quarta-feira, 6 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- Mateus 5

MATEUS 5




MATEUS 26:52 - Jesus está advogando o pacifismo e desaprovando a pena capital nessa
passagem?

PROBLEMA: Quando os soldados vieram para prender Jesus, Pedro desembainhou sua espada e
cortou a orelha do servo do sumo sacerdote. Jesus disse a Pedro que guardasse a espada porque
"todos os que lançam mão da espada à espada perecerão". Há quem use esse versículo para
defender o pacifismo e opor-se à pena capital, que a Bíblia sustenta em outra parte (Gn 9:6).
SOLUÇÃO: O pacifismo total não é ensinado nas Escrituras. De fato, Abraão foi abençoado pelo
Deus Todo-Poderoso (Gn 14:19) depois de se meter numa guerra contra a injusta agressão dos reis
que tinham capturado o seu sobrinho Ló. Em Lucas 3:14, alguns soldados foram até João Batista e
lhe perguntaram o que deveriam fazer. João não lhes disse que deixassem o exército. De igual
modo, Cornélio, em Atos 10, era um centurião. Ele foi chamado de uma pessoa piedosa (v. 2), e as
Escrituras dizem que o Senhor ouviu as orações de Cornélio (v. 4). Quando ele se tornou cristão,
Pedro não lhe disse que abandonasse o exército.
Também, em Lucas 22:36-38, Cristo disse que aquele que não tivesse espada deveria vender
a sua capa e comprar uma. Os apóstolos responderam dizendo que eles tinham duas espadas. Jesus
disse então “basta". Em outras palavras, eles não tiveram de se desfazer de suas espadas. O apóstolo
Paulo aceitou a proteção do exército romano para salvar a sua vida de agressores injustos (Atos 23).
Com efeito, ele lembrou aos cristãos de Roma que Deus dera a espada à autoridade, e que não é
sem motivo que ela a traz (Rm 13:1-4).
Quando Jesus retornar à terra, ele virá com os exércitos do céu e guerreará contra os reis da
terra (Ap 19:11-19). Assim, do começo ao fim, a Bíblia está cheia de exemplos de justificação da
guerra contra agressores maus.
O que, então, será que Jesus queria dizer quando mandou que Pedro embainhasse sua
espada? Pedro estava cometendo dois erros ao usar a espada. Primeiro, embora a Bíblia permita o
uso da espada pelo governo para propósitos civis (Rm 13:1-4), ela não endossa o seu uso para
finalidades espirituais. A espada é para ser usada pelo Estado, não pela igreja. Segundo, Pedro foi
agressivo ao usá-la, não meramente defensivo. A sua vida não estava sendo ameaçada de modo
injusto. Ou seja, não foi, de certo, um ato de autodefesa (Êx 22:2). Jesus parece ter endossado o uso
civil da espada em defesa própria (Lc 22:36), como o fez o apóstolo Paulo (Atos 23).
De igual forma, a pena capital não é proibida nas Escrituras; pelo contrário, ela foi
estabelecida por Deus. Gênesis 9:6 afirma que quem derramar o sangue de alguém terá o seu
sangue também derramado. Números 35:31 faz uma afirmação semelhante. No NT, Jesus
reconheceu que Roma tinha autoridade máxima e submeteu-se a ela (Jo 19:11). O apóstolo Paulo
informou aos crentes de Roma que as autoridades que governam são ministros de Deus e que elas
possuem a espada da autoridade capital dada por Deus (13:1,4).
Assim Jesus de forma alguma proibiu o uso justo da espada por autoridades civis. Ele
simplesmente observou que aqueles que vivem de modo agressivo, com freqüência morrem da
mesma maneira.

MATEUS 27:5 (cf. At 1:18) - Judas morreu enforcando-se ou foi por ter caído em rochas?

PROBLEMA: Mateus declara que Judas enforcou-se. Entretanto, o livro de Atos diz que ele caiu e
que o seu corpo abriu-se.
SOLUÇÃO: Esses relatos não são contraditórios, mas mutuamente complementares. Judas
enforcou-se assim como Mateus afirma que ele fez. O relato de Atos apenas acrescenta que Judas
caiu, e o seu corpo rompeu-se pelo meio, e suas entranhas se derramaram. Isso é exatamente o que
seria de se esperar que acontecesse com quem se enforcasse numa árvore sobre um penhasco de
rochas pontudas e sobre elas caísse.

MATEUS 27:37 (cf. Mc 15:26; Lc 23:38; Jo 19:19) - Por que a inscrição na cruz é apresentada
de forma diferente em cada um dos Evangelhos?

