1 JOÃO
1 JOÃO 3:9 - João não se contradiz quando afirma que os crentes não pecam?
PROBLEMA: João afirma: "Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado" (1 Jo 3:9,
SBTB). Mas no primeiro capítulo ele falou com clareza que "se dissermos que não temos pecado
nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós" (1 Jo 1:8).
SOLUÇÃO: Em parte alguma João declara que os crentes são imunes ao pecado ou que nunca
pecam. Em 1 João 3:9 o verbo está no tempo presente e deveria ser traduzido da seguinte maneira:
"Aquele que é nasci do de Deus não peca habitualmente" (R-IBB).
De modo contrário, aquele que habitualmente pratica o pecado não é nascido de Deus.
Como Tiago argumentou, a fé verdadeira produzirá boas obras (Tg 2:14ss). Se um porco e um
cordeiro caírem num lamaçal, o porco vai querer ficar lá; mas o cordeiro fará de tudo para sair.
Tanto o incrédulo como o crente podem cair no mesmo pecado, mas o crente não pode permanecer
nele, sentindo-se confortável
1 JOÃO 4:2-3 - Essa é uma referência à vinda de Jesus em carne antes ou depois da sua
ressurreição?
PROBLEMA: João declara que aqueles que negam que Jesus veio em carne são do anticristo.
Enquanto todos os ortodoxos cristãos admitem que is|»o significa que Jesus foi completamente
humano, até mesmo tendo um corpo físico de carne antes de sua ressurreição, alguns sustentam qi
le Jesus não ressuscitou dos mortos com o mesmo corpo de carne e ossos que tinha quando morreu,
mas com um corpo que não era essen-ci ilmente material. O que esse versículo quer dizer?
SOLUÇÃO: João emprega o verbo no tempo perfeito do grego, que signi-fii :a uma ação passada
com resultados que continuam até o presente. A >sim, ele afirma que Jesus veio em carne no
passado e continua em carne no presente (i.e., no momento em que ele estava escrevendo, que foi
após a ressurreição).
Isso é melhor esclarecido por meio do uso feito por João dessa mesma frase, porém no
tempo presente. Ele declarou que muitos enganadores "não confessam Jesus Cristo vindo [no tempo
presente] em carne" (2 Jo 7). Disso fica claro que, mesmo depois da ressurreição, quando João
escreveu, ele insistiu que Jesus ainda permanecia em carne.
Finalmente, além dessas duas passagens nas epístolas de João, há dois outros textos do NT
que declaram de modo explícito ser de carne o corpo ressurreto de Cristo. Referindo-se à
ressurreição de Cristo, Pedro declarou que "nem a sua carne viu a corrupção" (At 2:31, SBTB; RIBB;
EC). O próprio Jesus disse a seus discípulos numa de suas aparições depois da ressurreição:
"Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito
não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho" (Lc 24:39).
1 JOÃO 4:18 - Se o amor lança fora o medo, por que nos é dito que temamos a Deus?
PROBLEMA: João afirma que "o perfeito amor lança fora o medo". Contudo, nos é dito que "o
temor do Senhor é o princípio do saber" (Pv 1:7) e que devemos servir "ao Senhor com temor" (SI
2:11). Com efeito, Paulo disse: "conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens" (2 Co
5:11).
SOLUÇÃO: Temor ou medo é usado com sentidos diferentes. O temor no bom sentido é uma
reverente confiança em Deus. No mau sentido é um tormento apavorador em face do Senhor.
Enquanto o temor apropriado proporciona um saudável respeito a Deus, o temor não-sadio
engendra um sentimento não saudável de que Deus está sempre a ponto de nos pegar.
O perfeito amor lança fora esse tipo de "tormento". Quando alguém compreende
adequadamente que "Deus é amor" (l Jo 4:16), não pode mais temê-lo nesse sentido não-saudável,
pois "aquele que teme não é aperfeiçoado no amor" (1 Jo 4:18). Não obstante, em tempo algum o
amor devido a Deus mostrará desrespeito para com ele. Pelo contrário, esse amor é perfeitamente
compatível com um temor reverente a Deus, que é o que a Bíblia quer dizer com "temer a Deus" no
bom sentido (cf. 2 Co 7:1; 1 Pe2:17).
1 JOÃO 5:7 - Por que esse versículo referente à Trindade é omitido em muitas das atuais
traduções da Bíblia?
