quinta-feira, 7 de março de 2013

Manual de dificuldades bíblicas- 1 Coríntios 1


1 CORÍNTIOS

1 CORÍNTIOS 1:17 - Paulo se opôs ao batismo nas águas?

PROBLEMA: Paulo declara que Cristo não o enviou para batizar. Contudo, Cristo comissionou os
seus seguidores a fazer "discípulos de todas ag nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo)" (Mt 28:19). Então Paulo contradisse Cristo?
SOLUÇÃO: Paulo não se opunha ao batismo, mas ele não cria ser o batismo uma condição para a
salvação (veja os comentários de Atos 2:38). O próprio Paulo foi batizado nas águas (Atos 9:18;
22:16) e ensinou sobre o batismo em suas epístolas (cf. Rm 6:3-4; Cl 2:12). De fato, nessa
passagem (1 Co 1), Paulo admite ter batizado várias pessoas (vv. 14,16), como o fez como
carcereiro de Filipos depois de sua salvação (At 16:31-33). Conquanto acreditasse que o batismo
com água fosse um símbolo da salvação, ele não cria que o batismo fizesse parte do Evangelho ou
que fosse essencial para a salvação.

1 CORÍNTIOS 2:8 - Como Paulo pôde dizer que os poderosos deste século não conheceram a
Cristo, se Jesus apresentou-se diante deles no seu julgamento?

PROBLEMA: O apóstolo afirma que "nenhum dos poderosos deste século conheceu [a sabedoria
de Deus, que é Cristo]; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da
glória". Contudo, Jesus apresentou-se diante das autoridades dos judeus e dos gentios, inclusive
Pilatos, Herodes e Caifás (cf. Mt 26-27; Mc 14-15; Lc 22-23; Jq 18-19).
SOLUÇÃO: Primeiro, Paulo não disse que eles não conheceram a Cristo, mas que não conheceram
o "mistério" sobre a redenção de Cristo, que permanecera escondido por tanto tempo (1 Co 2:7-8;
cf. Ef 3:3-4).
Segundo, eles sabiam que tinham consentido que Cristo fosse crucificado (cf. Mt 21:38),
mas o fizeram "por ignorância" (cf. At 3:17), desconhecendo as implicações de sua decisão. Eles
estavam moralmente cegos (cf. Jo 16:3), embora tivessem tido a compreensão do fato físico e social
que foi a crucificação de Jesus de Nazaré.

1 CORÍNTIOS 3:11 - Quem é o fundamento da igreja: Cristo ou os apóstolos?

PROBLEMA: Nesse texto, Paulo insiste em dizer que "ninguém pode lançar outro fundamento,
além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo". Por outro lado, ele disse aos efésios que a Igreja é
edificada "sobre o fundamento dos apóstolos" (Ef 2:20). Qual é então o fundamento da igreja?
SOLUÇÃO: A resposta está logo em seguida, no versículo da última citação: "sendo ele mesmo,
Jesus Cristo, a pedra angular" (Ef 2:20). Cristo é o fundamento num sentido primário, e os
apóstolos por ele escolhidos são o fundamento num sentido secundário. Cristo é, por assim dizer, o
alicerce, e os apóstolos são o fundamento sobre ele construído (veja Mt 16:16-18).
Cristo é o elo central que mantém o fundamento apostólico da Igreja. Foram os seus feitos
(sua morte e sua ressurreição) e a doutrina dos apóstolos (cf. At 2:42) a respeito dele que
constituíram o fundamento da igreja cristã.

