terça-feira, 5 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas Gênesis 1

Afim de sanar muitas dúvidas, pontos difíceis, contextos obscuros e supostas contradições, Norman Geisler e Thomas Howe lançaram o Manual Popular de dúvidas, enigmas e "contradições", onde vou estar passando livro por livro, para que os cristãos possam sanar dúvidas e questões pertinentes.


GÊNESIS


GÊNESIS 1:1 - Como o universo pode ter tido um "princípio", se a ciência moderna diz que a
energia é eterna?

PROBLEMA: De acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica: "a energia não pode ser criada,
nem destruída". Sendo assim, então, o universo é eterno, já que ele é feito de energia, que é
indestrutível. Entretanto, a Bíblia indica que o universo teve um "princípio" e que não existia antes
de Deus o ter criado (Gn 1:1). Não é isto uma contradição entre a Bíblia e a ciência?

SOLUÇÃO: Há um conflito de opiniões aqui, mas na realidade não há contradição alguma. A
evidência dos fatos indica que o universo não é eterno, mas que realmente teve um princípio, tal
como a Bíblia diz. Algumas observações são relevantes para entendermos esta questão.
Em primeiro lugar, a Primeira Lei da Termodinâmica, com freqüência, é incorretamente
enunciada com a expressão: "a energia não pode ser criada". Entretanto, a ciência baseia-se na
observação, e afirmações como esta - que diz que a energia não pode ser criada - não se baseiam na
observação (como qualquer afirmação que use "pode" ou "não pode"), mas são afirmações
dogmáticas. A Primeira Lei da Termodinâmica deveria ser corretamente enunciada da seguinte
maneira: "[Até o ponto em que se pode observar] o total de energia presente no universo permanece
constante". Ou seja, pelo que se sabe, a quantidade total de energia presente no universo não está
diminuindo nem aumentando. Posto desta forma, a Primeira Lei não faz referência alguma quanto à
origem da energia nem quanto ao tempo em que ela está presente no universo. Assim, ela não
contradiz a declaração de Gênesis de que Deus criou o universo.
Em segundo lugar, outra lei científica perfeitamente aceita é a Segunda Lei da
Termodinâmica. Ela afirma que "o total da energia utilizável no universo está diminuindo". De
acordo com esta lei, o universo está decaindo. Sua energia está sendo transformada em calor, que
não é utilizável. Sendo assim, o universo não é eterno, porque, se o fosse, a sua energia utilizável já
se teria esgotado há muito tempo. Ou, em outras palavras, se o universo está se desfazendo (tendo a
sua energia degradada), então houve um tempo em que toda a energia foi feita. Se houvesse uma
quantidade infinita de energia, ela não estaria decaindo no universo. Portanto, o universo teve um
princípio, tal como Gênesis 1:1 diz.

GÊNESIS 1:1 - Como o autor de Gênesis podia saber o que aconteceu na criação, antes
mesmo de ele haver sido criado?

PROBLEMA: A erudição tradicional cristã tem sustentado que os cinco primeiros livros da Bíblia
foram escritos por Moisés. Os primeiros dois capítulos do livro de Gênesis descrevem os eventos da
criação sob o enfoque de uma testemunha ocular. Entretanto, como poderia Moisés, ou qualquer
outro ser humano, ter escrito esses capítulos, como observador desses fatos se ele não havia sido
criado ainda?

SOLUÇÃO: É claro que houve uma testemunha ocular da criação - Deus, o Criador. Estes
capítulos, obviamente, são um registro da criação, que foi especificamente relatada por Deus a
Moisés, por meio de uma revelação especial. A tendência para se fazer perguntas tais como: "Como
o cronista poderia saber que os minerais precederam as plantas o estas, os animais?", denuncia um
preconceito contra o sobrenatural e uma recusa a considerar explicações alternativas, que não as
propostas pela ciência naturalística.

GÊNESIS 1:14 - Como poderia haver luz antes de o sol ter sido criado?
PROBLEMA: O sol foi criado somente no quarto dia, contudo já havia luz no primeiro dia (1:3).

SOLUÇÃO: O sol não é a única fonte de luz no universo. Além disso, é possível que ele já
existisse desde o primeiro dia, tendo somente aparecido ou se feito visível (com a dissipação da
neblina) no quarto dia. Vemos luz num dia nublado, mesmo quando não nos é possível ver o sol.

GÊNESIS 1:26 - Por que a Bíblia usa o plural da primeira pessoa, quando Deus se refere a si
mesmo?

PROBLEMA: Os eruditos cristãos e judeus afirmam que Deus é um só. Com efeito, a histórica
confissão de fé de Israel é tirada de Deuteronômio 6:4, que diz: "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus
é o único Senhor". Entretanto, se Deus é um só, por que este versículo em Gênesis traz o plural da
primeira pessoa?

SOLUÇÃO: Têm sido dadas muitas explicações no decorrer da história. Alguns comentaristas
dizem que esse foi meramente um caso em que Deus estava se referindo aos anjos, Mas isto é
improvável, já que no versículo 26 ele diz: "Façamos o homem à nossa imagem" e que o versículo
27 esclarece: "criou Deus... o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou", não à imagem dos
anjos.
Outros têm declarado que o plural refere-se à Trindade. No NT (por exemplo, Jo 1:1) está
claro que o Filho estava envolvido na criação dos céus e da terra. Gênesis 1:2 indica ainda que o
Espírito Santo também estava envolvido no processo da criação. Entretanto, estudantes da
gramática hebraica destacam que o plural é requerido simplesmente porque a palavra empregada no
original para "Deus" é elohim, que é uma palavra no plural ("Também disse Deus [elohim, no
plural]: 'Façamos [no plural] o homem à nossa [no plural] imagem' "). Conseqüentemente,
argumentam eles, esta afirmativa não pode ser usada para provar a doutrina da Trindade.
Ainda outros têm afirmado que o plural é empregado como uma figura de linguagem,
chamada plural majestático. Com este emprego, Deus estaria falando a seu respeito de maneira a
indicar que todo o seu poder e sabedoria majestáticos estariam envolvidos na criação do homem.
Como foi observado, o uso do plural é feito em concordância com a palavra hebraica elohim
(no plural), a qual é traduzida por "Deus". O fato de o substantivo "Deus" ser plural no hebraico não
quer dizer que haja mais de um Deus, ou que seja uma referência a Deus como sendo um grupo de
astronautas extraterrestres. Há um grande número de passagens no NT que se referem a Deus com o
substantivo grego correspondente theos, que é uma palavra singular e também é traduzido como
"Deus" (Mc 13:19; Jo 1:1; Ef 3:9; etc).
O plural da palavra hebraica propicia um sentido mais abrangente, mais majestático ao nome
de Deus. Convém observar, entretanto, que o NT ensina com clareza que Deus é uma Trindade (Mt
3:16-17; 2 Co 13:13; 1 Pe 1:2) e, embora a doutrina da Trindade não seja completamente
desenvolvida no AT, ela é vislumbrada em muitas passagens (cf. SI 110:1; Is 63:7,9-10; Pv 30:4).

