terça-feira, 5 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- 1 Reis


1 REIS

1 REIS 4:26 - Como pode este versículo dizer que Salomão tinha 40.000 cavalos em
estrebarias, se 2 Crônicas 9:25 diz que eram apenas 4.000?

PROBLEMA: Ao registrar a prosperidade de Salomão, esta passagem declara que ele possuía
40.000 cavalos em estrebarias, para os seus carros. Entretanto, 2 Crônicas 9:25 afirma que Salomão
tinha apenas 4.000 cavalos. Qual é o registro correto?
SOLUÇÃO: Este é, sem dúvida alguma, um erro de copista. A razão de 4.000 cavalos para 1.400
carros, como encontrada na passagem de 2 Crônicas, é muito mais razoável do que uma relação de
40.000 para 1.400 como está no texto de 1 Reis. No hebraico, a diferença visual entre os dois
números é muito pequena. As consoantes do número 40 são rbym*, e as do número 4 são rbh (as
vogais não eram escritas no texto). Os manuscritos utilizados pelo escriba poderiam estar
manchados ou danificados, de forma a dar-lhe a impressão de ser 40.000 e não 4.000.

1 REIS 6:1 - Como pode ser este um cálculo preciso, se Ramsés, o Grande, foi o Faraó do
êxodo?

PROBLEMA: A opinião predominante de eruditos modernos é que o Faraó do êxodo foi Ramsés
II. Se isto for correto, significa que o êxodo ocorreu cerca de 1270 a 1260 a.C.. Entretanto, como o
quarto ano do reinado de Salomão foi aproximadamente em 967 a.C, adicionando-se 480 anos a
esta data, resultaria que o êxodo teria sido por volta de 1447 a.C., caindo no reinado de Amenotep
II. Como tal cálculo pode então estar correto, se Ramsés, o Grande, foi o Faraó quando o êxodo
ocorreu?
SOLUÇÃO: Se admitirmos a cronologia dos reis do Egito atualmente aceita, o Faraó do êxodo não
teria sido Ramsés, o Grande, mas Amenotep II. Se a cronologia egípcia for revisada, então Ramsés
terá vivido 200 anos antes e poderá ter sido o Faraó do êxodo. Embora alguns estudiosos da
atualidade tenham proposto uma data posterior para o êxodo, cerca de 1270-1260 a.C., não há mais
razão alguma para se aceitar esta data, e as explanações alternativas justificam melhor todos os
dados históricos e colocam o êxodo numa data em torno de 1447 a.C. (Veja os comentários de
Êxodo 5:2.)

1 REIS 7:23 - O cálculo contido neste versículo não nos dá um valor errado de "pi"?

PROBLEMA: De acordo com 1 Reis 7:23, Hirão construiu um "mar de fundição, redondo, de dez
côvados de uma borda até à outra borda, e de cinco de altura; e um fio de trinta côvados era a
medida de sua circunferência". Do que está escrito, deduzimos que a razão da circunferência em
relação ao diâmetro é três para um. Entretanto, este é um valor muito impreciso do número "pi", que
na verdade é 3,14159...
SOLUÇÃO: Isso não é um erro. O registro bíblico das diversas medidas de diferentes partes do
templo não tem necessariamente o propósito de nos fornecer cálculos precisos do ponto de vista da
ciência ou da matemática. Antes, as Escrituras simplesmente nos fornecem uma razoável
aproximação. O arredondamento de números ou o registro de valores e medidas de forma
aproximada era uma prática comum nos tempos antigos, quando não se fazia uso de cálculos
* O "y" na palavra rbym normalmente é representado pela vogal "i" longa. Entretanto, como a consoante yod era
utilizada para representar vogais longas antes de se acrescentar a pontuação por vogais, ela está inserida aqui como uma
transliteração da letra que estaria constando no texto não pontuado.
científicos.