1 CORÍNTIOS 3:13-15 - Essa passagem dá suporte à doutrina católica do purgatório?

PROBLEMA: Os católicos romanos apelam para essa passagem como base da doutrina de uma
punição temporária daqueles que não são suficientemente bons para irem diretamente para o céu.
Apontam para o fato de que a passagem fala de pessoas que sofrerão "dano" quando suas obras se
queimarem com o fogo, mas que acabarão sendo salvas (1 Co 3:15). Será que a Bíblia ensina que
há um inferno temporário (purgatório), onde as pessoas sofrem por causa de seus pecados, antes de
poderem ir ao céu?
SOLUÇÃO: Em parte alguma a Bíblia ensina a doutrina do purgatório. Essa doutrina é contrária a
muitos fatos das Escrituras. Primeiro, o inferno é um lugar permanente de "fogo eterno" (Mt 25:41).
Ele impõe uma "penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor" (2 Ts 1:9; veja os
comentários deste versículo). Jesus declarou ser o inferno um lugar em que nunca "o fogo se apaga"
e onde o corpo nào "morre" (Mc 9:45-48).
Segundo, uma vez no inferno, ninguém pode sair dele. Jesus disse que "está posto um
grande abismo,... de sorte que os que quiserem passar" de um lado para o outro não têm como fazêlo
(Lc 16:26). Isso é verdadeiro mesmo que eles lastimem estar lá (Lc 16:23, 28).
Terceiro, a doutrina do purgatório é uma afronta à completa e suficiente obra de Cristo na
cruz, com a sua morte. Quando Jesus morreu por nossos pecados (1 Co 15:3), Ele proclamou: "Está
consumado!" (Jo 19:30). Olhando para o que iria acontecer na cruz, Jesus orou ao Pai, dizendo: "eu
te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer" (Jo 17:4). O livro de
Hebreus nos informa de que "tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados,
[Jesus] assentou-se à destra de Deus" (Hb 10:12). "Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para
sempre quantos estão sendo santificados" (Hb 10:14).
Quarto, o único purgatório por que alguém passou foi o purgatório dt Cristo na cruz, quando
ele purgou os nossos pecados. O autor de Hebreus declara que "depois de ter feito a purificação dos
pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas" (Hb 1:3).
Quinto, a doutrina do purgatório baseia-se no livro apócrifo de 2 Macabeus (12:46), o qual
diz que rezar pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus pecados, é um modo de pensar santo
e piedoso. Mas esse livro, do segundo século antes de Cristo, não diz ser inspirado, como também
não afirma isso nenhum dos demais livros apócrifos. O livro de 1 Macabeus até mesmo nega a sua
inspiração (1 Mac 9:27).
Os livros apócrifos jamais foram aceitos pelo judaísmo como sendo inspirados. Nem Jesus
nem os autores do NT jamais os citaram como in ipirados. Até mesmo Jerônimo, o católico romano
tradutor da importante Bíblia em latim chamada Vulgata, rejeitou 2 Macabeus juntamente com os
demais livros apócrifos. Além disso, 2 Macabeus não foi oficialmente acrescentado à Bíblia pela
Igreja Católica Romana senão em li 46 a.D., cerca de 29 anos depois que Lutero deu início à
Reforma, durante a qual ele falou contra o purgatório e contra as orações em favor dos mortos.
Finalmente, mesmo quando 2 Macabeus foi acrescentado por Roma na Bíblia (junto com os
demais livros apócrifos), ela rejeitou outro livro apócrifo, que fala contra orações pelos mortos. O
livro de 2 Esdras (chamado de 4 Esdras pelos católicos), falando do dia da morte, declara:
"ninguém jamais orará por outro naquele dia" (2 Esdras 7:105). Rejeitando este livro e aceitando
Macabeus, a Igreja Católica manifestou arbitrariedade na decisão da escolha de livros que
suportassem as dou-tr nas que ela tinha acrescentado à Bíblia.
Concluindo, em 1 Coríntios, Paulo não está falando de purgatório, mas do "tribunal de
Cristo", perante o qual todos os crentes comparecerão para receber sua recompensa "segundo o bem
ou o mal que tiver fé to por meio do corpo" (2 Co 5:10). Toda nossa "obra" vai ser "revelada pelo
fogo" e "se permanecer a obra de alguém,... esse receberá galardão (1 Co 3:13-14).
Sendo que a salvação do inferno é pela graça, não por obras (Rm 4:5; Ef 2:8-9; Tt 3:5-7),
está claro que essa passagem está falando da "obra" e do "galardão" do crente, por servir a Cristo, e
não de um possível purgatório onde o cristão (em vez de Cristo) tivesse de sofrer pelos pecados que
praticou.

