MARCOS 2
MARCOS
13:32 - Jesus não sabia quando seria a sua segunda vinda?
PROBLEMA:
A Bíblia ensina que
Jesus é Deus (Jo 1:1) e que sabe todas as coisas (Jo 2:24; Cl
2:3).
Por outro lado, ele crescia "em sabedoria" (Lc 2:52), e às
vezes parecia não saber certas coisas
(cf.
Jo 11:34). De fato, ele negou saber o tempo de sua segunda vinda,
quando disse: "a respeito
daquele
dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho,
senão o Pai".
SOLUÇÃO:
Temos de distinguir
o que Jesus sabia como
Deus (tudo) daquilo
que ele sabia como
homem.
Como Deus, Jesus era
onisciente (conhecedor de todas as coisas), mas como homem era
limitado
em seu conhecimento. A situação pode ser esquematizada da seguinte
maneira:
JESUS
COMO DEUS
Ilimitado
em conhecimento
Conhecimento
pleno, isento de etapas
Sabia
o tempo de sua volta
JESUS
COMO HOM EM
Limitado
em conhecimento
Cresceu
no conhecimento
Não
sabia o tempo de sua volta
MARCOS
14:12ss - Jesus instituiu a Ceia do Senhor no dia da Páscoa ou na
véspera desse
dia?
PROBLEMA:
Se os três
primeiros Evangelhos (os sinóticos) estão corretos, então Jesus
instituiu a
Ceia
do Senhor "no primeiro dia dos pães asmos, quando se fazia o
sacrifício do cordeiro pascal"
(cf.
Mt 26:17; Lc 22:1). João, porém, coloca-a "antes da Festa da
Páscoa" (13:1), o dia antes da
crucificação,
no qual eles comeriam a Páscoa (cf. Jo 18:28).
SOLUÇÃO:
Há duas posições
principais abraçadas pelos estudiosos evangélicos a respeito desse
ponto.
Alguns afirmam que Jesus comeu o cordeiro pascal (e instituiu a Ceia
do Senhor no fim
daquela
ceia) no mesmo dia que era observado pelos judeus, e sustentam sua
posição da Seguinte
maneira:
(1) Esse era o dia prescrito pela Lei do AT, e Jesus disse que ele
não viera para revogar a
Lei,
mas para cumpri-la (Mt 5:17-8). (2) Esse parece ser o significado de
Marcos 14:12, ao dizer
que
foi no primeiro dia dos pães asmos, quando se fazia o sacrifício do
cordeiro pascal". (3)
Quando
João 19:14 fala que "era a preparação da Páscoa"
(R-1BB, SBTB), consideram que isso
significa
apenas a preparação para o Shabbath
que ocorreu naquela
semana pascal.
Outros
estudiosos argumentam que Jesus comeu o cordeiro pascal um dia antes
dos judeus
porque:
(1) Ele teria de comê-lo na véspera (quinta-feira), para que
pudesse oferecer-se a si mesmo
no
dia seguinte (na sexta-feira santa) como o Cordeiro Pascal (cf. Jo
1:29) aos judeus, em
cumprimento
do que fora tipificado no AT, e no mesmo dia que estives-m comendo o
cordeiro
pascal
(1 Co 5:7). (2) O que realmente está escrito em João 19:14 é que
era "a preparação da
Páscoa"
(SBTB) [não o abado] ou, em outras palavras, era o dia anterior
àquele em que os judeus
comiam
a Páscoa. (3) De igual forma, João 18:28 afirma que os judeus não
queriam se contaminar
no
dia em que Jesus foi crucificado para "poderem comer a Páscoa".
Cada
uma dessas duas interpretações é
possível, não
havendo contradição. Entretanto, a última
delas
parece explicar os textos de uma forma mais decisiva. (Veja também
os comentários de
Mateus
12:40.)
MARCOS
14:30 - Quando Pedro negou Cristo, quantas vezes o galo cantou: uma
ou duas
vezes?
(Veja
os comentários de Mateus 26:34.)
MARCOS
15:25 (cf. Jo 19:14) -Jesus foi crucificado na terceira hora ou na
hora sexta?
PROBLEMA:
O relato do
Evangelho de Marcos diz que foi na hora terceira (9 horas da manhã,
conforme
o tempo judeu) que Cristo foi crucificado (15:25). O Evangelho de
João diz que cerca da
hora
sexta (ao meio-dia) Jesus estava ainda em julgamento (19:14). Isso
faria com que sula
crucificação
tivesse de ocorrer bem mais tarde do que foi especificado por Marcos.
Qual dos
Evangelhos
está correto?
SOLUÇÃO:
Os dois evangelistas
estão corretos em suas afirmações. A dificuldade é superada
quando
percebemos que cada um deles fez uso de um sistema diferente de
medição do tempo. João
segue
o sistema de tempo romano,
ao passo que Marcos
segue o sistema
judaico.