1 REIS 9:22 - Como entender este versículo, que diz que Salomão não fez escravo algum,
diante do que diz 1 Reis 5:13?

PROBLEMA: De acordo com 1 Reis 9:22, Salomão não fez trabalhadores forçados de entre os
filhos de Israel nas construções que empreendeu. Entretanto, em 1 Reis 5:13 lê-se que Salomão
formou uma leva de trabalhadores de entre todo o Israel. Como entender esses dois relatos?
SOLUÇÃO: Os dois relatos são corretos. Há duas palavras hebraicas empregadas para dois tipos
diferentes de trabalhadores envolvidos nos projetos de construção de Salomão. De acordo com 1
Reis 5:13 (5:27 no texto hebraico), Salomão formou "uma leva de trabalhadores" (mas ou hammas)
de entre todo o Israel. Nesse contexto, tais trabalhadores formavam um grupo tomado dentre o povo
para fazer parte do projeto de construção.
Aparentemente esse grupo era composto tanto de israelitas como de não israelitas. Em 1 Reis 9:21,
o autor especifica as pessoas a quem Salomão constituiu como "trabalhadores forçados". A palavra
aqui empregada é mas-obed, que indica um trabalho escravo, forçado.
Em 1 Reis 9:22, porém, o autor esclarece que Salomão não empregou nenhum israelita
como "escravo" (abed). Não há nenhuma contradição, porque embora Salomão de fato tenha
recrutado jovens de Israel para trabalhar na construção do templo, uma prática que mais tarde lhe
trouxe grandes problemas no seu reino, ele não forçou nenhum israelita a tornar-se escravo.

1 REIS 11:1 - Por que Deus permitiu que Salomão tivesse tantas mulheres, se ele condena a
poligamia?

PROBLEMA: Em 1 Reis 11:3, lemos que Salomão tinha 700 mulheres e 300 concubinas. Mas as
Escrituras repetidamente nos advertem contra manter mais de uma mulher (Dt 17:17) e violar o
princípio da monogamia - um homem para uma mulher (cf. 1 Co 7:2).
SOLUÇÃO: A monogamia é o padrão de Deus para os homens. Isso está claro nos seguintes fatos:
(1) Desde o princípio Deus estabeleceu este padrão ao criar o relacionamento monogâmico de um
homem com uma mulher, Adão e Eva (Gn 1:27; 2:21-25). (2) Esta ficou sendo a prática geral da
raça humana (Gn 4:1), seguindo o exemplo estabelecido por Deus, até que o pecado a interrompeu
(Gn 4:23). (3) A Lei de Moisés claramente ordena: "Tampouco para si multiplicará mulheres" (Dt
17:17). (4) A advertência contra a poligamia é repetida na própria passagem que dá o número das
muitas mulheres de Salomão (1 Reis 11:2): "Não caseis com elas, nem casem elas convosco". (5)
Jesus reafirmou a intenção original de Deus ao citar esta passagem (Mt 19:4) e ao observar que
Deus "os fez homem e mulher" e os juntou em casamento. (6) O NT enfatiza que "cada um tenha a
sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido" (1 Co 7:2). (7) De igual forma, Paulo insistiu
que o líder da igreja deveria ser "esposo de uma só mulher" (1 Tm 3:2; 12). (8) Na verdade, o
casamento monogâmico é uma prefiguração do relacionamento entre Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef
5:31-32).
A poligamia nunca foi estabelecida por Deus para nenhum povo, sob circunstância alguma. De fato,
a Bíblia revela que Deus puniu severamente aqueles que a praticaram, como se pode ver pelo
seguinte: (1) A primeira referência à poligamia ocorreu no contexto de uma sociedade pecadora em
rebelião contra Deus, na qual o assassino “Lameque tomou para si duas esposas" (GN 4:19,23). (2)
Deus repetidamente advertiu ou polígamos quanto às conseqüências de seus atos: “para que o seu
coração se não desvie" de Deus (Dt 17:17; cf. 1 Rs 11:2). (3) Deus nunca ordenou a poligamia -
como o divórcio, ele somente a permitiu por causa da dureza do coração do homem (Dt 24:1; Mt
19:8). (4) Todo praticante da poligamia na Bíblia, incluindo Davi e Salomão (1 Crônicas 14:3),
pagou um alto preço por seu pecado. (5) Deus odeia a poligamia, assim como o divórcio, porque ela
destrói o seu ideal para a família (cf. Ml 2:16).
Em resumo, a monogamia é ensinada na Bíblia de várias maneiras: (1) pelo exemplo
precedente, já que Deus deu ao primeiro homem apenas uma mulher; (2) pela proporção, já que as
quantidades de homens e mulheres que Deus traz ao mundo são praticamente iguais; (3) por
preceito, já que tanto o AT como o NT a ordenam (veja os versículos acima); (4) pela punição,
que Deus puniu aqueles que violaram o seu padrão (1 Rs 11:2); e (5) por prefiguração, já que o
casamento de um homem com uma mulher é uma tipologia de Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef 5:31-
32). Apenas porque a Bíblia relata o pecado de poligamia praticado por Salomão, não significa que
Deus a aprove.

