GÊNESIS 2
GÊNESIS
12:10-20; 20:1-18 - Por que Deus permitiu que Abraão prosperasse,
mesmo tendo
ele
mentido?
PROBLEMA:
A Bíblia nos exorta
a não mentir (Êx 20:16); porém, mesmo depois de Abraão ter
mentido
com respeito a Sara, ele enriqueceu.
SOLUÇÃO:
Primeiro, o
enriquecimento de Abraão não deve ser visto como uma recompensa
divina
pela sua mentira. Podemos facilmente entender por que Faraó lhe deu
presentes. Faraó pode
ter
se sentido obrigado a recompensá-lo pelo mau constrangimento que a
sua corrupta sociedade
impunha
aos estrangeiros que visitavam o país.
Além
disso, Faraó deve ter sentido que deveria recompensá-lo por ter
levado a mulher dele
até
o palácio, mesmo sem saber da sua real condição. É que o
adultério era estritamente proibido
pela
religião egípcia.
Ainda,
Abraão pagou pelo seu pecado. Os anos de transtornos que se seguiram
na vida de
Abraão
podem ter sido uma conseqüência direta de sua falta de fé no poder
protetor de Deus.
Finalmente,
embora alguns sejam reconhecidos como homens de Deus, eles são
falíveis e
responsáveis
pelo seu próprio pecado (por exemplo, Davi e Bate-Seba - 2 Sm 12).
Deus os
abençoou
apesar dos pecados
deles, e não por
causa dos seus
pecados.
GÊNESIS
14 - O relato da vitória de Abraão sobre os reis da Mesopotâmia é
históricamente
aceitável?
PROBLEMA:
Gênesis apresenta
essa batalha como real e verdadeira. Mas, de acordo com a
Hipótese
Documentária do criticismo bíblico, essa história foi um acréscimo
posterior, sendo
totalmente
fictícia.
SOLUÇÃO:
Possuímos muito
pouca informação sobre este período, fora do livro de Gênesis.
Por
isso,
conquanto não tenhamos uma confirmação arqueológica direta, não
há por que duvidar do
evento
narrado na Bíblia. Uma dúvida assim geralmente provém de um
preconceito antibíblico.
Além
disso, há um suporte indireto para a validade deste relato. Um
importante arqueólogo,
W.
F. Albright, observou que: "A despeito de nosso fracasso de até
agora fixarmos o horizonte
histórico
do capítulo 14, podemos ter certeza de que o seu conteúdo é bem
antigo. Há várias
palavras
e expressões não encontradas em parte alguma do restante da Bíblia
e que agora são
reconhecidas
como pertencentes ao segundo milênio [a.C.]. Os nomes das cidades da
Transjordânia
também
são considerados muito antigos"(Alleman e Flack, Olá
Testament Commentary, Filadélfia:
Fortress
Press, 1954, p. 14). À luz disso, não há razão alguma para
duvidar da autenticidade do
relato
bíblico sobre a batalha de Abraão com os reis da Mesopotâmia.
GÊNESIS
14:18-20 - Quem foi Melquisedeque?
PROBLEMA:
Há algum debate
sobre a natureza de Melquisedeque. Foi ele uma pessoa real, um
ser
fora do normal ou apenas uma personagem de ficção?
SOLUÇÃO:
Com base em Hebreus
7, alguns têm interpretado Melquisedeque como tendo sido um
anjo
ou até mesmo como uma aparição de Cristo. Isso não é provável,
já que o autor de Hebreus
apresenta
Melquisedeque como sendo um tipo de Cristo. Em Gênesis,
Melquisedeque é apresentado
de
maneira usual e histórica. Ele encontra-se com Abraão e com ele
conversa normalmente. Não há
razão,
seja arqueológica ou de qualquer outra origem, para que se questione
quanto à personalidade
histórica
de Melquisedeque.
GÊNESIS
15:16 - O êxodo ocorreu na quarta ou na sexta geração?
PROBLEMA:
A Bíblia fala que o
êxodo aconteceria na "quarta geração" depois da descida
de Jacó
ao
Egito (Gn 15:16). Entretanto, de acordo com as genealogias de 1
Crônicas 2:1-9 (e Mateus 1:3-
4),
o êxodo ocorreu realmente na sexta geração (2:1-11), a saber,
Judá, Perez, Hezrom, Rão,
Aminadabe,
e Naassom.
SOLUÇÃO:
A palavra "geração"
em Gênesis 15:16 é definida como tendo o sentido de 100 anos,
já
que "a quarta geração"(v. 16) é empregada como se
referindo a "quatrocentos anos" (v. 13). Dessa
forma,
Gênesis 15 está se referindo ao período
de tempo, e 1
Crônicas está falando do
número de
pessoas
envolvidas naquele
período.
GÊNESIS
15:17; cf. 19:23 - Por que a Bíblia emprega termos não científicos,
tais como "posto
o
sol"?
PROBLEMA:
Os cristãos
evangélicos afirmam que a Bíblia é a inspirada e inerrante palavra
de
Deus.
Entretanto, já que a Bíblia é
inerrante em tudo o
que afirma, inclusive com respeito a fatos
históricos
e científicos, por que então encontramos termos não científicos,
tais como "posto o sol"
ensaia
o sol"?
SOLUÇÃO:
A Bíblia não está
afirmando que o sol realmente se ponha ou se levante. Não, ela
simplesmente
faz uso da linguagem sob o enfoque da observação, que ainda hoje
empregamos. É
usual
em toda previsão meteorológica referir-se à hora do "pôr-do-sol"
ou do "sol nascente". Dizer
que
a Bíblia não é "científica", ou que ela contém erros
científicos, devido ao uso de tais
expressões,
é lançar mão de um argumento muito fraco. Isso teria de ser de
igual forma atribuído a
praticamente
todo o mundo hoje, até mesmo a cientistas da atualidade, que
empregam esse tipo de
linguagem
em conversas normais (veja os comentários de Josué 10:12-14).
GÊNESIS
19:8 - O pecado de Sodoma era o homossexualismo ou a inospitalidade?
