ATOS 2
ATOS
5:36-37- Lucas não comete um erro a respeito de Teudas e Judas?
PROBLEMA:
Em Atos, um fariseu
chamado Gamaliel faz menção de um tal de Teudas e de um
Judas
da Galiléia. Contudo, o historiador judeu Josefo, do primeiro
século, também se refere a
Teudas
e a Judas. Alguns pensam que há uma discrepância entre os
indivíduos referidos por
Gamaliel
e os referidos por Josefo.
SOLUÇÃO:
Primeiro, com
referência a Teudas, o relato de Lucas e o de Josefo não falam da
mesma
pessoa. O Teudas do relato de Josefo revoltou-se no ano 44 a.D., ao
passo que o
mencionado
em Atos revoltou-se antes do recenseamento que se realizou por volta
de 7 a.D. (cf. At
5:37).
Em outras palavras, houve dois homens diferentes que se chamavam
Teudas. Sabemos disso
porque
este precedeu Judas da Galiléia, que surgiu durante os dias do
recenseamento. Portanto, o
Teudas
a que Gamaliel se refere não é o mesmo mencionado por Josefo.
Segundo,
a respeito de Judas da Galiléia, não há discrepância entre
Gamaliel e Josefo. Uma
vez
esclarecida a questão de Teudas, a de Judas também se esclarece. O
Teudas de que fala
Gamaliel
não é o de que fala Josefo. Contudo, Josefo refere-se ao mesmo
Judas mencionado por
Gamaliel
porque considera-se que este falou por volta do ano 33 a.D., e esse
período de tempo é
bem
anterior ao Judas do ano 44 a.D., referido por Josefo. Não há
contradição a respeito de Judas,
porque
Gamaliel e Josefo referem-se à mesma pessoa.
ATOS
7:14 - Por que esse texto diz "setenta e cinco pessoas", se
Êxodo 1:5 diz que eram
"setenta
pessoas"?
PROBLEMA:
De acordo com Êxodo
1:5, foram apenas 70 descendentes que desceram ao Egito
com
Jacó. Mas, quando Estêvão relata esse mesmo incidente em Atos
7:14, ele dá o número de 75
pessoas.
Isso parece uma clara contradição.
SOLUÇÃO:
Há várias
possíveis maneiras de se explicar a diferença de números. Alguns
eruditos
sugerem
que Atos 7:14 está incorreto em sua afirmativa de que eram 75
pessoas. Eles observam que
tanto
a tradução grega da Bíblia (Septuaginta) como um manuscrito hebreu
encontrado na região do
Mar
Morto usam o número 75, tal como Estêvão disse.
Outros
sugerem que Lucas, com todo cuidado, registrou o sermão de Estêvão,
contudo este
teria
cometido um erro. Assim, a passagem de Atos é um registro fiel do
discurso em que Estêvão
cometera
esse engano. O relato paralelo de Gênesis 46:27 também dá o número
como sendo 70. A
maior
objeção a essa posição é o fato de que a inclusão feita por
Lucas desse discurso traz consigo a
implicação
de que o que foi dito seja correto. Ainda, o texto afirma que Estêvão
estava "cheio do
Espírito
Santo" quando ele proferiu a sua preleção (7:55).
Outro
ponto de vista alega que a diferença pode ser explicada pelo fato de
que Estêvão
provavelmente
estivesse citando com base na Septuaginta (a versão grega do AT),
que afirma:
"Todas
as almas descendentes de Jacó eram setenta e cinco" (Êx 1:5),
e não com base na versão
hebraica,
que afirma: "Todas as pessoas, pois, que descenderam de Jacó
foram setenta; José, porém,
estava
no Egito". A diferença surge em função da maneira como os
totais são calculados.
Jacó
tinha doze filhos. Acrescentando-se os seus netos e bisnetos, o total
é 66.
Acrescentando-se
Efraim e Manasses, que nasceram de José no Egito, o total chega a
68. Com Jacó
e
sua esposa dá 70, como o texto hebraico registra. A Septuaginta,
contudo, começando com os 12
filhos
de Jacó, acrescenta seus 54 netos e bisnetos, que dá 66; acrescenta
ainda os sete descendentes
de
José, que provavelmente eram filhos de Efraim Manasses, e que
nasceram algum tempo depois
da
migração de Jacó ao Egito, mas antes da sua morte. A Septuaginta
omitiu também Jacó e sua
mulher.
Isso dá um total de 75 pessoas, como Estêvão mencionou na passagem
de Atos.