PROBLEMA: As palavras de acusação colocadas acima da cabeça de Cristo na cruz são
mencionadas de forma diferente em cada um dos quatro Evangelhos.
Mateus: "Este é Jesus, o rei dos judeus" (27:37). Marcos: "O rei dos judeus" (15:26). Lucas: "Este é o rei
dos judeus" (23:38). João: "Jesus nazareno, o rei dos judeus" (19:19).
SOLUÇÃO: Mesmo havendo uma diferença naquilo que está omitido, a importante expressão "o
rei dos judeus" é idêntica nos quatro Evangelhos. As diferenças podem ser devidas a diversas
razões.
Primeiro, João 19:20 diz: "Muitos judeus leram este título, porque o lugar em que Jesus fora
crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego". Daí se vê que aquelas
palavras acima da cabeça de Cristo foram escritas em pelo menos três línguas diferentes, e algumas
das diferenças podem ter-se originado pela tradução de línguas diferentes.
Além disso, é possível que cada um dos Evangelhos esteja apresentando apenas uma parte da
expressão completa, como segue:
Mateus: "Este é Jesus [nazareno], o rei dos judeus".
Marcos:" [Este é Jesus nazareno, ] o rei dos judeus".
Lucas: "Este é [Jesus nazareno,] o rei dos judeus".
João: "[Este é] Jesus nazareno, o rei dos judeus".
Assim, a expressão completa deve ter sido: "Este é Jesus nazareno, o rei dos judeus". Nesse
caso, cada Evangelho está dando a parte essencial ("o rei dos judeus"), mas nenhum deles fornece a
inscrição completa, nem se contradizem entre si. Os relatos são diferentes e mutuamente
complementares, mas não são contraditórios.

MATEUS 27:44 - Os dois ladrões injuriaram a Cristo ou foi apenas um que o injuriou?

PROBLEMA: Mateus diz: "E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam
sido crucificados com ele". Entretanto, de acordo com Lucas, apenas um o injuriou (Lc 23:39), ao
passo que o outro creu nele, pedindo: "Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino"
(Lc 23:42, SBTB).
SOLUÇÃO: Essa dificuldade é facilmente resolvida com a suposição de que inicialmente os dois
injuriaram o Senhor, mas depois um deles se arrependeu. Talvez ele tenha ficado tão impressionado
ao ouvir Jesus perdoando aqueles que o crucificavam (Lc 23:34), que convenceu-se de que Jesus
era o Salvador e pediu-lhe para participar do seu reino que viria (v. 42).

MATEUS 27:48 - Jesus realmente morreu na cruz, ou apenas desfaleceu?