1 REIS 11:4 - A luz do pecado de Davi com Bate-Seba, como poderia esta passagem dizer que
o coração dele era fiel para com o Senhor?

PROBLEMA: Quando Salomão estava idoso, "suas mulheres lhe perverteram o coração",
afastando-o do Senhor (1 Rs 11:4). Este versículo contrasta Salomão e Davi, afirmando que o
coração de Salomão não era de todo fiel ao Senhor seu Deus, como fora o de Davi. Entretanto, à luz
do pecado de adultério que Davi cometeu com Bate-Seba, e por ter ele assassinado Urias, o marido
dela, como este texto pode afirmar que o coração de Davi era fiel?
SOLUÇÃO: Temos de lembrar sempre que a aceitação de alguém por Deus não se baseia nas obras
de tal pessoa, mas na graça do Senhor. Davi não era um homem segundo o coração de Deus devido
a quaisquer atos de justiça que tivesse praticado. Antes, o coração de Davi era fiel ao Senhor seu
Deus por causa de sua fé em Deus. O versículo diz literalmente: "e o seu coração [de Salomão] não
era de todo fiel para com o Senhor seu Deus, como fora o de Davi, seu pai".
O contraste entre Salomão e Davi encontra-se no fato de que enquanto Salomão foi seduzido
por suas mulheres a adorar outros deuses, Davi adorou apenas o Deus de Israel. Embora Davi
tivesse cometido alguns pecados muito graves, ele nunca adorou nem serviu outros deuses. O seu
coração foi completamente fiel ao Senhor, e a sua fé lhe foi considerada como justiça

1 REIS 12:25- A residência de Jeroboão era em Siquém ou em Tirza?

PROBLEMA: Em 1 Reis 12:25 diz-se que a casa de leroboão ficava em Siquém, contudo mais
adiante ela é referida como estando em Tirza (1 Rs 14:12 17).
SOLUÇÃO: Jeroboão deve ter se mudado posteriormente para essa nova localidade. Ou um dos
lugares pode ter sido uma residência de férias, ou de "refúgio". Não era nada fora do comum os reis
terem mais de um lugar como residência.

