LUCAS
LUCAS
l:26ss - O nascimento de Cristo foi anunciado a Maria ou a José?
PROBLEMA:
Mateus diz que o
nascimento de Cristo foi anunciado a José (Mt 1:20), mas Lucas
afirma
que foi a Maria (Lc l:26ss). Quem está certo?
SOLUÇÃO:
O nascimento de
Cristo foi anunciado primeiro a Maria e depois a José. Maria tinha
de
saber antes, já que ela haveria de ser a primeira a saber que teria
um bebê. José teria de ser
informado
em seguida, já que sua esposa estava para ter um bebê que não era
seu! Esse tipo de
duplicidade
de visões em questões importantes é encontrado em outras partes
das Escrituras.
Compare
Pedro e Cornélio (At 10:3,15), e Saulo e Ananias (At 9:6,10-16).
LUCAS
1:36 - Como Isabel poderia ser parenta de Maria, se ela era da tribo
de Arão?
PROBLEMA:
De acordo com Lucas
1:5, Isabel era da tribo sacerdotal de Arão. Mas em Lucas
1:36
ela é descrita como parenta de Maria, que era da tribo de Judá
(1:39;3:30).
SOLUÇÃO:
Ser aparentada de
alguém da tribo de Judá não significa que Maria fosse daquela
tribo.
Ela poderia ter se aparentado pelo matrimônio. O casamento entre
tribos era permitido, exceto
no
caso de um herdeiro. O próprio Arão casou-se com alguém da tribo
de Judá (Êx 6:23; 1 Ce
2:10).
LUCAS
l:28ss - Os cristãos devem cultuar Maria?
PROBLEMA:
O anjo disse a Maria
que ela era a mais abençoada de todas as mulheres, declarando
para
ela: "Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu
entre as mulheres" (Lc 1:28, SBTB).
Embora
a forma mais elevada de adoração seja reservada a Deus apenas
(latria), os
católicos
romanos
crêem que Maria deve ser venerada num sentido inferior (hyperdulia),
como a mais
favorecida
de todas as outras criaturas, já que ela é a "mãe de Deus"
e "Rainha dos Céus". Por que
os
evangélicos não dão a Maria o que lhe é devido?
SOLUÇÃO:
Os evangélicos de
fato honram a Maria como a abençoada "mãe de... [nosso]
Senhor"(Lc
1:43). Mas, por muitas razões, cremos ser idolatria venerar Maria.
Primeiro, Maria era
um
ser humano, não Deus. A Bíblia nos dá o mandamento: "Ao
Senhor, teu Deus, adorarás, e só a
ele
darás culto" (Mt 4:10).
Segundo,
Maria confessou que ela era uma pecadora e que necessitava de um
Salvador, tal
como
qualquer outra pessoa. Ela disse: "A minha alma engrandece ao
Senhor, e o meu espírito se
alegrou
em Deus, meu Salvador" (veja comentários de Lucas 1:46).
Terceiro,
o anjo de Deus não afirmou que Maria era abençoada mais
do que todas as
mulheres,
mas simplesmente entre
todas as mulheres.
Ele declarou apenas: "bendita és tuentre
as
mulheres"
(Lc 1:28, SBTB, grifo do autor). Na prática, muitos católicos têm
exaltado Maria acima
de
todas as mulheres, virtualmente no lugar de Deus.
Quarto,
o culto de Mariolatria cresceu na Igreja Católica Romana durante a
Idade Média,
acrescentando
a ela títulos tais como "co-re-dentora" e "Rainha dos
Céus". Entretanto, isso
evidencia
uma influência paga sobre o cristianismo, nos moldes da deusa
babilônica que tinha
precisamente
esse mesmo nome de "a Rainha dos Céus" (Jr 7:18; 44:17-19,
25).
LUCAS
1:46 - Maria nasceu sem pecado, como os católicos afirmam?