PROBLEMA:
Há quem argumente
que o pecado de Sodoma e Gomorra tenha sido a
inospitalidade,
e não o homossexualismo. A base para isso é
o costume cananeu
que garante
proteção
a quem esteja sob o teto de alguém. É dito que Ló se referiu a
esse costume quando disse:
"nada
façais a estes homens, porquanto se acham sob a proteção de meu
teto" (Gn 19:8). Assim, Ló
ofereceu
suas filhas para satisfazer àquela irada multidão, de forma a
proteger as vidas dos
visitantes
que estavam sob o seu teto.
Alguns
ainda alegam que o pedido daqueles homens da cidade para "conhecer"
(Gn 19:5)
significa
simplesmente "ser apresentado", sem nenhuma conotação
sexual, porque a palavra
hebraica
correspondente ao verbo "conhecer" (yada)
geralmente não tem
conotação sexual (cf. SI
139:1).
SOLUÇÃO:
Embora seja verdade
que a palavra hebraica para "conhecer" (yada)
não signifique
necessariamente
"ter relacionamento sexual", no contexto da passagem de
Sodoma e Gomorra, ela
obviamente
tem este significado. Isso é evidente por várias razões. Primeiro,
em dez de cada doze
vezes
que esta palavra aparece em Gênesis, ela se refere à relação
sexual (cf. Gn 4:1,25).
Segundo,
o sentido da palavra "conhecer" é o do conhecimento
sexual, neste mesmo
capítulo.
Pois Ló refere-se às suas duas filhas virgens dizendo "que
ainda não conheceram homens"
(Gn
19:8, SBTB), sendo este um óbvio emprego da palavra com o sentido
sexual.
Terceiro,
o significado de uma palavra descobre-se pelo contexto em que ela
aparece. E o
contexto
nesse caso é certamente o sexual, como indicado pela referência à
perversidade daquela
cidade
(18:20), bem como por serem as virgens oferecidas para aplacar-lhes a
lascívia (19:8).
Quarto,
"conhecer" não pode ter o sentido de simplesmente "ser
apresentado a alguém", porque no
caso
houve uma referência a "não façais mal" (19:7). Quinto,
por que oferecer as filhas virgens, se o
intento
deles não era sexual? Se os homens tivessem pedido para "conhecer"
as filhas virgens de Ló,
ninguém
duvidaria das intenções lascivas deles.
Sexto,
Deus já tinha determinado destruir Sodoma e Gomorra, como Gênesis
18:16-33
indica,
mesmo antes do incidente ocorrido em 19:8. Conseqüentemente, é
muito mais razoável
admitir
que Deus havia pronunciado juízo sobre aquelas duas cidades pelos
pecados que eles já
vinham
cometendo, isto é, por causa do homossexualismo, do que por um
pecado que eles ainda
não
tinham cometido, a inospitalidade.
GÊNESIS
19:30-38 - A Bíblia condena o incesto?
PROBLEMA:
O incesto é
enfaticamente denunciado em muitas passagens bíblicas (cf. Lv 18:6;
20:17).
De fato, o Senhor declarou: "Maldito aquele que se deitar com
sua irmã, filha de seu pai, ou
filha
de sua mãe" (Dt 27:22). Contudo Ló cometeu incesto com suas
duas filhas, do qual resultaram
as
nações de Moabe e Amom,
SOLUÇÃO:
Não há dúvida
alguma de que Ló pecou de diversas maneiras, para não dizer nada
quanto
à violação das leis do incesto que mais tarde Moisés deu como
mandamentos a Israel. Ló
embebedou-se
e pecou com suas duas filhas. A alma reta dele tinha sido perturbada
com os muitos
pecados
por sua longa permanência junto com o povo de Sodoma. Mas nenhum
desses pecados
recebe
aprovação nesta passagem. De fato, a narrativa seca do episódio,
sem nenhum comentário
positivo
do escritor, indica que não se pretendeu esconder o horror desses
pecados. Eis aqui um
bom
exemplo do princípio de que nem tudo que a Bíblia narra ela aprova
(veja a Introdução).
GÊNESIS
20:12 - Se o incesto é condenado, por que Abraão casou-se com sua
irmã?
PROBLEMA:
Abraão admitiu que
Sara, sua mulher, era realmente sua "irmã" (cf. Gn
17:15-16).
Contudo,
o incesto é claramente denunciado como pecado em muitas passagens
bíblicas (cf. Lv
18:6;
20:17). De fato, o Senhor declarou: "Maldito aquele que se
deitar com sua irmã, filha de seu
pai
ou filha de sua mãe" (Dt 27:22).
SOLUÇÃO:
Abraão não estava
isento de pecado, como revela a sua mentira ao rei Abimeleque
com
respeito a Sara (Gn 20:4-5). E de fato ele admitiu que Sara era filha
de seu pai e não de sua
mãe;
e que ela veio a ser sua mulher (cf. Gn 20:12). Entretanto, mesmo
assim, não há prova de que
Abraão
tivesse violado uma lei por ele conhecida, por duas razões.
Primeiro, as leis do incesto
somente
foram dadas por Moisés 500 anos depois de Abraão. Portanto,
certamente ele não poderia
ser
responsabilizado por leis que ainda não tinham sido promulgadas.
Segundo,
as palavras "irmã" e "irmão" têm um uso bem
mais amplo na Bíblia, tal como
acontece
com os termos "pai" e "filho". Jesus, por
exemplo, foi "filho" (i.e., descendente) de Davi
(Mt
21:15). "Irmã" pode significar um parente próximo, mas
não necessariamente indica o grau de
proximidade
que damos à palavra "irmã". Ló, sobrinho de Abraão, é
chamado de "irmão" dele ["e
tornou
a trazer também a Ló, seu irmão..." (Gn 14:16, SBTB)]. De
igual modo, "filha" pode
significar
"neta" ou "bisneta".
Considerando
a idade que Abraão alcançou em sua vida (175 anos, Gn 25:7), é
possível que
ele
tenha se casado com uma neta de seu pai, ou com uma sobrinha, ou com
uma sobrinha-neta. De
qualquer
forma, não há prova de que o casamento de Abraão com Sara tenha
violado qualquer lei
então
existente contrária ao incesto. Mas, mesmo que isso tenha ocorrido,
a Bíblia simplesmente
nos
fornece um registro verdadeiro do erro de Abraão. Quando Deus chamou
Sara de "mulher" de
Abraão
(Gn 17:15), ele não estava legitimando nenhum suposto incesto, mas
simplesmente
afirmando
um fato.
