JÓ
JÓ
1:1 - Se
todos são pecadores, como Jó poderia ser perfeito?
PROBLEMA:
Deus declarou que Jó
era "íntegro e reto, temente a Deus, e que se desviava do mal"
(1:1).
Entretanto a Bíblia insiste em dizer que "não há justo, nem
um sequer", pois "todos pecaram e
carecem
da glória de Deus" (Rm 3:10, 23).
SOLUCÃO:
A boa palavra dita a
respeito de Jó não tinha um sentido absoluto, como fica claro
mais
tarde por sua condenação (no capítulo 38) e pela própria
confissão de Jó: "Por isso, me
abomino
e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:6). Além disso, Deus
apenas proclamou a sua
total
isenção de culpa
perante os homens, ao
passo que Romanos está falando que ninguém, a não
ser
pela obra de Cristo, é isento de culpa perante
Deus (cf.Rm 3:19).
JÓ
1:1
- Jó
existiu realmente?
PROBLEMA:
O primeiro versículo
do livro de Jó apresenta-nos a principal personagem como
uma
pessoa histórica que realmente existiu e viveu na terra de Uz.
Entretanto, alguns eruditos da
atualidade
têm questionado a real existência do homem chamado Jó. Foi ele de
fato uma pessoa
real?
SOLUÇÃO:
Jó realmente
existiu. Em primeiro lugar, o versículo um deste livro afirma isso
com
clareza.
Não há indicação literária alguma de que tal afirmação deva
ser considerada sob qualquer
outro
enfoque, que não como a assertiva de um fato real. E isso deve ser
admitido com a mesma
certeza
com que se aceitam outras afirmações históricas no restante da
Bíblia.
Em
segundo lugar, a existência real de Jó é confirmada por
referências feitas em outras
partes
das Escrituras. Em Ezequiel 14:14,20, Deus cita Jó j u n t o com
Daniel e Noé como exemplos
de
homens justos. Questionar a existência de Jó é o mesmo que
questionar se Daniel e Noé
existiram.
Adicionalmente, isso seria também questionar se Deus é verdadeiro,
por ter ele feito
referência
a esses homens (por meio de Ezequiel) como pessoas reais que viveram
no passado.
Finalmente,
em Tiago 5:11, encontramos uma referência a Jó na qual ele é tido
como
exemplo
de paciência em meio a uma tribulação. Tiago refere-se a Jó como
que mencionando fatos
concretos,
dando a entender que ele considerou que Jó existiu e que tudo o que
o livro de Jó relata
ter
ele sofrido foi real. Não haveria força alguma no apelo de Tiago se
Jó tivesse sido apenas uma
personagem
de ficção. Pois, nesse caso, que conforto a sua vida daria a
pessoas reais?
JÓ
1:5 - Por
que Jó oferecia holocaustos por seus filhos, se eles tinham
abençoado a Deus?
PROBLEMA:
Segundo esta
passagem, Jó era um homem tão piedoso que até mesmo oferecia
holocaustos
pelos pecados de seus filhos, considerando a possibilidade de eles
terem pecado e
blasfemado
contra Deus. Entretanto, a palavra hebraica empregada neste
versículo, e em 1:11 e 2:5,
não
é "blasfemado", mas "abençoado". Por que essas
passagens no original usam a palavra
"abençoado"
no lugar da palavra "blasfemado"?
SOLUÇÃO:
Duas soluções têm
sido propostas. Primeiro, o povo hebreu tinha uma sublime
reverência
para com o nome de Deus. De fato, eles nem mesmo pronunciavam seu
nome, para não
cometerem
nenhuma possível blasfêmia com esse ato. Quando o nome Yahveh
aparecia no texto das
Escrituras,
o hebreu piedoso não o pronunciava em voz alta, mas o substituía
por "Adonai", que
significa
"Senhor". Sugere-se que talvez o autor de Jó (ou um editor
posterior), tendo reconhecido
tal
reverência, não quis escrever ou pronunciar a palavra "blasfemado"
com referência a Deus.