GÊNESIS 1:27 - Adão e Eva foram pessoas reais, ou apenas um mito?

PROBLEMA: Muitos eruditos modernos consideram os primeiros capítulos de Gênesis como um
mito, e não os tomam como históricos. Mas a Bíblia parece apresentar Adão e Eva como pessoas
reais, que tiveram filhos, dos quais todo o restante da humanidade proveio (cf. Gn 5:lss).

SOLUÇÃO: Há uma boa evidência para crermos que Adão e Eva tenham sido pessoas reais.
Primeiro, Gênesis 1-2 apresenta-os como pessoas reais, e até mesmo narra os importantes
acontecimentos de suas vidas (o que é histórico). Segundo, eles tiveram filhos que foram pessoas
reais, que também tiveram filhos reais (Gn 4:1,25; 5:1SS),
Terceiro, a mesma frase ("são estas as gerações de") usada para registrar dados históricos
posteriores em Gênesis (6:9; 9:12; 10:1, 32; 11:10, 27; 17:7, 9) é empregada com respeito a Adão e
Eva (Gn 5:1).
Quarto, cronologias posteriores do AT colocam Adão no topo da lista (1 Cr 1:1).
Quinto, o NT põe Adão no início da lista dos antecedentes de Jesus (Lc 3:38). Sexto, Jesus
referiu-se a Adão e Eva como os primeiros "macho e fêmea", fazendo da união física deles a base
do casamento (Mt 19:4). Sétimo, Romanos declara que a morte literalmente reinou no mundo
trazida por um "Adão" literal (Rm 5:14). Oitavo, a comparação entre Adão (o "primeiro Adão") e
Cristo (o "último Adão") em 1 Coríntios 15:45 manifesta que Adão é tomado literalmente como
uma pessoa histórica. Nono, a declaração de Paulo de que "primeiro foi formado Adão, depois Eva"
(1 Tm 2:13) revela que ele fala de uma pessoa real.
Décimo, é lógico que teve de haver um primeiro casal real de seres humanos, macho e
fêmea, pois, caso contrário, a raça humana não teria como começar a existir. A Bíblia chama a esse
casal, que de fato existiu, de "Adão e Eva", e não há por que duvidar de sua real existência.

GÊNESIS 2:1 - Como o mundo pôde ser criado em seis dias?

PROBLEMA: A Bíblia diz que Deus criou o mundo em seis dias (Êx 20:11). Mas a ciência
moderna declara que isso levou bilhões de anos. As duas posições não podem ser verdadeiras.

SOLUÇÃO: Há basicamente duas maneiras para superar esta dificuldade.
Primeiro, alguns eruditos argumentam que a ciência moderna não está certa. Insistem em dizer que
o universo tem apenas alguns milhares de anos e que Deus criou todas as coisas em seis dias literais
(6 dias de 24 horas, ou seja, 144 horas). Para sustentar esta posição, eles apresentam os seguintes
pontos:
1. Cada dia do Gênesis tem "tarde e manhã" (cf. Gn 1:5,8,19,23,31), o que é próprio do dia de 24
horas na Bíblia.
2. Os dias foram numerados (primeiro dia, segundo dia, terceiro dia etc), uma característica
peculiar dos dias de 24 horas na Bíblia.
3. Êxodo 20:11 compara os seis dias da criação com os seis dias de uma semana (literal) de
trabalho de 144 horas.
4. Há evidência científica que suporta uma idade jovem (de milhares de anos) para a Terra.
5. Não haveria como a vida sobreviver milhões de anos do dia três (1; 11) ao dia quatro (1:14) sem
lua.
Outros eruditos da Bíblia afirmam que o universo pode ter bilhões de anos, sem que com
isso se esteja sacrificando um entendimento literal de Gênesis 1 e 2. Argumentam que:
1. Os dias de Gênesis 1 podem ter tido um período de tempo antes da contagem dos dias (antes de
Gênesis 1:3), ou um intervalo de tempo entre os dias. Há intervalos em outras partes da Bíblia
(como em Mateus 1:8, onde três gerações são omitidas, em comparação com 1 Crônicas 3:11-14).
2. A mesma palavra hebraica para "dia" (yom) é empregada em Gênesis 1 e 2 como um período de
tempo maior que 24 horas. Por exemplo, Gênesis 2:4 faz uso desta palavra no sentido do período
total da criação de seis dias.
3. Às vezes a Bíblia emprega a palavra "dia" para longos períodos de tempo: "Um dia é como mil
anos" (2 Pe 3:8; cf. SI 90:4).
4. Há alguns indícios em Gênesis 1 e 2 de que os dias poderiam ser períodos maiores que 24 horas:
a) No terceiro "dia" as árvores cresceram da semente à maturidade, e produziram semente
segundo a sua espécie (1:11-12). Esse processo normalmente leva meses ou anos.
b) No sexto "dia" Adão foi criado, foi dormir, deu nome a todos os (milhares de) animais,
procurou por companhia, foi dormir, e Eva foi criada de sua costela. Tudo isso parece exigir
um tempo bem maior que 24 horas.
c) A Bíblia diz que Deus "descansou" no sétimo dia (2:2), e que ele ainda está no seu
descanso da criação (Hb 4:4). Assim, o sétimo dia já tem tido uma duração de milhares de
anos. Dessa forma, os outros dias bem que poderiam ter tido milhares de anos também.
5. Êxodo 20:11 pode estar fazendo simplesmente uma comparação de unidade por unidade dos
dias de Gênesis com uma semana de trabalho (de 144 horas), e não uma comparação minuto a
minuto.
Conclusão: Não se demonstra contradição alguma em fatos, entre Gênesis 1 e a ciência. Há apenas
um conflito de interpretações. Ou os cientistas de hoje em sua maioria estão errados ao insistirem
que o mundo tem bilhões de anos, ou então alguns dos intérpretes da Bíblia estão equivocados ao
insistirem em dizer que foram apenas 144 horas que durou a criação, ocorrida alguns milhares de
anos antes de Cristo, sem intervalos de tempo correspondentes a milhões de anos. Mas, em qualquer
dos casos, não se trata de uma questão de inspiração das Escrituras, mas de sua interpretação (em
relação a dados científicos).