GÊNESIS
21:32,34 - A Bíblia colocou filisteus erroneamente na Palestina no
tempo de
Abraão?
PROBLEMA:
A mais antiga alusão
aos filisteus por fontes palestinas ou egípcias data do século
XII
a.C; contudo estes versículos colocam os filisteus nessa área cerca
de 800 anos antes.
SOLUÇÃO:
Esta não é a
primeira vez que os críticos chegaram a falsas conclusões pela
falta de
conhecimento
histórico desse período. Sodoma e Gomorra são exemplos de cidades
que a Bíblia
menciona
e que eram consideradas não-históricas. Quando as tábuas de Ebla
foram descobertas, a
acusação
de que aquelas cidades eram um mito foi então descartada. Aquelas
tábuas continham
referências
às duas cidades.
Pode
ser apenas uma questão de tempo para que outras evidências
semelhantes apareçam
para
confirmar o testemunho bíblico com respeito aos filisteus. Até que
isso aconteça, podemos
descansar
seguros de que o registro bíblico é preciso neste caso, e tendo
toda a confiança nas
Escrituras,
por causa de sua total exatidão em tudo que menciona. Além disso, o
argumento dos
críticos
neste caso é o argumento tradicionalmente falacioso, que provém da
ignorância.
Simplesmente
porque não temos evidências de fontes extrabíblicas quanto à
existência dos filisteus
em
datas anteriores, não significa que eles não tenham existido. Isso
apenas quer dizer que não
dispomos
de tais informações.
GÊNESIS
22:2 - Por que Deus pediu a Abraão que sacrificasse seu filho, tendo
o próprio Deus
condenado
o sacrifício humano em Levítico 18 e 20?
PROBLEMA:
Tanto em Levítico
18:21 como em 20:2, Deus especificamente condenou o
sacrifício
humano, ao ordenar a Israel: "E da tua descendência não darás
nenhum para dedicar-se a
Moloque"
(Lv 18:21); e "Qualquer dos filhos de Israel... que der de seus
filhos a Moloque, será
morto;
o povo da terra o apedrejará" (Lv 20:2). Contudo, em Gênesis
22:2, Deus ordenou a Abraão:
"Toma
teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra
de Moriá; oferece-o ali em
holocausto,
sobre um dos montes, que eu te mostrarei". Isso parece estar em
total contradição com o
seu
mandamento para não oferecer sacrifícios humanos.
SOLUÇÃO:
Primeiro, Deus não
estava interessado em que Abraão viesse de fato a matar o seu
filho,
nem era esse o seu plano. O fato de o anjo do Senhor ter impedido que
Abraão matasse Isaque
(22:12)
revela isso. O propósito de Deus foi provar a fé de Abraão, com o
pedido de que entregasse
completamente
aquele seu único filho a Deus. O anjo do Senhor declarou que era a
disposição de
Abraão
de entregar o seu filho, e não o ato de realmente matá-lo que
satisfez as expectativas de
Deus
com respeito a Abraão. Deus disse explicitamente: "Não
estendas a mão sobre o rapaz... pois
agora
sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único
filho" (Gn 22:12).
Segundo,
as proibições tanto em Levítico 18:21 como em 20:2 eram
especificamente contra
o
oferecimento de um filho ao deus pagão chamado Moloque. Portanto não
é uma contradição Deus
ter
proibido oferendas de vidas a Moloque e ter solicitado a Abraão que
oferecesse o seu filho a si,
ao
único e verdadeiro Deus. É claro, oferecer um filho em sacrifício
ao Senhor não é o mesmo que
oferecê-lo
a Moloque, já que o Senhor não é Moloque. Apenas Deus é
soberano sobre toda
vida (Dt
32:39;
Jó 1:21), e portanto somente ele tem o direito de pedir a vida de
alguém. Com efeito, é Deus
que
determina o dia da morte de cada um (SI 90:10; Hb 9:27).
Terceiro,
Abraão confiou no amor e no poder de Deus de tal maneira que
voluntariamente
obedeceu,
crendo que o Senhor ressuscitaria Isaque dentre os mortos (Hb
11:17-19). Isto está
implícito
no fato de que, embora Abraão pretendesse matar Isaque, ele disse
aos seus servos: "eu e o
rapaz
[nós]
iremos até lá e,
havendo adorado, voltaremos para junto de vós" (Gn 22:5).
Finalizando,
não é moralmente errado para Deus pedir que sacrifiquemos um filho
a ele.
Deus
mesmo ofereceu o seu Filho no Calvário (Jo 3:16). De fato, até
mesmo o governo de um país
muitas
vezes pede ao povo que sacrifique seus filhos pelo país. Certamente
Deus tem um direito
bem
maior para requerer isso.
GÊNESIS
22:2 - Como Isaque foi chamado de "único filho" de Abraão,
se este já tinha
também
Ismael?
PROBLEMA:
Abraão recebeu a
seguinte instrução em Gênesis 22:2: "Toma teu filho, teu
único
filho,
Isaque". Entretanto, Abraão tinha tido Ismael muitos anos atrás
(Gn 16) e ele tinha ainda
outros
"filhos" (Gn 25:6).
SOLUÇÃO:
Os outros filhos de
Abraão mencionados em Gênesis 25 provavelmente nasceram
mais
tarde, pois são mencionados três capítulos depois de Isaque ter
sido chamado de "único filho".
Além
disso, eram filhos de "concubinas que tinha" (Gn 25:6) e
não eram contados como herdeiros
da
promessa de Deus. De igual forma, Ismael fora concebido em
incredulidade por uma concubina
e
não era contado como herdeiro da herança prometida. Ainda, a
expressão "único filho" pode ser
equivalente
a "filho amado" (cf. Jo 1:18; 3:16), isto é, um filho
especial. Deus claramente disse a
Abraão:
"por Isaque será chamada a tua descendência" (Gn 21:12).