PROBLEMA:
Os católicos
romanos afirmam que Maria, a mãe de Jesus, foi concebida de forma
imaculada
(i.e., foi concebida sem pecado). Entretanto, com exceção de Jesus,
a Bíblia assevera que
todo
ser humano nasce em pecado (SI 51:5; Rm 5:12). Maria foi então
concebida de forma
imaculada?
SOLUÇÃO:
Maria, mãe de
Jesus, foi a mais abençoada entre as mulheres (veja comentários de
Lucas
l:28ss). Entretanto, ela não foi uma mulher sem pecado, e a Bíblia
deixa isso claro de muitas
maneiras.
Primeiro,
Davi declarou a respeito de todos os seres humanos: "Eu nasci na
iniqüidade, e em
pecado
me concebeu minha mãe" (SI 51:5).
Segundo,
Paulo afirmou que todo ser humano nascido de pais naturais, desde
Adão, pecou
em
Adão, pois "por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim
também
a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm
5:12).
Terceiro,
não há absolutamente vestígio algum em toda a Bíblia de que Maria
tivesse sido
uma
exceção à regra de que "todos pecaram e carecem da glória de
Deus" (Rm 3:23). No caso de
Cristo,
entretanto, é apontado repetidamente que ele era humano, contudo sem
pecado (2 Co 5:21;
Hb
4:15; 1 Pe 3:18; 1 Jo 3:3).
Finalmente,
a própria Maria proclamou o seu estado de pecado quando reconheceu a
sua
necessidade
de um Salvador, dizendo "o meu espírito se alegrou em Deus, meu
Salvador". Como
todo
o mundo, ária também precisou de um Salvador.
LUCAS
2:1 - Será que Lucas cometeu um erro quando mencionou um
recenseamento
mundial?
PROBLEMA:
Lucas refere-se ao
decreto de César Augusto, quando Quirino era presidente da
Síria,
"para que todo o mundo se alistasse" (Ec 2:1, SBTB).
Entretanto, de acordo com os anais da
história
antiga, não se realizou tal recenseamento.
SOLUÇÃO:
Até época recente,
os críticos asseguravam amplamente que Lucas cometera um erro
na
sua afirmação quanto ao recenseamento feito por ordem de César
Augusto, e que o censo
realmente
acontecera no ano 6 ou 7 a.D. (isso é mencionado por Lucas no
discurso de Gamaliel,
registrado
em Atos 5:37). A falta de qualquer suporte fora da Bíblia fez com
que alguns
considerassem
que isso foi um erro de Lucas. Entretanto, conhecimentos recentes
reverteram essa
tendência,
e agora é amplamente admitido que houve de fato um recenseamento
anterior, como
Lucas
registra. Isso foi declarado com base em vários fatores.
Em
primeiro lugar, como o povo de uma terra subjugada era compelido a
jurar lealdade ao
imperador,
não era incomum que este requeresse um recenseamento em todo o
império, como
expressão
dessa lealdade, como um meio de alistar os homens para o serviço
militar ou, corno foi
provavelmente
nesse caso, como preparação para decretar impostos.
Devido
às relações de tensão que havia entre Herodes e Augusto, nos
últimos anos do
governo
de Herodes, como o historiador Josefo relata, é compreensível que
Augusto começasse a
tratar
o domínio de Herodes como uma terra sujeita, e conseqüentemente
impusesse tal
recenseamento
para manter controle sobre Herodes e sobre o povo.
Segundo,
alistamentos periódicos desse tipo aconteciam de forma regular a
cada 14 anos.
De
acordo com os próprios documentos que registraram esses alistamentos
(ver W. M. Ramsay,
Was
Christ Born in Bethlehem? [Cristo
Nasceu em Belém?], 1898), houve de fato um
recenseamento
em cerca de 8 ou 7 a.C. Por causa desse costume periódico de
recenseamentos, uma
ação
assim naturalmente seria considerada como decorrente da política
geral de Augusto, muito
embora
um censo local pudesse ter sido instigado pelo governante local.
