ÊXODO
ÊXODO
1:15 - Como é que apenas duas parteiras puderam atender a tantas
mulheres
hebréias?
PROBLEMA:
De acordo com Êxodo
12:37 e Números 1-4, o número dos filhos de Israel quando
eles
saíram do Egito era de cerca de 2 milhões de pessoas. Isso
significa que deveriam ser centenas
de
milhares de mulheres. Entretanto, Êxodo 1:15 afirma que Faraó falou
com apenas duas parteiras
hebréias,
que eram Sifrá e Puá. Como é que apenas duas parteiras poderiam
dar conta de um
número
tão grande de mulheres?
SOLUÇÃO:
Faraó falou apenas
com elas duas porque elas eram as líderes das parteiras das
mulheres
hebréias. A história registra que a sociedade egípcia era
altamente organizada. Havia
indivíduos
que atuavam como supervisores em praticamente todas as profissões e
ofícios. Uma boa
parte
do comércio era regulamentado pelo governo, e os artesãos tinham de
se sujeitar ao oficial do
governo
de seu distrito. Foi dentro desse tipo de estrutura que os israelitas
tiveram de indicar
aquelas
duas mulheres para atuarem como superintendentes de um grande número
de parteiras
hebréias
(cf. Êx 18:24-25). Esse tipo de estrutura organizacional permitiu
facilitar a interação com
os
oficiais egípcios. Quando Faraó ou um oficial egípcio precisava
comunicar alguma nova
disposição
a um grupo profissional, isso era feito através de seus
superintendentes.
ÊXODO
1:15-21 - Como Deus poderia abençoar as parteiras hebréias, se elas
desobedeciam a
autoridade
governamental (Faraó), estabelecida por Deus, e a ela mentiam?
PROBLEMA:
A Bíblia declara
que "não há autoridade que não proceda de Deus; e as
autoridades
que
existem foram por ele instituídas" (Rm 1.3:1). A Escritura diz
também: "Os lábios mentirosos
são
abomináveis ao Senhor" (Pv 12:22). Mas o Faraó (rei) do Egito
tinha dado uma ordem direta às
parteiras
hebréias para matarem os meninos hebreus recém-nascidos. "As
parteiros, porém,
temeram
a Deus, e não fizeram como lhes ordenara o rei do Egito, antes
deixaram viver os
meninos"
(Êx 1:17).
As
parteiras não apenas desobedeceram a Faraó como também, quando ele
as questionou a
respeito
de suas ações, mentiram, dizendo: "É que as mulheres hebréias
não são como as egípcias;
são
vigorosas, e antes que lhes chegue a parteira já deram à luz os
seus filhos" (Êx 1:19). Apesar
disso,
Êxodo 1:20 afirma que Deus "fez bem às parteiras... ele lhes
constituiu família"(Êx 1:20-21).
Como
então Deus pôde abençoar as parteiras por desobediência e
mentira?
SOLUÇÃO:
Não há dúvida de
que as parteiras desobedeceram a Faraó, por não matarem os
meninos
hebreus recém-nascidos e por mentirem a Faraó com a história de
que sempre chegavam
tarde
demais para cumprirem as suas ordens. Não obstante, há uma
justificativa moral para o que
elas
fizeram. Primeiro, o dilema moral em que as parteiras se achavam era
inevitável. Ou elas
obedeceriam
à lei maior de Deus, ou obedeceriam à obrigação secundária de se
sujeitarem a Faraó.
Em
lugar de cometerem um deliberado infanticídio das crianças de seu
próprio povo, as parteiras
decidiram
desobedecer às ordens de Faraó.
Deus
nos ordena que obedeçamos à autoridade governamental, mas ele nos
ordena também
que
não assassinemos ninguém (Êx 20:13). A salvação de vidas
inocentes é uma obrigação maior do
que
a obediência ao governo. Quando o governo nos ordena matar vítimas
inocentes, não devemos
obedecer.
Deus não considerou as parteiras responsáveis, nem assim ele nos
tratará sempre que a
questão
for não obedecer a uma obrigação menor para atender a uma lei
maior (cf. At 4; Ap 13). No
caso
das parteiras, a lei maior referia-se à preservação da vida dos
recém-nascidos.
Segundo,
o texto claramente afirma que Deus as abençoou "porque as
parteiras temeram a
Deus"
(Êx 1:21). E foi o temor que elas tiveram por Deus que as levou a
fazer o que quer que fosse
necessário
para salvar vidas inocentes. Assim, a falsa desculpa delas a Faraó
foi uma parte essencial
do
esforço que despenderam para salvar vidas.
Terceiro,
a mentira delas é comparável com sua desobediência a Faraó, para
salvar a vida de
recém-nascidos
inocentes. Este era um caso em que as parteiras tiveram de optar
entre mentir ou
serem
compelidas a matar bebês inocentes. Aqui também elas decidiram
obedecer à lei moral maior.
A
obediência aos pais faz parte da lei moral (cf. Ef 6:1). Mas se um
pai ou uma mãe dá ordens ao
filho
para assassinar uma pessoa ou para adorar um ídolo, ele tem de
recusar-se a obedecer. Jesus
enfatizou
a necessidade de obedecer à lei moral superior quando disse: "Quem
ama seu pai ou sua
mãe
mais do que a mim não é digno de mim" (Mt 10:37).
ÊXODO
3:22 - Como um Deus todo-amoroso pôde ordenar que os hebreus
despojassem os
egípcios
de suas riquezas?
PROBLEMA:
Êxodo 3:22 afirma:
"e despojareis os egípcios". A Bíblia nos apresenta Deus
como
sendo
todo-amoroso. Entretanto, não parece ser um ato de amor esse o de
mandar os hebreus
despojarem
os egípcios.
SOLUÇÃO:
Primeiro, afirmar
que Deus ordenou que eles despojassem os egípcios é não perceber
bem
o que o texto diz. Na verdade, Deus ordenou que os hebreus "pedissem"
aos egípcios diversos
bens
de valor, e ele lhes daria favor aos olhos dos egípcios. Assim,
pedindo aos egípcios, eles não os
estavam
despojando. Despojar ou saquear, nessa situação, significaria tomar
as possessões deles por
meio
da força. Mas por terem os hebreus pedido, e os egípcios dado
voluntariamente, sem serem
forçados,
o efeito seria o mesmo que
se estes tivessem
sido despojados.
Segundo,
o termo usado nesta passagem não é a palavra usual para "despojar",
mas indica a
entrega
de alguma coisa ou de alguém. Esse termo foi usado aqui em sentido
figurado. Foi Deus
que
venceu os egípcios, e agora o seu povo é que despojaria o inimigo
derrotado. Entretanto, esse
inimigo
derrotado se dispôs a entregar o despojo da vitória ao povo hebreu,
que se libertava.
Terceiro,
mesmo que fosse tomado de forma literal, os presentes dados aos
israelitas não
poderiam
ser considerados como algo injusto, se for levado em conta que o povo
de Israel
permanecera
como escravo por vários séculos. Foi uma pequena compensação pelo
tempo de
trabalho
escravo no Egito.
ÊXODO
4:21 - Se foi Deus que endureceu o coração de Faraó, por que este
foi então
considerado
responsável?
PROBLEMA:
A Bíblia cita Deus
dizendo: "eu lhe endurecerei o coração [o coração de Faraó],
para
que não deixe ir o povo". Se Deus endureceu o coração de
Faraó, então este não pode ser
responsabilizado
por seus atos, já que não os praticou segundo a sua própria
vontade, mas por ter
sido
forçado a isso (cf. 2 Co 9:7; 1 Pe 5:2).
SOLUÇÃO:
Deus não endureceu
o coração de Faraó contrariamente ao que o próprio Faraó por
sua
livre vontade determinou. A Escritura deixa claro que Faraó
endureceu o seu coração. Ela
declara
que "o coração de Faraó se endureceu" (Êx 7:13), que
Faraó "continuou de coração
endurecido"
(Êx 8:15) e que "o coração de Faraó se endureceu"(Êx
8:19). Novamente, quando Deus
enviou
a praga das moscas, "ainda esta vez endureceu Faraó o coração"
(Êx 8:32). Esta frase, ou
uma
equivalente, é repetida vez após vez (cf. Êx 9:7,
34-35). De fato,
exceto quando Deus o que
aconteceria
(Êx 4:21), Faraó foi quem endureceu o seu próprio coração em
primeiro lugar (Êx 7:13;
8:15
; 8:32 etc), e só mais tarde Deus o endureceu (cf. Êx 9:12; 10:1,
20, 27).