GÊNESIS
22:12 - Deus não sabia como Abraão iria agir?
PROBLEMA:
Deste versículo
decorre que Deus não sabia como Abraão iria agir, em resposta à
ordem
que lhe deu, já que foi somente depois de Abraão ter obedecido que
Deus disse: "agora sei
que
temes a Deus". Entretanto, a Bíblia declara em outra parte que
"o seu [Deus] entendimento não
se
pode medir" (SI 147:5), que ele sabe "o fim desde o
princípio" (Is 46:10, SBTB), e que de
antemão
nos conheceu e nos predestinou desde a fundação do mundo (Rm
8:29-30).
SOLUÇÃO:
Em sua onisciência,
Deus sabia exatamente o que Abraão faria, já que ele sabe todas
as
coisas (cf. Sl 139:2-4; Jr 17:10, At 1:24; Hb 4:13). Entretanto, o
que Deus sabe por cognição
e o
que
se sabe por demonstração
são duas coisas
diferentes. Depois de Abraão ter obedecido à ordem
de
Deus, ele demonstrou o que o Senhor sempre soube, isto é, que Abraão
temia a Deus.
Aqui
de novo a Bíblia, destinada como é a seres humanos, fala sob uma
perspectiva humana. De
forma
semelhante, um professor de matemática pode dizer: "Vejamos se
podemos encontrar a raiz
quadrada
de 49". E então, depois de fazer a demonstração, declara:
"Agora sabemos que é 7", muito
embora
ele soubesse desde o início qual seria a resposta.
GÊNESIS
23 - Como os filhos de Hete poderiam estar em Hebrom, em 2050 a.C,
sendo que o
seu
reino situava-se onde hoje é a moderna Turquia?
PROBLEMA:
Hete foi o
progenitor dos hititas, cujo reino se localizou onde hoje é a
moderna
Turquia.
Mas, de acordo com alguma evidência arqueológica, os hititas não
se sobressaíram no
Oriente
Médio antes do reinado de Mursilis I, que começou a reinar por
volta de 1620 a.C. e que
dominou
a cidade de Babilônia em 1600 a.C.
Entretanto,
em Gênesis 23 várias referências são feitas ao encontro de Abraão
com os filhos
de
Hete, que controlavam Hebrom no ano de 2050 a.C. aproximadamente.
Como então a Bíblia
pode
dizer que os hititas controlavam Hebrom, muitos anos antes de eles se
tornarem uma força
significativa
nessa região?
SOLUÇÃO:
Descobertas
arqueológicas mais recentes de tábuas cuneiformes descrevem
conflitos
em
Anatólia (hoje Turquia), entre vários principados hititas de cerca
de 1950 a 1850 a.C. Mesmo
antes
desse conflito, entretanto, havia uma raça de não-indo-europeus,
conhecida como povo de
Hati.
Esse povo foi subjugado por invasores indo-europeus por volta de 2300
a 2000 a.C., os quais
adotaram
o nome Hati. Nas línguas semíticas, como no hebraico, Hati e Hiti
tinham a mesma grafia,
porque
somente as consoantes eram escritas,
Nos
dias de Ramsés II do Egito, a força militar dos hititas era
suficiente para propiciar um
pacto
de não-agressão entre o Egito e o império hitita, que estabeleceu
limites entre eles. Nesse
tempo,
o império hitita ia ao sul até Kadesh junto ao rio Orontes (hoje
Asi). Entretanto, outras
evidências
demonstraram que os hititas realmente penetraram mais ainda para o
sul, até a Síria e a
Palestina.
Embora o reino hitita não tenha tido o seu ápice senão na segunda
metade do século XIV
a.C,
há suficiente base para se admitir a presença hitita em Hebrom no
tempo de Abraão,
controlando
aquela área.
GÊNESIS
25:1 - Por que este versículo chama Quetura de esposa de Abraão, ao
passo que 1
Crônicas
1:32 a chama de concubina?
PROBLEMA:
Gênesis 25:1 diz:
"Desposou Abraão outra mulher; chamava-se Quetura".
Entretanto,
1 Crônicas 1:32 afirma: "Quanto aos filhos de Quetura,
concubina de Abraão". Abraão
casou-se
com Quetura, ou era ela apenas uma de suas concubinas?
SOLUÇÃO:
A contradição é
apenas aparente, e o problema pode ser facilmente resolvido por uma
abordagem
mais profunda. Primeiro, embora em Gênesis 25:1 apareça a palavra
hebraica usual para
"mulher"
(ishshah),
esta palavra tanto
pode significar "esposa" como simplesmente "mulher".
Assim,
nesse caso, o sentido da palavra não precisa ser "esposa",
mas simplesmente "concubina",
especialmente
à luz do versículo 6 e da afirmação feita em 1 Crônicas 1:32.
Dessa forma, Gênesis
25:1
pode ser entendido simplesmente como dizendo: "Tomou Abraão
outra mulher como sua
concubina".
Segundo,
embora 1 Crônicas empregue a palavra hebraica correspondente a
concubina
(pilegesh)
com respeito a
Quetura, Gênesis 25:6 utiliza a mesma palavra ao se referir às mães
de
todos
os demais filhos de Abraão, que não Isaque. Isso sem dúvida inclui
Quetura como tendo sido
uma
das suas concubinas. Adicionalmente, Gênesis 25:1 começa com uma
palavra hebraica
(vayoseph),
que pode ser
traduzida por "e adicionando" ou "e em adição a".
Como Gênesis 24:67
claramente
afirma que Sara, esposa de Abraão, tinha morrido, o versículo 1 do
capítulo 25 não
poderia
ter o sentido de que Abraão estivesse adicionando alguma coisa ao
seu número de esposas.
É
mais plausível tomar esta palavra como indicativa de que ele estava
adicionando ao seu número
de
concubinas, ao tomar mais uma mulher (ishshah).
GÊNESIS
25:1-2 - Como pôde Abraão nesta passagem ter tido filhos
naturalmente, já que
anos
antes ele precisara de um milagre para ter Isaque?