Assim,
ele substituiu a palavra "blasfemado" pela palavra
"abençoado", deixando que o contexto
fornecesse
o sentido.
Segundo,
outros sugeriram que o verbo utilizado no versículo em questão,
barak,
significa
"dizer
'até-logo' a alguém". Várias passagens são citadas como
exemplo do uso desta palavra com
este
sentido, tais como Gênesis 24:60; 32:1 e 47:10. Neste contexto ela é
vista como um
eufemismo,
que empregou uma antifrase, ou seja, usar uma palavra ou uma frase
com o sentido
oposto
ao normal. Às vezes fazemos algo semelhante ainda hoje. Por exemplo,
alguém
sarcasticamente
diz "sim" quando o sentido obvio é "não". A
afirmação de Jó (1:5), então, pode ser
traduzida:
"talvez, os meus filhos tenham pecado e despedido Deus de seus
corações". Seja como
for,
a palavra dá a idéia de "demitir" ou rejeitar a Deus.
JÓ
1:6 - Como Satanás poderia apresentar-se diante de Deus, se ele
tinha sido expulso do céu?
PROBLEMA:
Jó 1:6 declara que
num dia os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor,
e
que "veio também Satanás entre eles". Entretanto, isto
implica que Satanás tinha acesso ao trono
de
Deus, contrariamente ao que se declara, ou seja, que ele tinha sido
expulso da presença de Deus
no
céu (Ap 12:7-12).
SOLUÇÃO:
Satanás tinha sido
oficialmente
expulso do céu,
contudo, na verdade, ele ainda
continuava
tendo acesso à presença de Deus. Em várias partes das Escrituras
encontramos que
Satanás
tem acesso à presença de Deus com o fim de acusar os santos. Em
Zacarias 3:1 temos a
visão
de Josué diante do Anjo do Senhor e com Satanás à sua direita para
acusá-lo. Apocalipse
12:10
identifica Satanás como o acusador dos irmãos: "...o mesmo que
os acusa de dia e de noite,
diante
do nosso Deus". Aparentemente, como "o príncipe da
potestade do ar" (Ef 2:2), Satanás tem
tido
a oportunidade de comparecer perante Deus com o propósito de acusar
de pecado os filhos de
Deus.
E é isso o que ele fez contra Jó, tanto em Jó 1:6 como em 2:1.
JÓ
1:6 - Quem
são os filhos de Deus mencionados neste versículo?
PROBLEMA:
Satanás aparece na
história de Jó, diante do trono de Deus, junto com um grupo
identificado
como "os filhos de Deus". Quem são esses "filhos de
Deus"?
SOLUÇÃO:
São anjos. Muitas
outras passagens na Bíblia referem-se aos anjos como "filhos de
Deus",
entre as quais Jó 2:1 e Jó 38:7(cf. Sl 29:1 e 89:6, em que o
hebraico emprega a expressão
"filhos
de Deus"). Os anjos são os "filhos" de Deus no
sentido de que eles foram criados por Deus.
(Veja
também os comentários de Gênesis 6:2ss.)
JÓ
1:20-21 - Este versículo não estaria ensinando a reencarnação?
PROBLEMA:
A Bíblia fala
contra a crença na reencarnação (Hb 9:27). Mas Jó fala de uma
pessoa
voltando
de novo depois de sua morte.
SOLUÇÃO:
Jó não está se
referindo à volta da alma a um outro corpo para uma nova vida, mas à
volta
do corpo ao túmulo. Deus disse a Adão que ele tornaria à terra:
"porque tu és pó e ao pó
tornarás"
(Gn 3:19). E a palavra hebraica para "ventre" (beten)
é usada
figuradamente na expressão
poética
de Jó com relação à "terra". As idéias de "terra"
e "ventre" são empregadas no Salmo 139,
quando
o salmista diz: "tu me teceste no seio de minha mãe"
(v.13) e "no oculto fui formado e
entretecido
como nas profundezas da terra" (v. 15).