GÊNESIS 2:4 - Por que neste capítulo usa-se a expressão "Senhor Deus" em lugar de "Deus",
como no capítulo 1?

PROBLEMA: Muitos críticos insistem em dizer que Gênesis 2 certamente não foi escrito pela
mesma pessoa que escreveu Gênesis 1, já que Gênesis 2 usa um nome diferente para Deus.
Entretanto, os eruditos conservadores sempre asseveraram que foi Moisés quem escreveu Gênesis, e
isso tanto por parte de estudiosos judeus como cristãos, por todos esses séculos. De fato, os cinco
primeiros livros do AT são chamados de "Livro de Moisés" (2 Cr 25:4) ou "Lei de Moisés" (Lc
24:44), tanto por escritores do AT como do NT.

SOLUÇÃO: Foi Moisés quem de fato escreveu os cinco primeiros livros do AT (veja os
comentários de Êxodo 24:4). O emprego de uma forma diferente para referir-se a Deus no segundo
capítulo de Gênesis não prova que tenha sido um autor diferente quem o escreveu; isto
simplesmente mostra que o mesmo autor tinha um propósito diferente (veja os comentários de
Gênesis 2:19). No capítulo 1, Deus é o Criador, ao passo que no capítulo 2 ele é o Comunicador.
Primeiro, o homem é visto em sua relação com o Criador (daí o uso de "Deus" ou elohim, o todopoderoso).
Em seguida, Deus é visto como aquele que faz alianças, e daí o emprego de "Senhor
Deus", o Único que faz alianças com o homem. Deus é mencionado com diferentes nomes de forma
a designar diferentes aspectos do seu relacionamento com o homem (veja Gn 15:1; Êx 6:3).

GÊNESIS 2:8 - O jardim do Éden foi um lugar real ou apenas um mito?

PROBLEMA: A Bíblia declara que "plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na banda do
Oriente" (Gn 2:8), mas não há evidência arqueológica de que tal lugar tenha existido. Será apenas
um mito?

SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, não seria de se esperar evidência arqueológica alguma, uma vez
que não há indicação de que Adão e Eva tenham feito objetos de cerâmica ou construído edificações
duradouras. Em segundo lugar, há uma evidência geográfica do Éden, já que dois dos rios
mencionados ainda existem hoje - o Tigre (Hiddekel) e o Eufrates (Gn 2:14). Além disso, a Bíblia
até mesmo os localiza na "Assíria" (v. 14), atual Iraque. Finalmente qualquer evidência que tenha
havida do Jardim do Éden (Gn 2-3) foi provavelmente destruída por Deus por ocasião do dilúvio
(Gn 6-9).

GÊNESIS 2:17 - Por que Adão não morreu no dia em que comeu do fruto proibido, como
Deus dissera que aconteceria?

PROBLEMA: Deus disse a Adão, com respeito à árvore proibida: "no dia em que dela comeres,
certamente morrerás" (Gn 2:17). Mas depois que pecou, Adão viveu até a idade de 930 anos (Gn
5:5).

SOLUÇÃO: A palavra "dia" (yom) nem sempre significa um dia de 24 horas. "Pois mil anos, aos
teus olhos, são como o dia de ontem" (SI 90:4; cf. 2 Pe 3:8). Assim realmente, Adão morreu dentro
de um "dia", neste sentido. Ainda, Adão começou a morrer fisicamente no exato momento em que
pecou (Rm 5:12), e ele morreu também espiritualmente naquele preciso instante em que pecou (Ef
2:1). Portanto Adão morreu de diversas formas, cumprindo assim o pronunciamento de Deus (em
Gn 2:17).

GÊNESIS 2:19 - Como podemos explicar a diferença que há na seqüência dos atos da criação,
em Gênesis 1 e 2?

PROBLEMA: Gênesis 1 declara que os animais foram criados antes do homem, mas Gênesis 2:19
parece reverter a ordem, ao dizer: "Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais
do campo..., trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria". Isso pode dar a entender que
Adão tinha sido criado antes dos animais.

SOLUÇÃO: Gênesis 1 dá a seqüência dos eventos; Gênesis 2 fornece mais informações a respeito
deles. O capítulo 2 não contradiz o capítulo 1, porque não afirma exatamente quando foi que Deus
criou os animais. Simplesmente diz que ele trouxe os animais (que anteriormente criara) a Adão
para que este lhes desse nome. O ponto principal no capítulo 2 é a ação de dar nome aos animais,
não a de criá-los. Gênesis 1 delineia, de forma geral, os eventos, e o capítulo 2 nos fornece detalhes.
Tomados juntos, os dois capítulos formam um quadro harmonioso e mais completo dos atos da
criação. As diferenças, então, podem ser resumidas da seguinte maneira:
GÊNESIS 1            GÊNESIS 2
Ordem cronológica    Criação dos animais
Visão Geral                 Detalhes
Ordem de tópicos        Nomeação dos animais

GÊNESIS 3:5 - O homem foi feito como Deus ou tornou-se como Deus?

