terça-feira, 5 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- Esdras


ESDRAS

ESDRAS 1:8 - Quem foi Sesbazar?

PROBLEMA: Quando Ciro, rei da Pérsia, permitiu que os israelitas retornassem a Jerusalém, ele
devolveu os artigos da casa do Senhor, que Nabucodonosor havia tomado. De acordo com Esdras
1:8, Ciro os entregou contados a Sesbazar. Quem foi Sesbazar?
SOLUÇÃO: Duas são as proposições feitas quanto à identidade de Sesbazar. A primeira parte de
alguns comentaristas, que dizem que Sesbazar era o nome de Zorobabel na corte. Era costume na
Babilônia, durante o cativeiro de Israel, dar outro nome a certas pessoas na corte. Daniel, por
exemplo, recebeu o nome de Beltessazar (cf. Dn 1:7).
Um ponto fraco desta proposição é que não está claro se Sesbazar é ou não um nome
babilônico. Além disso, geralmente um israelita que recebesse um novo nome na corte tinha
também um nome hebraico que lhe havia sido dado por seus pais. Nem Sesbazar, nem Zorobabel
são nomes hebraicos, e também não podem ser identificados como nomes babilônicos.
A segunda proposição é feita por comentaristas que afirmam que Sesbazar é o nome de
Sealtiel, pai adotivo de Zorobabel. Esta alternativa leva à seguinte pergunta: por que Sesbazar é
identificado como "príncipe de Judá" em Esdras 1:8? O que se propôs é que Sealtiel/ Sesbazar fora
levado a essa posição pelo governador da Babilônia, e que esse título passou a Zorobabel, depois da
morte de Sealtiel/ Sesbazar. Esdras 5:16 afirma que foi Sesbazar que "lançou os fundamentos da
Casa de Deus". Como Esdras 3 não cita especificamente o nome de Sesbazar como participante
nesse evento, pode-se presumir que Sealtiel/Sesbazar e Zorobabel tenham participado juntos no
projeto, como pai e filho, e que o nome de Sesbazar simplesmente não foi mencionado.
Um ponto fraco desta posição e que não há indicação quanto a ter havido duas pessoas atuando
como uma junta no governo de Jerusalém. Ainda, há o fato de que o nome de Sesbazar não é
mencionado em Esdras 2, na longa lista daqueles que voltaram com Zorobabel.
O fato de o nome de Sesbazar não ser mencionado também depois de Esdras 5:16 pode ser
explicado a partir de qualquer uma das duas proposições. Se Sesbazar e Sealtiel eram a mesma
pessoa, então pode ser que ele tenha morrido logo depois do lançamento dos alicerces do templo. Se
Sesbazar era Zorobabel, então o nome da corte simplesmente foi deixado de lado, permanecendo o
nome Zorobabel. Qualquer uma dessas duas explicações nos dá uma solução aceitável, e não há por
que pensar que haja um erro ou alguma contradição nesse caso.

ESDRAS 2:1ss - Por que muitos dos números citados na lista de Esdras, dos que voltaram a
Jerusalém, diferem dos que são mencionados em Neemias 7?

PROBLEMA: No registro dos que voltaram a Jerusalém sob a liderança de Zorobabel, tal como
consta em Esdras, 32 famílias são identificadas, com o respectivo número de integrantes. Em
dezoito casos, os números mencionados por Esdras são os mesmos que os de Neemias 7. Entretanto,
em 14 casos os números são diferentes. As diferenças variam de apenas uma pessoa para até
um grande número de 1.100 pessoas. Por que essas diferenças?
SOLUÇÃO: Primeiro, é possível que cada um desses casos seja um erro de copista. Uma das áreas
mais problemáticas na transcrição feita por um escriba judaico era a cópia de números. Certamente
é concebível que numa lista assim relativamente grande de nomes e números possa ter ocorrido
erros feitos pelos copistas (veja o Apêndice 2).
Segundo, é também possível que Esdras e Neemias tenham compilado suas listas em épocas
diferentes. Esdras pode ter relacionado aqueles que deixaram a Babilônia com Zorobabel, ao passo
que Neemias, todos aqueles que de fato foram a Jerusalém. Em alguns casos, os que deixaram a
Babilônia com a intenção de reconstruir Jerusalém podem ter desistido e voltado à Babilônia, e
ainda alguns podem ter morrido na viagem. Em outros casos, pode ser que uma família tenha
absorvido outras pessoas, aumentando assim seu número. Talvez membros de uma família em
outras terras tenham obtido autorização para a migração, vindo a juntar-se com os seus parentes no
caminho da Babilônia até Jerusalém.

ESDRAS 3:10-Como a reconstrução poderia ter sido iniciada durante o reinado de Ciro, se
Esdras 4:24 diz que foi no reinado de Dario I?

