quarta-feira, 6 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- Marcos 2

MARCOS 2


MARCOS 13:32 - Jesus não sabia quando seria a sua segunda vinda?
PROBLEMA: A Bíblia ensina que Jesus é Deus (Jo 1:1) e que sabe todas as coisas (Jo 2:24; Cl
2:3). Por outro lado, ele crescia "em sabedoria" (Lc 2:52), e às vezes parecia não saber certas coisas
(cf. Jo 11:34). De fato, ele negou saber o tempo de sua segunda vinda, quando disse: "a respeito
daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai".
SOLUÇÃO: Temos de distinguir o que Jesus sabia como Deus (tudo) daquilo que ele sabia como
homem. Como Deus, Jesus era onisciente (conhecedor de todas as coisas), mas como homem era
limitado em seu conhecimento. A situação pode ser esquematizada da seguinte maneira:
JESUS COMO DEUS
Ilimitado em conhecimento
Conhecimento pleno, isento de etapas
Sabia o tempo de sua volta
JESUS COMO HOM EM
Limitado em conhecimento
Cresceu no conhecimento
Não sabia o tempo de sua volta
MARCOS 14:12ss - Jesus instituiu a Ceia do Senhor no dia da Páscoa ou na véspera desse
dia?
PROBLEMA: Se os três primeiros Evangelhos (os sinóticos) estão corretos, então Jesus instituiu a
Ceia do Senhor "no primeiro dia dos pães asmos, quando se fazia o sacrifício do cordeiro pascal"
(cf. Mt 26:17; Lc 22:1). João, porém, coloca-a "antes da Festa da Páscoa" (13:1), o dia antes da
crucificação, no qual eles comeriam a Páscoa (cf. Jo 18:28).
SOLUÇÃO: Há duas posições principais abraçadas pelos estudiosos evangélicos a respeito desse
ponto. Alguns afirmam que Jesus comeu o cordeiro pascal (e instituiu a Ceia do Senhor no fim
daquela ceia) no mesmo dia que era observado pelos judeus, e sustentam sua posição da Seguinte
maneira: (1) Esse era o dia prescrito pela Lei do AT, e Jesus disse que ele não viera para revogar a
Lei, mas para cumpri-la (Mt 5:17-8). (2) Esse parece ser o significado de Marcos 14:12, ao dizer
que foi no primeiro dia dos pães asmos, quando se fazia o sacrifício do cordeiro pascal". (3)
Quando João 19:14 fala que "era a preparação da Páscoa" (R-1BB, SBTB), consideram que isso
significa apenas a preparação para o Shabbath que ocorreu naquela semana pascal.
Outros estudiosos argumentam que Jesus comeu o cordeiro pascal um dia antes dos judeus
porque: (1) Ele teria de comê-lo na véspera (quinta-feira), para que pudesse oferecer-se a si mesmo
no dia seguinte (na sexta-feira santa) como o Cordeiro Pascal (cf. Jo 1:29) aos judeus, em
cumprimento do que fora tipificado no AT, e no mesmo dia que estives-m comendo o cordeiro
pascal (1 Co 5:7). (2) O que realmente está escrito em João 19:14 é que era "a preparação da
Páscoa" (SBTB) [não o abado] ou, em outras palavras, era o dia anterior àquele em que os judeus
comiam a Páscoa. (3) De igual forma, João 18:28 afirma que os judeus não queriam se contaminar
no dia em que Jesus foi crucificado para "poderem comer a Páscoa".
Cada uma dessas duas interpretações é possível, não havendo contradição. Entretanto, a última
delas parece explicar os textos de uma forma mais decisiva. (Veja também os comentários de
Mateus 12:40.)
MARCOS 14:30 - Quando Pedro negou Cristo, quantas vezes o galo cantou: uma ou duas
vezes?
(Veja os comentários de Mateus 26:34.)
MARCOS 15:25 (cf. Jo 19:14) -Jesus foi crucificado na terceira hora ou na hora sexta?
PROBLEMA: O relato do Evangelho de Marcos diz que foi na hora terceira (9 horas da manhã,
conforme o tempo judeu) que Cristo foi crucificado (15:25). O Evangelho de João diz que cerca da
hora sexta (ao meio-dia) Jesus estava ainda em julgamento (19:14). Isso faria com que sula
crucificação tivesse de ocorrer bem mais tarde do que foi especificado por Marcos. Qual dos
Evangelhos está correto?
