MATEUS 2
MATEUS
8:28-34 (cf. Mc 5:1-20; Lc 8:26-39) - Onde o endemoninhado foi
libertado?
PROBLEMA:
Cada um dos três
primeiros evangelistas (Mateus, Marcos e Lucas) faz um relato de
Jesus
libertando um endemoninhado. Mateus relata que essa libertação
ocorreu na terra dos
gadarenos.
Entretanto, Marcos e Lucas dizem que foi na terra dos gerasenos.
SOLUÇÃO:
Há um problema de
textos nesse caso. O texto crítico do NT em grego (Nestle-
Aland/Sociedades
Bíblicas Unidas) menciona em IV arcos e Lucas o mesmo lugar a que se
refere
Mateus,
ou seja, a terra dos gadarenos. Entretanto, alguns manuscritos dão
esse local como sendo a
terra
dos gerasenos. É possível atribuir essa divergência nesses
manuscritos a um erro de copistas. É
provável
que Gadara tenha sido a capital da região, e Mateus, portanto,
referiu-se àquela área como
sendo
a terra dos gadarenos, porque o povo daquela região, quer vivessem
em Gadara ou não,
identificavam-se
como gadarenos.
Marcos
e Lucas possivelmente deram uma referência mais geral à terra dos
gerasenos, que
seria
a região mais extensa dentro da qual o incidente ocorreu. Entretanto
um escriba, confundindo
a
referência em Mateus - achando que era a cidade em vez do povo da
região - pode ter achado que
deveria
corrigir os manuscritos, e assim alterou as referências para
torná-las uniformes.
Parece
que a melhor evidência textual está em favor de Gadara, embora haja
opiniões
divergentes
entre comentaristas. Não há contradição nem erro nessas
passagens, porque o problema
surgiu
em decorrência das transcrições, e não há evidência que
demonstre ter havido um erro nos
manuscritos
originais.
MATEUS
8:28-34 (cf. Mc
5:1-20; Lc 8:26-39) - Quantos endemoninhados foram libertados?
PROBLEMA:
Mateus relata que
dois endemoninhados foram até Jesus, ao
passo que Marcos e
Lucas
dizem que um endemoninhado aproximou-se dele. Não se trata de uma
contradição?
SOLUÇÃO:
Há uma lei
matemática fundamental que reconcilia essa aparente contradição -
onde
há
dois, sempre há um. Não há exceções! Foram de fato dois
endemoninhados que se aproximaram
de
Jesus. Ta]vez Marcos e Lucas tenham mencionado apenas um porque um
deles tenha se feito
notar
mais, ou tenha se destacado por alguma razão. Entretanto, o fato de
Marcos e Lucas
mencionarem
apenas um, não nega que tenham sido dois, como Mateus disse, porque
onde quer que
haja
dois, sempre há um. Isso é inevitável. Se Marcos e Lucas tivessem
dito que havia apenas
um,
então
isso seria uma contradição. Mas a palavra "apenas" não
está no texto. O critico tem de alterar
o
texto para torná-lo contraditório, e nesse caso o problema não se
acha na Bíblia, mas no crítico.
MATEUS
10:5-6-Jesus veio tão-somente para os judeus, ou também para os
gentios?
PROBLEMA:
Jesus disse a seus
discípulos que fizessem "discípulos de todas as nações"
(Mt
28:19),
porque ele tinha "outras ovelhas, não deste aprisco" (Jo
10:16). Até mesmo os profetas do
AT
declararam que Jesus seria "luz para os gentios" (Is 49:6).
Contudo, o próprio Jesus instruiu os
seus
discípulos: "Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em
cidade de samaritanos" (Mt 10:5).
Mais
tarde, ele afirmou: "Não fui enviado senão às ovelhas
perdidas da casa de Israel" (Mt 15:24).
SOLUÇÃO:
Tais ordens
aparentemente contraditórias referem-se a dois períodos diferentes.
É
verdade
que a missão original de Jesus foi para os judeus. Mas as Escrituras
testificam que ele "veio
para
o que era seu, e os seus não o receberam" (Jo 1:11). A posição
oficial dos judeus foi a de
rejeitá-lo
como o seu Messias, e crucificaram-no (Mt 27; Mc 14; Lc 22; Jo 18).