PROBLEMA: Gênesis 1:27 diz que "criou Deus... o homem à sua imagem". Mas em Gênesis 3:22,
Deus diz: "O homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal". O primeiro
versículo dá a entender que o ser humano foi criado como Deus é, e o segundo parece afirmar que
ele tornou-se igual a Deus.

SOLUÇÃO: Estas duas passagens estão abordando duas coisas diferentes. Gênesis 1 está falando
de uma virtude humana por criação, ao passo que Gênesis 3 está se referindo ao que o homem
obteve por aquisição. A primeira passagem refere-se a Adão e Eva antes da queda, e a segunda
refere-se a eles depois da queda. A primeira tem que ver com a natureza deles e a segunda, com o
seu estado. Pela criação Adão não era conhecedor do bem e do mal. Uma vez tendo pecado, porém,
ele conheceu o bem e o mal. Quando essas diferenças são compreendidas, não há conflito algum.

GÊNESIS 3:8 - Como Adão e Eva poderiam sair da presença de Deus, sendo Deus
onipresente?

PROBLEMA: A Bíblia diz que Deus está em todo lugar ao mesmo tempo, isto é, que ele é
onipresente (Sl 139:7-10; Jr 23:23). Mas, já que Deus está em toda parte, então como Adão e Eva
puderam esconder-se "da presença do Senhor Deus"?

SOLUÇÃO: Este versículo não está abordando a onipresença de Deus, mas está falando de uma
visível manifestação dele (cf. v. 24). Deus está em toda parte em sua onipresença, mas ele se
manifesta de tempos em tempos, em certos lugares e por certos meios, tais como uma sarça ardente
(Êx 3), uma coluna de fogo (Êx 13:21), fumaça no templo (Is 6) e assim por diante. É nesse sentido
restrito que alguém pode sair "da presença do Senhor Deus".

GÊNESIS 4:5 - Deus faz acepção de certas pessoas?

PROBLEMA: Nas Escrituras, Deus é apresentado como alguém para quem "não há acepção de
pessoas" (Rm 2:11), e como quem "não faz acepção de pessoas" (Dt 10:17). Contudo, a Bíblia nos
diz que "de Caim e de sua oferta [Deus] não se agradou" (Gn 4:5), o que parece uma contradição.

SOLUÇÃO: Antes de mais nada, Deus não faz acepção alguma de quem quer que seja, respeitando
cada um pelo que é, por ser uma criatura feita à sua imagem e semelhança (Gn 1:27). Não fosse
assim, ele estaria desrespeitando a si próprio. Quando a Bíblia diz que Deus não faz acepção de
pessoas, ela quer dizer que ele não demonstra parcialidade alguma na aplicação da sua justiça.
Como diz Deuteronômio 10, Deus "não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno" (v. 1.7). Em
outras palavras, Deus é completamente justo e imparcial em seus procedimentos.
Entretanto, há um sentido em que Deus discrimina algumas pessoas, por causa de seus atos
perversos. Ele não se agradou de Caim e de sua oferta (Gn 4:5) porque ela não foi oferecida com fé
(Hb 11:4). A Bíblia fala ainda que Deus aborreceu Esaú (Ml 1:3) e odiou a obra dos nicolaítas (Ap
2:6), não por causa da pessoa ou das pessoas, mas por causa dos atos delas. Como João disse aos
crentes de Éfeso, eles deveriam odiar "as obras dos nicolaítas"(Ap 2:6). Deus ama o pecador, mas
odeia o pecado.

GÊNESIS 4:12-13 - Por que Caim não sofreu a pena capital (de morte) pelo assassinato que
cometeu?

PROBLEMA: No AT, os assassinos recebiam a pena capital pelo seu crime (Gn 9:6; Êx 21:12).
Contudo, Caim não somente saiu livre, depois de matar seu irmão, como também foi protegido de
qualquer vingança (Gn4:15).

SOLUÇÃO: Há várias razões pelas quais Caim não foi executado pelo seu crime capital. Primeiro,
Deus não havia ainda estabelecido a pena de morte como instrumento do governo humano (cf. Rm
13:1-4). Somente depois de a violência ter enchido toda a terra, nos dias anteriores ao dilúvio, foi
que Deus determinou: "Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu;
porque Deus fez o homem segundo a sua imagem" (Gn 9:6).
Segundo, quem seria o executor de Caim? Ele acabara de matar Abel. A essa altura, apenas
Adão e Eva tinham restado. Certamente Deus não iria apelar aos pais para que matassem o filho
remanescente. Em face disso, Deus, que é soberano sobre a vida e a morte, como somente ele é (Dt
32:39), pessoalmente comutou a pena de morte de Caim. Entretanto, ao agir assim, Deus
demonstrou a gravidade do pecado de Caim e deu-nos a entender que ele era digno de morte, ao
declarar: "A voz do sangue de teu irmão clama [por vingança] da terra a mim" (v. 10). Não obstante,
até mesmo Caim parece ter reconhecido que ele era merecedor da morte, e pediu proteção a Deus
(v. 14).
Finalmente, a promessa de Deus para proteger Caim da vingança incluía a pena capital para
quem quer que tomasse a vida dele (cf. v. 15). Dessa forma, o caso de Caim é uma exceção que
prova a regra, e que de forma alguma vai de encontro à pena de morte, tal como estabelecida por
Deus (veja os comentários de João 8:3-11).

GÊNESIS 4:17 - Como foi que Caim conseguiu uma esposa?

PROBLEMA: Não havia mulheres com quem Caim se casasse. Havia apenas Adão, Eva (4:1) e
seu irmão morto, Abel (4:8). Contudo, a Bíblia diz que Caim casou-se e teve filhos.