Tal
como no antigo livro hebraico da sabedoria (no apócrifo Eclesiástico
40:1), Jó acreditava que
os
homens trabalham "desde o dia em que saíram do ventre materno,
até o dia em que voltarem para a
mãe
comum [isto é, o ventre da terra]" (BJ). Dessa forma, Jó
empregou a expressão poética "nu
voltarei"
[i.e., para o ventre de minha mãe] referindo-se à terra da qual
todos nós proviemos e para a
qual
todos voltaremos (cf. Ec 12:7).
Além
disso, mesmo que se insistisse num entendimento literal dessa figura
de linguagem,
isso
não provaria o ensinamento da reencarnação. Apenas mostraria que
uma pessoa voltaria ao
ventre
de sua mãe depois de sua morte, o que é um absurdo!
Finalmente,
Jó não acreditava na reencarnação num outro corpo mortal; ele
acreditava na
ressurreição
e num corpo imortal. Ele declarou: "Porque eu sei que o meu
Redentor vive e por fim
se
levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha
pele, em
minha carne verei a
Deus"
(Jó 19:25-26). Ele tinha a compreensão de que esta carne
corruptível na ressurreição se
transformaria
numa carne incorruptível (cf. 1 Co 15:42-44). Mas a reencarnação,
contrariamente,
não
acredita que seremos ressuscitados uma vez só num corpo físico
imortal; ela é a crença de que a
alma
é reencarnada muitas vezes em corpos mortais. Assim, não há base
alguma para se afirmar que
Jó
acreditava em reencarnação.
JÓ
5:13 - Por que Paulo cita estas palavras de Elifaz, se este foi
repreendido por Deus pelo
que
falou, segundo Jó 42:7?
PROBLEMA:
Elifaz era um dos
amigos de Jó, que veio para consolá-lo em sua tribulação. Em Jó
5:13,
este seu amigo faz as seguintes observações, que são citadas por
Paulo em 1 Coríntios 3:19:
"Ele
[Deus] apanha os sábios na própria astúcia deles".
Entretanto, em Jó 42:7, Deus repreende
Elifaz
e seus amigos, dizendo: "não dissestes de mim o que era reto,
como o meu servo Jó". Como
pôde
Paulo citar Elifaz, já que Deus o repreendera por não dizer as
coisas certas?
SOLUÇÃO:
Embora Deus tenha
repreendido Elifaz pela sua visão geral de Deus, isso não significa
que
tudo o que Elifaz tenha dito foi incorreto. Houve muitas coisas em
particular que Jó
disse mas
que
não eram corretas; entretanto, a visão de Deus de seu servo Jó
estava correta de maneira
geral.
As
vezes, até mesmo o próprio Jó reconheceu serem verdadeiras algumas
coisas que Elifaz e seus
amigos
tinham dito. O problema era que eles não aplicaram corretamente a
verdade de que tinham
conhecimento,
e impropriamente aplicaram-na com relação ao que Deus estava
fazendo na vida de
Jó.
JÓ
7:9 - Este versículo contradiz o que a Bíblia ensina a respeito dá
ressurreição?
PROBLEMA:
As Escrituras
ensinam que todas as pessoas serão corporalmente ressuscitadas do
túmulo
(Cf. Dn 12:2; 1 Cor 15:22; Ap 20:4-6).
Com
efeito, Jesus disse que um dia "todos os que se acham nos
túmulos ouvirão a sua voz e sairão"
(Jo
5:28-29). Entretanto, Jó parece dizer exatamente o contrário:
"aquele que desce à sepultura
jamais
tornará a subir" (Jó 7:9 cf. também Jó 14:12; Is 26:14; Am
8:14).
SOLUÇÃO:
Como as três
primeiras passagens acima citadas claramente revelam, haverá uma
ressurreição
de todos os mortos, tanto do justo como do injusto (At 24:15, cf. Jo
5:28-29). O próprio
Jó
demonstrou crer na ressurreição, ao declarar: "Depois,
revestido este meu corpo da minha pele,
em
minha carne verei a Deus" (Jó 19:26). O que ele quis dizer
quando disse que aquele que desceu
ao
túmulo não mais dele sairá (7:9) é explicado logo no versículo
seguinte: "nunca mais tornará à
sua
casa" (v. 10).