Foi
depois da crucificação e ressurreição de Jesus, portanto, que a
missão dos discípulos
passou
a ser ir às nações, cumprindo-se, assim, as profecias quanto aos
gentios. Dessa forma, o
apóstolo
Paulo pôde dizer aos cristãos de Roma que o Evangelho era "primeiro
do judeu e também
do
grego" (Rm 1:16). Por causa da sua rejeição a Jesus, a nação
de Israel foi cortada (Rm 11:19),
mas,
quando futuramente se completar a "plenitude dos gentios"
(11:25), então Israel será enxertada
de
novo (11:23,26).
É
certo que, mesmo tendo sido a missão de Jesus oficialmente para os
judeus, ele não
negligenciou
os gentios. Ele curou a filha da mulher siro-fenícia (Mc 7:24-30) e
saiu para ministrar
à
mulher samaritana (Jo 4). Ele disse a seus discípulos de antemão
que a sua obra (a ser feita por
intermédio
deles) iria alcançar os gentios (Jo 10:16), e a sua grande comissão
for para que fizessem
"discípulos
de todas as nações" (Mt 28:18-20). Mas, tanto por uma questão
de prioridade como de
tempo,
a mensagem de Cristo veio primeiro para o judeu e depois para o
gentio. A diferença, então,
entre
as duas colocações feitas naqueles versículos pode ser posta do a
lado da seguinte maneira:
JESUS
VEIO PARA OS JUDEUS - JESUS VEIO PARA OS GENTIOS
TAMBÉM
Oficialmente Realmente
Inicialmente Subseqüentemente
Primeiramente Em
segundo lugar
Antes
de sua rejeição Depois
de sua rejeição
MATEUS
10:10 (cf. Mc 6:8) - Jesus permitiu aos discípulos que levassem um
bordão, ou não?
PROBLEMA:
Em Mateus, Jesus
parece dizer que os discípulos não deveriam levar um bordão,
mas
em Marcos parece que ele lhes permite fazer isso.
SOLUÇÃO:
Um exame mais
acurado revela que o relato de Marcos (6:8) declara que os discípulos
não
deveriam levar nada, exceto um bordão, o que um viajante costumava
ter. Já o relato de Mateus
afirma
que eles não deveriam se prover de um novo bordão. Não há
discrepância entre esses dois
textos.
O relato de Marcos diz que eles poderiam levar o bordão que eles
tinham, ao passo que o de
Mateus
diz que eles não deveriam levar um bordão nem uma túnica a mais.
Isso
também ocorre com relação às sandálias, quando Mateus os
instruiu que não deveriam
ser
levadas (a mais), enquanto Marcos deixa bem claro que fossem calçados
de sandálias. Portanto,
não
há contradição alguma.
MATEUS
10:23 -Jesus prometeu voltar à terra durante o tempo em que
os
discípulos ainda estavam vivos?
PROBLEMA:
Jesus enviou os seus
discípulos numa missão e prometeu-lhes: "não acabareis de
percorrer
as cidades de Israel, até que venha o Filho do Homem".
Entretanto, é óbvio que nem ele
foi
ao céu, e muito menos retornou, antes de eles retornarem de sua
viagem evangelística.
SOLUÇÃO:
Há muitas
interpretações dessa passagem. Alguns a consideram como uma
referência
à
destruição de Jerusalém (70 a.D.) e ao fim da economia judaica.
Mas isso dificilmente se
enquadra
como o cumprimento do que diz a frase "até que venha o Filho do
Homem".
Outros
entendem que a afirmação de Jesus refere-se a um derramar do
Espírito Santo ou a
um
grande avivamento, antes da volta de Cristo à terra, para
estabelecer o seu reino. Crêem que a
pregação
do Evangelho levará ao reino (cf. Mt 24:14). Mas isso ainda parece
estar muito além do
significado
literal do texto.
Ainda
outros o vêem como contendo uma projeção da missão imediata dos
discípulos para a
sua
permanente missão posterior de proclamar o Evangelho "até à
consumação do século" (Mt
28:20).
Note o fato de que os discípulos provavelmente não teriam ido por
todas "as cidades de
Israel"
na curta missão em que Jesus os enviava. Um problema com essa
posição é não haver uma
indicação
direta no texto de que Jesus estava se referindo ao futuro distante.
Outra
alternativa, ainda, seria a de tomar a promessa literalmente, como
referindo-se a uma
volta
imediata, interpretando a frase "até que venha o Filho do
Homem" como uma referência ao
fato
de que Jesus se juntaria novamente com os seus discípulos depois da
missão deles. Essa
posição
pode se apoiar em vários fatos. Primeiro, a frase "até que
venha o Filho do Homem" nunca
é
empregada por Mateus para descrever a Segunda Vinda.