1 REIS 15:5 - Foi este o único pecado que Davi cometeu?

PROBLEMA: De acordo com este versículo, Davi esteve sem pecado, exceto numa ocasião - o
pecado que envolveu Bate-Seba! Diz o texto que Davi "não se desviou de tudo quanto [Deus] lhe
ordenara em todos os dias da sua vida, senão só no caso de Urias, o heteu". Mas isso está em
contradição com as afirmações gerais feitas a respeito dos seres humanos depois da queda (cf. Gn
6:5; Jr 17:9; Rm 3:10-23) e também com específicas condenações que Davi recebeu em outras
ocasiões. O próprio Davi disse, depois de Deus tê-lo condenado por ter levantado o censo em Israel:
"Muito pequei em fazer tal cousa" (1 Cr 21:1, 8).
SOLUÇÃO: A afirmativa em questão não é, de forma alguma, um pronunciamento de que Davi
seria isento de pecados, por várias razões. Primeiro, ela é uma caracterização geral e verdadeira da
vida de Davi. Assim como Jó não foi um homem sem pecado, mas foi chamado de "integro e reto"
(Jó 1:1), assim também a vida de Davi era sem falhas maiores.
Segundo, esta boa referência sobre Davi não tem uma amplitude absoluta, mas é relativa a
todos os pecados que Abias havia cometido (cf. I Rs 15:1, 3). Davi fez, com uma grande exceção,
"o que era reto perante o Senhor" (v. 5). Terceiro, mesmo quando ele pecou, ele fez o que era reto,
ou seja, arrependeu-se imediatamente ao ser confrontado por Deus (cf. 2 Sm 12:lss e 1 Cr 21:8).
Quarto, a exceção apresentada ("senão no caso de Urias, o heteu") não é encontrada em
muitos manuscritos do AT. Sem ela, o fato de que era apenas uma boa referência geral de caráter
adquire uma força ainda maior. Quinto, a frase "não se desviou" indica que Deus está falando da
direção geralmente firme na vida de Davi, e não de pecados específicos. Isso poderia explicar por
que os outros pecados de Davi não são mencionados; eles não impediram que Davi seguisse na vida
de serviço ao Senhor.

1 REIS 15:14 - Asa destruiu os lugares altos, ou eles permaneceram?

PROBLEMA: Em 2 Crônicas 14:3 encontramos a declaração de que Asa "aboliu os altares dos
deuses estranhos, e o culto nos altos". Mas em 1 Reis, e dito que, durante o reinado de Asa, "os
altos, porém, não foram tirados".
SOLUÇÃO: Há várias explicações possíveis. Uma é que essas passagens podem referir-se a
diferentes épocas durante o reinado de Asa. No início da sua gestão, ele pode ter sido mais ativo na
remoção de toda idolatria. Ou pode ser que Asa não tenha conseguido completar todas as reformas
que pretendia, de forma que os altos não foram totalmente removidos. Alguns têm sugerido que ele
removeu apenas os altos dedicados a outros deuses (como 2 Crônicas menciona), mas permitiu que
os que eram dedicados ao Senhor permanecessem (do que 1 Reis fala). Qualquer dessas opções
resolve a dificuldade.

1 REIS 18:27 - Por que Elias foi abençoado por ridicularizar os profetas de Baal, se a Bíblia
nos compele a usar palavras amáveis para com os nossos inimigos?

PROBLEMA: A Bíblia aqui diz que "Elias zombava deles", dizendo que possivelmente o deus
deles estivesse "meditando, ou atendendo a necessidades, ou de viagem, ou a dormir...". Entretanto,
as Escrituras nos ensinam também que amemos os nossos inimigos (Mt 5:44), que devemos
abençoar e não amaldiçoar (Rm 12:14), e que a nossa "palavra seja sempre agradável" (Cl 4:6). A
conduta de Elias dificilmente se concilia com essas verdades.
SOLUÇÃO: Primeiro, é necessário destacar que o texto não aprova especificamente cada palavra
que Elias proferiu. Apenas diz que Deus respondeu suas orações, de forma a sustentar a sua posição,
enviando fogo para consumir o sacrifício e depois acabar com os profetas de Baal (v.38).
Além disso, pode-se argumentar que Elias não violou nenhuma dessas exortações das
Escrituras. Em parte alguma é dito na Bíblia que Elias odiou os profetas de Baal, ou que os tenha
amaldiçoado. Quanto à alegada zombaria que ele fez, isso foi sem dúvida algo sarcástico, mas não
fora dos limites de um uso forçado, porém legítimo, de ironia.
A mesma passagem que nos exorta a sempre falarmos uma palavra "agradável", acrescenta
também que ela pode ser "temperada com sal". Esse talvez tenha sido um exemplo de uma
observação bem salgada. De qualquer modo, não há indicação de que Elias tenha agido com
malícia.
Por fim, o seu ato foi benevolente no sentido de que salvou a vida daqueles que foram
testemunhas dessa maravilhosa intervenção de Deus.