Além
disso, o sentido em que Deus endureceu o coração de Faraó é
semelhante ao modo
pelo
qual o sol endurece o barro ou derrete a cera. Se Faraó tivesse sido
receptivo às advertências de
Deus,
o seu coração não teria sido endurecido por Deus. Mas quando Deus
dava alívio de cada
praga,
Faraó tomava vantagem da situação. "Vendo, porém, Faraó que
havia alívio, continuou de
coração
endurecido, e não os [a Moisés e Arão] ouviu, como o Senhor tinha
dito" (Êx 8:15).
A
questão pode ser resumida como se segue: Deus endurece o coração?
DEUS
NÃO ENDURECE O CORAÇÃO DEUS
ENDURECE O CORAÇÃO
Inicialmente
Subseqüentemente
Diretamente
Indiretamente
Contra
o livre arbítrio da pessoa Por meio do próprio livre arbítrio
Como
sua causa Como seu efeito
(Veja
também a abordagem feita em Romanos 9:17.)
ÊXODO
4:24 - Com quem Deus se encontrou na estalagem, e por que quis matar
essa pessoa?
PROBLEMA:
Êxodo 4:24 afirma:
"Estando Moisés no caminho, numa estalagem, encontrou-o o
Senhor,
e o quis matar". Este versículo deixa claro que Moisés é quem
estava ali, naquela
estalagem.
Mas por que Deus quis matá-lo, já que ele o havia chamado para
liderar a saída do povo
do
Egito?
SOLUÇÃO:
Primeiro, é claro
que Moisés tinha sido escolhido pelo Senhor a fim de ser o
instrumento
para libertar o povo de Israel da escravidão egípcia e do poder de
Faraó. Mas, por fazer
parte
do povo da aliança de Deus, Moisés era obrigado a circuncidar seus
filhos no oitavo dia. Por
uma
razão ou outra, Moisés não tinha realizado o rito da circuncisão
no seu filho, que também fazia
parte
do povo da aliança do Senhor. Não era possível Deus permitir que o
libertador por ele
escolhido
a fim de representá-lo para o povo de Israel não cumprisse os
termos da aliança.
Aparentemente,
Deus tomou essa drástica medida para fazer com que Moisés lhe
obedecesse,
sabendo
que Moisés por si não se dispunha a ir contra os desejos de sua
mulher Zípora. Ela fez
então
a circuncisão, talvez porque Moisés estivesse impossibilitado,
devido a uma enfermidade que
o
Senhor tinha trazido sobre ele. Assim que a
circuncisão foi
feita, o Senhor não mais procurou
matar
Moisés.
Segundo,
é óbvio que o Senhor poderia ter matado Moisés de repente, se esse
fosse o seu
intento
nesse caso. Deus certamente possuía o poder para fazer isso de
imediato. O que aconteceu
indica
claramente que o propósito de Deus era fazer com que Moisés
cumprisse os seus deveres.
Deus
obviamente não queria matá-lo. O que pretendia era que Moisés
obedecesse a sua lei e tivesse
total
compromisso com ela, já que ele era aquele que estava para se tornar
o grande instrumento de
Deus,
por meio de quem o Senhor iria dar a sua lei.
ÊXODO
5:2 - Quem foi o Faraó de Êxodo?
PROBLEMA:
A posição
predominante dos eruditos nos dias de hoje é que o Faraó de Êxodo
era
Ramsés
II. Se assim for, isso significa que o êxodo ocorreu aproximadamente
entre 1270 e 1260
a.C.
Entretanto, de várias referências da Bíblia (Jz 11:26; 1 Rs 6:1;
At 13:19-20), a data do êxodo é
inferida
como sendo 1447 a.C. Assim, de acordo com o sistema de datas
normalmente aceito, o
Faraó
de Êxodo seria Amenotep II. Quem foi de fato o Faraó mencionado no
livro de Êxodo, e
quando
foi que o êxodo ocorreu?
SOLUÇÃO:
Conquanto muitos
eruditos da atualidade tenham proposto uma data posterior para o
evento
do êxodo, de 1270 a 1260 a.C, há evidências suficientes para se
dizer que não é necessário
aceitar
essa data, Uma explicação alternativa nos fornece um melhor relato
de todos os dados
históricos,
e coloca o êxodo por volta de 1447 a.C.
Primeiro,
as datas bíblicas para o êxodo o colocam nos anos em torno de 1400
a.C, já que 1 Reis 6:1
declara
que ele ocorreu 480 anos antes do quarto ano do reinado de Salomão
(o que foi por volta de
967
a.C). Isso colocaria o êxodo por volta de 1447 a.C, de acordo com
Juízes 11:26, que afirma que
Israel
passou 300 anos na terra, até o tempo de Jefté (o que foi cerca de
1000 a.C).
De
igual modo, Atos 13:20 diz ter havido 450 anos de juízes, de Moisés
a Samuel, sendo que este
último
viveu por volta de 1000 a.C. O mesmo ocorre com respeito aos 430 anos
mencionados em
Gálatas
3:17 (veja os comentários deste versículo), abrangendo o período
de 1800 a 1450 a.C. (de
Jacó
a Moisés). O mesmo número é usado em Êxodo 12:40. Todas essas
passagens indicam uma
data
em torno de 1400 a.C, não em torno de 1200 a.C, como os críticos
afirmam.
Segundo,
John Bimson e David Livingston propuseram uma revisão da data
tradicionalmente
atribuída ao fim da Idade do Bronze Média e início da Idade do
Bronze Avançada,
de
1550 para um pouco antes de 1400 a.C. A Idade do Bronze Média
caracterizava-se por cidades
grandemente
fortificadas, cuja descrição se enquadra muito bem com o relato que
os espias
trouxeram
a Moisés (Dt 1:28). Isso significa que a conquista de Canaã se deu
por volta de 1400 a.C.
Como
as Escrituras afirmam que Israel vagueou pelo deserto por cerca de 40
anos, isso dataria o
êxodo
por volta de 1440 a.C, totalmente de acordo com a cronologia bíblica.
Se aceitarmos os
registros
tradicionais dos reinos dos Faraós, isso significaria que o Faraó
do livro de Êxodo foi
Amenotep
II, que reinou de cerca de 1450 a 1425 a.C.
Terceiro,
outra possível solução, conhecida como a revisão de
Velikovsky-Courville, propõe
uma
revisão na cronologia tradicional dos reinados dos Faraós.
Velikovsky e Courville afirmam que
há
600 anos a mais na cronologia dos reis do Egito. Evidências
arqueológicas podem ser juntadas
para
substanciar esta proposta que de novo data o êxodo em 1440 a.C. De
acordo com este ponto de
vista,
o Faraó nesse tempo era o rei Tom. Isto se harmoniza com a afirmação
de Êxodo 1:11, de que
os
israelitas foram escravizados para construírem a cidade chamada
Pitom (residência de Tom).
Quando
a cronologia bíblica é tomada como padrão, todas as evidências
arqueológicas e históricas
se
encaixam direitinho. (Veja Geisler e Brooks, When
Skeptics Ask [Quando
os Cépticos
Questionam],
Victor Books, 1990, cap. 9.)
ÊXODO
6:3 - Deus já era conhecido pelo nome "Senhor" (Jeová ou
Yahveh), mesmo antes do
tempo
de Moisés?
PROBLEMA:
Disse Deus a Moisés:
"Apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-
Poderoso;
mas pelo meu nome, O Senhor, não lhes fui conhecido" (Êx 6:3).
Entretanto, a palavra
"Senhor"
[Jeová, Yahveh] aparece em Gênesis diversas vezes, tanto em
combinação com o termo
"Deus":
como "Senhor Deus" (Gn 2:4, 5, 7, 8, 9,15 etc.) e,
isoladamente, como "Senhor" (Gn 4:1,
3,4,
6,9 etc).
SOLUÇÃO:
Esta dificuldade
pode ser explicada de várias maneiras. Alguns crêem que esta
palavra
-
"Senhor" - foi introduzida em Gênesis na forma de uma
antecipação. Outros sustentam que o
pleno
significado do nome
não era conhecido previamente, muito embora já estivesse em uso.
Ou,
talvez,
algum traço da personalidade do Deus que é fiel à sua aliança,
indicado pelo nome "Senhor"
[Jeová,
Yahveh], ainda não tivesse sido revelado, até o tempo de Moisés.
Outros ainda pensam que
Moisés
(ou um editor posterior) colocou este nome no texto de Gênesis
retrospectivamente, depois
de
ele ter sido escrito. Seria como um biógrafo daquele famoso
pugilista referindo-se à infância de
Muhammad
Ali, embora o seu nome na realidade fosse Cassius Clay naquela época.
Corroborando
com
isso, há o fato de que o sufixo "-ah"(que aparece em
"Jeovah"), que se apõe a nomes,
geralmente
não aparece em nomes anteriores ao tempo de Moisés.
ÊXODO
6:9 - Os filhos de Israel ouviram Moisés ou desprezaram suas
palavras?