Em outras palavras, aqueles que morrem não voltam à sua vida mortal
de novo.
Com
efeito, a ressurreição é para uma vida imortal (1 Co 15:53), não
para a mesma vida mortal que
se
tinha.
Jó
14:12 não declara que não haverá nenhuma ressurreição, mas que
isso não ocorrerá
"enquanto
existirem os céus", ou seja, até o fim dos tempos (Dn 11:40;
cf. 12:1-2; Jo 11:24). De
fato,
a passagem realmente ensina a ressurreição. Jó apenas disse que
ficaria escondido no túmulo
esperando
até um tempo determinado em que Deus se lembraria dele (14:13), na
ressurreição.
De
igual forma, a passagem de Isaías (Is 26:14) não nega a
ressurreição, mas é confirmada
num
versículo mais adiante, claramente: "Os vossos mortos e também
o meu cadáver viverão e
ressuscitarão...
e a terra dará à luz os seus mortos" (Is 26:19). Obviamente,
então, o sentido do
versículo
14 é: "mortos não tornarão a viver" até
a ressurreição. A
memória dos ímpios perecerá no
cenário
deste mundo. Somente com o surgimento do cenário celestial é que
eles de novo se
levantarão.
Ainda,
alguns textos que parecem negar a ressurreição (por exemplo, Am
8:14), apenas
referem-se
ao fato de que os inimigos de Deus caem, para não mais se levantarem
em oposição.
Eles
jamais retomarão a sua capacidade de influenciar o povo de Deus,
como acontecia antes. Em
resumo,
Deus derrotou os seus inimigos definitivamente.
JÓ
11:7- Deus pode ser conhecido pelos seres humanos?
PROBLEMA:
Jó parece querer
dizer que Deus não pode ser conhecido pela razão humana. Paulo
também
declarou que os juízos de Deus são "insondáveis... e...
inescrutáveis, os seus caminhos!"
(Rm
11:33). Por outro lado, a Bíblia declara que Deus se revelou a todos
os homens (Rm 1:20), de
modo
que eles são "indesculpáveis" (v. 20). Com efeito, à
Bíblia é referida como sendo uma
revelação
especial de Deus, pela qual podemos conhecê-lo e servi-lo (2 Tm
3:16-17).
SOLUÇÃO:
Deus não pode ser
conhecido direta e completamente nesta vida: "Porque, agora,
vemos
como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora,
conheço em parte;
então,
conhecerei como também sou conhecido" (1 Co 13:12). Deus pode
ser conhecido "por meio
das
cousas que foram criadas" (Rm 1:20), mas em si mesmo ele não
pode ser conhecido. O seguinte
contraste
nos dá um resumo dos modos pelos quais Deus pode e não pode ser
conhecido:
COMO
DEUS NÃO PODE SER CONHECIDO - COMO DEUS PODE SER CONHECIDO
Ele
mesmo - (Sua
essência)
Por
meio da sua criação - (Seus
efeitos)
Diretamente
- Indiretamente
Completamente
- Parcialmente
Como
espírito - Como encarnado em Cristo
Embora
seja verdade que "Ninguém jamais viu a Deus [em sua
essência]..." (Jo 1:18), "...o Deus
unigênito,
que está no seio do Pai, é
quem o revelou".
Assim, Jesus pôde dizer: "Quem me vê a mim
vê
o Pai" (Jo 14:9).
JÓ
14:12 - Este versículo contradiz o ensino bíblico quanto à
ressurreição?
(Veja
os comentários de Jó 7:9.)
JÓ
19:17 - Como Jó pôde referir-se a seus filhos neste versículo, se
todos eles tinham morrido
antes?
PROBLEMA:
De acordo com Jó
1:2; 18-19 (cf. 8:4) todos os filhos de Jó foram mortos numa
tempestade
de vento. Contudo em Jó 19:17 é dito: "o meu hálito se fez
estranho à minha mulher;
tanto
que supliquei o interesse dos filhos do meu corpo" (SBTB).