1 REIS 18:32-35 - Como foi que Elias conseguiu a água, se estava havendo uma seca já por
três anos?

PROBLEMA: Até mesmo a torrente tinha secado, porque a seca era muito severa (1 Rs 17:7; cf.
18:2). Contudo, antes de Elias orar para que viesse fogo do céu, ele regou o sacrifício com água três
vezes até que a água preencheu o rego em volta do altar.
SOLUÇÃO: A seca era muito forte, mas não a ponto de que as pessoas estivessem literalmente
morrendo de sede. Ainda havia água para beber, tanto para os homens como para os animais, de
fontes por toda a terra (1 Rs 18:5) e do ribeiro de Quisom (v. 40). A quantidade de água usada não
foi muito grande, apenas doze "cântaros" (18:33-34), embora estes variassem em tamanho, desde os
bem pequenos, que poderiam ser levados por uma pessoa, até outros bem grandes a ponto de chegar
a conter 75 litros.
O autor de Reis no entanto observa que "o rego era tão grande como para semear duas
medidas de sementes" (v.32), o que seria equivalente a cerca de 7 litros e meio. O fato de Elias ter
ordenado aos que o serviam para encher os cântaros indica que eles poderiam ser carregados por
uma pessoa. Estima-se que o volume de água utilizado tenha sido em torno de 12 litros.

1 REIS 18:40 - A morte não foi um castigo um tanto exagerado para os profetas de Baal?

PROBLEMA: Não é este um clássico exemplo de intolerância religiosa, um notório caso de
massacre? Além disso, não era contrário à lei judaica matar os profetas de Baal por causa de suas
crenças?
SOLUÇÃO: Conforme a Lei de Moisés, até mesmo profetas judeus deveriam ser mortos por falsas
profecias (Dt 18:20). Além disso, a idolatria era punida com a morte (Êx 22:20), assim como a
blasfêmia (Lv 24:15-16) e o adultério (Lv 20:10), e os profetas de Baal tinham praticado todos esses
pecados.
Considerando ainda que esses falsos profetas estavam também envolvidos numa traição à
teocracia judaica, a punição que eles receberam não é surpreendente, e é certamente justificável por
um Deus que não é apenas soberano sobre toda vida (Dt 32:39; Jó 1:21), mas que é também
absolutamente justo na execução da justiça (Gn 18:25).

1 REIS 21:19 - Como poderia a profecia deste versículo ter sido cumprida nos eventos
relatados em 1 Reis 22:37-38?

PROBLEMA: Deus disse a Elias que profetizasse a Acabe que o sangue dele seria lambido por
cães no mesmo lugar em que isso tinha acontecido com o sangue de Nabote. De acordo com 1 Reis
22:37-38, quando o carro do rei Acabe foi lavado junto ao açude de Samaria, os cães lamberam o
sangue, de acordo com a palavra do Senhor. Entretanto, se Nabote tinha sido executado do lado de
fora da cidade de Jezreel, e desde que o carro de Acabe tinha sido lavado junto a um açude em
Samaria, distante uns 30 quilômetros dali, como tal relato pode ser considerado o cumprimento
daquela profecia?
SOLUÇÃO: Em parte alguma da Bíblia encontramos uma afirmação específica sobre o lugar em
que os cães lamberam o sangue de Nabote. Em 1 Reis 21:13 lemos que Nabote foi levado para fora
da cidade de Jezreel e apedrejado até a morte. Entretanto, nada é dito quanto aos cães lambendo seu
sangue. Embora pareça provável que isso tenha acontecido no mesmo lugar em que ele foi
apedrejado, isso é apenas uma suposição. É possível que os que mataram Nabote tenham levado o
seu corpo a Samaria, talvez para que Jezabel pudesse constatar a sua morte; nesse caso a lavagem
do carro de Acabe e a ação dos cães lambendo o sangue de Nabote teriam ocorrido no mesmo local.