PROBLEMA: De acordo com Esdras 3:8-13, a reconstrução do templo começou sob o reinado de
Ciro, o Grande (cf. Esdras 5:13,16), o qual reinou na Pérsia de cerca de 559 até 530 a.C. Entretanto,
Esdras 4:24 diz que a reconstrução do templo aconteceu durante o reinado de Dario, rei da Pérsia,
por volta de 520 a.C.. Ainda, Ageu 1:15 dá a entender que a reconstrução do templo não começou
antes de 520 a.C.. Como essas diferentes afirmações podem ser conciliadas?
SOLUÇÃO: As afirmações feitas em Esdras 3:10 e 5:16 são referências ao lançamento dos
alicerces, ao passo que Esdras 4:24 e Ageu 1:15 referem-se à retomada do projeto de reconstrução,
depois de um longo período em que esteve parado. Esdras 4:4 assinala que, durante o reinado de
Ciro, assim que o povo da terra soube do projeto de reconstrução, desencorajou as pessoas e
frustrou seus esforços. O projeto ficou abandonado por dezesseis anos. Nesse ponto Deus dirigiu
Ageu a profetizar ao povo de Jerusalém para motivá-los a começar o projeto de reconstrução
novamente. Isso é referido em Esdras 4:24. A reconstrução do templo foi retomada por volta de 520
a.C., durante o tempo de Dario, e completou-se em 516 a.C..

ESDRAS 4:23 - Como o trabalho de reconstrução poderia ter sido interrompido por ação de
estrangeiros, se Ageu 1:2 põe a culpa na indiferença dos líderes?

PROBLEMA: Esdras 4:7-23 registra que, depois de um grande começo no lançamento dos
alicerces do templo, inimigos estrangeiros apareceram e forçaram o povo a interromper o projeto de
reconstrução. Entretanto, Ageu 1:2 dá a entender que as pessoas estavam indiferentes diante do
projeto de reconstrução. Qual foi o real motivo do atraso na reconstrução do templo?
SOLUÇÃO: As duas afirmações são verdadeiras. Embora a força militar do inimigo tenha feito
com que a reconstrução parasse, foi a indiferença do povo que fez com que o projeto não fosse
reiniciado. Durante o reinado de Ciro, o Grande, o clima era hostil para com o povo, e o projeto de
reconstrução enfrentou forte oposição. Quando Dario I tomou o poder na Pérsia, cerca de 522 a.C.,
a oportunidade para reiniciar o projeto de construção ficou bem mais favorável. Entretanto, os
líderes do povo tinham se envolvido de tal forma com seus afazeres pessoais, que não se dispunham
a retomar aquele enorme projeto.

ESDRAS 10:10-44- Porque Deus ordenou que os israelitas despedissem suas esposas nãocrentes,
se Paulo nos diz para não fazer isso?

PROBLEMA: Esdras fez com que todos os israelitas despedissem suas "mulheres estrangeiras",
porque elas estavam "aumentando a culpa de Israel"(Ed 10:10), Entretanto, quando perguntaram a
Paulo se o crente deveria divorciar se de uma esposa não crente, ele disse: "se algum irmão tem
mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone" (1 Co 7:12). Essas instruções
não se contradizem?
SOLUÇÃO: Essas duas colocações são feitas em tempos diferentes, para pessoas diferentes e por
razões diferentes. A ordem dada por Esdras aconteceu no tempo do AT, e foi dada a judeus, e a
palavra de Paulo foi dada a cristãos, no tempo do NT. Os crentes do NT não mais estão debaixo das
leis dadas a Israel (veja os comentários de Mateus 5:17-18).
Além disso, mesmo considerando que o princípio moral contido nesse mandamento do AT
ainda esteja em vigor hoje, as situações são diferentes, por três razões. Primeiro, as esposas no AT
não eram apenas "incrédulas" que "consentiam" em morar com o marido, sendo "santificadas" por
ele (1 Co 7:12,14). Elas eram mulheres "estrangeiras", ou seja, provavelmente adoradoras de ídolos
(cf. Ne 13:25-26), que estavam trazendo uma influência pagã sobre seus maridos. Deus disse a
Salomão que suas mulheres pagãs lhe "perverteriam o coração", para seguir "os seus deuses" (1 Rs
11:2).
Segundo, aquelas mulheres não eram tão-somente pagãs, mas também descendentes de
Moabe e Amom (Esdras 10:30; cf. Ne 13:23) e de outras nações circunvizinhas, a respeito das quais
o Senhor dissera explicitamente a Israel que não as tomassem como mulher (cf. Êx 34:16; Dt 7:3).
Terceiro, é possível que elas tenham sido tomadas como segunda ou terceira mulher (cf. Ed
10:44), e Deus proibia a poligamia (veja os comentários de 1 Reis 11:1). Sendo assim, eles violaram
as leis contra a poligamia (Dt 17:17) e a idolatria (Êx 20:4-5).
Essa é uma situação bem diferente da que havia quando Paulo deu a instrução para um
marido crente manter uma só esposa incrédula não-idólatra (cf. 1 Co 7:2), se ela se dispusesse a
permanecer sob a influência santificadora do marido crente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo! Por favor, nada de ofensas, zombaria, blasfêmias, sejamos civilizados :)