PROBLEMA: João declara que "há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito
Santo; e estes três são um" (1 Jo 5:7). Esta é a mais clara declaração da Trindade na Bíblia.
Entretanto, muitas das modernas traduções omitem esse versículo. Por quê?
SOLUÇÃO: A razão é muito simples. Esse versículo realmente não tem suporte entre os antigos
manuscritos gregos, embora seja encontrado nos manuscritos latinos. O seu aparecimento em
posteriores manuscrito fé gregos baseou-se no fato de que Erasmo foi posto sob pressão eclesiástica
para incluí-lo no seu NT grego de 1522, já que o havia omitido em suas duas edições anteriores, de
1516 e 1519, por não ter encontrado» manuscritos gregos que o contivessem.
A inclusão desse versículo na Bíblia latina provavelmente foi por ter um escriba
incorporado um comentário marginal (um comentário) ao te (to, ao copiar o manuscrito de 1 João.
Isso, porém, viola quase todas as regras do criticismo textual. Assim, muitas das versões que
mantêm esse versículo o fazem entre colchetes (como no caso da ARA), e outras ai ida inserem
uma nota de rodapé dizendo: "isto não é encontrado em nenhum manuscrito grego anterior ao
século doze" (N VI).
1 JOÃO 5:16 - O que é pecado para a morte? Ele pode ser perdoado?
PROBLEMA: Por um lado, as Escrituras nos falam do perdão livre e incondicional de Deus para
todo aquele que o quiser (cf. At. 13:38-39; Rm 5:20; 1 Jo 2:1). Por outro, Jesus falou de um pecado
imperdoável que nunca poderia ser perdoado. João declara aqui que "há pecado para a morte".
SOLUÇÃO: Comentaristas bíblicos diferem sobre o que exatamente João tinha em mente aqui.
Alguns dizem que ele estava se referindo ao pecado repetitivo (veja comentários sobre 1 Jo 3:9).
Outros acreditam que ele falava do pecado grave. Ainda outros crêem que o tema da apostasia foi
abordado aqui (cf. 2 Pe 2).
Independentemente do que João visava, não há razão para crer que ele não estivesse se
referindo a um pecado tão sério que culminaria com a morte física. Paulo menciona que alguns dos
coríntios que haviam participado da Ceia do Senhor de modo indigno estavam doentes e alguns até
mortos em decorrência disso (1 Co 11:29-30). De fato, os sacerdotes Nadabe e Abiú foram mortos
instantaneamente por sua desobediência ao Senhor (Nm 3:4), assim como Ananias e Safira por seu
pecado (At 5:1-9). Logo, é totalmente possível que, neste trecho, João tivesse este tipo de pecado
em mente, onde o crente é entregue a Satanás "para a destruição da carne a fim de que o espírito
seja salvo no dia do Senhor [Jesus]" (1 Co 5:5).
1 JOÃO 5:18 - Satanás pode atingir os filhos de Deus, ou não?
PROBLEMA: Até mesmo Jesus
disse a Pedro: "Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo!" (Lc 22:31). Entretanto, João
diz com clareza que "o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca".
Essas passagens parecem estar em conflito uma com a outra.
SOLUÇÃO: Há um aparente conflito entre os dois versículos, mas não há contradição, por várias
razões. Primeiro, o texto não diz que de fato Satanás lesou Pedro. Jesus simplesmente afirmou que
Satanás pedira permissão para fazer isso.
Segundo, tal como foi no caso de Jó, Satanás nada pode fazer contra um crente, a menos que
Deus lhe permita fazê-lo, porque Deus cerca com uma sebe (uma proteção) a ele, a sua casa e a
tudo quanto tem (cf. Jó 1:10).
Terceiro, tecnicamente falando, há uma diferença entre "peneirar" e destruir o trigo (os
crentes). Deus pode permitir o peneirar, mas nunca deixará Satanás destruir nenhum de seus filhos
(cf. Rm 8:38-39).
2 JOÃO
2 JOÃO 1 - Quem foi "a senhora eleita"?
PROBLEMA: João enviou sua segunda carta a uma "senhora eleita". Alguns sugeriram que, por
ter sido esta uma carta estritamente pessoal, dirigida a uma senhora em particular, ela não deve
pertencer ao cânon das Escrituras. A "senhora eleita" era uma pessoa, ou não?
