sejamos civilizados :)