PROBLEMA: Muitos céticos, assim como os muçulmanos, crêem que Jesus não morreu na cruz.
Alguns dizem que ele tomou uma droga, que o pôs num estado como de coma, e depois reviveu no
túmulo.
Contudo, a Bíblia diz repetidas vezes que Cristo morreu na cruz (cf. Rm 5:8; 1 Co 15:3; 1 Ts 4:14).
SOLUÇÃO: Jesus nunca desmaiou nem desfaleceu, e muito menos esteve drogado na cruz. De
fato, ele recusou a droga que de costume era oferecida à vítima antes duma crucificação para
atenuar a dor (Mt 27:34), e aceitou apenas "vinagre" mais tarde (v. 48) para saciar a sua sede. A real
morte física de Jesus na cruz é sustentada por uma impressionante evidência.
Primeiro, o AT predisse que Cristo morreria (Is 53:5-10; SI 22:16; Dn 9:26; Zc 12:10). E
Jesus cumpriu as profecias do AT ao Messias (cf. Mt 4:14-16; 5:17-18; 8:17; Jo 4:25-26; 5:39).
Segundo, Jesus anunciou muitas vezes durante o seu ministério que ele iria morrer (Jo 2:19-
21; 10:10-11; Mt 12:40; Mc 8:31). Um exemplo adequado disso encontramos em Mateus 17:22-23
que diz: "O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens; e estes o matarão; mas,
ao terceiro dia, ressuscitará".
Terceiro, todas as predições de sua ressurreição, tanto no AT (cf. SI 16:10; Is 26:19; Dn 12:2)
como no NT (cf. Jo 2:19-21; Mt 12:40; 17:22-23), baseiam-se no fato de que ele morreria. Somente
um corpo morto pode ressuscitar.
Quarto, a natureza e extensão dos ferimentos de Jesus indicam que ele morreu. Ele não
dormira na noite anterior àquela que foi crucificado. Ele foi espancado várias vezes e açoitado, e
entrou em colapso a caminho da crucificação, carregando a cruz. Tudo isso por si só, para não dizer
nada quanto à crucificação depois, já era totalmente exaustivo e capaz de esgotar toda a vida.
Quinto, a natureza da crucificação assegura que houve morte. Jesus permaneceu na cruz das
9 horas da manhã até um pouco antes do pôr-do-sol. Seu sangue escorreu de suas mãos e de seus
pés feridos, e também dos espinhos que penetraram em sua cabeça. Haveria uma tremenda perda de
sangue nessa situação por mais de seis horas. Ainda, a crucificação exige que a pessoa
constantemente se puxe para cima para poder respirar, com uma excruciante dor causada pelos
pregos. Isso durante todo um dia acabaria com qualquer um, mesmo que estivesse previamente em
perfeita saúde.
Sexto, ter sido traspassado com uma lança no seu lado, de onde saiu sangue e água (Jo
19:34), é uma prova médica de que ele morrera fisicamente antes da traspassagem (veja a décimaprimeira
observação abaixo).
Sétimo, Jesus disse na cruz que estava para morrer ao declarar: "Pai, nas tuas mãos entrego
o meu espírito!" (Lc 23:46). "E, dito isto, expirou." (v. 46.) Segundo João 19:30, "ele rendeu o
espírito" e o seu clamor pela morte foi ouvido por aqueles que ali estavam (vv. 47-49).
Oitavo, os soldados romanos, acostumados com a crucificação e com a morte, pronunciaram
a morte de Jesus. Embora fosse uma prática comum quebrarem-se as pernas da vítima para lhe
acelerar a morte (para que a pessoa não pudesse mais se puxar para cima e respirar), eles nem
mesmo quebraram as pernas de Jesus (Jo 19:33).
Nono, Pilatos pediu confirmação duas vezes, para ter certeza da morte de Jesus, antes de dar
o corpo a José de Arimatéia para ser enterrado. "Tendo chamado o centurião, perguntou-lhe se havia
muito que morrera. Após certificar-se, pela informação do comandante, cedeu o corpo a José" (Mc
15:44-45).
Décimo, Jesus foi envolvido em cerca de 35 quilos de lençóis e aromas, e foi colocado num
sepulcro selado, onde permaneceu por três dias (Jo 19:39-40; Mt 27:60). Se Jesus não estivesse
morto então, como de fato estava, ele teria morrido por falta de alimentos água, e tratamento
médico.
Décimo-primeiro, autoridades médicas que examinaram as circunstâncias e a natureza da
morte de Cristo chegaram à conclusão de que le de fato morreu na cruz. Um artigo no Jornal da
Sociedade Médica Americana (21 de março de 1986) concluiu:
O peso da evidência histórica e médica indica claramente que Jesus estava morto antes de
ter sido ferido em seu lado e sustenta a visão tradicional de que a lança, que penetrou
entre sua costela direita, provavelmente perfurou não somente o pulmão direito, mas
também o pericárdio e o coração, assegurando, assim, sua morte. Conseqüentemente,
interpretações baseadas na posição de que Jesus não morreu na cruz vão de encontro ao
conhecimento médico da atualidade (p.1463).

MATEUS 27:54 (cf. Mc 15:39; Lc 23:47) - O que foi que o centurião realmente disse a respeito
de Cristo na cruz?

PROBLEMA: Mateus registra o centurião dizendo: "Verdadeiramente este era Filho de Deus", ao
passo que Marcos diz, na essência, a mesma coisa, apenas acrescentando a palavra "homem", o que
resultou: "Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus". Lucas registra as palavras do
centurião da seguinte maneira: "Verdadeiramente, este homem era justo". O que ele realmente
disse?
SOLUÇÃO: As palavras do centurião não têm de se limitar a uma só frase ou sentença. Ele
poderia ter dito as duas coisas. De acordo com a sua ênfase em Cristo como sendo o homem
perfeito, Lucas decidiu registrar essa frase, no lugar daquelas preferidas por Mateus e Marcos. Não
há grande diferença entre os relatos de Mateus e Marcos, já que no grego a palavra "homem" está
implícita pelo masculino singular empregado no pronome "este". É também possível que Lucas
tenha parafraseado ou tirado uma conclusão do que realmente foi dito.
Os eruditos cristãos afirmam que não temos as palavras exatas que foram ditas em cada
situação, mas apenas uma versão fiel do que realmente foi dito. Em primeiro lugar, é aceito como
regra geral que eles falaram em aramaico, enquanto os Evangelhos foram escritos em grego. Dessa
forma, as palavras que temos no texto grego, do qual provêm as nossas versões, também são
traduções. Em segundo lugar, os autores dos Evangelhos, assim como acontece com os escritores da
atualidade, às vezes resumiam ou parafraseavam o que fora dito. Desse modo, é compreensível que
os escritos apresentem pequenas variações. Mas nesse caso, como em todos os demais, a essência
do que foi originalmente dito é preservada de modo fiel no texto original.
Conquanto não tenhamos as palavras exatas, temos de fato o mesmo significado.
Encerrando, sempre que houver sentenças completamente diferentes (mas não contraditórias) entre
si, então o lógico será admitirmos que as duas coisas foram ditas naquela ocasião, e que um escritor
cita uma e o outro cita a outra. Essa é uma prática literária muito comum, ainda hoje.