PROBLEMA:
O texto afirma que
"eles não atenderam a Moisés". Contudo, anteriormente (em
Êx
4:31)
é dito que "o povo creu" [em Moisés], e até mesmo
"inclinaram-se" e "adoraram" a Deus.
SOLUÇÃO:
No início, eles
aparentemente receberam Moisés de boa vontade, mas como não
foram
libertados de mediato, desanimaram, impacientaram-se e não queriam
mais ouvi-lo.
ÊXODO
6:10-13 - Moisés foi chamado por Deus no Egito ou em Midiã?
PROBLEMA:
Em Êxodo 3:10, Deus
revelou-se a Moisés e o comissionou a liderar a saída de
Israel
do Egito (cf. 4:19). Entretanto, Êxodo 6:10-11 declara que Moisés
estava no deserto de Midiã
quando
Deus lhe disse para ir até o Faraó e pedir a libertação de
Israel.
SOLUÇÃO:
Moisés recebeu a
sua comissão em Êxodo 3-4, mas por causa da rejeição de Faraó
(no
capítulo
5), acrescida ao fato da relutância inicial de Moisés diante de
Deus (cf. 4:1,10), foi
necessário
que Deus o encorajasse e reconfirmasse o seu chamado, em Êxodo 6.
ÊXODO
6:16-20 - Como se explica que o povo de Israel tenha permanecido no
Egito por 430
anos,
se houve apenas três gerações entre Levi e Moisés?
PROBLEMA:
Êxodo 6:16-20
indica que houve apenas três gerações entre Levi, filho de Jacó,
e
Moisés.
Entretanto, Gaiatas 3:17 mostra que Israel permaneceu no Egito por
430 anos. Como pode
ter
havido apenas três gerações entre Levi, que desceu ao Egito no
início desse período de 430 anos,
e
Moisés, que libertou Israel do Egito no final desses 430 anos?
SOLUÇÃO:
Primeiro, era uma
prática comum no antigo Oriente registrar genealogias de acordo
com
a tribo ou clã familiar. Nessa forma de registro genealógico,
muitas gerações poderiam ser
omitidas
pelo fato talvez de algumas pessoas serem de menor importância na
árvore genealógica.
O
hebraico não possuía uma palavra que correspondesse ao nosso termo
"avô" ou "bisavô",
ou
"neto" ou "bisneto". Conseqüentemente, quando
Abraão é referido como "nosso pai", o único
termo
hebraico capaz de indicar ser ele ancestral é o termo "pai".
O mesmo se dá com a palavra
"filho".
Por exemplo, Êxodo 6:16 afirma: "São estes os nomes dos filhos
de Levi... Gérson, Coate e
Merari".
Por tradição, estes são considerados realmente filhos de Levi.
Entretanto, quando Êxodo
6:18
declara: "Os filhos de Coate: Anrão, Jizar, Hebrom e Uziel",
Coate é dado como o cabeça
daquele
ramo da tribo de Levi conhecido como "os coatitas". Anrão,
Jizar, Hebrom e Uziel
provavelmente
não eram filhos diretos de Coate, mas descendentes deste. A língua
hebraica
empregou
o termo "filho" com o sentido de "descendente".
Segundo,
de acordo com Números 3:28, o censo da família dos coatitas
registrou 8.600
pessoas,
de um mês de idade para cima. Se tivesse havido apenas três
gerações entre Levi e Moisés,
isto
significaria que "os filhos de Coate", Anrão, Jizar,
Hebrom e Uziel teriam de ter tido mais de
2.000
filhos cada um. Obviamente, ou o Anrão mencionado no versículo 18
como filho de Coate
não
era o pai imediato de Moisés - assim como também não era o mesmo
Anrão mencionado no
versículo
20 -, ou então houve de fato muitos outros descendentes de Coate que
simplesmente não
estão
relacionados nestes versículos, porque tal informação não é
essencial dentro do contexto. De
qualquer
modo, é claro que houve mais do que três gerações entre Levi e
Moisés.
ÊXODO
6:26-27 - É verdade que alguém mais, além de Moisés, escreveu
estes versículos?
PROBLEMA:
As referências a
Moisés e Arão nos versículos 26 e 27 estão escritas na terceira
pessoa:
"São estes Arão e Moisés" e "São estes os que
falaram..." Se Moisés foi o autor desta
passagem,
por que ele não falou de si mesmo usando a primeira pessoa?
SOLUÇÃO:
Esta passagem, que
começa no versículo 14 do capítulo 6, é um relato objetivo e
histórico
das genealogias dos ancestrais de Moisés e Arão. Nesse tipo de
redação, o costume é o
autor,
quando faz referência a si mesmo, usar a terceira pessoa. Muitos
escritos antigos seguem essa
maneira
de relatar fatos históricos, tais como Gallic
Wars (Guerras
Gaulesas) e Civil
Wars (Guerras
Civis),
de Júlio César. Com efeito, ficaria algo estranho se, no meio deste
registro histórico, Moisés
tivesse
escrito: "Foi a Arão e a mim que o Senhor disse..."; ou:
"Arão e eu fomos falar com Faraó..."
Para
as futuras gerações dos leitores hebreus, Moisés queria que o seu
registro genealógico ficasse
bem
claro, de forma que ninguém se equivocasse quanto à identidade e
origem daquele que Deus
escolhera
para libertar Israel da escravidão do Egito.
ÊXODO
7:11 - Como é que os sábios e encantadores de Faraó puderam
realizar os mesmos
atos
de poder que Deus ordenara a Moisés para fazer?
PROBLEMA:
Várias passagens em
Êxodo (7:11,22; 8:7) declaram que os sábios, encantadores e
magos
de Faraó, com os seus encantamentos, reproduziram os mesmos feitos
que Deus ordenara a
Moisés
e Arão para realizar. Entretanto, Moisés e Arão afirmaram que
tinham sido
enviados
pelo Senhor Deus. Como puderam então aqueles homens realizar os
mesmos atos de poder
que
Moisés e Arão fizeram pelo poder de Deus?
SOLUÇÃO:
A Bíblia indica que
uma das táticas de Satanás no seu esforço de enganar a
humanidade
é empregar falsos milagres (veja Ap 16:14). Êxodo 7:11 afirma:
"Faraó, porém,
mandou
vir os sábios e encantadores; e eles, os sábios do Egito, fizeram
também o mesmo com as
suas
ciências ocultas". Cada um dos versículos semelhantes afirma
isso com palavras equivalentes.
A
passagem declara que os feitos dos magos de Faraó eram realizados
"com as suas ciências
ocultas",
com seus encantamentos.
Alguns
comentaristas dizem que o que os magos fizeram eram apenas fraudes.
Talvez os
magos
tivessem encantado cobras, tornando-as enrijecidas, deixando-as com a
aparência de varas.
Quando
lançadas ao chão, elas teriam saído do seu transe, movendo-se como
serpentes. Alguns
dizem
que aqueles foram atos de Satanás, que realmente fez com que as
varas dos magos se
tornassem
cobras. Isso, entretanto, não é plausível, em vista do fato de que
apenas Deus pode criar
vida,
como até mesmo os magos posteriormente reconheceram (Êx 8:18-19).
Qualquer
que seja a explicação que se possa dar àqueles feitos, um ponto em
comum
prevalece
em cada relato e é encontrado no próprio texto. Está claro que,
seja por que poder aqueles
atos
foram realizados, não foi pelo poder de Deus. Eles foram realizados
por meio de "suas ciências
ocultas".
O propósito de tais atos era convencer Faraó de que os seus magos
possuíam tanto poder
quanto
Moisés e Arão, e que não era necessário que Faraó se rendesse ao
seu pedido para deixar ir o
povo
de Israel. Isso funcionou pelo menos nos três primeiros encontros (a
vara de Arão, a praga do
sangue
e a praga das rãs). Entretanto, quando Moisés e Arão, pelo poder
de Deus, fizeram aparecer
piolhos
do pó da terra, os magos não conseguiram realizar esse milagre.
Puderam apenas dizer:
"Isto
é o dedo de Deus" (Êx 8:19).
Há
vários pontos pelos quais se pode discernir a diferença entre um
sinal satânico e um
milagre
de Deus:
MILAGRE
DE DEUS SINAL SATÂNICO
Sobrenatural
Fora do normal
Ligado
à verdade Ligado ao erro
Associado
com o bem Associado com o mal
Nunca
relacionado com o ocultismo Normalmente associado com o ocultismo
Sempre
bem-sucedido Às vezes falha
Estas
diferenças podem ser vistas nas passagens de Êxodo mencionadas .