SOLUÇÃO: Primeiro, mesmo que a "senhora eleita" tenha sido uma determinada pessoa, isso não
seria razão para excluir essa carta do cânon das Escrituras. Várias das epístolas de Paulo foram
cartas pessoais escritas a pessoas em particular (por exemplo: Timóteo, Tito, Filemom).
Segundo, é possível que a senhora eleita não tenha sido uma pessoa em particular. Os
comentaristas que têm feito proposições a respeito disso enquadram-se em duas categorias: os que
defendem uma posição literal e os que aceitam a expressão como sendo figurativa.
Aqueles da posição literal dizem que se tratava de uma determinada pessoa, conhecida de
João. Destacam-se alguns pontos na defesa dessa posição. Primeiro, parece ser mais natural
considerar as palavras como destinando-se realmente a uma senhora e a seus filhos. Essa posição é
compatível com as referências aos filhos da senhora eleita, à sua irmã (v. 13) e aos filhos da sua
irmã (v. 13). A estrutura básica do cumprimento encontrado no versículo 1 está de acordo com a
estrutura básica do cumprimento feito em 3 João 1 ("Ao... a quem eu amo na verdade"), que foi
dirigido a uma pessoa em particular.
Finalmente, se o termo "senhora" refere-se à igreja, então a quem se refere a palavra
"filhos"? Os "filhos" não fazem parte da igreja? São eles de alguma maneira diferentes em relação à
igreja?
Terceiro, os que sustentam que se trata de uma figura de linguagem dizem que essa é uma
referência à igreja como um todo ou a uma igreja local em particular. Os seguintes pontos são
considerados em favor dessa posição. Primeiro, João afirma que essa senhora é amada não somente
por ele, mas por "todos os que conhecem a verdade" (v. 1). Isso significaria que ela era conhecida
de todos. Entretanto, essa observação é mais própria no caso de uma referência a uma igreja local
do que a uma pessoa em particular.
Segundo, embora João tenha começado a carta com o tratamento na segunda pessoa do
singular [“teus” filhos (v. 4), “peço-te” (v. 5)J, ele muda para a segunda pessoa do plural a partir do
versículo 6] [“ouvistes” (v. 6), “perderdes” (v. 8), “convosco” (v.10)]. Agora, se ele estivesse se
dirigindo literalmente a uma mulher, por que usaria o plural?
Terceiro, o apelo a que "nos amemos uns aos outros" (v. 5) faz mais sentido quando dirigido
a uma comunidade de crentes do que a uma mulher e seus filhos.
Quarto, a personificação da igreja em termos femininos é comum na Bíblia (por exemplo,
Efésios 5:29ss, onde Paulo desenvolve a idéia de que a igreja é a noiva de Cristo; 1 Pedro 5:13,
onde Pedro usa uma expressão feminina com referência à igreja).
Embora não tenhamos como decidir essa questão em termos definitivos com base na
informação disponível, é certo que, mesmo que essa carta tenha sido dirigida literalmente a uma
mulher, isso não a excluiria do cânon das Escrituras. E não está claro que a referência seja a uma
determinada senhora.
2 JOÃO 10 - Por que esse versículo nos manda não recebermos certas pessoas, se Jesus nos
ordenou que amássemos nossos inimigos?
PROBLEMA: De acordo com Jesus, compete-nos amar nossos inimigos, abençoar aqueles que nos
amaldiçoam e fazer o bem àqueles que nos odeiam (Mt 5:44). Entretanto, de acordo com João, não
devemos receber em nossa casa, nem dar boas vindas, a quem venha até nós e não creia que Cristo
veio em carne. Como é que devemos agir?
SOLUÇÃO: Temos de seguir essas duas instruções. A aparente divergência entre essas diretrizes
surge do fato de que elas se referem a duas situações totalmente diferentes.
Na passagem de Mateus, Jesus está contrastando o seu próprio ensino com o dos fariseus. O
princípio divino do amor deveria ser o princípio que guia as nossas vidas. Embora muitos sejam
inimigos de Deus, ele ainda permite que a chuva caia sobre suas plantações, e que o sol brilhe sobre
elas. Deus trata o ímpio com um amor bondoso, embora não deixe de considerar suas impiedades.