1 REIS 22:22 - Como Deus poderia usar "espíritos mentirosos" para fazer sua vontade se ele
proíbe a mentira?

PROBLEMA: As Escrituras ensinam que "Deus é a verdade" (Dt 32:4, SBTB) e que "é impossível
que Deus minta" (Hb 6:18). Ainda, Deus nos ordena a não mentir (Êx 20:16), e ele punirá com
severidade aqueles que forem mentirosos (Ap 21:8). Contudo, apesar de tudo isso, nesta passagem
Deus é apresentado como aquele que recruta um espírito de mentira para seduzir o rei Acabe a selar
o seu próprio destino. O texto diz: "Eis que o Senhor pôs o espírito mentiroso na boca de todos estes
teus profetas" (1 Rs 22:23).
SOLUÇÃO: Vários fatores devem ser considerados para entendermos esta situação. Primeiro,
trata-se de uma visão. Como tal, é uma visão de uma cena no céu, que procura explicar a autoridade
soberana de Deus com imagens de sua posição como rei. Segundo, toda a encenação disso
representa Deus com a ampla autoridade que ele possui, de forma que até mesmo os espíritos
malignos aparecem como estando sujeitos ao controle final de Deus. Terceiro, o Deus da Bíblia, em
contraste com os deuses das religiões pagãs, soberanamente está no controle de todas as coisas,
inclusive das forças malignas que ele usa para realizar os seus bons propósitos (cf. Jó 1-3). Quarto,
a Bíblia às vezes fala de Deus "endurecer" o coração das pessoas (veja os comentários de Romanos
9:17) ou ainda de enviar-lhes a "operação do erro, para darem crédito à mentira" (2 Ts 2:11).
Entretanto, examinando com mais cuidado o texto, descobrimos que Deus agiu assim somente nas
pessoas que por si mesmas tinham endurecido o seu coração (Êx 8:15) e que não haviam dado
"crédito à verdade" (2 Ts 2:12).
Para resumir, Deus não está aprovando a mentira. Ele simplesmente a está utilizando para
cumprir seus propósitos. Deus não está promovendo a mentira, mas permitindo que ela venha trazer
juízo sobre o mal. Isso significa que o Senhor, visando os seus propósitos de justiça, permitiu que
Acabe fosse enganado por um espírito maligno, por meio do qual Deus sabia, segundo a sua
onisciência, que a sua soberana e boa vontade acabaria sendo realizada.

1 REIS 22:50 - Como este versículo pode afirmar que Josafá recusou o pedido de Acazias, se 2
Crônicas diz que eles trabalharam juntos?

PROBLEMA: Segundo 1 Reis 22:49, Josafá construiu vários navios mercantes. Quando Acazias
pediu que Josafá levasse alguns dos servos dele, Josafá recusou. Entretanto, de acordo com 2
Crônicas 20:35-36, Josafá aliou-se com Acazias na construção desses navios mercantes. Como
explicar que uma passagem afirma que Josafá se recusou a deixar que os servos de Acazias fossem
em seus navios, se a outra passagem declara que eles tinham trabalhado juntos na construção dessas
embarcações?
SOLUÇÃO: Embora Josafá tivesse de fato se unido com Acazias na construção dos navios
mercantes, ele mudou de idéia quando Eliezer profetizou que Deus não se agradara com a aliança
que ele tinha feito com Acazias. A passagem de 1 Reis registra que Josafá recusou-se a ter uma
aliança com Acazias, ao passo que 2 Crônicas esclarece que, embora a aliança tivesse sido de início
estabelecida, Deus usou o seu profeta para fazer com que Josafá mudasse de idéia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo! Por favor, nada de ofensas, zombaria, blasfêmias, sejamos civilizados :)