MATEUS 28:5 - Por que Mateus diz que um anjo estava no sepulcro, ao passo que João diz
que eram dois?

PROBLEMA: Mateus 28:5 refere-se ao "anjo" no sepulcro, depois da ressurreição de Jesus, ao
passo que João diz que havia "dois anjos" lá (Jo 20:12).
SOLUÇÃO: Mateus não diz que havia apenas um anjo. João diz que eram dois e, onde quer que
haja dois, sempre há um, sem exceção! O crítico tem de acrescentar a palavra "apenas" ao relato de
Mateus para torná-lo contraditório. Mas, nesse caso, o problema não estará no que a Bíblia de fato
diz, mas no que o crítico acrescentar.
Mateus provavelmente centrou sua atenção sobre o anjo que falou: "dirigindo-se às
mulheres, disse: 'Não temais'." (Mt 28:5). João, porém, referiu-se ao número de anjos que elas
viram: "e viu dois anjos" (Jo 20:12).

MATEUS 28:9 - A quem Cristo apareceu primeiro, às mulheres ou aos discípulos?
PROBLEMA: Tanto Mateus como Marcos apresentam as mulheres como tendo sido as primeiras a
verem o corpo ressurreto de Cristo. Marcos diz que ele "apareceu primeiro a Maria Madalena"
(16:9). Mas Paulo se refere a Pedro (Cefas) como tendo sido o primeiro a ver Cristo depois de sua
ressurreição (1 Co 15:5).
SOLUÇÃO: Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, depois às outras mulheres, e então a
Pedro. A ordem em que as doze aparições de Cristo ocorreram é a seguinte:
AS DOZE APARIÇÕES DE CRISTO EM ORDEM CRONOLÓGICA
PESSOAS VIRAM OUVIRAM TOCARAM OUTRAS EVIDÊNCIAS
1- Maria
(Jo 20:10-18) X X X Túmulo vazio
2- Maria e as mulheres
(Mt 28:1-10) X X X Túmulo vazio
3- Pedro (1 Co 5:5) X X* Túmulo vazio, roupas
4- Dois discípulos
(Lc 24:13-35) X X Comeram com ele
5- Dez apóstolos
(Lc 24:36-49; Jo 20:19-23) X X X** Viram as feridas
Comeram alimentos
6- Onze apóstolos
(Jo 20:24-31) X X X** Viram as feridas
7- Sete apóstolos
(Jo 21) X X Comeram alimentos
8- Todos os apóstolos
(Mt 28:16-20)
(Mc 16:14-18)
X X
9- 500 irmãos
(I Co. 15:6) X X*
10- Tiago (1 Co 15:7) X X*
11- Todos os apostolos
(At 1:4-8) X X Comeram com ele
12- Paulo
(Atos 9:1-9; 1Co 15:8) X X
* IMPLÍCITO
** OFERECEU-SE PARA SER TOCADO
Paulo não deu uma lista completa, mas somente a que tinha importância para o seu propósito.
Desde que apenas o testemunho de homens era considerado legal ou oficial no primeiro século, é
compreensível que o apóstolo não tenha listado mulheres na defesa que ele fez da ressurreição.
MATEUS 28:18-20 - Como é que três pessoas podem ser Deus, se há um só Deus?
PROBLEMA: Mateus fala do "Pai e do Filho e do Espírito Santo", todos participando de um
"nome". Mas são três pessoas diferentes. Como pode haver três pessoas na Divindade, já que há um
único Deus? (Dt 6:4; 1 Co 8:6).
SOLUÇÃO: Deus é um em essência, mas três em pessoas. Ele tem uma só natureza, mas três
centros de consciência. Isto é, há apenas um "O Que" em Deus, mas há três "Quem". Há um só ser,
mas são três "Eu". Isso é um mistério, mas não uma contradição. Seria contraditório dizer que Deus
é uma só pessoa, mas também três pessoas. Ou que Deus tem uma só natureza, mas também que
tem três naturezas. Mas declarar, como os cristãos, que Deus é um em essência, eternamente
revelado em três pessoas distintas, isso não é uma contradição.

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