Como Paulo destaca em Romanos, a bondade de Deus não é um sinal de sua aprovação para
com os atos do ímpio. Antes, a bondade de Deus tem o propósito de conduzi-lo ao arrependimento
(Rm 2:4).
A passagem em 2 João não está falando de alguém que simplesmente venha nos visitar, mas
refere-se aos falsos mestres, que são enganadores (v. 7) e que vêm para apresentar suas doutrinas.
Em primeiro lugar, João está instruindo as pessoas da igreja local a nato darem hospedagem
àquelas pessoas, porque isso implicaria que a igreja estivesse aceitando ou aprovando o seu ensino.
Os membros da igreja local foram orientados a nem mesmo darem um cumprimento cristão a elas,
para que isso não fosse mal interpretado como sendo uma atitude de tolerância para com suas falsas
doutrinas.
De forma alguma isso foi um mandamento para não amar o inimigo. De fato, a obediência
às diretrizes dadas por João seria o ato supremo de amor por um inimigo. A clara demonstração de
intolerância pára com a falsa doutrina seria um meio de comunicar aos falsos mestres a necessidade
de se arrependerem. De forma contrária, se a igreja oi seus membros dessem acolhida a um falso
mestre, ele seria encorajado em sua posição e consideraria tal atitude como uma aceitação de sua
doutrina ou como o acobertamento de toda a sua injustiça.
Segundo, temos de nos lembrar de que, na igreja primitiva, os ministérios de evangelização
e pastoral eram conduzidos primariamente por pessoas que viajavam de lugar para lugar. Esses
pastores itinerantes de pendiam da hospitalidade dos membros de cada congregação local. João
estava determinando que a igreja não estendesse tal hospitalidade a mestres de falsas doutrinas. Isso
não se contradiz com o ensino de Jesus.
Temos de amar os nossos inimigos, mas não encorajá-los em seus atos malignos. Temos de
fazer o bem aos que nos odeiam, mas não te-m as de fechar os olhos diante de sua impiedade. Jesus
disse que devemos agir como filhos de nosso Pai. Naquele mesmo Sermão do Monte, Jesus
prosseguiu advertindo os seus discípulos a terem todo o cuidado a respeito dos falsos profetas, "que
se vos apresentam disfarçados em orelhas, mas por dentro são lobos roubadores" (Mt 7:15). João
deu uma aplicação prática dessa advertência, assim encorajando a igreja local a manter sua pureza e
devoção a Cristo.
3 JOÃO
3 JOÃO 7 - Deve-se tomar dinheiro dos incrédulos para a obra de Deus?
PROBLEMA: João declara que os irmãos não tiveram suporte para o seu ministério por parte dos
incrédulos. Contudo, quando Salomão construiu o templo, ele aceitou presentes dos gentios (1 Rs
5:10; 2 Cr 2:13-16). É sempre errado tomar dinheiro dos não-crentes para a obra de Deus?
SOLUÇÃO: Como regra, a obra de Deus deve ser suportada pelo povo de Deus, porque os que se
beneficiam espiritualmente devem contribuir materialmente para os seus mestres (1 Co 9:1-14). Por
outro lado, rejeitar uma contribuição de um incrédulo pode ofendê-lo, e assim criar um obstáculo,
impedindo-o de se tornar crente. Moisés não rejeitou as dádivas dos egípcios (Êx 12:25-36). Nem
Salomão rejeitou os presentes e a ajuda do rei gentio Hirão (2 Cr 2:13-16), nem da rainha de Sabá
(1 Rs 10:10). Dessa forma, mesmo que não se deva buscar o dinheiro de incrédulos, não se deve
também recusá-lo, a menos que venha sob condições comprometedoras. Sob condição alguma deve
ser comprado algo espiritual, ou qualquer favor, por quem quer que seja.
Além disso, deve-se observar que essa passagem de 3 João não está formulando uma
doutrina, mas está simplesmente descrevendo algo que aconteceu. Ela não diz: "Nunca receba
dinheiro dos não-crentes". Ela observa apenas que aqueles cristãos em sua jornada não aceitaram
ajuda dos pagãos. É certo que eles queriam impedir toda aparência de estar vendendo a verdade (cf.
2 Co 11:7; 1 Ts 2:9). Mas, como devia ser, eles dependeram de outros crentes que os encaminharam
"em sua jornada por modo digno de Deus" (v. 6). Não devemos esperar que os não-crentes
contribuam para a causa da fé.
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