1 CORÍNTIOS 3:19 - Como Paulo pôde considerar inspiradas as palavras de Elifaz, se Deus o
repreendeu por dizê-las a Jó?

PROBLEMA: Em 1 Coríntios 3:19 o apóstolo Paulo cita do livro de Jó uma afirmativa feita por
Elifaz, um dos amigos de Jó, a saber: "porquanto está escrito: 'Ele apanha os sábios na própria
astúcia deles'" (cf. Jó 5:13). Contudo, no livro de Jó, Deus disse a Elifaz: "A minha ira se acendeu
contra ti e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu
servo Jó" (Jó 42:7). Se o que Elifaz disse não era reto, então as suas palavras podem ser
consideradas inspiradas?
SOLUÇÃO: Primeiro, Deus não disse que tudo que tinha sido falado por Elifaz era falso, mas
apenas as suas acusações de que Deus estaria punindo Jó por causa dos pecados dele. Nesse ponto
Elifaz e seus amigos não falaram o que era correto segundo Deus. Porque Deus considerava Jó um
homem "íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal" (Jó 2:3).
Satanás pensou que, diante de determinadas circunstâncias, Jó blasfemaria contra Deus (2:4-
5). Portanto, tudo o que aconteceu a Jó foi permitido por Deus para mostrar que ele não
blasfemaria. O que aconteceu não foi por Jó ter pecado. À luz disso, os amigos de Jó estavam
errados. Mas isso não significa que eles não tenham dito nada que fosse verdadeiro em seus
discursos. Por exemplo, certamente Elifaz estava correto ao dizer que Deus "faz chover sobre a
terra e envia águas sobre os campos" (5:10). De igual modo, foi correto o que ele disse ao afirmar
que Deus "apanha os sábios na sua própria astúcia" (Jó 5:13).
Segundo, Paulo emprega a frase "está escrito" ao referir-se ao texto citado. Essa é uma
prática padrão do NT para mostrar que uma determinada passagem tem autoridade (cf. Mt
4:4,7,10). Assim, o inspirado NT aprova aquela declaração como sendo verdadeira. Realmente, o
fato de que Deus faz uso dessa mesma verdade básica na sua declaração a Jó (37:24) dá a sua divina
aprovação a ela, tornando-a apropriada para que Paulo a cite como inspirada.