TEXTO
HEBRAICO
TEXTO GREGO
Jacó
e sua esposa
2
Não
contados
Filhos
de Jacó
12
12
Netos
e bisnetos de Jacó
54
54
Filhos
de José:
Efraim
e Manassés 2
2
Outros
descendentes
de
José no Egito
Não contados
7
TOTAL
70
75
ATOS
15:20 - Essa passagem ensina que é pecado receber uma transfusão de
sangue?
PROBLEMA:
A habilidade da
medicina moderna de manter a vida por meio dá transfusão de
sangue
é uma prática comum, que sem dúvida tem sido usada por cristãos.
Entretanto, esse
versículo
é usado por alguns grupos religiosos, tais como as Testemunhas de
Jeová, para sustentar
que
as transfusões de sangue não estão de acordo com a vontade de
Deus.
SOLUÇÃO:
Essa passagem está
falando acerca da restrição do AT quanto a comer ou beber sangue
(Gn
9:3-4; cf. At 15:28-29). Entretanto, uma transfusão não é nem o
ato de "comer" nem o de
"beber"
sangue. Isso é claro em vista de vários fatos. Primeiro, muito
embora um médico possa dar
alimento
a um paciente por via intravenosa e chamar isso de "alimentação",
não é o caso de dizer
que
dar sangue por via intravenosa seja também "alimentação",
já que o sangue não é recebido no
corpo
como "alimento".
Segundo,
referir como sendo "comer" o ato de dar um alimento
diretamente na corrente
sangüínea
é apenas uma figura de linguagem. Embora o alimento seja absorvido
no sangue de uma
maneira
semelhante àquela feita por meio das funções digestivas normais,
comer é o ato literal de
tomar
um alimento de maneira normal pela boca, passando pelo sistema
digestivo. A razão por que
as
injeções intravenosas são consideradas "alimentação" é
que o corpo recebe os mesmos nutrientes
que
ele receberia ingerindo-os normalmente. Isso é semelhante à prática
de se chamar um alimento
de
"saudável". O alimento não é realmente saudável, porque
a saúde é uma característica dos seres
vivos,
não de alimentos. Mas chamamos um alimento de "saudável"
porque ele proporciona saúde.
Terceiro,
a única maneira possível de entender a palavra "comer",
tanto no AT como no NT,
é
tomá-la como referindo-se ao processo de levar alguma coisa para o
corpo, como alimento,
através
da boca e do sistema digestivo. Isso é evidente, já que a
tecnologia que permitiu a aplicação
de
injeções intravenosas não tinha sido inventada no tempo em que
aquelas passagens foram
escritas.
Quarto,
é claro que essa passagem do AT não diz respeito primariamente ao
ato de comer
sangue,
mas sim ao fato de que há vida no sangue. Levítico 17:10-12 torna
isso claro:
Qualquer
homem da casa de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre
eles, que comer algum
sangue,
contra ele me voltarei e o eliminarei do seu povo. Porque a
vida da carne está no sangue. Eu
vo-lo
tenho
dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas:
porquanto é o sangue que fará
expiação
em virtude da vida. Portanto tenho dito aos filhos de Israel: nenhuma
alma de entre vós comerá
sangue,
nem o estrangeiro, que peregrina entre vós, o comerá.
As
proibições em Gênesis 9:3-4 e em Levítico 17:10-12 foram
primariamente dirigidas
contra
comer carne fresca ainda pulsando com vida, porque o sangue vivo
estava ainda nela. Mas a
transfusão
de sangue não é o ato de comer carne com o sangue vivo ainda nela.
Finalmente,
a proibição em Atos não foi necessariamente dada como uma lei pela
qual os
cristãos
teriam de viver, porque o NT ensina claramente que não estamos
debaixo da lei (Rm 6:14;
Gl
4:8-31). Antes, o concilio de Jerusalém teve a preocupação de
aconselhar os cristãos gentios a
respeitar
seus irmãos judeus por meio da observação dessas práticas, para
que assim não fossem
"causa
de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a
igreja de Deus" (1 Co
10:32).
De
qualquer maneira, a restrição de forma alguma pode ser interpretada
como uma
proibição
das transfusões sangüíneas.
ATOS
16:1-3 - Por que Paulo fez com que Timóteo fosse circuncidado, já
que o próprio
apóstolo
se pronunciou tão fortemente contra a circuncisão?
PROBLEMA:
O ponto principal de
Paulo em Gaiatas pode ser resumido com suas palavras: "Se
vos
deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará" (Gl
5:2). Contudo, Paulo admite ter feito
com
que Timóteo se circuncidasse "por causa dos judeus daqueles
lugares" (At 16:3). Isso não foi
uma
contradição ao seu próprio ensino?