De
acordo com o tempo romano, o dia corria de meia-noite a meia-noite. O
período de 24
horas
judaico começava às 6 horas da tarde e a manhã, às seis horas da
manhã. Assim, quando
Marcos
afirma que na terceira hora Cristo foi crucificado, esse horário
corresponde a 9 horas do
nosso
tempo.
João
afirmou que o julgamento de Cristo foi cerca da hora sexta, ou seja,
às seis da manhã.
Isso
colocaria o julgamento antes
da crucificação e
não negaria qualquer testemunho dos autores
dos
Evangelhos.
Isso
está de acordo com outras referências ao tempo feitas por João.
Por exemplo, ele fala
de
Jesus estar cansado de sua viagem desde a Judéia até a Samaria "por
volta da hora sexta",
quando
pediu água para a mulher junto ao poço. Considerando a extensão de
sua viagem, o seu
cansaço,
e que normalmente era no final da tarde que as pessoas iam até o
poço para beber e dar de
beber
a seus animais, isso está mais de acordo com as 6 da tarde, que é
"a hora sexta" pelo sistema
romano.
O
mesmo é verdade a respeito da referência de João (1:39) à hora
décima, que seria para nós
10
horas da manhã, uma hora bem mais propícia para se estar pregando
ao ar livre, do que 4 horas
da
manhã.
MARCOS
15:26 - Por que a inscrição na cruz é diferente em cada um dos
Evangelhos?
(Veja
os comentários de Mateus 27:37.)
MARCOS
15:39 - O que na verdade disse o centurião acerca de Jesus na cruz?
(Veja
a abordagem de Mateus 27:54.)
MARCOS
16:2 - Maria foi ao túmulo antes ou depois de o sol nascer?
PROBLEMA:
Marcos afirma que
Maria foi até lá "muito cedo,... ao despontar do sol" (v.
2). Mas
João
diz que era "de madrugada, sendo ainda escuro" (Jo 20:1).
SOLUÇÃO:
Há duas
possibilidades. Uma delas sugere que a frase "ao despontar do
sol" (Mc 16:2)
indica
apenas que era muito cedo (cf. SI 104:22), e "ainda escuro",
no linguajar de João (20:1).
Outra
possibilidade é a que sustenta que Maria veio sozinha primeiramente,
quando ainda
estava
escuro, antes de o sol nascer (Jo 20:1), e depois veio de novo, após
o nascer do sol, com as
outras
mulheres (Mc 16:1). Em apoio a essa posição está o fato de que
somente Maria é
mencionada
em João, mas em Marcos são citadas ela e as outras mulheres.
Também, Lucas (24:1)
diz
que era "alta madrugada", quando as mulheres (não apenas
Maria) foram lá. Ainda, Mateus
(28:1)
fala que foi "ao findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da
semana" que "Maria Madalena
e
a outra Maria foram ver o sepulcro". Somente João menciona
Maria estando lá sozinha "sendo
ainda
escuro" (Jo 20:1).
MARCOS
16:8 - As mulheres falaram do que tinham visto no túmulo, ou não?
PROBLEMA:
Marcos diz que as
mulheres, ao retornarem do túmulo vazão, "de medo, nada
disseram
a ninguém" (16:8). Entretanto, Mateus afirma que elas, tendo
ouvido o que disse o anjo,
"correram
a anunciá-lo aos discípulos" (Mt 28:8; cf. v. 9).
SOLUÇÃO:
Em resposta, deve-se
observar que Mateus na verdade não diz que as mulheres
realmente
anunciaram aquela nova aos discípulos, mas que elas correram com a
intenção
de assim
fazer.
Também, por Marcos revelar que elas não falaram porque estavam com
medo, pode ser que
a
princípio
elas se contiveram
(como Marcos indicou), e que depois falaram (como Mateus parece
dizer).
É possível, ainda, que as mulheres tenham deixado o túmulo em dois
grupos, um logo depois
do
outro, e que Marcos tenha se referido a um e Mateus, ao outro.
MARCOS
16:9-20 - Por que essa passagem da Escritura é
omitida em algumas
Bíblias?
PROBLEMA:
A maioria das
versões atuais da Bíblia contém esse texto final do Evangelho de
Marcos,
inclusive a ARA, a SBTB, a EC, a BJ e outras. Contudo, a R-IBB e a
TLH colocam esse
trecho
entre colchetes, com uma nota explicativa, dizendo: "nos
melhores manuscritos antigos não
consta
o trecho dos versículos 9 a 20" (R-IBB). A NVI não coloca
colchetes, mas inclui uma nota
semelhante.
Esses versículos estavam no evangelho original de Marcos?