Portanto, Lucas reconhece
que
o alistamento originou-se do decreto de Augusto.
Terceiro,
um recenseamento era um projeto de grande amplitude, que levava
provavelmente
vários
anos para completar-se. Tal alistamento com o propósito de
estabelecer impostos tinha
começado
na Gália entre os anos 10 ou 9 a.C, e levou cerca de 40 anos para
terminar. É bem
provável
que o decreto que deu início ao recenseamento, em 8 ou 7 a.C, não
tenha de fato
começado
na Palestina, senão alguns anos depois. Problemas de organização e
preparo podem ter
retardado
a sua realização até o ano 5 a.C, ou até mesmo para mais tarde.
Quarto,
não era também um requisito fora do normal exigir que as
pessoas fossem até
o
lugar
de seu nascimento ou ao lugar onde tivessem alguma propriedade. Um
decreto de C. Vibius
Mazimus
no ano 104 a.D. requereu que todos os que estavam fora de sua cidade
natal retornassem
para
lá com o propósito de um alistamento.
Para
os judeus, viagens assim não eram estranhas, já que eles estavam
acostumados a ir todo
ano
a Jerusalém. Simplesmente não há por que suspeitar da afirmação
de Lucas a respeito do
recenseamento
no tempo do nascimento de Jesus. Seu relato enquadra-se no padrão
dos
alistamentos
da época, e a data de sua realização não é descabida. Além
disso, esse pode ter sido
apenas
um alistamento local, feito em decorrência da política geral de
Augusto.
Lucas
simplesmente nos fornece um registro histórico confiável de um
acontecimento que,
de
outra forma, não teria sido registrado. Já que o Dr. Lucas provou
por si mesmo ser um
historiador
de confiança em outras questões (ver Sir William Ramsey, St.
Paul the Traveler and
Roman
Citizen [São Paulo,
o Viajante e o Cidadão Romano], 1896), não há por que duvidar dele
(veja
também os comentários de Lucas 2:2).
LUCAS
2:2 - Por
que Lucas diz que o recenseamento ocorreu durante o governo de
Quirino,
se
ele não foi governador até o ano 6 a.D.?
PROBLEMA:
Lucas afirma que o
alistamento decretado por Augusto foi o primeiro realizado
quando
Quirino era o governador da Síria. Entretanto, Quirino só assumiu o
cargo depois da morte
de
Herodes, em cerca de 6 a.D. Trata-se então de um erro no registro
histórico de Lucas?
SOLUÇÃO:
Lucas não cometeu
erro algum. Há soluções bastante razoáveis para essa dificuldade.
Primeiro,
Quintilius Varus foi o governador da Síria de cerca de 7 a.C. a
cerca de 4 a.C.
Varus
não era um líder que inspirava confiança, o que foi
desastrosamente demonstrado no ano 9
a.D.,
quando ele perdeu três legiões de soldados na floresta Teutoburger,
na Alemanha. Ao contrário
dele,
Quirino era um notável líder militar, que tinha sido o responsável
por arrasar a rebelião dos
homonadensianos
na Ásia Menor. Quando chegou o tempo de começar o recenseamento, em
cerca
de
8 ou 7 a.C, Augusto encarregou Quirino de resolver o delicado
problema existente na área volátil
da
Palestina, de fato passando por cima da autoridade e do governo d£
Varus, ao destacar Quirino
para
uma posição com autoridade especial naquela questão.
Tem
sido proposto também que Quirino foi governador da Síria em duas
ocasiões
diferentes,
uma enquanto perpetrava a ação militar contra os homonadensianos,
entre 12 e 2 a.C, e
outra
começando em cerca de 6 a.D. A interpretação de uma inscrição
latina descoberta em 1764
referiu-se
a Quirino como tendo servido como governador da Síria em duas
ocasiões.
É
possível ainda que Lucas 2:2 possa ser traduzido assim: "Este
alistamento foi feito
antes
de
Quirino ser o governador da Síria". Nesse caso, a palavra grega
traduzida como "primeiro"
(protos)
é traduzida como um
comparativo, "antes". Devido à estranha construção da
frase, essa não
é
uma versão improvável.
