CÂNTICO
DOS CÂNTICOS
CÂNTICO
DOS CÂNTICOS 1:1 - Como um livro tão sensual assim entrou na
Bíblia?
PROBLEMA
1: A Bíblia condena
a concupiscência da carne e a sensualidade (Rm 6:6; Gl 5:16-21;
1
Jo 2:16). Contudo este cântico de amor está cheio de expressões
sensuais e propostas sexuais (cf.
1:2;
2:5; 3:1; 4:5).
SOLUÇÃO
1: A Bíblia não
condena o sexo, apenas o sexo pervertido. Deus criou o sexo (Gn 1:27)
e
ordenou que fosse desfrutado dentro dos limites do casamento
monogâmico e sob o
relacionamento
do amor. As Escrituras declaram: "Alegra-te com a mulher da tua
mocidade, corça
de
amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e
embriaga-te sempre com
as
suas carícias" (Pv 5:18-19).
Depois
de advertir àqueles que proíbem o casamento (1 Tm 4:3), o apóstolo
declara que
"tudo
que Deus criou é bom" (v. 4), e prossegue falando do Deus "que
tudo nos proporciona
ricamente
para nosso aprazimento" (6:17). O livro de Hebreus destaca que
"digno de honra entre
todos
seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará
os impuros e
adúlteros"
(Hb 13:4).
Deus
tem consciência de que as pessoas normais têm desejos sexuais, mas
ele acrescenta:
"mas,
por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada
uma, o seu próprio
marido"
(1 Co 7:2). Assim, o sexo em si não é pecado, assim como os desejos
sexuais também não
o
são. Deus os criou com a pretensão de que fossem desfrutados dentro
dos laços de amor de um
casamento
monogâmico. O Cântico dos Cânticos de Salomão é um exemplo de
como o amor
sensual
deve expressar-se no casamento, dado com a autoridade divina.
PROBLEMA
2: Alguns questionam
se este livro deveria estar na Bíblia, declarando que alguns
rabinos
o rejeitaram. Ele sempre fez parte das Escrituras judaicas?
SOLUÇÃO
2: Desde os tempos
mais antigos este livro faz parte do cânon judaico. Séculos depois
de
ter sido aceito no cânon das Escrituras, a escola de Shammai (no
século I a.D.) levantou dúvidas
quanto
à sua inspiração, mas a posição do Rabi Akiba ben Joseph (cerca
de 50-132 a.D.)
prevaleceu,
quando declarou: "Deus nos livre! - Ninguém em Israel jamais
contestou o Cântico dos
Cânticos...
pois todas as eras não valem o dia em que o Cântico dos Cânticos
foi dado a Israel; pois
todos
os escritos são santos, mas o Cântico dos Cânticos é o mais Santo
dos Santos" (veja Geisler e
Nix,
A General
Introduction to the Bible [Uma
Introdução Geral à Bíblia], Moody Press, 1986, p.
259).
PROBLEMA
3: Muitos eruditos
da atualidade propõem que este livro de Salomão seja
simplesmente
uma coleção de poemas de amor que foram agrupados com base na
semelhança de
seus
temas. Entretanto, este livro é aceito como tendo sido escrito
totalmente por Salomão. Como
pode
ser um livro escrito por Salomão, se na realidade ele foi uma livre
coletânea de poemas?
SOLUÇÃO
3: Na verdade, o
Cântico dos Cânticos não é uma livre coletânea de poemas de
amor. A
estrutura
do livro demonstra que se trata de uma única expressão poética do
relacionamento entre
Salomão
e sua esposa sulamita. A estrutura do Cântico dos Cânticos
revela-se por meio da repetição
de
certas frases-chaves:
FRASES
DE ABERTURA FRASES
DE FECHAMENTO
2:8
"Esta é a voz do meu amado; ei-lo aí, que já
vem..."
(SBTB)
2:7
"Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém...”
3:6
“Que é isso que sobe...” 3:5 “Conjuro-vos, ó filhas de
Jerusalém...”
6:10
“Quem é esta...” 6:9 “Viram-nas as filhas...” (SBTB)
8:5
“Quem é esta que sobe...” 8:4 “Conjuro-vos, ó filhas de
Jerusalém...”
A
estrutura deste livro pode ser ilustrada pelo seguinte esquema:
I.
A mútua compaixão dos que se amam 1:2-2:7 A
II.
Eventos anteriores ao casamento 2:8-3:5 B
III.
Detalhes do casamento 3:6-6:9 C
IV.
Eventos posteriores ao casamento 6:10-8:4 D
V.
A mútua satisfação dos que se amam 8:5-8:14 E
A
repetição de "A's" e de "B's" é um padrão que
com freqüência era empregado pelos poetas
hebreus
como um meio de estruturação do seu trabalho. Essa estrutura não
apenas indica a unidade
do
livro, mas fornece-nos a evidência de que foi um só autor que
reuniu todas as partes do texto
dessa
maneira, de forma a contar uma história verdadeira e comunicar uma
mensagem. Esse relato
literal
do amor de Salomão para com sua esposa ensina a santidade do amor
humano no
relacionamento
matrimonial (cf. Hb 13:4).