SOLUÇÃO: Caim casou-se com uma irmã (ou talvez com uma sobrinha). A Bíblia diz que Adão
"teve filhos e filhas" (Gn 5:4). Com efeito, como Adão viveu 930 anos (Gn 5:5), ele teve muito
tempo para ter muitos filhos e filhas! Caim pode ter se casado com uma de suas muitas irmãs ou,
quem sabe, com uma sobrinha, se quando se casou seus irmãos e irmãs já tivessem filhas crescidas.
Neste caso, obviamente, um de seus irmãos teria se casado com uma irmã.

GÊNESIS 4:17- Como Caim pôde casar-se com uma mulher de seu parentesco, sem cometer
incesto?

PROBLEMA: Se Caim casou-se com uma irmã, isso é incesto, o que a Bíblia condena (Lv 18:6).
Além disso, casamentos incestuosos com freqüência geram filhos geneticamente defeituosos.

SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, não havia imperfeições genéticas no começo da raça humana.
Deus criou um homem (Adão) geneticamente perfeito (Gn 1:27). Os defeitos genéticos resultaram
da queda e somente ocorreram com o passar de longos períodos de tempo.
Em segundo lugar, nos dias de Caim não havia mandamento de Deus para que não se
casassem com um parente próximo. Este mandamento (Lv 18) veio milhares de anos depois, nos
dias de Moisés (cerca de 1500 a.C).
Finalmente, já que a raça humana começou com um casal único (Adão e Eva), Caim não
teria com quem se casar, a não ser com alguém de parentesco bem próximo, do sexo feminino (uma
irmã ou sobrinha).

GÊNESIS 4:19 - A Bíblia aprova a poligamia?
(Veja os comentários de 1 Reis 11:1.)

GÊNESIS 4:26 - O culto a Deus começou aqui, ou foi antes?

PROBLEMA: De acordo com este versículo - "daí se começou a invocar o nome do Senhor" -, se
depreende que, até os dias de Enos, filho do terceiro filho de Adão e Eva, Deus não era cultuado.
Contudo, bem antes desse tampo o primeiro filho de Adão, Abel, trouxe um sacrifício ao Senhor,
que foi aceito (Gn:4:3-4).

SOLUÇÃO: O significado de "invocar o nome do Senhor" (em Gn 4:26) não está muito claro. E o
que não está muito claro não pode ser tomado para contradizer o que está claro, a saber, que Abel
cultuou a Deus antes de Enos. É possível que "invocar o nome do Senhor" seja uma referência a um
culto ao Senhor feito de forma regular, com maior solenidade, e, ou, um culto público, ou ainda
uma referência à oração (cf. Rm 10:13), que não era praticada anteriormente.
De qualquer forma, não há contradição alguma aqui, pois, antes desse tempo, não é dito que
Abel ou algum outro "invocou o nome do Senhor" - qualquer que seja o significado dessa frase.

GÊNESIS 5:1ss - Como podemos conciliar esta cronologia (que vai até cerca de 4.000 anos
a.C.) com a antropologia, que tem demonstrado que a humanidade é muito mais velha?

PROBLEMA: Se as idades mencionadas em Gênesis 5 e 10 foram somadas ao restante das datas
do AT, o resultado será cerca de um pouco mais de 4.000 anos a.C. Mas os arqueólogos e
antropólogos datam o homem de milhares de anos antes (pelo menos 10.000 anos).

SOLUÇÃO: Há uma boa evidência que sustenta a crença de que a humanidade tenha mais de 6.000
anos. Mas há também boas razões para se crer que há algumas lacunas nas genealogias de Gênesis.
Primeiro, sabemos que há uma lacuna na genealogia do livro de Mateus, quando diz "Jorão, [gerou]
a Uzias" (Mt 1:8). Mas, em comparação com 1 Crônicas 3:11-14, vemos que Mateus deixa fora três
gerações (Acazias, Joás e Amazias), como segue:
Mateus 1 Crônicas
Jorão Jorão
- Acazias
- Joás
- Amazias
Uzias Uzias (também chamado Azarias)
Segundo, falta pelo menos uma geração na genealogia de Gênesis. Lucas 3:36 menciona
"Cainã" entre Arfaxade e Sala, mas o nome Cainã não aparece nessa ordem no registro de Gênesis
(veja Gn 10:22-24). É melhor vermos Gênesis 5 e 10 como genealogias adequadas, não como
cronologias completas.
Finalmente, pelo fato de se saber que há lacunas nas genealogias, não podemos determinar
acuradamente a idade da raça humana simplesmente pela adição dos números de Gênesis 5 e 10.

GÊNESIS 5:5 - Como podia alguém viver mais de 900 anos?

PROBLEMA: "Os dias todos da vida de Adão foram novecentos e trinta anos" (Gn 5:5);
Matusalém viveu "novecentos e sessenta e nove anos" (Gn 5:27); e a média da idade dos que
tiveram uma vida normal foi superior a 900 anos. Contudo, a própria Bíblia reconhece que a
maioria das pessoas chega até os 70 ou 80 anos, quando ocorre sua morte natural (Sl 90:10).