PROBLEMA:
Já cm Gênesis 17,
Abraão "se riu" quando Deus lhe disse que ele teria um
filho
(Isaque)
de Sara, uma vez que ele tinha "cem anos" de idade (v. 17).
Mas em Gênesis 25, muitos
anos
depois, ele teve filhos de Quetura, a mulher que tomou depois da
morte de Sara (vv. 1-2).
SOLUÇÃO:
Há duas
possibilidades que podem explicar esta dificuldade. Primeiro, o texto
de
Gênesis
17 não diz que Abraão se riu por achar-se muito velho para ter
filhos, mas porque já havia
passado
o período de fertilidade de Sara (cf. 17:17; 18:12). Para um homem,
naqueles tempos, não
havia
como saber se ele ainda era fértil; para uma mulher, porém, isso
não era problema,
verificando-se
a presença ou não dos ciclos menstruais. Como Abraão tinha apenas
100 anos na
época,
e viveu até os 175, é razoável admitir que ele ainda estava
fértil. Em comparação, hoje um
homem
que vive até os 80, normalmente ainda é fértil aos 60.
Segundo,
mesmo que tenha sido necessário um milagre para Abraão (e também
para Sara)
recuperar
a fertilidade, não há por que essa fertilidade não permanecer
depois por vários anos. Uma
vez
reanimada, a sua potência viril poderia ter durado décadas. Afinal,
ele viveu mais 75 anos. De
qualquer
forma, essa suposta contradição aqui simplesmente não é
aceitável.
GÊNESIS
25:8 - Os hebreus já tinham o conceito de vida após a morte nesse
ponto tão inicial
de
sua história?
PROBLEMA:
Críticos eruditos
afirmam que os primitivos hebreus tinham uma religião muito
rudimentar,
que através dos séculos passaria por um grande desenvolvimento e
evolução, chegando
por
fim ao conceito de vida após a morte. Entretanto, este versículo dá
a entender que, desde o
início
do desenvolvimento de sua nação, os hebreus já tinham um conceito
de imortalidade.
SOLUÇÃO:
Em primeiro lugar,
esta postura crítica baseia-se na premissa altamente problemática
de
que há um desenvolvimento evolucionista da religião, com o
monoteísmo bastante desenvolvido
sendo
alcançado bem tarde. Entretanto, descobertas arqueológicas recentes
em Ebla contradizem tal
especulação,
mostrando que o monoteísmo foi uma crença bem primitiva (de antes
mesmo de 2000
a.C).
Além
disso, a expressão "foi reunido ao seu povo" certamente
parece indicar mais do que
apenas
ser enterrado junto com seus parentes. De fato, já que Abraão
deixara a sua terra natal de Ur
dos
caldeus para ir à terra que Deus lhe prometera, seria uma
contradição levar seu corpo de volta à
terra
da casa de seu pai para ser enterrado. A idéia de que a alma
continuava a viver após a morte do
corpo
era uma crença mantida por muitos povos do tempo de Abraão,
incluindo-se os sumerianos,
os
babilônios, os egípcios e outros.
Além
disso, esta não é a única referência primitiva ao conceito de
vida após da morte. O
livro
de Jó possivelmente seja o mate antigo livro do AT, cujos eventos
aconteceram em épocas
anteriores
ao tempo de Abraão e dos patriarcas de Israel. Assim mesmo, já no
tempo de Jó,
encontramos
não somente o conceito de vida depois da morte, mas também o de uma
ressurreição
corporal.
Em
Jó 19:25-26 deparamo-nos com Jó expressando sua confiança de que,
embora talvez ele
não
chegasse a ver sua vindicação pessoal nesta vida, ele sabia que
Deus, por fim, faria com que
tudo
ficasse certo. Esta confiança o fez expressar a sua convicção de
que ele certamente iria estar
diante
de Deus mesmo depois de sua morte física: "Porque eu sei que o
meu Redentor, vive e por
fim
se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da
minha pele, em minha carne
verei
a Deus". Este versículo mostra que o conceito de vida depois da
morte era uma convicção bem
primitiva,
e que o povo de Deus também acreditava na ressurreição do corpo.
GÊNESIS
25:31-33 - Jacó comprou o direito da primogenitura ou o conseguiu
por meio do
engano?
PROBLEMA:
Este texto diz que
Jacó pediu a Esaú que lhe vendesse o
direito
de primogenitura. Mas Gênesis 29:1ss conta-nos que para recebê-lo
ele valeu-se do engano.
SOLUÇÃO:
Jacó comprou o
"direito da primogenitura", mas obteve a "bênção"
por meio do
engano.
São duas coisas diferentes. Assim, não há uma real divergência.
GÊNESIS
26:33 - Berseba foi assim nomeada por Abraão ou mais tarde por
Isaque?
PROBLEMA:
Em Gênesis 21:31
Abraão deu a essa cidade o nome de Berseba ("poço do
juramento").
Mas posteriormente (em Gênesis 26:33), Isaque deu-lhe o mesmo nome.
Mas é
altamente
improvável que duas pessoas diferentes, em duas ocasiões
diferentes, viessem a chamar
um
mesmo lugar com o mesmo nome.
SOLUÇÃO:
Isto não é
absolutamente improvável, por duas razões. A primeira é que a
segunda
pessoa
era filho da primeira, e pode ter tido conhecimento da experiência
de seu pai naquele lugar.
A
segunda razão é
que a experiência
semelhante pela qual Isaque passou ali pode lhe ter despertado
a
memória, fazendo-o lembrar-se do nome que seu pai tinha dado àquele
lugar. Assim, não é de todo
incomum
que Isaque tivesse mais tarde renovado o nome que seu pai havia
anteriormente dado
àquele
importante lugar em suas vidas.
GÊNESIS
26:34 - Quantas esposas teve Esaú?
PROBLEMA:
Gênesis 26:34
afirma que Esaú casou-se com Judite, filha de Beeri, heteu, e com
Basemate,
filha de Elom, heteu. Entretanto, Gênesis 36:2-3 afirma que as
esposas de Esaú eram
Ada,
filha de Elom, heteu; Oolibama, filha de Aná; e Basemate, filha de
Ismael. Esaú casou-se com
a
filha de Elom chamada Basemate ou com a sua filha Ada? Teve então
Esaú duas, três ou quatro
esposas?