SOLUÇÃO: Os dois evangelistas estão corretos em suas afirmações. A dificuldade é superada
quando percebemos que cada um deles fez uso de um sistema diferente de medição do tempo. João
segue o sistema de tempo romano, ao passo que Marcos segue o sistema judaico.
De acordo com o tempo romano, o dia corria de meia-noite a meia-noite. O período de 24
horas judaico começava às 6 horas da tarde e a manhã, às seis horas da manhã. Assim, quando
Marcos afirma que na terceira hora Cristo foi crucificado, esse horário corresponde a 9 horas do
nosso tempo.
João afirmou que o julgamento de Cristo foi cerca da hora sexta, ou seja, às seis da manhã.
Isso colocaria o julgamento antes da crucificação e não negaria qualquer testemunho dos autores
dos Evangelhos.
Isso está de acordo com outras referências ao tempo feitas por João. Por exemplo, ele fala
de Jesus estar cansado de sua viagem desde a Judéia até a Samaria "por volta da hora sexta",
quando pediu água para a mulher junto ao poço. Considerando a extensão de sua viagem, o seu
cansaço, e que normalmente era no final da tarde que as pessoas iam até o poço para beber e dar de
beber a seus animais, isso está mais de acordo com as 6 da tarde, que é "a hora sexta" pelo sistema
romano.
O mesmo é verdade a respeito da referência de João (1:39) à hora décima, que seria para nós
10 horas da manhã, uma hora bem mais propícia para se estar pregando ao ar livre, do que 4 horas
da manhã.
MARCOS 15:26 - Por que a inscrição na cruz é diferente em cada um dos Evangelhos?
(Veja os comentários de Mateus 27:37.)
MARCOS 15:39 - O que na verdade disse o centurião acerca de Jesus na cruz?
(Veja a abordagem de Mateus 27:54.)
MARCOS 16:2 - Maria foi ao túmulo antes ou depois de o sol nascer?
PROBLEMA: Marcos afirma que Maria foi até lá "muito cedo,... ao despontar do sol" (v. 2). Mas
João diz que era "de madrugada, sendo ainda escuro" (Jo 20:1).
SOLUÇÃO: Há duas possibilidades. Uma delas sugere que a frase "ao despontar do sol" (Mc 16:2)
indica apenas que era muito cedo (cf. SI 104:22), e "ainda escuro", no linguajar de João (20:1).
Outra possibilidade é a que sustenta que Maria veio sozinha primeiramente, quando ainda
estava escuro, antes de o sol nascer (Jo 20:1), e depois veio de novo, após o nascer do sol, com as
outras mulheres (Mc 16:1). Em apoio a essa posição está o fato de que somente Maria é
mencionada em João, mas em Marcos são citadas ela e as outras mulheres. Também, Lucas (24:1)
diz que era "alta madrugada", quando as mulheres (não apenas Maria) foram lá. Ainda, Mateus
(28:1) fala que foi "ao findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana" que "Maria Madalena
e a outra Maria foram ver o sepulcro". Somente João menciona Maria estando lá sozinha "sendo
ainda escuro" (Jo 20:1).
MARCOS 16:8 - As mulheres falaram do que tinham visto no túmulo, ou não?
PROBLEMA: Marcos diz que as mulheres, ao retornarem do túmulo vazão, "de medo, nada
disseram a ninguém" (16:8). Entretanto, Mateus afirma que elas, tendo ouvido o que disse o anjo,
"correram a anunciá-lo aos discípulos" (Mt 28:8; cf. v. 9).
SOLUÇÃO: Em resposta, deve-se observar que Mateus na verdade não diz que as mulheres
realmente anunciaram aquela nova aos discípulos, mas que elas correram com a intenção de assim
fazer. Também, por Marcos revelar que elas não falaram porque estavam com medo, pode ser que a
princípio elas se contiveram (como Marcos indicou), e que depois falaram (como Mateus parece
dizer). É possível, ainda, que as mulheres tenham deixado o túmulo em dois grupos, um logo depois
do outro, e que Marcos tenha se referido a um e Mateus, ao outro.
MARCOS 16:9-20 - Por que essa passagem da Escritura é omitida em algumas Bíblias?
PROBLEMA: A maioria das versões atuais da Bíblia contém esse texto final do Evangelho de
Marcos, inclusive a ARA, a SBTB, a EC, a BJ e outras. Contudo, a R-IBB e a TLH colocam esse
trecho entre colchetes, com uma nota explicativa, dizendo: "nos melhores manuscritos antigos não
consta o trecho dos versículos 9 a 20" (R-IBB). A NVI não coloca colchetes, mas inclui uma nota
semelhante. Esses versículos estavam no evangelho original de Marcos?