SOLUÇÃO: Antes de mais nada, a referência no Salmo 90 é ao tempo de Moisés (1400 a.C.) e ao
tempo posterior, quando a longevidade tinha decrescido para 70 ou 80 anos para a maioria, embora
o próprio Moisés tenha vivido 120 anos (Dt 34:7).
Alguns sugerem que aqueles "anos" seriam realmente apenas meses, o que reduziria 900
anos ao período normal de vida de 80 anos. Entretanto, isso não é plausível por duas razões. A
primeira é que não há precedente algum no AT que tome a palavra "ano" com o sentido de "mês". A
segunda é que, como Maalaleel gerou um filho com a idade de 65 anos (Gn 5:15) e Cainã, aos 70
anos (Gn 5:12), isso significaria que eles estariam com menos de seis anos de idade ao terem filhos,
o que é biologicamente impossível.
Outros sugerem que esses nomes representam linhas de famílias ou clãs que se mantiveram
por gerações antes de terminarem. Entretanto, isso não faz sentido, por vários motivos. Primeiro,
alguns desses nomes (como por exemplo Adão, Sete, Enoque, Noé) são de indivíduos cujas vidas
foram narradas no texto (Gênesis 1-9). Segundo, linhas familiares não "geram" linhas familiares
com nomes diferentes. Terceiro, linhas familiares não "morrem", como aconteceu com cada um
daqueles indivíduos (cf. 5:5,8,11 etc). Quarto, a referência a ter "filhos e filhas"(5:4) não é
compatível com essa teoria de clãs.
Conseqüentemente, tudo indica que o melhor é considerarmos serem anos mesmo (embora
fossem anos lunares de 12x30=360 dias), e isso por diversas razões: (1) Antes de mais nada,
posteriormente a vida foi reduzida a 120 anos como uma punição dada por Deus (Gn 6:3). (2)
Depois do dilúvio, a duração da vida foi diminuindo gradativamente dos 900 anos (Gn 5) para os
600 (Sem: Gn 11:10-11), para os 400 (Sala: Gn 11:14-15), para os 200 (Reú: Gn 11:20-21). (3)
Biologicamente, não há razão por que o homem não possa ter vivido centenas de anos. Os cientistas
lutam muito mais para resolver o problema do envelhecimento e da morte do que o da longevidade.
(4) A Bíblia não é a única a falar de centenas de anos como idade dos antigos. Há também registros
do grego antigo e das eras egípcias que fazem menção a isso.

GÊNESIS 6:2 - Os "filhos de Deus" eram anjos que se casaram com mulheres?

PROBLEMA: A expressão "filhos de Deus" no AT é empregada exclusivamente referindo-se a
anjos (Jó 1:6; 2:1; 38:7). Entretanto, o NT nos informa que os anjos "nem casam, nem se dão em
casamento" (Mt 22:30). Além disso, se os anjos se casassem com seres humanos, os filhos deles
seriam meio humanos, meio anjos. Mas os anjos não podem ser redimidos(Hb 2:14-16; 2 Pe 2:4; Jd
6).

SOLUÇÃO: Várias são as interpretações possíveis, no lugar de insistir em que anjos tenham
coabitado com seres humanos.
Alguns eruditos bíblicos crêem que a expressão "filhos de Deus" seja uma referência à
linhagem piedosa de Sete (através da qual viria o redentor - Gn 4:26), que se entremeou com a linha
ímpia de Caim. Eles alegam que: (a) isso se coaduna com o contexto imediato; (b) evita todo o
problema decorrente da interpretação de que eram anjos; (c) está de acordo com o fato de que os
seres humanos também são mencionados no AT como "filhos" de Deus (Is 43:6).
Outros estudiosos acreditam que "filhos de Deus" seja uma referência a grandes homens, a
"varões de renome na antigüidade". Apontam para o fato de que o texto refere-se a "gigantes" e
"valentes" (v. 4). Ainda, isso evita o problema de os anjos (espíritos) coabitarem com seres
humanos.
Outros ainda combinam estas interpretações e especulam que os "filhos de Deus" eram anjos
que "não guardaram o seu estado original" (Jd 6) e que na realidade possuíram seres humanos,
levando-os a um cruzamento com "as filhas dos homens", produzindo assim uma raça superior, cuja
semente foram os "gigantes" e os "varões de renome". Esta posição parece explicar todos os pontos,
exceto o problema insuperável de os anjos, não tendo corpos (Hb 1:14) e sendo assexuados,
coabitarem com seres humanos.

GÊNESIS 6:3 - Há aqui uma contradição com o que Moisés disse no Salmo 90, a respeito da
duração da vida humana?

PROBLEMA: O texto de Gênesis 6:3 parece indicar que a longevidade humana após o dilúvio
seria de, no máximo, "cento e vinte anos". Contudo, no Salmo 90, Moisés a considerou ser de 70 ou
80 anos, no máximo (v. 10).

SOLUÇÃO: Em primeiro lugar, não é de todo certo que Gênesis 6:3 esteja se referindo à
longevidade humana. Pode ser que esteja falando de quantos anos ainda faltavam até que o dilúvio
ocorresse.
Segundo, mesmo que de fato seja uma antevisão da duração da vida dos homens, isso não
contradiz a posterior referência a 70 ou 80 anos, por duas razões: primeiro, o texto se refere a um
período anterior, quando as pessoas ainda viviam mais tempo (o próprio Moisés viveu 120 anos,
conforme Deuteronômio 34:7); segundo, os 70 ou 80 anos provavelmente não seriam um limite
superior absoluto, mas simplesmente uma referência à média das idades das pessoas que morrem na
velhice.

GÊNESIS 6:6 - Por que Deus estava insatisfeito com o que ele tinha feito?

PROBLEMA: Em Gênesis 1:31, Deus estava plenamente satisfeito com o que acabara de fazer,
declarando que tudo "era muito bom". Mas, em Gênesis 6:6, ele declara que "se arrependeu... de ter
feito o homem na terra". Como estas duas afirmativas podem ser verdadeiras?

SOLUÇÃO: Estes versículos se referem à humanidade em tempos diferentes e sob diferentes
condições. O primeiro enfoca os seres humanos em seu estado original de criação. O segundo
refere-se à humanidade depois da queda e logo antes do dilúvio. Deus se agradou com o que criou,
mas não teve prazer algum com o que o pecado fez em sua perfeita criação.

GÊNESIS 6:14ss - Como é que na relativamente pequena arca de Noé couberam centenas de
milhares de espécies?

PROBLEMA: A Bíblia diz que a arca de Noé tinha apenas 137 metros de comprimento, por 23 de
largura e 14 de altura (Gn 6:15). Noé recebeu a instrução de colocar nela um casal de cada espécie
de animal imundo e sete casais de animais puros (6:19; 7:2). Mas os cientistas nos informam de que
há de meio bilhão a um bilhão ou mais de espécies de animais.