Independentemente
de qual das soluções tenha sido aceita, não é necessário
concluir que
Lucas
tenha cometido um erro nos registros que fez dos eventos históricos
ocorridos na época do
nascimento
de Jesus. Lucas demonstrou ser um historiador de confiança, mesmo
nos detalhes. Sir
William
Ramsey mostrou que, ao fazer referência a 32 países, 54 cidades e 9
ilhas, Lucas não
cometeu
nenhum erro!
LUCAS
3:23 - Por
que Lucas apresenta uma genealogia de Jesus diferente da que é
apresentada
por Mateus?
PROBLEMA:
Jesus tem um avô
diferente em Lucas 3:23 (Heli), em relação ao que é registrado
em
Mateus 1:16 (Jacó). Quem foi de fato o avô de Jesus?
SOLUÇÃO:
Isso é de se
esperar, já que são duas linhas diferentes de ancestrais, uma
através de
seu
pai legal,
José, e outra
através de sua mãe de
fato, Maria. Mateus
apresenta-nos a linha oficial,
já
que seu propósito é mostrar as credenciais messiânicas judaicas de
Jesus, que requeriam que o
Messias
viesse da semente de Abraão e da linhagem de Davi (cfi Mt 1:1).
Lucas, tendo em vista um
público
grego bem
mais amplo, dirige-se para o interesse grego de ver Jesus como o
homem
perfeito
(que era o que
buscava o pensamento grego). Assim, ele traça a linha genealógica
de Jesus
até
o primeiro homem, Adão (Lc 3:38).
Há
várias razões para que Mateus apresente a genealogia paterna de
Jesus, e Lucas, a
materna.
Primeiramente, mesmo que as duas linhas vão de Jesus a Davi, cada
uma delas o faz
através
de um filho diferente de Davi. Mateus inicia com José (pai de
Jesus segundo a lei) e
vai até
o
rei Salomão,
filho de Davi, de
quem Cristo por direito herdou o trono de Davi(cf.2Sm7:12ss).
O
propósito de Lucas, por outro lado, é mostrar Cristo como
verdadeiramente humano.
Então
ele vai de Cristo a Nata,
filho de Davi,
seguindo a genealogia de Maria, sua mãe
de fato, pela
qual
Jesus pode declarar ser perfeitamente humano e o redentor da
humanidade.
Lucas
não diz que está traçando a genealogia de Jesus a partir de José.
Antes, ele observa que Jesus,
"como
se cuidava" era "filho de José", quando de fato ele
era filho de Maria. Também o fato de
Lucas
registrar a genealogia pela linha de Maria vinha bem ao encontro de
seu interesse, como
médico,
por mulheres e nascimentos, o que se vê inclusive por sua ênfase em
mulheres no seu
Evangelho,
que tem sido chamado de "o Evangelho para as mulheres".
Finalmente,
o fato de terem as duas genealogias alguns nomes em comum (tais como
Salatiel
e Zorobabel, Mt 1:12; cf. Lc 3:27) não prova que são a mesma
genealogia por duas razões.
Primeiro,
esses não são nomes incomuns. Segundo, até na própria genealogia
(na de Lucas) há uma
repetição
dos nomes de José e Judá (3:26, 30).
As
duas genealogias podem ser resumidas da seguinte forma:
MATEUS
Davi
|
Salomão
|
Roboão
|
Abias
|
Asa
|
Josafá
|
.
. .
|
Jacó
|
José
- Maria - esposa legal
(pai
legal)
|
Jesus
LUCAS
Davi
|
Nata
|
Matará
|
Mená
|
Meleá
|
Eliaquim
|
.
. .
|
Heli
|
José
- Maria - mãe de fato
(marido
legal)
Jesus
LUCAS
4:1-13 - Há um erro no que diz respeito à tentação de Jesus,
conforme registrada por
Mateus
e Lucas?