SOLUÇÃO:
A palavra "filhos"
pode ter o sentido de "netos" ou até mesmo de "parentes
de
sangue".
Com sete filhos e três filhas (cf. 1:2,18), Jó certamente tinha
muitos netos. Ele viveu mais
140
anos depois de sua enfermidade (Jó 42:16). Dessa forma, em sua longa
vida, ele teve tempo
suficiente
para ter netos e bisnetos.
JÓ
19:26-Este versículo dá a entender que o corpo da ressurreição
vai ser um corpo de carne?
PROBLEMA:
Satãnás a f l ig
iu o corpo de Jó, e sua carne estava deteriorando-se. Entretanto, Jó
expressou
a sua fé em Deus ao dizer: "em minha carne verei a Deus"
(Jó 19:26). Isso quer dizer que
o
corpo ressurreto será um corpo de carne?
SOLUÇÃO:
Sim. Embora a
preposição empregada (min)
possa ser traduzida
ainda como "sem", é
uma
característica dela, quando usada com o verbo "ver", ter o
sentido de "na condição mais
favorável
de". Essa idéia é reforçada pelo emprego do paralelismo de
contraste neste versículo. A
poesia
hebraica com freqüência utiliza duas linhas paralelas de uma
expressão poética, que às vezes
expressa
palavras ou idéias contrastantes (chamada de "paralelismo
antitético"). No caso, o
consumir
da carne de Jó contrasta-se com a sua confiança em que Deus
restaurará o seu corpo, que
está
se deteriorando diante de seus olhos, e com a esperança de que em
sua carne ele verá a Deus.
Esta
é uma das mais sublimes expressões de fé feita por Jó, fé numa
ressurreição literal e física
(veja
também Dn 12:2; Lc 24:39; Jo 5:28-29; At 2:31-32).
JÓ
37:18 - Não erra a Bíblia ao falar de uma sólida abóbada
celestial sobre a terra?
PROBLEMA:
Jó fala que Deus
estendeu "o firmamento, que é sólido como espelho fundido"
(37:18).
De fato, a palavra hebraica para "firmamento" (raqia),
que foi criado por
Deus (cf. Gn 1:6),
no
dicionário hebraico é definida como um objeto sólido. Mas isso
está em total conflito com o
atual
entendimento científico de que o espaço não é sólido e de que é
altamente vazio.
SOLUÇÃO:
É verdade que
originalmente a palavra hebraica raqia
significava um
objeto sólido.
Entretanto,
o sentido não é determinado pela origem da palavra (etimologia),
mas pelo uso.
Quando
referindo-se
à atmosfera sobre a terra, "firmamento" com certeza não
significa algo sólido. Isso é
evidente
por várias razões. Primeiro, a palavra raqia
(forjar, desenrolar)
é traduzida corretamente
em
algumas versões como o verbo "expandir". Assim como o
metal se expande e se afina quando
batido
(cf. Êx 39:3; Is 40:19), assim é o firmamento.
Segundo,
o sentido básico de "desenrolar" pode ser usado
independentemente de "forjar",
como
ocorre em várias passagens (cf. Sl 136:6; Is 42:5; 44:24). Isaías
escreveu: "Assim diz Deus, o
Senhor,
que criou os céus e os
estendeu, formou a
terra e a tudo quanto produz" (Is 42:5). Este
mesmo
verbo é empregado com o significado de estender cortinas ou tendas
dentro das quais morar
(o
que não teria sentido algum se o verbo se referisse a uma ação que
não deixasse espaço interior
para
nele a pessoa ficar). Isaías, por exemplo, falou que o Senhor "está
assentado sobre a redondeza
da
terra, cujos moradores são como gafanhotos; é ele quem estende
os céus como cortina e os
desenrola
como tenda para neles habitar" (Is
40:22).