Embora os magos
aparentemente
puderam transformar suas varas em serpentes, suas varas foram
devoradas pela de
Arão,
indicando superioridade por parte deste. Embora os magos tenham
podido transformar água
em
sangue, eles não conseguiram reverter o processo. Embora eles tenham
podido fazer aparecer
rãs,
não puderam livrar-se delas. Os seus atos foram atos fora do normal,
mas não sobrenaturais.
Conquanto
os magos não tenham podido copiar alguns dos milagres de Moisés e
Arão, seu
propósito
estava ligado ao engano. Basicamente eles copiaram os milagres feitos
pelos homens
escolhidos
por Deus com o objetivo de convencer Faraó de que o Deus dos hebreus
não era mais
poderoso
do que os deuses do Egito. Embora os magos de Faraó tenham sido
capazes de copiar os
três
primeiros milagres realizados por Deus, através de Moisés e Arão,
chegou um momento em que
os
seus encantamentos não mais foram capazes de imitar o poder de Deus.
ÊXODO
7:19 - Como Israel pôde escapar desse juízo, se ele veio para toda
a terra do Egito?
PROBLEMA:
Diversas vezes, no
relato das pragas, a Escritura afirma que o juízo cairia sobre
"toda
a terra do Egito" (7:19; 8:16, 24; 9:22). Entretanto, outras
passagens declaram que Deus
protegeu
Israel dos efeitos das diferentes pragas (8:22). Não é uma
contradição algumas passagens
dizerem
que as pragas afetariam toda a terra do Egito, e outras indicarem que
Israel não foi atingida
por
essas pragas?
SOLUÇÃO:
No hebraico, a
palavra normalmente traduzida por "todo" ou "toda"
não tem um
sentido
necessariamente absoluto. O contexto é que determina se o termo deve
ser entendido como
absoluto
ou não. Deus disse a Moisés que este se certificasse de que Faraó
sabia que Israel não
estava
sendo atingido pelas pragas que estavam sendo trazidas sobre o Egito.
"Dize-lhe: ...Naquele
dia,
separarei a terra de Gósen, em que habita o meu povo, para que nela
não haja enxames de
moscas,
e saibas que eu sou o Senhor no meio desta terra" (Êx 8:20,22).
O
versículo 24 diz: "E vieram grandes enxames de moscas à casa
de Faraó, e às casas dos
seus
oficiais, e sobre toda
a terra do Egito". Entretanto,
de acordo com a mensagem de Deus dada a
Faraó,
isso não afetou a terra de Gósen nem os israelitas. Encontramos
isso de novo noutra
passagem
(9:6), que afirma: "E o Senhor o fez no dia seguinte, e todo o
rebanho dos egípcios
morreu;
porém, do rebanho dos israelitas não morreu nem um".
No
contexto dos juízos de Deus sobre o Egito, há uma clara distinção
entre o povo de Faraó
e
o povo de Deus. Não há contradição entre essas referências, pois
os juízos de Deus foram sobre
toda
a terra dos egípcios, sobre todo o povo de Faraó, mas Deus separou
e protegeu o seu povo
desses
terríveis eventos.
ÊXODO
7:20 - Se Moisés transformou toda água em sangue, onde os magos
conseguiram
água
para realizar esse mesmo prodígio?
PROBLEMA:
Êxodo 7:20 afirma
que "toda a água do rio se tornou em sangue" por meio de
Moisés.
Mas logo em seguida, no versículo 22, o texto diz que os magos do
Egito realizaram o
mesmo
feito, o que seria impossível se de fato Moisés tivesse
transformado toda
água em sangue.
SOLUÇÃO:
Primeiro, deve-se
observar que o termo "toda" não precisa ser entendido com
um
sentido
absoluto, mas tendo o sentido popular de "a maior parte".
Além disso, não é dito que Moisés
tenha
transformado toda água em sangue, mas somente toda "a água do
rio" (Êx 7:20). Ainda havia
poços
de água que não tinham sido atingidos. Também, parte da água pode
ter sido filtrada pela
areia
nas margens do rio. Isto pode explicar por que é dito que os
egípcios "cavaram junto ao rio
para
encontrar água que beber" (v. 24), tendo a areia servido como
um filtro natural da água do rio.
ÊXODO
9:19-21 - Se todo o gado morrera, como então houve sobreviventes?
PROBLEMA:
Êxodo 9:6 afirma
que "todo o rebanho dos egípcios morreu" na quinta praga.
Contudo,
em alguns versículos depois é dada uma instrução para que eles
recolhessem o seu gado e
tudo
o que tinham no campo (v. 19). Mas se todo o rebanho morrera, como é
que houve
sobreviventes?
SOLUÇÃO:
Em primeiro lugar, o
termo "todo" com freqüência é usado com o sentido de "a
maior
parte".
Ademais, a praga aparentemente foi limitada ao gado "no campo"
(v. 3). Os animais nos
currais
não teriam sido atingidos. Finalmente, a palavra "gado"
geralmente não se refere a cavalos,
jumentos
e camelos, que devem ter sido parte do "rebanho" que foi
poupado.
Em
vista desses fatores, não há contradição entre as passagens. Nem
mesmo se pode presumir,
tendo-se
uma postura racional, que o mesmo autor, dentro do mesmo capítulo,
tendo dado uma
descrição
tão impressionante do que aconteceu, fosse contradizer-se.
ÊXODO
11:3 - Como pôde Moisés ter escrito tais palavras de auto-elogio?
(Veja
os comentários de Números 12:3.)
ÊXODO
12:29 - Se Deus é amor, como pôde ele matar os primogênitos de
todos os egípcios?
PROBLEMA:
Êxodo 12:29-30
descreve aquela terrível noite quando Deus feriu, na terra do Egito,
"desde
o primogênito de Faraó, que se assentava no seu trono, até o
primogênito do cativo que
estava
na enxovia; e todos os primogênitos dos animais". Esse juízo
miraculoso foi levado ao Egito
porque
Faraó se recusara a deixar o povo ir. Entretanto, o povo do Egito
não tinha controle sobre os
atos
de Faraó. Como um Deus de amor poderia então ferir os primogênitos
dos egípcios, que não
eram
responsáveis pelas decisões de Faraó?
SOLUÇÃO:
Primeiro, não é
certo presumir que, pelo fato de o povo egípcio não ter tido
controle
sobre
as decisões de Faraó, eles eram completamente inocentes. Cada
pessoa egípcia teve, de certo,
a
oportunidade de, por toda a dura prova dada por Deus sobre o Egito,
fugir para Moisés e os
hebreus
atrás de proteção daqueles juízos. De fato, Êxodo 12:38 afirma
que "subiu também com
eles
[os filhos de Israel] um misto de gente".
Sem
dúvida, muitos egípcios juntaram-se aos hebreus em decorrência dos
juízos de Deus. O
fato
de que a maioria não quis se voltar ao Deus vivo, mesmo depois
daquelas nove pragas
anteriores,
indica que eles não eram apenas observadores inocentes.
Segundo,
simplesmente porque o povo egípcio não
mudou o pensamento
de Faraó, não quer
dizer
que esse povo não
poderia tê-lo feito. Embora
o poder do povo seja severamente limitado
num
regime ditatorial, como o do Egito, pode-se admitir que o povo
poderia ter se revoltado, ou
para
forçar Faraó a mudar de idéia, ou para destituí-lo. De fato,
Êxodo 12:33 afirma: "Os egípcios
apertavam
com o povo, apressando-se em lançá-los fora da terra".
Até
esse ponto, o povo egípcio aparentemente não fez esforço algum
para apressar a saída
dos
hebreus daquela terra. Os egípcios obviamente estavam contentes em
deixar essas questões nas
mãos
do seu rei. Por agirem assim, eles não eram inocentes das decisões
que foram tomadas pelo
seu
rei. O juízo de Deus não se dirigiu somente a Faraó ou aos chefes
de estado da terra, mas ao
Egito
como um todo, já que eles eram igualmente responsáveis pela
opressão e escravidão imposta
ao
povo de Deus.
ÊXODO
14:21-29 - Como foi que dois milhões de pessoas puderam atravessar o
Mar
Vermelho
num tempo tão curto?
PROBLEMA:
De acordo com o
relato da travessia do Mar Vermelho, toda aquela multidão de
israelitas
fugitivos deve ter tido não mais do que 24 horas para atravessar a
parte do Mar Vermelho
que
Deus preparou para que por ela passassem. Entretanto, de acordo com
os números disponíveis,
havia
cerca de dois milhões de pessoas (veja Nm 1:45-46). Mas, para uma
multidão desse tamanho,
24
horas não seriam suficientes para a travessia.
SOLUÇÃO:
Primeiro, embora a
passagem possa dar a idéia de que o tempo necessário para que a
nação
de Israel fizesse aquela travessia fosse curto, esta não é uma
conclusão obrigatória. O texto
afirma
que Deus fez com que um forte vento oriental soprasse e recuasse as
água "toda aquela
noite"
(Êx 14:21).