(Veja
os comentários de Mateus 4:5-10.)
LUCAS
4:19 - Por que Jesus não cita essa passagem com exatidão?
PROBLEMA:
Quando Jesus citou a
profecia de Isaías 61:2, ele deixou de fora o restante do
versículo,
que diz: "e o dia da vingança do nosso Deus". Por que
Jesus não citou corretamente?
SOLUÇÃO:
Jesus citou essa
passagem com exatidão,
sim; ele apenas não
a citou completamente.
Isso
não é nem incomum, nem inaceitável, pois é feito até mesmo por
autores nos dias de hoje. Na
verdade,
nós mesmos fizemos isso muitas vezes neste livro, o que geralmente é
indicado por
reticências
(...). Além disso, Jesus tinha uma razão muito boa para não citar
o restante daquele
versículo
- seria uma mentira. Ele disse aos que o ouviam que a citação
limitava-se ao que eles
tinham
acabado de ouvir (Lc 4:21). A única parte do versículo que se
cumpria na sua primeira vinda
era
exatamente a que ele citou. Se ele tivesse continuado e dito: "e
o dia da vingança do nosso
Deus"
(que se refere à sua segunda vinda, Isaías 61:2), então não
estaria dizendo a verdade.
LUCAS
6:17 - Por
que Lucas diz que Jesus fez esse sermão num lugar plano, e Mateus
declara
que foi num monte?
PROBLEMA:
Lucas afirma que
Jesus "parou numa planura" quando fez esse famoso sermão.
Porém
Mateus diz que ele "subiu ao monte" e depois passou a
ensiná-los (Mt 5:1-2). Como esta
discrepância
pode ser resolvida?
SOLUÇÃO:
Admitindo-se que os
dois relatos estejam se referindo ao mesmo acontecimento (veja
os
comentários de Lucas 6:20 adiante), eles podem ser conciliados se
observarmos que o monte
refere-se
à área
geral era que todos
estavam, ao passo que o lugar plano denota o
ponto específico
de
onde Jesus falou. O texto diz que Ele "parou numa planura".
Não diz que todo o povo estava
sentado
num lugar plano. Uma planura de onde pregar para uma multidão nas
encostas de um
monte
simularia um anfiteatro natural.
LUCAS
6:17 - Por que Lucas diz que Jesus os ensinou de pé, ao passo que
Mateus declara que
ele
se sentou para ensiná-los?
PROBLEMA:
Lucas diz que Jesus
"parou numa planura" para pregar, e nada diz quanto a Ele
ter
se
sentado. Mateus registra que "assentando-se... abrindo a sua
boca, os ensinava" (Mt 5:1-2,
SBTB).
SOLUÇÃO:
Estas referências
podem ser de momentos diferentes durante o mesmo evento. Uma
possibilidade
é que a referência de Mateus seja a respeito do começo do evento,
quando
"aproximaram-se
dele os seus discípulos ... e os ensinava" (Mt 5:1-2, SBTB).
Então, quando aquela
grande
multidão que o seguia se reuniu para ouvi-lo, naturalmente Jesus
teria de se levantar para
projetar
a sua voz, de modo que pudessem ouvi-la, como Lucas registra.
Outra
possibilidade é que a não-referência de Lucas a Jesus sentar-se
pode ter sido pelo fato
de
que Jesus, antes de fazer o seu sermão, estava curando as pessoas
(Lc 6:17-19). Então, porque
"todos
da multidão procuravam tocá-lo", bem pode ser que ele tenha
procurado um lugar para
sentar,
de onde, "olhando ele para os seus discípulos, disse-lhes... [a
sua mensagem] " (6:20).
Isso
explicaria a ordem dos acontecimentos registrada por Lucas, e
esclareceria também por
que
Mateus disse que Jesus estava sentado quando falava aos seus
discípulos. De qualquer modo,
não
há uma incompatibilidade entre esses dois relatos, mesmo admitindo
que se refiram à mesma
ocasião.