SOLUÇÃO:
As esposas de Esaú
foram quatro: Judite, a filha de Beeri; Basemate, que também
tinha
o nome de Ada, filha de Elom; Oolibama, filha de Aná; e Basemate,
filha de Ismael. A razão
por
que Judite não é mencionada em Gênesis 36:2-3 é porque ela não
lhe deu filhos, e Gênesis 36 é
um
registro dos "descendentes de Esaú". Ainda, era uma
prática comum as pessoas serem
conhecidas
por mais de um nome. Aparentemente Basemate, filha de Elom, também
tinha o nome
de
Ada, e desta forma é
que ela é
identificada em Gênesis 36:2, para distingui-la da outra Basemate,
que
era filha de Ismael. Esaú teve assim quatro esposas.
GÊNESIS
27:42-44 - Jacó retornou a Harã para fugir de Esaú ou para ter uma
esposa?
PROBLEMA:
Rebeca disse a Jacó:
"Retira-te para a casa de Labão, meu irmão, em Harã; fica com
ele
alguns dias, até que passe o furor de teu irmão" (Gn
27:43-44). Mas em Gênesis 28:2 a razão
dada
foi para que tomasse "lá por esposa uma das filhas de Labão,
irmão de sua mãe". Qual foi a
razão
afinal?
SOLUÇÃO:
Jacó retornou para
Harã pelas duas razões. Duas ou mais razões para a mesma coisa
não
é incomum na Bíblia. Compare os seguintes casos:
1.
A exclusão de Moisés da Terra Prometida foi por causa da
incredulidade (Nm 20:12), da
rebelião
(Nm 27:14), da transgressão (Dt 32:51) e das palavras irrefletidas
(SI 106:33).
2.
Saul foi rejeitado por Deus por um sacrifício ilegal (1 Sm
13:12-13), por desobediência (1 Sm
28:18)
e por consultar a feiticeira de En-Dor(l Cr 10:13).
GÊNESIS
29:21-30 - Quando Raquel foi dada a Jacó como esposa?
PROBLEMA:
Em Gênesis 29:27
Labão diz a Jacó que complete a semana das festas nupciais com
Lia,
e que então Raquel lhe seria dada. Entretanto, o versículo também
diz que ficou acertado entre
Labão
e Jacó que em contrapartida a mais um período de sete anos de
serviço, Raquel seria dada a
Jacó.
Quando Raquel foi dada a Jacó: no fim da semana nupcial com Lia, ou
ao se completarem os
sete
anos de serviço?
SOLUÇÃO:
A passagem indica
que Raquel foi dada a Jacó após os sete dias que compreendiam as
festas
nupciais de Lia. A festa de casamento geralmente durava sete dias
(cf. Jz 14:12). Labão
acertou
com Jacó que Raquel se tornaria sua mulher ao fim daquela festa de
sete dias e, em
contrapartida,
Jacó serviria Labão por um período adicional de sete anos.
Ironicamente, Jacó, que
tinha
usado do engano na questão da primogenitura de Esaú, agora fora
enganado por Labão.
GÊNESIS
31:20 - Como pôde Deus abençoar Jacó, depois de ter ele
enganado
Labão?
PROBLEMA:
Em Gênesis 31:20, o
texto diz que "Jacó logrou a Labão" ou seja, enganou-o,
"não
lhe
dando a saber que fugia". Entretanto, Deus abençoou Jacó ao
aparecer a Labão, advertindo-o de
que
não falasse a Jacó "nem bem nem mal" (Gn 31:24). Como
Deus pôde abençoar Jacó depois de
ele
ter enganado Labão?
SOLUÇÃO:
Primeiro, a tradução
da palavra hebraica de Gênesis 31:20 não é necessariamente
"enganar".
Literalmente, no hebraico a frase é: "E Jacó roubou o coração
de Labão". Esta é uma
expressão
idiomática hebraica que pode ser utilizada, num determinado
contexto, para significar
"enganar"
ou "usar de astúcia". Jacó não disse a Labão que ia
sair, nem lhe disse que ia ficar. A
razão
por que ele saiu sem nada dizer a Labão possivelmente tenha sido o
fato de que ele temia
Labão
(cf. Gn 31:2). Jacó tampouco tinha qualquer obrigação de
permanecer com Labão, porque ele
havia
cumprido tudo o que fora tratado entre eles. Apesar das acusações
feitas por Labão, eram
justos
o temor de Jacó e o seu ato de sair sem nada dizer a Labão.
Segundo,
mesmo admitindo-se que Jacó estivesse envolvido numa farsa, Deus não
o
abençoaria
por causa
desse pecado, mas
apesar de
suas falhas. Este
caso é outro exemplo do
princípio
de que "nem tudo que é registrado na Bíblia é por ela
aprovado " (veja a Introdução).
Deus
havia escolhido Jacó para que ele viesse a tornar-se o pai das doze
tribos de Israel não porque
ele
fosse reto, mas por causa da graça de Deus. O Senhor pôde abençoar
Jacó segundo a sua graça,
mesmo
sendo ele um pecador. Através da experiência de Jacó com Labão, e
mais tarde seu
confronto
com Esaú e sua luta com o anjo do Senhor à noite, é
que o caráter de
Jacó foi trabalhado
de
forma a tornar-se um vaso adequado para o uso de Deus.
GÊNESIS
31:32 - Como pôde Deus abençoar Raquel, tendo ela furtado os ídolos
de Labão e
ainda
mentido a ele sobre isso?
PROBLEMA:
Gênesis 31:32
afirma que, com respeito aos ídolos, "Jacó não sabia que
Raquel os
havia
furtado". Entretanto, parece que Deus
abençoou
Raquel, mesmo tendo ela mentido a Labão.
SOLUÇÃO:
Deus não abençoou
Raquel por ela ter furtado os ídolos, nem por ter mentido com
respeito
ao seu ato. Simplesmente pelo fato de Labão não ter descoberto que
Raquel tinha sido a
ladra,
isso não quer dizer que Deus a abençoou. Pelo contrário, é mais
plausível admitir que Deus
não
tenha exposto o furto de Raquel por causa de Jacó, para protegê-lo.