O
versículo 22 parece indicar que logo na manhã seguinte a multidão
de israelitas começou
a
caminhada pelo leito feito dentro do mar. O versículo 24 afirma
também: "Na vigília da manhã, o
Senhor...
viu o acampamento dos egípcios". Finalmente, de acordo com o
versículo 26, Deus disse a
Moisés:
"Estende a mão sobre o mar, para que as águas se voltem sobre
os egípcios". Entretanto,
não
há referência alguma sobre o tempo em que este comando foi dado, e
não é obrigatória a
conclusão
de que Israel tenha completado a ultrapassagem naquela mesma manhã.
Segundo,
mesmo que admitamos que a travessia tenha levado 24 horas, isso não
é assim tão
impossível
como pode parecer. A passagem não diz que o povo cruzou o mar numa
fila indiana, ou
que
tenham tido de passar por uma faixa de terra seca da largura de uma
rodovia dos nossos dias.
De
fato, é muito mais provável que Deus tenha aberto uma secção de
alguns quilômetros de largura
no
mar. Isso certamente estaria de acordo com a situação, já que é
muito provável que o
acampamento
dos israelitas nas margens do Mar Vermelho se estendesse por uns
cinco quilômetros.
Quando
chegou a hora de o povo marchar sobre solo seco, provavelmente eles
se moveram como
uma
grande multidão, avançando como um exército que estivesse
invadindo as linhas do inimigo.
Em
Êxodo 13:18, o mar é chamado de Mar Vermelho. Em hebraico é yam
suph, que pode
ser
traduzido por "Mar dos juncos". Esta era possivelmente uma
referência a uma parte do mar bem
mais
ao norte do que hoje se chama Golfo de Suez. Parece ser este o caso,
por várias razões.
Primeiro,
o Golfo de Suez não era conhecido por ter juncos. Segundo, ele é
muito mais ao sul do
que
Pi-Hairote e Migdol, onde Israel acampou junto ao mar, de acordo com
o versículo 2. Terceiro,
para
que Israel atingisse a extremidade mais ao norte do Golfo de Suez,
eles teriam de ter
atravessado
uma grande extensão de deserto, e tal tipo de jornada não é
indicado no texto.
O
Mar de juncos não era simplesmente uma extensão de terra pantanosa
e rasa. Isto é
evidente
por pelo menos duas razões. Primeiro, o versículo 22 afirma que
quando o mar foi
repartido,
"as águas lhes foram qual muro à sua direita e à sua
esquerda". Isso obviamente não
aconteceria
se o mar fosse apenas um pântano. Segundo, depois que os egípcios
entraram pelo mar
em
perseguição a Israel, Deus instruiu Moisés a estender a mão sobre
o mar, e as águas voltaram ao
seu
nível normal e "cobriram os carros e os cavalarianos de todo o
exército de Faraó, que os haviam
seguido
no mar" (14:28). Esta não teria sido uma descrição correta se
o "Mar de juncos" fosse
simplesmente
uma extensão de terra pantanosa e rasa.
É
possível que o mar tenha sido o que se conhecia como o Lago Ballah.
Este lago, embora
tenha
desaparecido em decorrência da construção do Canal de Suez,
provavelmente não tinha mais
do
que 20 ou 25 quilômetros de largura. É claro que não haveria
problema algum para que toda
aquela
multidão pudesse atravessar esta distância em um dia.
Mesmo
que suponhamos que Israel tenha atravessado pela parte mais larga do
Golfo de
Suez,
isto também não é um problema. Se admitirmos que a extensão atual
do golfo é comparável
com
a sua extensão naquele tempo, é provável que ele tivesse, em
média, não mais do que 65
quilômetros.
Teria sido necessário caminhar a uma velocidade inferior a 3
quilômetros por hora para
cruzar
aquela extensão de 65 quilômetros em 24 horas.
ÊXODO
20:4 - Por que Deus deu o mandamento de não fazer imagens de
escultura, se ele
mesmo
ordenou que fossem feitos dois querubins para a Arca da Aliança?
(Veja
os comentários de Êx 25:18.)
ÊXODO
20:5a - Deus fica com ciúmes?
PROBLEMA:
A Bíblia não
apenas diz que Deus é
um "Deus
zeloso", mas declara também que "o
nome
do Senhor é Zeloso; sim, Deus zeloso é ele" (Êx 34:14). Ora,
ser zeloso não é
ter ciúmes? E o
ciúme
não é pecado? Assim, se Deus é absolutamente santo, então como
pode ser ele ciumento?
SOLUÇÃO:
Deus é "ciumento"
no bom sentido da palavra; ou
melhor, ele é
zeloso, como o texto
de
nossa versão diz, e não "ciumento" no sentido comum da
palavra. Ele é zeloso pelo amor e
devoção
do seu povo (cf. Êx 20:5). Paulo falou de um "zelo de Deus"
(2 Co 11:2). Esses versículos
que
falam do zelo de Deus estão todos no contexto da idolatria. Como um
verdadeiro ser que ama,
Deus
zela para que ninguém roube a devoção que lhe dá aquele a quem
ele ama.
O
zelo de Deus não é por causa de algo que não lhe pertença; pelo
contrário, o seu zelo é
para
a proteção do que de fato lhe pertence, a saber, a sua total
supremacia. Não é pecado Deus
reivindicar
lealdade de suas criaturas, porque ele é
o Criador e sabe que
é melhor para elas não
fazerem
um compromisso decisivo com o que nada representa (ídolos). Somente
um compromisso
total
com aquele que tudo representa é que satisfará completamente o
coração humano. Deus é
zeloso
para proteger isso.
ÊXODO
20:5 - Deus pune uma pessoa pelos pecados de outra?
(Veja
os comentários de Ezequiel 18:20.)
ÊXODO
20:8-11 - Por que os cristãos fazem culto no domingo, já que o
mandamento separa o
dia
de sábado como o dia para o culto a Deus?
PROBLEMA:
Este mandamento
estabelece que o sétimo dia da semana, o sábado, é
o dia que o
Senhor
escolheu como o dia de descanso e de culto. Entretanto, no NT a
igreja cristã começou a
cultuar
e a descansar no primeiro dia da semana, no domingo. Os cristãos não
estão violando o
mandamento
do sábado por cultuarem a Deus no primeiro dia da semana, e não no
sétimo dia?
SOLUÇÃO:
Primeiro, a base
para o mandamento de observar o sábado, como estabelecido em
Êxodo
20:11, é que Deus descansou no sétimo dia, depois de seis dias de
trabalho, e que ele
abençoou
e santificou o sétimo dia. O dia do sábado foi instituído como um
dia de descanso e culto.
O
povo de Deus deveria seguir o exemplo do próprio Deus, no seu
trabalho e descanso. Entretanto,
como
Jesus disse, corrigindo a visão distorcida dos fariseus, "O
sábado foi estabelecido por causa
do
homem, e não o homem por causa do sábado" (Mc 2:27). O que
Jesus quis dizer é que o sábado
não
foi instituído para escravizar as pessoas, mas para beneficiá-las.
O espírito da observância do
sábado
é preservado no NT com a observância do descanso e do culto no
primeiro dia da semana.
Segundo,
deve-se lembrar que, de acordo com Colossenses 2:17, o sábado era
uma "sombra
das
coisas que haviam de vir; porém o corpo é
de Cristo". A
observância do sábado estava associada
com
a redenção citada em Deuteronômio 5:15, onde Moisés determinou:
"porque te lembrarás que
foste
servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com
mão poderosa, e braço
estendido:
pelo que o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de
sábado". O sábado era
uma
sombra da redenção que viria com Cristo; simbolizava o descanso de
nossas obras e a entrada
no
descanso que Deus propiciou com a sua obra consumada.
Finalmente,
embora os princípios morais expressos nos mandamentos sejam
reafirmados no
NT,
o mandamento de separar o sábado como o dia de descanso e de culto a
Deus é o único
mandamento
que não é repetido. Há muito boas razões para isso. Os crentes do
Novo Testamento
não
estão debaixo da Lei do AT (Rm 6:14; Gl 3:24-25). Pela ressurreição
de Jesus no primeiro dia
da
semana (Mt 28:1), por suas contínuas aparições em vários domingos
(Jo 20:26), e pela descida
do
Espírito Santo num dia de domingo (At 2:1), a igreja primitiva
passou a cultuar no domingo,
regularmente
(At 20:7; 1 Co 16:2).
O
culto no domingo foi ainda consagrado pelo Senhor quando ele apareceu
a João naquela
última
grande visão "no dia do Senhor" (Ap 1:10). É
por estas razões
que os cristãos cultuam no
domingo,
em vez de o fazerem no sábado dos judeus.