SOLUÇÃO:
Mesmo que Paulo
estivesse errado pelo que fez, isso não seria uma prova de que a
Bíblia
tenha errado em seu ensino, mas simplesmente de que Paulo errou. O
apóstolo, como
qualquer
outro ser humano, era sujeito ao erro. Como a Bíblia é a Palavra de
Deus (veja
Introdução),
ela não pode errar em nada do que ensina.
Além
disso, a ação de Paulo, fazendo Timóteo circuncidar-se, não é
necessariamente
inconsistente
com o que ele ensinou em Gaiatas, já que o$ dois casos são
diferentes. Paulo se
opunha
violentamente a quem quer que fizesse a circuncisão como necessária
para a salvação.
Mas
ele não se opôs a ela como proveitosa
para a evangelização. De
fato, Paulo disse também:
"Procedi,
para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os
que vivem sob o
regime
da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem
debaixo da lei, embora
não
e&teja eu debaixo da lei" (1 Co 9:20). Entretanto, quando os
judaizantes insistiram que "se não
vos
circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos"
(At 15:1), então Paulo
tomou
uma obstinada posição contrária à circuncisão.
ATOS
16:6 - Por
que o Espírito Santo proibiu Paulo de pregar na Ásia, uma vez que
Jesus
disse
para ir por todo o mundo?
PROBLEMA:
Jesus ordenou aos
seus seguidores para fazer "discípulos de todas as nações"
(Mt
28:19)
e para serem testemunhas dele "até aos confins da terra"
(At 1:8). Mas em Atos 16 Paulo e
Timóteo
foram "impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na
Ásia" (v. 6).
SOLUÇÃO:
Paulo foi impedido
apenas de
imediato. Deus tinha
uma rota mais estratégica para o
Evangelho,
passando primeiro pela Europa (At 16:9). Posteriormente,
entretanto, em
decorrência
dessa
estratégia, o Evangelho chegou até a Ásia e a cada lugar por
intermédio dos convertidos de
Paulo
na Europa (cf. 1 Ts 1:7) e por meio do próprio Paulo (At 19:10, 22,
26; 20:4, 16,18; 1 Co
16:19).
Dessa forma, a proibição foi apenas temporária,
não permanente.
ATOS
17:28 - Por
que Paulo citou um poeta pagão, não inspirado?
(Veja
os comentários de Tito 1:12.)
ATOS
20:9-10 - Como Êutico podia estar morto, se ele tinha vida em si?
PROBLEMA:
O versículo 9 diz
que ele "foi levantado morto". Mas já no versículo
seguinte Paulo
disse:
"a vida nele está".
SOLUÇÃO:
A vida estava nele
somente depois de Paulo ter realizado o milagre (v. 10), não antes
(v.
9).
ATOS
23:5 - Paulo mentiu quando disse que não conhecia o sumo sacerdote?
PROBLEMA:
O sumo sacerdote
Ananias deu ordem que batessem na boca de Paulo. O apóstolo
censurou-o
por ter agido assim, e aqueles que estavam por perto condenaram Paulo
por injuriar o
sumo
sacerdote. Paulo respondeu declarando "Não sabia... que ele é
sumo sacerdote" (At 23:5).
Mas
isto seria altamente improvável, já que o próprio Paulo era um
membro do sinédrio judeu e
trabalhava
junto com ele antes de sua conversão (At 9:1-3).
SOLUÇÃO:
Há várias posições
diante desta passagem. Alguns sugerem que é possível que Paulo
não
conhecesse o sumo sacerdote pessoalmente, mesmo tendo sido antes um
membro do conselho
judeu.
Outros alegam que Paulo talvez tivesse uma visão sofrível (quem
sabe o seu "espinho no
carne")
e assim não teria podido reconhecê-lo. Outros ainda crêem que
Paulo teria mentido para
livrar-se
de uma má situação, já que os apóstolos também estavam sujeitos
ao pecado (Gl 2:11-13).
Neste
caso, Atos estaria simplesmente dando-nos um relato fiel do pecado de
Paulo.
Parece
ser mais plausível, entretanto, considerar a afirmação de Paulo
como sarcástica, mas
não
falsa. Neste caso, a sua afirmação "Não sabia ... que ele é
sumo sacerdote" poderia ser
parafraseada
mais ou menos assim: "Este é o sumo sacerdote da Lei de Deus?
Como é que eu
poderia
saber isso se, contrariamente à Lei, ele mandou que me batessem?!"
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