SOLUÇÃO: Primeiro, o conceito moderno de "espécie" não é o mesmo da Bíblia. No sentido
bíblico, provavelmente sejam apenas algumas centenas de "espécies" diferentes de animais
terrestres que teriam de ser levados para a arca. Os animais marinhos permaneceram no mar, e
muitas outras espécies poderiam sobreviver na forma de ovos.
Segundo, a arca não era assim tão pequena; ela tinha uma enorme estrutura - a dimensão de
um moderno transatlântico. Além disso, ela tinha três andares (6:16), o que triplicava seu espaço a
um total de 425.000 metros cúbicos!
Terceiro, Noé pode ter levado filhotes ou variedades menores de alguns dos animais de
maior porte. Levando em conta todos esses fatores, havia espaço suficiente para todos os animais,
para o alimento para a viagem e para os oito seres humanos a bordo.

GÊNESIS 6:14ss - Como é que uma arca feita de madeira poderia resistir a um dilúvio tão
violento?

PROBLEMA: A arca tinha sido construída apenas de madeira, e levava uma pesada carga. Um
dilúvio de âmbito mundial produz violentas correntezas, que teriam quebrado a arca totalmente (cf.
Gn 7:4,11).

SOLUÇÃO: Primeiro, a arca foi feita de um material resistente e flexível (cipreste, cf. Gn 6:14),
uma madeira que "cede" sem se rachar. Segundo, a carga penada foi um ponto positivo, por lhe dar
certa estabilidade. Terceiro, os arquitetos navais informam-nos de que a forma construtiva da arca,
semelhante a uma caixa comprida, é uma forma que dá estabilidade e resistência a águas
turbulentas. Na verdade, os transatlânticos modernos seguem basicamente as mesmas dimensões da
arca de Noé ou têm medidas proporcionais às dela.

GÊNESIS 7:24 - O dilúvio teve a duração de quarenta ou de cento e cinqüenta dias?

PROBLEMA: Segundo Gênesis 7:24 (e 8:3), as águas do dilúvio permaneceram durante 150 dias.
Mas outros versículos nos dizem que foram apenas quarenta dias de dilúvio (Gn 7:4,12,17). Qual é
o correto?

SOLUÇÃO: Estes números referem-se a coisas diferentes. Quarenta dias foi o tempo em que
"houve copiosa chuva" (7:12), e 150 dias foi o tempo em que as águas do dilúvio "predominaram"
(cf. 7:24).
Ao fim dos 150 dias, "as águas iam-se escoando" (8:3). Não foi senão após o quinto mês
depois do início da chuva que a arca repousou no monte Ararate (8:4). Então, onze meses depois do
início das chuvas, as águas secaram-se (7:11; 8:13). E exatamente um ano e dez dias depois do
início do dilúvio, Noé e sua família saíram da arca e pisaram em solo seco (7:11; 8:14).

GÊNESIS 8:1 -Deus esqueceu-se temporariamente de Noé?

PROBLEMA: O fato de o texto dizer que "Lembrou-se Deus de Noé" parece implicar que o
Senhor se esqueceu de Noé temporariamente. Contudo, a Bíblia declara que Deus sabe todas as
coisas (SI 139:2-4; Jr 17:10; Hb 4:13) e que nunca se esquece de seus santos (Is 49:15). Como então
pôde ele temporariamente esquecer-se de Noé?

SOLUÇÃO: Em sua onisciência, Deus sempre esteve consciente de que Noé estava na arca.
Entretanto, depois de Noé ter permanecido nela por mais de um ano, como se tivesse sido
esquecido, Deus deu um sinal de sua lembrança e fez com que Noé e sua família saíssem da arca.
Mas, Deus nunca se esqueceu de Noé, já que o Senhor mesmo foi quem o notificou, no início, para
salvar a si e à espécie humana (cf. Gn 6:8-13). Com freqüência, nós mesmos usamos uma expressão
semelhante, quando dizemos que nos "lembramos" de alguém no seu dia de aniversário, mesmo que
nunca tenhamos nos esquecido da existência de tal pessoa.

GÊNESIS 8:21 - Deus mudou de idéia quanto a nunca mais destruir o
mundo de novo? PROBLEMA: De acordo com este versículo, depois do dilúvio, Deus
prometeu:"... nem tomarei a ferir todo vivente, como fiz". Entretanto, Pedro prediz que haverá um
dia em que "os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados;
também a terra e as obras que nela existem serão atingidas" (2 Pe 3:10).

SOLUÇÃO: Depois do dilúvio, Deus somente prometeu nunca mais destruir o mundo da mesma
maneira como Ele tinha feito (Gn 9:11), ou seja, com água. O arco-íris é um símbolo perpétuo
dessa promessa. A segunda destruição do mundo será com fogo, e não com água. O que vai
acontecer é que "os elementos se desfarão abrasados" (2 Pe 3:10). Mesmo assim, naquele dia Deus
não vai destruir todos os seres viventes. Os homens serão salvos em seus corpos físicos ressurretos
e imperecíveis (1 Co 15:42).

GÊNESIS 8:22 - Já que Deus prometeu sempre haver sementeira e ceifa, então por que houve
tempos de fome?

PROBLEMA: Deus prometeu a Noé: "Enquanto durar a terra não deixará de haver sementeira e
ceifa". Entretanto, há muitos tempos de fome, inclusive registrados na Bíblia, em que não houve
ceifa (cf. Gn 26:1; 41:54).

SOLUÇÃO: O verbo "cessar" (do hebraico shabath) significa chegar a um fim, ser eliminado,
acabar com uma coisa completamente. Esta passagem promete apenas que as estações não cessarão,
não as colheitas. A referência é ao tempo da semeadura e ao tempo da colheita, não necessariamente
a estes eventos. E as estações jamais foram interrompidas; elas têm o seu curso normal, desde que
essa promessa foi feita a Noé. Ainda, a promessa de Deus não constitui uma garantia de que não
haveria jamais interrupções temporárias. É apenas uma afirmativa de que haveria permanentemente
os ciclos das estações do ano, até o final dos tempos.