ÊXODO
20:13 - Como pôde Deus dar o mandamento de não matar, se depois, em
Êxodo
21:12,
ele ordenou que os assassinos fossem mortos?
PROBLEMA:
Nos Dez Mandamentos,
Deus proíbe matar, ao dizer: "Não matarás". Entretanto,
em
Êxodo
21:12 Ele ordenou que aquele que ferisse um outro homem, e este
morresse, deveria também
ser
morto. Isto não é
uma contradição,
Deus ordenar que não matemos, e depois ordenar que
matemos?
SOLUÇÃO:
Uma grande confusão
tem surgido por causa da incorreta tradução do sexto
mandamento,
que assim dá a entender o que de fato não foi comandado por Deus. A
palavra
hebraica
usada na proibição deste mandamento não é a palavra usual para
"matar" (harag).
A
palavra
usada é o termo específico para "assassinar" (ratsach).
Uma tradução mais
adequada deste
mandamento
seria: "Não assassinarás". Ora, Êxodo 21:12 não é um
mandamento para que se
assassine
alguém, mas é um mandamento para se aplicar a pena capital no caso
desse crime capital.
Não
há contradição alguma entre o mandamento que diz que as pessoas
não devem cometer o crime
do
assassinato e o mandamento que diz que as autoridades estabelecidas
devem executar a pena
capital
no caso desse tipo de crime.
ÊXODO
20:24 - O altar era feito de terra ou de madeira?
PROBLEMA:
Segundo Êxodo 20:24, o altar era construído de terra, mas em
Êxodo 27:1 ele
era
construído de "madeira de acácia".
SOLUÇÃO:
O altar em si era
apenas uma cavidade feita de acácia, e era coberto com bronze (Êx
27:2).
Mas, quando era usado, nele se colocava terra ou pedras para formar
um leito para as brasas.
ÊXODO
21:22-23 - Esta passagem mostra que um ser ainda não nascido tem
menos valor do
que
um ser adulto?
PROBLEMA:
De acordo com
algumas traduções da Bíblia, este texto ensina que, se dois homens
brigarem,
e a mulher de um deles tiver um aborto, o responsável "será
obrigado a indenizar segundo
o
que lhe exigir o marido da mulher" (v. 22). Mas, se da briga
resultar a morte da mulher, a
penalidade
seria a pena capital (v. 23). Isto não prova então que o feto não
era considerado um ser
humano,
como o era a mãe?
SOLUÇÃO:
Antes de mais nada,
há aqui uma tradução inadequada. O grande erudito em hebraico,
Umberto
Cassuto, traduziu este texto corretamente, da seguinte maneira:
"Se
homens brigarem, e ferirem não intencionalmente uma mulher com
criança, e seus filhos forem
dados
à luz, porém sem maior dano - isto é, nem a mulher nem as crianças
morrerem -aquele que
feriu
será obrigado a indenizar segundo o que lhe exigir o marido da
mulher; e pagará como os
juízes
lhe determinarem. Mas, se houver dano grave, isto é, a mulher ou as
crianças morrerem,
então,
darás vida por vida." {Commentary
on the Book of Exodus -
Comentário do Livro de Êxodo -
Magnes
Press, 1967).
A
tradução acima torna o sentido bem claro. É uma passagem de peso
contra o aborto,
afirmando
que um feto tem o mesmo valor que um ser humano adulto.
Segundo,
a palavra hebraica (yatsa),
erroneamente
traduzida pelo verbo "abortar", na
verdade
significa "sair" ou "dar à luz". No AT, é a
palavra regularmente empregada com o sentido
de
dar à luz com vida. De fato, ela não tem nenhum emprego no sentido
de "aborto provocado",
embora
tenha o sentido de dar à luz um natimorto. Mas nessa passagem, como
em praticamente
todos
os textos do AT, a referência é a um nascimento com vida, embora
prematuro.
Terceiro,
há uma outra palavra hebraica para "aborto" (shakol),
que não é usada.
Já que ela
era
disponível e não foi empregada, tendo sido preferida a palavra que
expressa um nascimento com
vida,
não há razão para supor que o sentido não seja realmente este: o
de dar à luz uma criança com
vida.
Quarto,
a palavra usada com referência a que a mulher deu à luz é yeled,
que significa
"criança".
A Bíblia usa a mesma palavra para "bebês" e para
"criancinhas" (Gn 21:8; Êx 2:3). Daí, o
não
nascido é
considerado um ser
humano igual a uma criancinha.
Quinto,
se qualquer dano acontecesse, seja para a mãe, seja para o filho, a
mesma punição
era
devida: "vida por vida" (v. 23). Isso demonstra que o feto
possuía o mesmo valor que sua mãe.
Sexto,
outras passagens do AT ensinam que o feto é um ser humano em seu
sentido mais completo
(veja
os comentários de Salmo 51:5 e 139:13ss). O NT confirma esta mesma
posição (cf. Mt 1:20;
Lc
1:41,44).
ÊXODO
21:29-30 - Por que a pena de morte era comutada, no caso de alguns
assassinos?
PROBLEMA:
Números 35:31
ordena: "Não aceitareis resgate pela vida do homicida, que é
culpado
de morte: antes, será ele morto". Entretanto, com respeito ao
culpado, Êxodo 21:30 diz: "Se
lhe
for exigido resgate, dará então como resgate da sua vida tudo o que
lhe for exigido". Mas, no
que
diz respeito à punição de assassinos, estas instruções se
contradizem.
SOLUÇÃO:
A razão da
diferença está claramente estabelecida no texto -num caso,
tratava-se de
um
assassinato intencional
e, no outro, era
apenas um homicídio devido a uma
negligência. No
primeiro
caso havia malícia,
mas no segundo não
havia intenção de cometer o mal. De
fato, neste
último,
o culpado realmente não tinha ele mesmo tirado a vida de outra
pessoa. Ele simplesmente
fora
negligente ao confinar um touro que tinha a fama de chifrar as
pessoas (Êx 21:28-29). Então,
nesse
caso, uma multa podia ser aplicada no lugar da pena de morte.
ÊXODO
23:19 - Por que foi proibido cozer o filhote no leite de sua própria
mãe?
PROBLEMA:
Este versículo
ordena: "Não cozerás o cabrito no leite da sua própria mãe"
(Êx
23:19).
O que isso significa, e por que esta ordem foi dada aos israelitas?
SOLUÇÃO:
Aqui há duas
perguntas distintas, que precisam ser separadas. Primeiro: o
que esta
passagem
quer dizer? Segundo: por
que Deus se opôs a
que eles assim procedessem? A resposta à
primeira
pergunta é fácil. Cada palavra da sentença está bem clara. Os
israelitas sabiam exatamente
o
que fazer. Eles não deveriam nunca cozinhar um filhote de cabrito no
leite de sua mãe. Assim, não
havia
absolutamente problema algum relacionado ao que
Deus não queria que
eles fizessem. O
problema
real é o
porquê da questão:
por que Deus proibiu isso? Os comentaristas dão várias
possíveis
razões:
1.
Porque seria uma prática idolatra.
2.
Porque seria uma prática do ocultismo, feita para tentar fazer com
que a terra se tornasse mais
produtiva.
3.
Porque seria cruel destruir um filhote de cabrito no próprio leite
que o sustentava.
4.
Porque leite e carne juntos não têm uma fácil digestão.
5.
Porque demonstraria desprezo para com o relacionamento mãe e filho.
6.
Porque simbolicamente profanaria a Festa da Colheita.
7.
Porque Deus queria que cozinhassem com óleo de oliva, e não com
manteiga.
8.
Porque seria uma luxúria, um ato de epicurismo.
A
verdade é que não sabemos ao certo por que Deus deu essa ordem. Mas
isso realmente
não
tem importância, já que os israelitas sabiam exatamente o
que eles não
deveriam fazer, mesmo
não
entendendo bem o porquê.
Assim, embora haja
dificuldade em se entender o propósito
da
passagem,
não é difícil entender o seu significado.
Ela significa
exatamente o que diz.
ÊXODO
24:4 - Foi realmente Moisés quem escreveu isto, já que vários
eruditos modernos
dizem
que a autoria é de várias pessoas?
PROBLEMA:
Críticos eruditos
modernos, acompanhando Julius Wellhausen (século XIX),
afirmam
que os cinco primeiros livros do AT foram escritos por várias
pessoas, identificadas como J
(Jeovista),
E (Eloimista), S (sacerdotista) e D (deuteronomista), dependendo de
quais seções
refletem
a característica peculiar de tais supostos autores. Entretanto, este
versículo declara que
"Moisés
escreveu todas as palavras do Senhor" (Êx 24:4). Com efeito,
muitos outros versículos na
Bíblia
atribuem este livro a Moisés (veja os itens 6 e 9 a seguir).