SOLUÇÃO:
Os eruditos estão
divididos quanto à autenticidade desses versículos. Os que aceitam
o
tradicional texto recebido apontam para o fato de que esse texto do
final de Marcos é encontrado
na
maioria dos manuscritos bíblicos em todos os séculos. Assim, crêem
que ele estava no
manuscrito
original do Evangelho de Marcos.
Por
outro lado, aqueles que advogam a tradição do criticismo textual
insistem que não
devemos
acrescentar evidências, mas
pesá-las. Segundo
ele , a verdade não é determinada por voto
da
maioria, mas pelos testemunhos mais qualificados. Eles lançam mão
dos seguintes argumentos
para
rejeitar esses versículos:
(1)
Esses versículos não constam em muitos dos mais antigos e mais
confiáveis manuscritos
gregos,
bem como em importantes manuscritos em latim antigo, siríaco,
armeniano e etiópico.
(2)
Muitos dos antigos pais da Igreja revelam não conhecer esses
versículos, inclusive
Clemente,
Orígenes e Eusébio. Jerônimo admitiu que quase todas as cópias
gregas não os contêm.
(3)
Muitos manuscritos que contêm essa seção assinalam que é uma
espúria adição ao texto.
(4)
Há outro final (mais curto) de Marcos que é encontrado em alguns
manuscritos. (5)
Outros
apontam para o fato de que o estilo e o vocabulário não são os
mesmos do resto do
Evangelho
de Marcos.
Se
essa parte do texto
pertence ou não ao
original, a verdade
que ele contém
certamente está
de
acordo com o original. Assim, a presença dessas linhas não faz
nenhuma diferença, já que, se
aceitas,
não há nelas nada que seja contrário ao restante das Escrituras;
e, não sendo aceitas, não há
verdade
bíblica que fique faltando na Bíblia, já que tudo que é ensinado
nesse trecho é encontrado
em
outras partes das Escrituras. Isso inclui sua menção às línguas
(veja At 2:1 ss), ao batismo (At
2:38)
e à proteção de Deus aos seus mensageiros que inadvertidamente
fossem picados por
serpentes
(cf. At 28:3-5).
Portanto,
todo esse debate acaba sendo simplesmente sobre se esse texto
pertence ou não à
Bíblia,
mas não se questiona quanto ao seu conteúdo, quanto a haver
qualquer verdade
que esteja
faltando.
MARCOS
16:12 - Jesus apareceu em corpos diferentes depois de sua
ressurreição?
PROBLEMA:
De acordo com
Marcos, Jesus apareceu "em outra forma". Com base nisso,
alguns
argumentam
que depois da ressurreição Jesus assumiu corpos diferentes em
ocasiões diferentes, não
tendo
o mesmo corpo físico que tivera antes da ressurreição. Mas isso é
contrário ao ortodoxo
entendimento
que se tem da ressurreição, como é indicado por muitos outros
versículos (veja os
comentários
de Lucas 24:34).
SOLUÇÃO:
Tal conclusão não
tem cabimento por várias razões. Primeiro, há sérias questões
quanto
à autenticidade do texto envolvido. Marcos 16:9-20 não é
encontrado em alguns dos mais
antigos
e melhores manuscritos (veja os comentários de Marcos 16:9-20
acima). E sobre a
reconstrução
dos textos originais a partir dos manuscritos disponíveis, muitos
eruditos crêem que os
textos
mais antigos são mais confiáveis, já que são mais próximos do
manuscrito original.
Segundo,
mesmo admitindo a autenticidade do texto, o evento do qual ele é um
resumo (cf.
Lc
24:13-32) simplesmente diz que "os seus olhos, porém, estavam
como que impedidos de o
reconhecer"
(Lc24:16). Isso torna claro que o elemento miraculoso não estava no
corpo de Jesus,
mas
nos olhos daqueles discípulos (Lc 24:16,31). O reconhecimento de
Jesus lhes tinha sido
impedido
até que os olhos deles foram abertos.
Terceiro,
na melhor das hipóteses, essa é uma referência obscura e isolada.
E não é sábio
basear
nenhum pronunciamento doutrinário num texto assim.
Quarto,
seja qual for o significado de "em outra forma", com
certeza não é o de uma forma
diferente
do seu corpo material, físico, real. Pois, nessa mesma ocasião,
Jesus comeu comida
material
(Lc 24:30), e mais tarde, nesse mesmo capítulo de Lucas, ele deu uma
prova de que era
carne
e ossos", e não um "espírito" não-material (vs.
38-43). Finalmente, "em outra forma"
provavelmente
tenha o sentido de ser erente da figura do jardineiro
com que Maria
anteriormente o
confundira
(Jo 20:15). Nesse tempo Jesus apareceu na forma de um viajante
(Lc 24:13-14).
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