1 CORÍNTIOS 5:9 - Se Paulo escreveu outra epístola inspirada, por que Deus permitiu que
ela se perdesse?

PROBLEMA: Paulo refere-se a uma epístola anterior escrita por ele aos coríntios, da qual não se
tem conhecimento. Mas desde que ela foi escrita por um apóstolo a uma igreja e continha instruções
espirituais de quem possuía autoridade, tal carta deve ser considerada inspirada. Isso levanta a
seguinte questão: Como pôde então Deus permitir o extravio de uma epístola inspirada.
SOLUÇÃO: Há três possibilidades nessa questão. Primeiro, pode ser que n$m todas as cartas
apostólicas tenham tido o propósito de estar no cânon das Escrituras. Lucas refere-se a "muitos"
outros evangelhos (1;1). João dá a entender que houve muitas coisas mais, que Jesus fez, mas que
não foram registradas (20:30; 21:25). E possível que Deus não pretendesse que essa assim chamada
"carta perdida" aos coríntios integrasse o cânon dos livros que foram preservados para a fé e prática
das futuras gerações, como aconteceu com os demais 27 livros do NT (e com os 39 do AT).
Segundo, alguns crêem que a carta referida (em 1 Co 5:9) pode não estar perdida afinal, mas
ser uma parte de um livro existente na Bíblia. Pór exemplo, ela poderia ser parte do trecho que
conhecemos como sendo 2 Coríntios (capítulos de 10 a 13), que alguns acreditam ter sido posto
junto com os capítulos de 1 a 9. Para isso baseiam-se no fato de que os capítulos de 1 a 9 têm
notoriamente um tom diferente em relação ao restante do livro de 2 Coríntios (capítulos de 10 a 13).
Isso pode indicar que o trecho foi escrito numa ocasião diferente. Além disso, apontam para
o uso da palavra "agora" ( em 1 Co 5:11), em contraste com um implícito "então", quando o livro
anterior fora escrito Observam também que Paulo refere-se a "cartas" (no plural) que ele tinha
escrito, em 2 Coríntios 10:10.
Terceiro, outros acreditam que em 1 Coríntios 5:9 Paulo esteja se referindo ao presente livro
de 1 Coríntios, ou seja, ao mesmo livro que ele estava escrevendo naquela hora. Em apoio a isso
observam o seguinte:
1) Embora o tempo verbal grego empregado aqui, o aoristo ("escrevi"), possa referir-se a uma carta
do passado, ele poderia referir-se também ao mesmo livro. Isso é chamado de um "aoristo
epistolar", porque se refere ao mesmo livro em que ele está sendo usado.
2) Em grego, o aoristo não é um tempo do passado como tal. Ele refere-se ao tipo de ação, e não
propriamente ao tempo da ação. Ele identifica uma ação completa, que pode até mesmo ter levado
muito tempo para ser realizada (cf. Jo 2:20).
3) tempo aoristo com freqüência implica uma ação decisiva, sendo que no caso Paulo estaria
dizendo mais ou menos o seguinte: "Estou escrevendo-lhes em caráter decisivo..." Isso certamente
está de acordo com o contexto dessa passagem, na qual ele está instando a Igreja a tomar uma
medida imediata de excomungar um membro impuro.
4) Outro "aoristo epistolar" foi usado por Paulo nessa mesma carta, quando ele disse: "Não estou
escrevendo na esperança de que vocês façam isso por mim" (1 Co 9:15, NVI).
5) Não há absolutamente indicação alguma na história da igreja primitiva de que uma tal
carta de Paulo, além das conhecidas 1 e 2 Coríntios, tenha existido. A referência em 2 Coríntios
10:10, dizendo: "as cartas... são graves", pode significar tão somente "o que ele escreve é grave". E
o "agora" de 1 Coríntios 5:11 não indica necessariamente que era uma carta posterior. Esta palavra
pode ser traduzida por "não" (BJ), ou como uma expressão de ênfase: "o que eu digo é que..." (TLH
e, com pequena variação, BV).

1 CORÍNTIOS 6:2-3 - Como os santos julgarão o mundo e os anjos?

PROBLEMA: A Bíblia assegura que Deus é o juiz do mundo (SI 96:13; At 17:31; 
Ap 20:11-15),
até mesmo dos anjos maus (2 Pe 2:4; Ap 12:9). Por que, então, Paulo afirma que os cristãos serão
os juizes do mundo e dos anjos?
SOLUÇÃO: Obviamente, Deus é o juiz dos homens e anjos perversos num sentido diferente do
que serão os crentes. Qualquer que seja o julgamento que tivermos de fazer, será na condição de
representantes ou delegados de Deus, não em virtude de nenhum direito que pudéssemos ter
inerente a nós mesmos. Somos apenas os instrumentos mediante os quais Deus executa o seu
julgamento. Não competirá a nós tomar as decisões finais.
Não está bem claro o que exatamente Paulo antevia nessa passagem, mas de fato sabemos
de outros trechos da Escritura que há certos sentidos em que legitimamente se pode dizer que os
crentes julgarão o mundo. Primeiro, durante o reinado de Cristo, os apóstolos também se assentarão
"em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel" (Mt 19:28).
Segundo, aqueles que foram fiéis a Cristo durante a tribulação "viveram e reinaram com
Cristo durante mil anos" (Ap 20:4). João disse: "Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles
aos quais foi dada a autoridade de julgar" (Ap 20:4).
Terceiro, alguns crêem que Deus vai julgar os ímpios pela piedosa conduta dos crentes.
Jesus até mesmo disse a respeito dos habitantes de Nínive que eles "se levantarão no juízo com esta
geração e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas" (Mt 12:41).
Aparentemente, Deus vai apresentar pecadores que se arrependeram como exemplos para aqueles
que não se arrependeram, e estes então serão condenados com justiça por seus próprios
contemporâneos. De igual modo, os anjos que pecaram no ambiente de perfeição do céu serão
julgados com base na conduta de homens que foram salvos no ambiente imperfeito da terra (2 Pe
2:4).

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