SOLUÇÃO:
Aqui temos outro
exemplo de que a crítica negativa da Bíblia está errada. Há uma
evidência
muito forte de que foi mesmo Moisés quem escreveu Êxodo. Primeiro,
nenhuma outra
pessoa
daquela época tinha o tempo, o interesse e a habilidade para compor
esse registro histórico.
Segundo,
Moisés foi testemunha ocular dos eventos e, como tal, estava
qualificado para
descrevê-los.
Com efeito, o que está escrito é um relato expressivo de quem viu
com os próprios
olhos
os espetaculares acontecimentos descritos, tais como a travessia do
Mar Vermelho e O
recebimento
dos Dez Mandamentos.
Terceiro,
o mais antigo ensinamento judeu atribui este livro a Moisés. Isso
acontece no
Talmude
judeu, bem como assim procederam vários escritores judeus, entre os
quais Filo e Josefo.
Quarto,
o autor demonstra possuir um conhecimento detalhado da geografia do
deserto (cf.
Ex
14). Isso é altamente improvável para qualquer um que,
diferentemente de Moisés, não tivesse
muitos
anos de experiência de vida naquela área. Isso também é verdade
com relação ao
conhecimento
do autor quanto aos costumes e práticas do povo descrito em Êxodo.
Quinto,
o livro declara explicitamente que "Moisés escreveu todas as
palavras" (Êx 24:4).
Se
não fosse ele que tivesse escrito, então isso seria uma mentira,
que não poderia ser aceita, e não
poderia
ser a Palavra de Deus.
Sexto,
o sucessor de Moisés, Josué, declarou que foi Moisés quem escreveu
a Lei. De fato,
quando
Josué assumiu a liderança depois de Moisés, ele exortou o povo de
Israel dizendo que eles
não
deveriam deixar de falar desse "Livro da Lei" (Js 1:8), e
que deveriam ter "o cuidado de fazer
segundo
toda a lei que... Moisés... ordenou" (Js 1:7).
Sétimo,
uma série de personagens do AT, depois de Moisés, atribuiu o livro
de Êxodo a ele,
inclusive
Josué (1:7-8); Josias (2 Cr 34:14); Esdras (6:18); Daniel (9:11) e
Malaquias (4:4).
Oitavo,
Jesus citou Êxodo 20:12, com a seguinte introdução: "Pois
Moisés disse" (Mc 7:10
cf.
Lc 20:37). Assim, ou Cristo está certo, ou os críticos é que
estão. Como há forte evidência de
que
Cristo é o Filho de Deus, a questão é clara (veja Geisler and
Brooks, When
Skeptics Ask -
Quando
os Cépticos Perguntam -, 1990, capítulo 6).
Nono,
o apóstolo Paulo declarou: "Moisés escreveu que o homem que
praticar a justiça
decorrente
da lei viverá por ela" (Rm 10:5, citando Ez 20:11). Temos assim
base na autoridade
apostólica
e na autoridade de Cristo para assegurar que foi Moisés quem
escreveu Êxodo.
ÊXODO
24:9-11 -Já que Deus disse em Êxodo 33:20: "homem nenhum verá
a minha face, e
viverá",
como essas
pessoas puderam vê-lo?
PROBLEMA:
Êxodo 24:9-11
registra que Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e setenta dos anciãos de
Israel
subiram ao monte de Deus e "viram o Deus de Israel".
Entretanto, Êxodo 19:12-13 diz que as
pessoas
nem mesmo podiam tocar na base do monte sem que com isso morressem. E
em Êxodo
33:20
Deus diz que ninguém poderá vê-lo e continuar a viver. Como então
estas pessoas puderam
subir
no monte e ver Deus, e continuar vivas?
SOLUÇÃO:
Primeiro, deve-se
observar que Deus os convidou para irem vê-lo. Em Êxodo 19:12-
13
Deus disse a Moisés para estabelecer os limites em volta do monte,
de forma que ninguém
tocasse
em sua base, sob pena de morte. Entretanto, Deus especificamente
convidou alguns para
subirem
o monte, a fim de consagrá-los ao serviço para o qual eles tinham
sido indicados, e para
selar
a aliança que havia sido estabelecida entre Deus e a nação de
Israel.
Segundo,
está claro pela descrição e por outras passagens das Escrituras
(Êx 33:20; Nm
12:8;
Jo 1:18) que o que essas pessoas viram não foi a essência
de Deus, mas sim uma
representação
visual da glória de
Deus. Mesmo quando Moisés pediu para ver a glória de Deus (Êx
33:18-23),
foi somente a semelhança de Deus que ele viu (cf. Números 12:8, em
que é empregada a
palavra
temunah -
"semelhança"), e não a essência de Deus propriamente
dita.
ÊXODO
24:10 - Deus pode ser visto?
PROBLEMA:
De acordo com este
versículo, Moisés e os anciãos "viram o Deus de Israel".
Contudo,
Deus disse a Moisés que ele não podia ver a face de Deus (Êx
33:20), e João deixa bem
claro:
"Ninguém jamais viu a Deus"_(Jo 1:18).
SOLUÇÃO:
Deus não pode se
conhecido direta nesta vida e completamente. "Porque agora vemos
como
em espelho obscuramente, então veremos face a face; agora conheço
em parte, então
conhecerei
como também sou conhecido" (1 Co 13:12). Deus pode ser
conhecido "por meio das
coisas
que foram criadas" (Rm 1:20), mas ele não pode ser conhecido em
si mesmo. O seguinte
contraste
resume os modos pelos quais Deus pode e não pode ser conhecido:
COMO
DEUS NÃO
PODE
SER CONHECIDO
COMO
DEUS
PODE
SER CONHECIDO
Completamente
Parcialmente
Diretamente
Indiretamente
Em
si mesmo
(Sua
essência)
Por
meio da criação
(Seus
efeitos)
Como
Espírito Encarnado em Cristo
Conquanto
seja verdade que "Ninguém jamais viu a Deus" [em sua
essência], conforme
João
1:18, não obstante o seu Filho unigênito o revelou. Assim, Jesus
pôde dizer: "Quem me vê a
mim,
vê o Pai" (Jo 14:9).
ÊXODO
25:18ss - Se é errado fazer imagens de escultura, por que então
Deus ordenou a
Moisés
que fizesse uma?
PROBLEMA:
Deus claramente
ordenou em Êxodo 20:4: "Não farás para ti imagem de
escultura,
nem
semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na
terra, nem nas águas
debaixo
da terra".
Contudo,
Moisés é instruído por Deus a fazer "dois querubins de ouro;
de ouro batido" (v. 25:18).
Se
é errado fazer qualquer tipo de imagem, então por que Deus ordenou
que Moisés fizesse imagens
para
pôr na arca da aliança?
SOLUÇÃO:
A proibição de se
fazer imagens de escultura foi especificamente determinada no
contexto
da adoração a ídolos. Há, então, várias razões pelas quais
fazer um querubim não conflita
com
o mandamento de não se curvar diante de imagens esculpidas.
Primeiro, não havia como o
povo
de Israel dobrar-se diante do querubim, no Santo dos Santos, já que
as pessoas eram proibidas
de
entrar naquele lugar a qualquer tempo. Até mesmo o sumo sacerdote ia
ao Santo dos Santos
somente
uma vez por ano, no Dia da Expiação (Lv 16).
Além
disso, a proibição não é de se fazer qualquer imagem de escultura
para fins
decorativos,
mas de fazer imagens para qualquer tipo de adoração
religiosa. Em outras
palavras, a
ordem
era para não adorar nenhum outro Deus nem imagem de qualquer deus.
Aqueles querubins
não
foram dados a Israel como imagens de Deus, mas de anjos. Nem foram
dados para serem
adorados.
Daí a conclusão de que não há como a ordem de fabricá-los possa
violar o mandamento
de
Êxodo 20.
Finalmente,
a proibição em Êxodo 20 não foi contra a arte religiosa como tal,
o que inclui
coisas
no céu (anjos) e na terra (homens e animais). Ela foi contra
o uso de qualquer
imagem como
ídolo.
Que se pode depreender que o texto tinha em mente a idolatria é
evidente, pelo fato de haver
a
instrução: "não te encurvarás a elas, nem as servirás"
(Êx 20:5, SBTB). A distinção entre o uso
não-religioso
e o uso religioso de imagens é importante:
O
USO DE IMAGENS
PROIBIDO
PERMITIDO
Objeto
de adoração Não um objeto de adoração
Designadas
pelo homem Designadas por Deus
Com
propósito religioso Com propósito educacional
Para
representar a essência de Deus Para afirmar a verdade
Sem
qualificações Com qualificações
Até
mesmo a linguagem utilizada para referir-se a Deus na Bíblia contém
imagens. Ele tanto
é
pastor como pai. Mas
essas duas imagens qualificam-no de forma apropriada, Deus não é
simplesmente
um pai qualquer. Ele é o nosso Pai Celestial. De igual modo, Jesus
não é um mero
pastor,
mas o Bom Pastor, que deu a sua vida por suas ovelhas (Jo 10:11).