Também, Gênesis 35:16-19
relata
que Raquel morreu de parto, de seu segundo filho, Benjamim. Nos
capítulos intermediários,
entre
31:32 e 35:19, muito pouco é dito a respeito dela. O relato bíblico
revela que de fato Deus não
abençoou
Raquel pelo que ela fez, mas deixou-a num segundo plano de
importância, até a sua morte
dolorosa.
GÊNESIS
32:30 - O rosto de Deus pode ser visto?
PROBLEMA:
Deus declarou a
Moisés: "homem nenhum verá a minha face, e viverá"
(Êxodo
33:20;
veja os comentários de João 1:18). Moisés recebeu a permissão
para apenas ver Deus "pelas
costas"
(Êx 33:23). Contudo, a Bíblia nos informa que Moisés falou com
Deus "face a face" (Dt
5:4),
e o mesmo é dito com respeito a Jacó em Gênesis 32:30. Como então
puderam eles falar face a
face
com Deus?
SOLUÇÃO:
É possível um cego
falar face a face com alguém, sem, contudo, ver a face dessa
pessoa.
A expressão "face a face" significa "pessoalmente",
ou "diretamente", ou ainda "com
intimidade".
Moisés teve esse tipo de relacionamento íntimo com Deus. Mas ele,
assim como
mortal
algum, jamais viu a "face" (a essência) de Deus
diretamente.
GÊNESIS
46:4 - Deus levou Jacó para fora do Egito ou foi lá que ele morreu?
PROBLEMA:
Deus prometeu a
Jacó: "Eu descerei contigo para o Egito, e te farei tornar a
subir,
certamente"
(Gn 46:4). Entretanto, Jacó morreu no Egito (Gn 49:33) e nunca
retornou à Terra
Prometida.
SOLUÇÃO:
Esta promessa
cumpriu-se com Jacó de várias maneiras, das quais qualquer uma pode
explicar
essa dificuldade. Primeiro, foi uma promessa à posteridade de Jacó,
que do Egito foi
trazida
de volta. Isto é indicado pela afirmativa: "eu farei de ti uma
grande nação" (v. 3). Segundo,
Jacó
foi trazido do Egito por José, embora não com vida, e sepultado em
Canaã (Gn 50:13; Gn
50:25;
Êx 13:19). Finalmente, depois da ressurreição Jacó retornará
àquela Terra vivo (cf. Mt 8:11).
GÊNESIS
46:8-27 - Por que a Bíblia fala de doze tribos de Israel, se na
realidade eram
catorze?
PROBLEMA:
Com freqüência a
Bíblia afirma que eram doze as tribos de Israel. Contudo, em três
passagens
distintas, a relação das tribos é diferente. Na realidade, havia
14 tribos diferentes, que são
apresentadas
como sendo 12:
Gênesis
46 Números 26 Apocalipse 7
1.
Rúben Rúben Rúben
2.
Simeão Simeão Simeão
3.
Levi - Levi
4.
Judá Judá Judá
5.
Issacar Issacar Issacar
6.
Zebulom Zebulom Zebulom
7.
José - José
8.
- Manasses Manasses
9.
- Efraim -
10.
Benjamim Benjamim Benjamim
11.
Dã Dã -
12.
Gade Gade Gade
13.
Aser Aser Aser
14.
Naftali Naftali Naftali
Eram
então doze ou catorze tribos?
SOLUÇÃO:
Nesta resposta, há
que se observar que Jacó teve apenas doze filhos. Seus
descendentes
constituíram as doze tribos originais. Entretanto, por várias
razões, esses mesmos
descendentes
são redispostos em tempos diferentes em grupos de doze um pouco
diferentes entre si.
Por
exemplo, em Gênesis 48:22 Jacó concede a José uma porção dupla
de herança.
Na
relação do livro de Números, Manasses e Efraim, filhos de José,
substituem a tribo de
José.
Também acontece que Levi não recebeu uma porção de terra em
herança porque os levitas
exerciam
a função de sacerdotes. Espalhados por todas as tribos em 48
cidades levíticas, eles
ensinavam
os estatutos do Senhor às tribos (Dt 33:10). Conseqüentemente, a
dupla porção de José
fica
dividida entre Manasses e Efraim, seus dois filhos/de forma a
preencher a vaga deixada por
Levi.
Na
passagem do Apocalipse, José e Manasses são contados em separado,
possivelmente
indicando
que José e Efraim (filho de José) são contados como uma única
tribo. Dã é omitido nesta
relação,
possivelmente porque os danitas tomaram a sua porção pela força
numa área ao norte de
Aser,
separando-se de sua herança original que era ao sul. Além disso, os
danitas foram a primeira
tribo
a ir para a idolatria.
Levi
aparece nesta relação como uma tribo separada, possivelmente
porque, depois da cruz,
os
levitas não mais exercem o seu ofício para todas as tribos e,
então, podem receber uma
porção de
terra
por herança para si.
Em
cada caso, o autor bíblico tem o cuidado de preservar o número
original de 12 tribos,
número
este que tem um significado espiritual, indicativo de uma perfeição
espiritual (cf. as portas
e
fundações da Cidade celestial, em Apocalipse 21).
GÊNESIS
49:5-7 - Como
Jacó pôde pronunciar uma maldição sobre Levi, que em
Deuteronômio
33:8-11 é
abençoado por Deus?
PROBLEMA:
Em Gênesis 40:5-7,
Jacó pronuncia uma maldição sobre Levi: "Maldito seja o seu
furor,
pois era forte, e a sua ira, pois era dura; dividi-los-ei [Simeão e
Levi] em Jacó e os espalharei
em
Israel" (v. 7). Entretanto, em Deuteronômio 33:8-11, Moisés
abençoa Levi: "Ensinou [Levi] os
teus
juízos a Jacó, e a tua lei a Israel;... Abençoa o seu poder, ó
Senhor, e aceita a obra das suas
mãos"
(Dt 33:10-11).