GÊNESIS 9:3 - Deus ordenou que se comesse carne ou apenas vegetais?

PROBLEMA: Quando Deus criou Adão, o Senhor ordenou-lhe que comesse somente "todas as
ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto
que dê semente" (Gn 1:29). A carne, porém, não foi dada por Deus para se comer. Entretanto,
quando Noé saiu da arca, Deus lhe disse: "Tudo o que se move, e vive, ser-vos-á para alimento;
como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora" (Gn 9:3). Isso está em contradição com o
mandamento anterior dado por Deus para não se comer carne.

SOLUÇÃO: Este é um bom exemplo da revelação progressiva de Deus, em que mandamentos
anteriores são substituído! por posteriores. Em questões que não envolvem alteração em nenhum
padrão moral intrínseco (que é baseado na natureza de Deus), o Senhor tem a liberdade de alterar os
mandamentos que ele deu às suas criaturas, de forma a servir a seus propósitos gerais, dentro do
processo da redenção. Por exemplo, podemos comparar isso com os pais que, numa fase da vida de
seus filhos, deixam-nos comer com a mão, para mais tarde ensiná-los a usar uma colher.
Posteriormente, ainda, eles instruem seus filhos a não mais usarem uma colher, mas sim um garfo.
Não há contradição alguma nesse processo. É simplesmente uma questão de revelação progressiva,
adaptada às circunstâncias e visando o objetivo final. É assim que Deus trabalha.

GÊNESIS 10:5 (cf. 20,31) - Por que este versículo dá a entender que a humanidade tinha
muitas línguas, já que Gênesis 11:1 diz que havia uma única língua?

PROBLEMA: Os textos de Gênesis 10:5,20,31 parecem indicar que havia muitos dialetos, o que
aparentemente está em conflito com Gênesis 11:1, que de forma bem clara diz que "em toda a terra
havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar".

SOLUÇÃO: Estes textos referem-se a dois tempos diferentes. Anteriormente, enquanto estavam
mantendo suas distinções tribais, os descendentes de Cam, Sem e Jafé, todos eles falavam a mesma
língua. Posteriormente, com a torre de Babel (Gn 11), Deus puniu os homens pelo projeto com o
qual se rebelavam contra ele, confundindo-lhes a fala. Como resultado, as tribos não mais
conseguiam comunicar-se umas com as outras, embora possivelmente às subtribos e aos clãs tenha
sido permitido uma linguagem compreensível, para que assim continuassem a se comunicar entre si.

GÊNESIS 11:5 - Como foi que Deus "desceu" do céu, uma vez que ele já estava aqui (como
está em toda parte)?
PROBLEMA: Deus é onipresente, isto é, ele está em todo lugar ao mesmo tempo (SI 139:7-10).
Gênesis 11:5 declara que Deus "desceu" para ver a cidade que os homens edificavam. Mas se ele já
estava aqui, como é que ele "desceu" até aqui?

SOLUÇÃO: Deus "desceu" é uma teofania, que significa uma manifestação especial, e num
determinado local, da presença de Deus. Estas teofanias ocorriam freqüentemente no AT. Certa vez,
Deus apareceu a Abraão como homem (Gn 18:2). Deus também desceu para falar com Moisés (Êx
3), com Josué (Js 5:13-15) e com Gideão (Jz 6), de maneira semelhante.

GÊNESIS 11:28 - Como a família de Abraão poderia ser de Ur dos cal-deus, se em outra
passagem é dito que seus ancestrais vieram de Harã?

PROBLEMA: Há um aparente conflito com respeito à verdadeira procedência de Abraão. Gênesis
11:28 diz que Abraão veio de Ur dos caldeus (que fica ao sul do, hoje, Iraque), mas Gênesis 29:4
afirma que ele é de Harã (ao norte do Iraque).

SOLUÇÃO: Esse conflito é facilmente resolvido. A família de Abraão originou-se em Ur, mas
depois emigrou para Harã, quando Deus o chamou (Gn 11:31-12:1). Não é de se estranhar que
Abraão considerasse Harã, onde vivera até os seus 75 anos, como a sua terra. Também, é muito
natural que ele se refira aos filhos de seus dois irmãos mais velhos como parte de sua família.

GÊNESIS 11:32 - Abraão tinha 75 ou 135 anos de idade quando saiu de Harã?

PROBLEMA: Gênesis 11:26 afirma: "Viveu Terá setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor e a Harã".
Em Atos 7:4, Estêvão afirma que Abraão saiu de Harã somente quando seu pai, Terá, morreu.
Gênesis 11:32 diz que Terá morreu com 205 anos. Se Abraão nasceu quando Terá tinha 70 anos, e
se ele foi para Canaã somente depois da morte de Terá aos seus 205 anos, então Abraão deveria ter
135 anos quando deixou Harã em viagem para Canaã. Entretanto, Gênesis 12:4 afirma: "Tinha
Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã". Que idade então tinha Abraão quando ele saiu de
Harã, 75 ou 135 anos?

SOLUÇÃO: Abraão tinha 75 anos quando partiu de Harã. Embora fosse usual listar os nomes dos
filhos do mais velho para o mais novo, esta prática nem sempre era obedecida. Gênesis 11:26 não
diz que Terá tinha 70 anos quando Abraão nasceu. Antes, afirma que Terá viveu até os seus 70 anos
sem ter filho algum, e então teve três filhos: Abraão, Naor e Harã. Possivelmente Harã tenha sido o
filho mais velho de Terá, o que parece indicado pelo fato de que ele foi o primeiro a morrer (Gn
11:28). Naor foi provavelmente o filho do meio e Abraão, o caçula. Abraão foi apresentado em
primeiro lugar porque ele foi o filho mais importante de Terá. Como Abraão tinha 75 anos de idade
quando partiu de Harã, isso quer dizer que Terá estava com 130 anos quando Abraão nasceu.

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