Nenhuma imagem finita,
sem
qualificação, pode ser aplicada apropriadamente ao Deus infinito.
Fazer isso é idolatria. E
ídolos
são ídolos, quer sejam mentais ou de metais.
ÊXODO
31:17 - Deus pode se cansar?
(Veja
os comentários de Gênesis 2:1.)
ÊXODO
31:18 - Deus tem dedos?
PROBLEMA:
Este versículo diz
que as tábuas dos Dez Mandamentos foram "escritas pelo dedo de
Deus".
Mas a Bíblia diz também com firmeza que "Deus é espírito"
(Jo 4:24) e que espíritos não
têm
"carne nem ossos"(Lc 24:39). Como, então, pode Deus ter
dedos?
SOLUÇÃO:
No sentido literal,
Deus não tem dedos. A expressão "dedo de Deus" é uma
figura de
linguagem
que indica o envolvimento direto de Deus na produção dos Dez
Mandamentos. Essa
figura
é chamada de antropomorfismo (falar de Deus com termos humanos).
A
Bíblia usa muitas figuras de linguagem ao referir-se a Deus,
inclusive "braço" (Dt 7:19),
"asas"
(SI 91:4) e "olhos" (Hb 4:13). Nenhum desses casos deve ser
tomado literalmente, embora
todos
eles descrevam alguma coisa exata e verdadeira sobre Deus. Por
exemplo, embora na verdade
Deus
não possua braços, ele pode e estende verdadeiramente a sua força,
para fazer grandes coisas
que,
se fossem feitas por homens, requereriam fortes braços.
ÊXODO
32:14 - Deus muda de idéia?
PROBLEMA:
Enquanto Moisés
estava no monte recebendo a Lei de Deus, o povo estava ao pé do
monte
adorando um bezerro de ouro que tinham construído (32:4-6). Quando
Deus instruiu Moisés
a
descer até eles, o Senhor lhe disse que os consumiria, fazendo de
Moisés "uma grande nação"
(32:10).
Moisés, porém, ao ouvir isso, suplicou ao Senhor que abrandasse a
sua ira. O versículo 14
diz:
"Então se arrependeu o Senhor do mal que dissera havia de fazer
ao povo". Isso quer dizer,
então,
que Deus mudou de idéia. Entretanto, em 1 Samuel 15:29, Deus diz que
"não é homem, para
que
se arrependa"; e em Malaquias 3:6 ele diz: "Porque eu, o
Senhor, não mudo". Ainda, no NT,
Deus
demonstrou a "imutabilidade do seu propósito"(Hb 6:17),
fazendo um juramento. Afinal, Deus
muda
ou não muda de idéia?
SOLUÇÃO:
Tem-se de sustentar
enfaticamente que Deus não muda (cf. Ml 3:6; Tg 1:17). Ele não
muda
de idéia, nem sua vontade ou natureza. Há vários argumentos que
demonstram a
imutabilidade
de Deus. Vamos considerar apenas três.
Primeiro,
para que alguma coisa mude, algo tem de ser feito numa ordem
cronológica. Tem
de
haver um ponto antes e outro ponto depois da mudança. Tudo o que
passa por um "antes" e um
"depois"
existe no tempo, porque a essência do tempo é vista pelo progresso
cronológico de uma
situação
anterior para uma posterior. Entretanto, Deus é eterno e está fora
do tempo (Jo 17:5; 2 Tm
1:9).
Então, não pode haver em Deus uma série de "anteriores"
e "posteriores"; logo, ele não pode
mudar,
porque a mudança necessariamente envolve um "antes" e um
"depois".
Segundo,
toda mudança é para uma situação melhor ou pior, pois uma mudança
que não
faça
diferença não é uma mudança. Ou alguma coisa necessária é
obtida, a qual anteriormente não
se
fazia presente, o que é uma mudança para melhor; ou alguma coisa
que se tem e que é necessária
é
perdida, o que é uma mudança para pior. Mas, se Deus é perfeito,
ele de nada necessita; portanto
ele
não pode mudar para melhor. E se Deus fosse perder alguma coisa,
então ele não permaneceria
perfeito;
portanto Ele não pode mudar para pior. Assim, Deus não muda.
Terceiro,
quando alguém muda de idéia, é porque recebeu uma nova informação,
da qual
não
tinha conhecimento anteriormente, ou porque as circunstâncias
mudaram de forma a requerer
uma
atitude ou ação diferente. Mas, se Deus mudou de idéia, não pode
ser porque ele ficou sabendo
de
qualquer nova informação que desconhecia anteriormente, porque Deus
é onisciente - ele sabe
todas
as coisas (Sl 147:5). Portanto, tem de ser porque as circunstâncias
mudaram e demandam uma
atitude
ou ação diferente. Mas se as circunstâncias mudaram, isso não
significa necessariamente que
Deus
tenha mudado de idéia. Significa apenas que, como as circunstâncias
mudaram, o
relacionamento
de Deus com a nova realidade é diferente. Porque as circunstâncias,
e não Deus,
mudaram.
Quando
Israel estava ao pé do monte, envolvido numa adoração a um ídolo,
Deus disse a
Moisés
que a sua ira estava ardendo contra os filhos de Israel e que ele se
dispunha a destruí-los
num
juízo. Entretanto, quando Moisés intercedeu por eles, as
circunstâncias mudaram. A atitude de
Deus
para com o pecado é sempre a ira, mas a sua atitude para com aqueles
que o invocam é
sempre
de misericórdia. Antes de Moisés orar por Israel, eles estavam sob
o juízo de Deus. Porém, a
intercessão
de Moisés pelo povo de Israel levou-os a ficar sob a misericórdia
de Deus. O Senhor
não
mudou. O que mudou foram as circunstâncias.
A
linguagem empregada
nesta passagem é chamada antropomórfica. É semelhante a uma
pessoa
que, movendo-se de um lado para outro, diga: "Agora a casa está
à minha direita", e depois:
"Agora
a casa está à minha esquerda". Essas afirmações não querem
dizer que a casa se moveu. É
que
a linguagem, sob a perspectiva de alguém, está descrevendo que a
pessoa mudou a sua posição
em
relação àquela casa. Quando Moisés disse que Deus se arrependeu,
essa foi uma forma
figurativa
de descrever que a intercessão de Moisés teve êxito em mudar o
relacionamento do povo
de
Israel com Deus. Ele tirou a nação do juízo de Deus e a trouxe
para a misericórdia de sua graça.
Deus
não muda, nem muda de idéia, nem de vontade; sua natureza é
imutável.
ÊXODO
33:3 - Deus mudou de idéia quanto a ir com os israelitas até a
Terra Prometida?
PROBLEMA:
Deus declara: "eu
não subirei no meio de ti" (Êx 33:3). Contudo, mais tarde Deus
foi
com eles de forma poderosa e vitoriosa, levando-os à vitória sob o
comando de Josué (veja Josué
1-11).
SOLUÇÃO:
Essas passagens
falam de tempos diferentes. A primeira refere-se à primeira geração
de
israelitas, a segunda fala da segunda geração que creu em Deus e
que seguiu Josué até a terra.
Nem
todas as advertências (ou promessas) de Deus são incondicionais.
Esta, em particular, foi
condicional.
Deus iria com eles se e quando eles confiassem no Senhor (o que a
segunda geração
fez);
mas Deus não iria com eles se e quando eles não confiassem nele (o
que a primeira geração
fez).
O propósito irreversível de Deus de levá-los à Terra Prometida
dava lugar a certas condições
temporárias
que poderiam ser alteradas de forma que tal propósito fosse
atingido. (Quanto a Deus
mudar
de idéia, veja também a questão anterior).
ÊXODO
34:20 - Os animais imundos deveriam ser mortos ou resgatados com
dinheiro?
PROBLEMA:
Números 18:15-16
instrui que animais imundos deveriam ser resgatados com
dinheiro.
Mas Êxodo tinha ordenado que fossem mortos. Como conciliar esta
divergência?
SOLUÇÃO:
Aparentemente Deus
instruiu Moisés a modificar a lei anterior para propiciar
benefícios
para o santuário. O dinheiro teria mais utilidade do que muitos
animais. Assim, a
essência
da primeira lei estava sendo aplicada de uma maneira diferente,
devido às circunstâncias.
Na
verdade, a obediência à primeira lei é que deve ter ocasionado a
necessidade da segunda. Deve
ter
havido excesso de animais doados para o serviço do tabernáculo,
quando se tinha grande
necessidade
de outras coisas que o dinheiro podia comprar.
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