Segundo,
ela se enquadra na aceitação da primeira parte do versículo como
sendo literal. Os
discípulos
foram literalmente e de imediato às "cidades de Israel"
para pregar, e Jesus literalmente e
de
imediato encontrou-se de novo com eles depois do ministério
itinerante que realizaram.
Terceiro,
não há indicação nessa nem em qualquer outra passagem de que os
discípulos
acreditassem
que Jesus estava para ir ao céu enquanto eles estavam na sua viagem
de pregação. Isso
certamente
os teria assustado (cf. Jo 14:1-5). Além disso, Jesus já lhes tinha
dito que ele teria de
morrer
e ressuscitar dos mortos (Jo 2:19-22) antes de ir ao céu e retornar.
MATEUS
10:34-36 - Jesus
veio para trazer paz ou guerra?
PROBLEMA:
Jesus afirma: "Não
vim trazer paz, mas espada" (Mt 10:34). Entretanto, em outra
parte
ele é chamado de "o príncipe da paz" (Is 9:6) e disse: "a
minha paz vos dou" (Jo 14:27). E Ele
ainda
disse a seus discípulos para deixarem de lado a espada, "pois
todos os que lançam mão da
espada
à espada perecerão" (Mt 26:52). Então, em que vamos
acreditar: Jesus veio para trazer paz
ou
para trazer espada?
SOLUÇÃO:
Temos de fazer uma
distinção entre o propósito
da vinda de Cristo à
terra e as
decorrências
de sua vinda. O seu
propósito
foi o de trazer paz
- paz com Deus para os incrédulos
que
nele cressem (Rm 5:1), e finalmente a paz de Deus aos crentes (Fp
4:7). Entretanto, a
conseqüência
imediata da vinda de Cristo foi separar aqueles que eram por ele
daqueles que eram
contra
ele - foi separar os filhos de Deus dos filhos deste mundo. Mas,
assim como o objetivo
de
uma
amputação é acabar com a dor, ainda o seu efeito
imediado é causar
dor. De igual modo, a
missão
final de Jesus é trazer a paz, tanto para o coração do homem como
para a terra. Não
obstante,
o efeito imediato de sua mensagem era separar aqueles que estão no
reino de eus daqueles
que
estão no reino de Satanás.
MATEUS
11:12 - Como é que o reino de Deus, soberano e pacífico, pode ser
tomado pela
força?
PROBLEMA:
Paulo declarou que o
reino (o governo) de Deus é "paz, e alegria no Espírito Santo"
(Rm
14:17). Entretanto, Mateus diz que "se faz violência ao reino
dos céus, e pela força se
apoderam
dele" (SBTB). Como pode alguém entrar no reino de Deus por meio
da força?
SOLUÇÃO:
Essa é uma passagem
difícil e tem sido interpretada de muitas formas. Alguns
consideram
que significa que o reino é violentamente tomado por seus inimigos,
isto é, os
poderosos
líderes religiosos dos dias de Jesus estavam resistindo ao reino
introduzido por João. Eles
queriam
o reino, mas não do tipo que estava sendo oferecido por João e por
Jesus (cf. Rm 10:3).
Entretanto,
alguns objetam dizendo que isso está em oposição ao contexto, que
expressa a grandeza
de
João Batista e o contraste entre o seu dia e o dia de Cristo.
Outros
vêem a "violência" como uma figura de linguagem que
significa, em primeiro lugar,
que
o reino penetra ou se introduz com grande poder e repentinamente. Daí
os intensos esforços
daqueles
que, pela pregação de João, tomavam de assalto o reino. Nessa
visão, o texto está falando
da
resposta à pregação de João, como uma insurreição popular indo
violentamente ao
reino de
Deus,
no qual as pessoas apressam-se a entrar, com avidez e violento zelo.
Isso explica o uso do
termo
"violência" e enquadra-se dentro do contexto geral.
MATEUS
11:14 - Jesus disse que João Batista era Elias reencarnado?
PROBLEMA:
Nesse versículo
Jesus refere-se a João Batista como "Elias, que estava para
vir" (cf.
Mt
17:12; Mc 9:11-13). Mas, já que Elias havia morrido muitos séculos
antes, João então seria uma
reencarnação
de Elias.
SOLUÇÃO:
Há muitas razões
pelas quais esse versículo não ensina a reencarnação. Em primeiro
lugar,
João e Elias não foram o mesmo ser - eles tiveram a mesma função.