SOLUÇÃO:
Jacó pronunciou
essa maldição sobre Levi e Simeão por causa da maneira cruel com
que
se vingaram dos habitantes de Siquém. Como punição pelo seu crime,
eles seriam espalhados
entre
as outras tribos de Israel, de forma a não obter uma terra em
possessão para si mesmos.
Entretanto,
a maldição sobre Levi acabou sendo uma bênção para as demais
tribos de Israel. Pois
era
o plano de Deus espalhar os descendentes de Levi por toda Israel de
forma que dessa tribo se
pudesse
dizer depois: "Ensinou os teus juízos a Jacó, e a tua lei a
Israel" (Dt 33:10).
Não
há contradição entre esses dois pronunciamentos. Os descendentes
de Levi foram
espalhados,
como Jacó profetizou, mas eles foram usados por Deus para funcionar
como a tribo
sacerdotal
por toda a Israel, como Moisés tinha proclamado. Levi não recebeu
uma herança em terra
entre
as demais tribos porque, em Números 18:20, Deus dissera: "Na
sua terra herança nenhuma
terás,
e no meio deles nenhuma porção terás: eu sou a tua porção e a
tua herança no meio dos filhos
de
Israel".
GÊNESIS
49:10 - Quem ou o que é
Siló neste versículo?
PROBLEMA:
A palavra "Silo"
com freqüência é entendida como sendo uma referência a Jesus
Cristo
como o Messias que viria. Silo aparece numa frase como parte das
palavras proféticas de
Jacó
para seu filho Judá. É através da tribo de Judá que o Messias
viria (cf. 2 Sm 7; Mq 5:2); assim,
parece
ser apropriado entender este versículo como sendo uma referência ao
Messias, Jesus Cristo.
Entretanto,
o NT não faz referência alguma a esta profecia como tendo sido
cumprida em Cristo,
nem
menciona o nome Silo.
SOLUÇÃO:
A solução a este
problema envolve a pontuação da vogai do Texto Massorético (MT)
do
AT (veja Apêndice 1). A versão atualizada de Almeida traduz esta
parte do versículo 10 da
seguinte
forma: "até que venha Silo". Esta versão segue a
pontuação das vogais do texto MT e
traduz
a palavra hebraica shylh
como o nome próprio
"Silo". Silo (ou "Silo") era o nome de uma
cidade
situada a aproximadamente quinze quilômetros a nordeste de Betel.
Embora alguns
intérpretes
considerem a afirmativa feita em Gênesis 49:10 como uma referência
àquela cidade,
outros
têm entendido ser este nome uma referência ao Messias.
Entretanto,
a maioria dos eruditos propõe uma diferente pontuação e entende
que a palavra
significa
"a quem pertence" (como traduz a R-IBB). Esta proposição
tem suporte de traduções
antigas,
tais como as versões grega e siríaca do AT, e outras. Essas versões
antigas, sendo anteriores
ao
texto MT, também empregaram a frase "a quem pertence".
Esta forma é ainda respaldada por
Ezequiel
21:27 que afirma: "até que venha aquele a quem ela pertence de
direito". Quando esta
parte
do versículo 10 é entendida desta forma, a passagem fica: "O
cetro não se arredará de Judá,
nem
o bastão de autoridade dentre seus pés, até
que venha aquele a quem pertence, e
a ele
obedecerão
os povos". À luz do exposto, o significado messiânico do
versículo fica muito mais
claro.
Pois ele é cumprido com o Messias do NT (Cristo), como algumas
passagens indicam:
Mateus
2:6, Lucas 1:30-33, Apocalipse 5:5 e 19:11-16.
GÊNESIS
49:10b - Se Judá reinaria até o Messias, por que o primeiro rei de
Israel foi da tribo
de
Benjamim?
PROBLEMA:
Gênesis 49:10
indica que "o cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de
entre
seus
pés, até que venha Silo". Mas a história registra que o
primeiro rei de Israel (Saul) era "da tribo
de
Benjamim" (At 13:21; 1 Sm 9:1-2).
SOLUÇÃO:
Este problema existe
quando "Silo" é entendido como uma referência ao Messias.
Alguns
eruditos entendem ser uma referência a uma cidade em Efraim, onde o
Tabernáculo de
Moisés
foi erigido. Com esta interpretação, Judá era para ser o líder
das doze tribos por todo o
tempo
no deserto, até chegarem na Terra Prometida.
Mesmo
que "Silo" seja uma referência ao Messias, não há um
problema real aqui, já que o Messias
veio
da tribo de Judá (cf. Mt 1:1-3,16; Ap 5:5). Aos olhos de Deus, Davi
(e não Saul) é que foi sua
escolha
para o primeiro rei de Israel (cf. 1 Sm 15-16). Assim, a tribo de
Judá sempre foi a linha
governante,
da qual veio o Messias.
GÊNESIS
49:14-15 - Por que Jacó profetizou escravidão para Issacar, mas em
Deuteronômio
33:18-19
Moisés profetizou uma bênção?
PROBLEMA:
Em Gênesis 49:14-15
Jacó profetiza que Issacar se submeteria "ao serviço forçado
de
um escravo" (v. 15-R-IBB). Entretanto, em Deuteronômio 33:19
Moisés prediz que Issacar
participaria
da "abundância dos mares" e dos "tesouros escondidos
da areia".
SOLUÇÃO:
A história da tribo
de Issacar indica que Jacó estava antevendo um tempo em que, por
causa
de suas possessões de terra, Issacar se curvaria diante de invasores
estrangeiros sob o
comando
de Tiglate-Pileser, não lutando por sua libertação. Moisés,
entretanto, estava antevendo
um
tempo anterior a essa invasão, em que a tribo de Issacar prosperaria
na planície fértil que há
entre
as montanhas de Gilboa e Tabor. A prosperidade que eles alcançaram
levou-os a uma vida
relativamente
livre de problemas, uma característica aludida na figura de um
jumento preguiçoso
"deitado
entre dois fardos" (Gn 49:14, R-IBB), não disposto a
removê-los. Tal prosperidade numa
terra
que sempre era ameaçada por invasores estrangeiros e a sua
indisposição de ser privado de
suas
possessões pela liberdade, finalmente criou a servidão de Issacar
prevista por Jacó.
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