CÂNTICO
DOS CÂNTICOS 1:2 - Por que tantas pessoas que dizem interpretar a
Bíblia
literalmente
"espiritualizam" o livro de Cântico dos Cânticos?
PROBLEMA:
Os cristãos
evangélicos defendem a interpretação literal da Bíblia. Insistem
em
dizer
que ela deve ser entendida em seu sentido normal, histórico e
gramatical, e não num sentido
oculto,
místico ou alegórico. Tal postura acarretaria, por exemplo, no caso
dos Evangelhos, o
liberalismo,
que negaria a realidade histórica da vida, morte e ressurreição de
Cristo. Entretanto,
muitos
evangélicos não tomam o Cântico dos Cânticos de forma literal,
mas lhe dão um significado
alegórico
ou espiritual. Não há uma contradição nisso?
SOLUÇÃO:
Há basicamente três
interpretações do Cântico dos Cânticos: a literal, a alegórica e
a
prefigurativa.
De
acordo com a interpretação
literal, trata-se de
uma história verdadeira sobre o amor do
rei
Salomão por sua esposa e o amor dela por ele, embora os eruditos não
concordem entre si a
respeito
de quem era essa esposa, entre as 700 mulheres que ele teve, além
das 300 concubinas (1
Rs
11:3). Alguns dizem que ela era a "filha do faraó" (1 Rs
11:1); outros sugerem que era uma
humilde
virgem de nome Sulamita. Todos os que assumem esta posição, porém,
declaram ser uma
história
real do rei Salomão, sobre o caso de amor que ele teve com uma
mulher. Acrescentam ainda
que
o livro tem o propósito de exaltar a beleza, a pureza e a santidade
do matrimônio.
Aqueles
que optam pela interpretação
alegórica do livro
esquivam-se das partes da história
com
descrições mais sensuais. Preferem ver um sentido mais profundo,
tal como o amor de Yahveh
pelo
seu povo Israel (cf. Oséias) ou, numa amplitude maior, o amor de
Deus por seu povo em geral.
Muitos
cristãos preferem uma interpretação
prefigurativa deste
Cântico, vendo o como uma
prefiguração
ou um tipo de Cristo e o seu amor pela igreja (cf.Ef 5:28-32). Esta
posição é também
contrária
a tomar-se a história literalmente, insistindo, porém, que há um
sentido espiritual mais
profundo.
Qualquer
que seja a aplicação
que esta história
de amor possa ter a respeito do
relacionamento
de Deus com o seu povo, ou do amor de Cristo pela sua igreja, a
interpretação
literal
parece ser a melhor devido a duas razões básicas: Primeiro: é
inconsistente alegorizar esta
história
e ter uma posição firme quanto a considerar os Evangelhos e outras
partes das Escrituras de
forma
literal. Segundo: o entendimento literal não contradiz nenhum outro
ensino das Escrituras;
pelo
contrário, os demais ensinos são complementados dessa forma.
Deus
instituiu o casamento (Gn 2:23-24). Deus criou o sexo e o deu aos
seres humanos para
desfrutá-lo
dentro dos limites do matrimônio (Gn 1:27; Pv 5:17-19). Paulo
declarou que o sexo
deve
ser exercido apenas no casamento monogâmico (1 Co 7:1-5). Timóteo
foi informado de que o
sexo
dentro do casamento não deveria ser proibido (1 Tm 4:1-4), e que
Deus "tudo nos proporciona
ricamente
para nosso aprazimento" (1 Tm 6:17). O Cântico dos Cânticos de
Salomão é um belo
exemplo
de um romance entre duas pessoas que verdadeiramente existiram, o
qual exalta a visão
bíblica
do sexo e do casamento.
Como
o casamento, de acordo com Paulo, é uma figura do amor de Cristo por
sua noiva, a
Igreja,
não há razão por que não possamos considerar esta história real
de amor como uma
ilustração
do amor de Deus.
Entretanto, dizer que a história não é literalmente verdadeira, ou
que
ela
é um tipo de previsão do amor de Cristo pela Igreja, isso vai além
do que o texto está dizendo.
CÂNTICO
DOS CÂNTICOS 6:8 - Por que são mencionadas apenas 140 esposas e
concubinas
de
Salomão, se ele tinha 1.000?
PROBLEMA:
Neste versículo é
dito que Salomão tinha apenas 140 esposas e concubinas, mas 1
Reis
11:3 dá o número de 1.000.
SOLUÇÃO:
Estas duas passagens
podem referir-se a duas épocas diferentes na vida de Salomão, o
número
menor referindo-se à época anterior. Ou então pode ser que havia
diferentes modos de
contar
suas mulheres. O texto de 1 Reis 11:3 na realidade não diz que ele
tinha setecentas mulheres,
mas
"setecentas mulheres, princesas". Em outras palavras,
muitas dessas correspondiam mais a
alianças
políticas do que a reais casamentos. Além disso, o Cântico dos
Cânticos menciona
"virgens,
sem número" (Ct 6:8) como parte do harém de Salomão. Tal
afirmação assim genérica
pode
muito bem explicar o total de 1.000 mencionado em 1 Reis 11.
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