Terceiro,
a Bíblia menciona a chuva que cai do céu (Jó 36:27-28). Mas isso
não teria sentido
se
o céu fosse uma abóbada metálica. Nem a Bíblia menciona buracos
nessa abóbada metálica pelos
quais
a água passaria, caindo em forma de gotas. Ela fala, é claro, com
uma linguagem figurada
quando
diz que "as comportas dos céus se abriram" (Gn 7:11),
quando aconteceu o dilúvio. Mas
essa
expressão não é para ser tomada literalmente, da mesma forma como
não tomamos de modo
literal
a seguinte frase dita por alguém: "estavam ali cinco gatos
pingados".
Quarto,
o relato da criação em Gênesis fala de aves que voam "sobre a
terra, sob o
firmamento
dos céus" (Gn 1:20). Mas isso seria impossível se o céu fosse
sólido. Assim, é mais
apropriado
traduzir raqia
como o verbo
"expandir" (como o faz a NVI), cujo sentido não conflita
com
o conceito de espaço da ciência moderna.
Quinto,
mesmo que tomada literalmente, a afirmação de Jó (em 37:18) não
diz que os céus
são
um "espelho
fundido", mas apenas que eles são "como
um espelho fundido".
Em outras
palavras,
trata-se de uma comparação que não é para ser tomada de forma
literal. E o mesmo caso
da
comparação feita quando o texto diz que Deus é realmente uma Torre
forte (cf. Pv 18:10). Além
disso,
o ponto de comparação em Jó não é a respeito da solidez dos
"céus" e do espelho, mas da sua
durabilidade
(cf. a palavra chazaq*
no
versículo 18).
Assim,
quando tudo isso é levado em consideração, não há evidência de
que a Bíblia esteja
afirmando
que o firmamento é uma abóbada metálica. E, portanto, não há
conflito algum com a
ciência
moderna.
JÓ
41:1 - Esta
passagem está referindo-se à figura mitológica do leviatã?
PROBLEMA:
Jó 41:1 diz:
"Poderás tirar com anzol o leviatã, ou ligarás a sua língua
com uma
corda?"(SBTB).
Mas como a Bíblia pode falar dessa figura mitológica, como se de
fato existisse
esse
monstro marinho?
SOLUÇÃO:
Embora se trate
basicamente do mesmo nome empregado nos documentos
mitológicos
que descrevem um monstro marinho chamado leviatã, não é de todo
certo que Jó 41:1
*
Este termo, em vez de ser traduzido como sólido,
pode significar também "forte" ou "firme":
estendeste... os céus, que
estão
firmes como espelho fundido" (SBTB) (N. do T.)
esteja
referindo-se a esse monstro. Alguns comentaristas propõem que esta
seja uma referência a um
grande
crocodilo, e que o nome "leviatã" seja usado para dar
ênfase à idéia de que ele não é
controlável.
Além
disso, expressões desse tipo são comuns hoje em dia, tal como
acontece quando
alguém
se refere a um adversário como sendo "um monstro". Com
isso não se quer dizer que
monstros
existem de fato. É apenas aplicar a característica terrível, que
geralmente está associada à
idéia
de um monstro, a uma determinada pessoa ou coisa.
Finalmente,
mesmo que se aceite que se trate de uma referência à criatura
mencionada nas
fábulas
mitológicas, nesse texto poético a sua menção não é uma
declaração de que ela realmente
exista.
Pode ser o caso de uma simples linguagem poética, fazendo uso da
imagem de um monstro
indomável,
para assim ilustrar um determinado ponto.
Conquanto
Jó seja um homem totalmente incapaz de domar essa terrível fera,
Deus é Todo-Poderoso,
e
é ele que limita a ação tanto do homem como de uma fera como essa.
Seria como se
alguém
dissesse hoje: "Jesus (crido como real, histórico) é mais
forte do que o super-homem (que é
um
mito)". As expressões poéticas com freqüência empregam
figuras simbólicas num esforço de
aumentar
o impacto emocional da mensagem que está sendo transmitida.
Entretanto isso não quer
dizer,
que o autor esteja aceitando a mitologia pagã que lhe permitiu fazer
uso de tal figura.
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