LUCAS
6:20 (cf. Mt 5:3) -
Por que a versão de
Lucas quanto às bem-aventuranças difere da
de
Mateus?
PROBLEMA:
A versão de Lucas
da primeira bem-aventurança afirma: "Bem-aventurados vós, os
pobres".
Já o relato de Mateus diz: "Bem-aventurados os pobres de
espírito" (5:3, SBTB). Lucas
parece
estar falando sobre pobreza no sentido financeiro e Mateus, sobre
pobreza no sentido
espiritual.
SOLUÇÃO:
Alguns acreditam que
as diferenças entre as duas versões se explicam por serem duas
ocasiões
diferentes. Apontam para o fato de que Mateus diz que o sermão foi
pregado a uma
multidão
que incluía
os seus discípulos
(Mt 5:1), ao passo que a versão de Lucas diz que o sermão
foi
dado para os seus discípulos (Lc 6:20). Argumentam ainda que,
segundo Mateus, Jesus falou
num
monte (5:1), ao passo que em Lucas ele falou de uma planura (6:17).
Ainda, que o relato de
Lucas
é muito menor que o de Mateus. (Veja "Solução" do
problema de Lucas 6:17.)
Outros,
entretanto, observam que os dois sermões foram feitos na mesma hora,
na mesma
área
geográfica, para o mesmo grupo de pessoas e com muitas expressões
exatamente iguais. Nos
dois
relatos o sermão foi precedido de curas especiais, e depois dele em
ambos os casos é registrada
a
ida de Jesus a Cafarnaum. Além disso, embora Lucas faça uma
introdução ao sermão dizendo:
"levantando
ele os olhos para os seus discípulos" (Lc 6:20, SBTB), tal como
Mateus, ele observa
que
as palavras de Jesus foram "dirigidas ao povo" (Lc 7:1; cf.
Mt 5:1). Tudo isso torna improvável
a
suposição de serem dois eventos diferentes.
As
diferenças existentes entre os dois relatos podem ser devidas a
várias razões. Primeiro, o
relato
de Lucas está muito mais resumido que o de Mateus. Segundo, naquela
ocasião Jesus deve
ter
falado muito mais do que aquilo que os escritores registraram. Assim,
cada um dos autores teve
de
selecionar, de um conjunto bem mais amplo de coisas que Jesus falou,
aquelas que eram mais
adequadas
ao seu tema.
Terceiro,
Lucas dá uma certa ênfase às palavras de Jesus, destacando a
referência aos que
são
pobres. Mateus não exclui a pobreza material, mas fala da pobreza de
espírito, que com
freqüência
os pobres têm, de forma contrária ao que acontece com os ricos (cf.
Lc 16; 1 Tm 6:17).
LUCAS
6:22-26 - Um
bom nome é uma bênção ou uma maldição?
PROBLEMA:
Nessa passagem,
Jesus disse a seus discípulos que as pessoas iriam falar mal deles,
tal
como fizeram com os profetas no passado. Por outro lado, Salomão
ensinou que: "Melhor é o
bom
nome do que o melhor ungüento" (Ec 7:1, R-IBB). Mas se um bom
nome deve ser buscado
mais
do que as riquezas (Pv 22:1), então por que Jesus disse a seus
discípulos que se regozijassem
quando
as pessoas falassem mal deles?
SOLUÇÃO:
Um bom nome não
significa necessariamente que todos falarão bem de quem o
possua.
Muitas pessoas com bom nome têm inimigos iníquos. Quem tem um nome
mais abençoado
do
que o próprio Jesus e, ainda assim, foi mais amaldiçoado. Jesus
preveniu os seus discípulos
nessa
passagem de Lucas para estarem alertas quando aqueles que se dispõem
a sacrificar
princípios
por popularidade falassem bem deles. Os aplausos de multidões
agraciadas são
desastrosos,
mas o reconhecimento da retidão é abençoado.
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