Jesus não estava
ensinando
que João Batista literalmente era Elias, mas apenas que João veio
"no espírito e poder de
Elias"
(Lc 1:17), ou seja, para continuar o seu ministério profético.
Em
segundo lugar, os discípulos de Jesus entenderam que ele estava
falando de João Batista,
já
que Elias apareceu no monte da Transfiguração (Mt 17:10-13). Àquela
altura, depois da vida e da
morte
de João Batista, e já que Elias ainda tinha o mesmo nome e
autoconsciência, ele obviamente
não
tinha se reencarnado em João Batista.
Em
terceiro lugar, Elias não se enquadra dentro do modelo da
reencarnação por uma outra
razão:
é que ele não morreu. Ele foi tomado ao céu como Enoque, que "foi
trasladado para não ver a
morte"
(2 Rs 2:11; cf. Hb 11:5). De acordo com o falso ensino da
reencarnação, o que
tradicionalmente
é dito é que uma pessoa tem de morrer primeiro, para depois
reencarnar-se num
outro
corpo.
Em
quarto lugar, se houver qualquer dúvida quanto a essa passagem, ela
deverá ser
entendida
à luz do claro ensino das Escrituras contra a reencarnação. O
autor de Hebreus, por
exemplo,
declara que "aos homens está ordenado morrerem uma só vez,
vindo, depois disto, o
juízo"
(Hb 9:27; cf. Jo 9:2)
MATEUS
11:28-30 - O jugo de Jesus é suave ou é
duro, difícil?
PROBLEMA:
Jesus disse: "o
meu jugo é suave e o meu fardo é
leve" (Mt
11:30). Entretanto,
Hebreus
declara que "o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho
a quem recebe" (Hb 12:6).
Como
é então o jugo de Jesus: é suave ou é duro?
SOLUÇÃO:
Esses versículos
referem-se a diferentes aspectos da vida cristã, A vida do crente é
"suave"
no sentido de que ela traz "descanso para a yossa alma" (Mt
11:29), mas ela é dura sobre a
"carne",
que com freqüência necessita da disciplina da mão de Deus para
mantê-la em linha. A
salvação
traz "paz com Deus"(Rm 5:1), mas também conflito com o
mundo (1 Jo 2:15-17; Gl 5:17).
O
próprio apóstolo Paulo experimentou a graça de Deus em sua vida,
mas teve um espinho na carne
(2
Co 12:7-9).
MATEUS
12:1-5 - Os discípulos de Jesus quebraram a lei judaica do sábado?
PROBLEMA:
Jesus disse: "Não
penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para
revogar,
vim para cumprir" (Mt 5:17). Contudo, os discípulos de Jesus,
deliberada e
conscientemente
apanharam espigas no sábado, com o que despertaram a ira dos
fariseus por
fazerem
"o que não é lícito fazer em dia de sábado" (Mt 12:2).
SOLUÇÃO:
Jesus guardou a lei
do AT perfeitamente (veja comentários dê Mt 5:17-18). Por
comerem
espigas no sábado quando estavam com fome, os discípulos de Jesus
não quebraram
nenhuma
lei de Deus.
Entretanto, de fato
eles violaram a lei
dos fariseus. Com
freqüência Jesus
repreendeu
os fariseus por adicionarem as suas "tradições" (cf. Mt
5:43 e 15:6) às leis de Deus. Atos
de
misericórdia e de necessidade eram permitidos no Shabbath do AT. Os
discípulos de Jesus não
estavam
colhendo cestos cheios de espigas no Shabbath. Eles apenas comeram o
que podiam pegar
com
suas mãos ao passarem pelo campo, o que era permitido pela lei do AT
(veja Dt 23:25).
Como
Jesus observou naquela ocasião, "o sábado foi estabelecido por
causa do homem, e
não
o homem por causa do sábado" (Mc 2:27). ainda apontou para o
fato de que "o
Filho do
Homem
é senhor do jado" (Mt 12:8). Em resumo, a lei do Shabbath não
era a lei maior, pois havia
"preceitos
mais importantes" (cf. Mt 23:23), tais como a justiça e a
misericórdia. Jesus, como o
Messias
e o Filho de Deus, não era servo do Shabbath - ele era o Senhor do
sábado. Foi ele quem o
criou!
E ele poderia mudá-lo (como o fez depois), se assim desejasse (veja
os comentários de Mt
5:17-18).
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