SOLUÇÃO: Os eruditos estão divididos quanto à autenticidade desses versículos. Os que aceitam
o tradicional texto recebido apontam para o fato de que esse texto do final de Marcos é encontrado
na maioria dos manuscritos bíblicos em todos os séculos. Assim, crêem que ele estava no
manuscrito original do Evangelho de Marcos.
Por outro lado, aqueles que advogam a tradição do criticismo textual insistem que não
devemos acrescentar evidências, mas pesá-las. Segundo ele , a verdade não é determinada por voto
da maioria, mas pelos testemunhos mais qualificados. Eles lançam mão dos seguintes argumentos
para rejeitar esses versículos:
(1) Esses versículos não constam em muitos dos mais antigos e mais confiáveis manuscritos
gregos, bem como em importantes manuscritos em latim antigo, siríaco, armeniano e etiópico.
(2) Muitos dos antigos pais da Igreja revelam não conhecer esses versículos, inclusive
Clemente, Orígenes e Eusébio. Jerônimo admitiu que quase todas as cópias gregas não os contêm.
(3) Muitos manuscritos que contêm essa seção assinalam que é uma espúria adição ao texto.
(4) Há outro final (mais curto) de Marcos que é encontrado em alguns manuscritos. (5)
Outros apontam para o fato de que o estilo e o vocabulário não são os mesmos do resto do
Evangelho de Marcos.
Se essa parte do texto pertence ou não ao original, a verdade que ele contém certamente está
de acordo com o original. Assim, a presença dessas linhas não faz nenhuma diferença, já que, se
aceitas, não há nelas nada que seja contrário ao restante das Escrituras; e, não sendo aceitas, não há
verdade bíblica que fique faltando na Bíblia, já que tudo que é ensinado nesse trecho é encontrado
em outras partes das Escrituras. Isso inclui sua menção às línguas (veja At 2:1 ss), ao batismo (At
2:38) e à proteção de Deus aos seus mensageiros que inadvertidamente fossem picados por
serpentes (cf. At 28:3-5).
Portanto, todo esse debate acaba sendo simplesmente sobre se esse texto pertence ou não à
Bíblia, mas não se questiona quanto ao seu conteúdo, quanto a haver qualquer verdade que esteja
faltando.
MARCOS 16:12 - Jesus apareceu em corpos diferentes depois de sua ressurreição?
PROBLEMA: De acordo com Marcos, Jesus apareceu "em outra forma". Com base nisso, alguns
argumentam que depois da ressurreição Jesus assumiu corpos diferentes em ocasiões diferentes, não
tendo o mesmo corpo físico que tivera antes da ressurreição. Mas isso é contrário ao ortodoxo
entendimento que se tem da ressurreição, como é indicado por muitos outros versículos (veja os
comentários de Lucas 24:34).
SOLUÇÃO: Tal conclusão não tem cabimento por várias razões. Primeiro, há sérias questões
quanto à autenticidade do texto envolvido. Marcos 16:9-20 não é encontrado em alguns dos mais
antigos e melhores manuscritos (veja os comentários de Marcos 16:9-20 acima). E sobre a
reconstrução dos textos originais a partir dos manuscritos disponíveis, muitos eruditos crêem que os
textos mais antigos são mais confiáveis, já que são mais próximos do manuscrito original.
Segundo, mesmo admitindo a autenticidade do texto, o evento do qual ele é um resumo (cf.
Lc 24:13-32) simplesmente diz que "os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o
reconhecer" (Lc24:16). Isso torna claro que o elemento miraculoso não estava no corpo de Jesus,
mas nos olhos daqueles discípulos (Lc 24:16,31). O reconhecimento de Jesus lhes tinha sido
impedido até que os olhos deles foram abertos.
Terceiro, na melhor das hipóteses, essa é uma referência obscura e isolada. E não é sábio
basear nenhum pronunciamento doutrinário num texto assim.
Quarto, seja qual for o significado de "em outra forma", com certeza não é o de uma forma
diferente do seu corpo material, físico, real. Pois, nessa mesma ocasião, Jesus comeu comida
material (Lc 24:30), e mais tarde, nesse mesmo capítulo de Lucas, ele deu uma prova de que era
carne e ossos", e não um "espírito" não-material (vs. 38-43). Finalmente, "em outra forma"
provavelmente tenha o sentido de ser erente da figura do jardineiro com que Maria anteriormente o
confundira (Jo 20:15). Nesse tempo Jesus apareceu na forma de um viajante (Lc 24:13-14).

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